Dê mais visibilidade ao seu livro e mostre a sua obra para milhares de leitores

Dê mais visibilidade ao seu livro e mostre a sua obra para milhares de leitores. Saiba mais, acesse: https://revistaconexaoliteratura.com.b...

Mostrando postagens com marcador Robert Silverberg. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Robert Silverberg. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Sobre o Conto “O Sexto Palácio”, de Robert Silverberg

Robert Silverberg - Foto divulgação
*Por Roberto Fiori

“Ben Azai era considerado valioso, e ficou defronte ao portão do sexto palácio, e viu o esplendor etéreo nas placas de mármore puro. Ele abriu a boca e disse duas vezes: “Água! Água!”. No piscar de um olho, eles o decapitaram e lançaram onze mil barras de ferro nele. Aquele seria um sinal, para todas as gerações, de que ninguém devia vagar no portão do sexto palácio”.

Trecho extraído do conto “O Sexto Palácio”, de Robert Silverberg, publicado em “The Best of Robert Silverberg”, editado por Barry Malzberg, 1976.

Lipescu, barba dourada, punhos como martelos, costas largas como árvores de mil anos. Ele e Bolzano, que era baixo, dedos rápidos, esguio e afiado como lâmina, desejavam o tesouro do sexto palácio. Uma coisa os impedia: o Guardião, robô alienígena, que guardava a entrada que levava às maravilhas que poderiam comprar um Universo inteiro. Bastava entrar, pegar o que se queria e partir daquele mundo do sistema de Vazar vermelha. Mas tinha-se de passar pelo Guardião.

Muitos haviam tentado, antes dos dois homens. Falharam. Bolzano roubara o computador, esfera metálica que levariam, presa à frente do traje espacial de Lipescu. Para que pudessem responder a todo tipo de pergunta que o robô faria, para testá-los. Se Lipescu falhasse, e morresse, Bolzano poderia ou não descer ao planeta, e tentar sua sorte. Ele era um jogador, e sabia qual seria sua escolha.

Estacionaram sua espaçonave a quatro milhas da superfície do mundo sem ar e sem vida, que continha o tesouro. Lipescu desceu, em sua nave de um só lugar, os retrofoguetes disparando em descida suave. Ele respondeu às perguntas do robô, repetindo as respostas que o computador em seu peito sussurrava para ele:

O robô:
— Defina latitude.

Lipescu:
— Você quer dizer, latitude geográfica?

O Guardião:
— Defina latitude.

Poderia ter sido um erro do homem, fazer uma contrapergunta. Lipescu respondeu acertadamente.

O robô:
— O que é mais harmonioso, a terça menor, ou a sexta menor?

Novamente, Lipescu respondeu, baseado no que o computador lhe sussurrava.

— Cite os números primos entre 5.237 e 7.641.

Novamente, uma pergunta direta, simples e de nível escolar.

Na pergunta de número dezoito, o robô pediu uma explicação do teorema de Pitágoras. O homem respondeu acertadamente. E uma coisa metálica, brilhante, foi lançada da caixa maciça que era o tórax do Guardião, dividindo Lipescu em dois. Aquilo que o cortara retrocedeu, então, para dentro do robô.

Era impossível! As dezoito perguntas estavam corretas!, Bolzano pensou, ao observar pela tela da nave o que havia acontecido com o outro. Mas, então, ele refletiu e concluiu que o robô era um engenho alienígena, e sua lógica deveria ser diferente daquela dos homens. Resolveu descer. Defronte a ele, falou que tinha vindo buscar o tesouro. O robô falou que deveria obter o direito a ele. Bolzano perguntou como faria isso. Ao que a máquina respondeu para demonstrar ser verdadeiro, revelar seu interior e mostrar compreensão. Bolzano disse:
— Estou pronto.

As perguntas se sucederam e Bolzano respondia aleatoriamente, sem sentido lógico aparente. Mas o robô, após uma série de indagações, deu dois passos para a esquerda e disse que ele podia passar. O homem mal podia acreditar no que ouvia. Passou pelos portões e ajoelhou-se entre o tesouro. Aqui, um disco, do tamanho de um olho humano, no qual miríades de padrões de rara beleza de linhas e cores se formavam; ali, um besouro brilhante e constituído de material ceroso e frágil postava-se sobre um pedestal de jade; além, e mais além, muito mais... Seria necessária uma dúzia de viagens até a espaçonave, para levar tudo.

Mas o robô poderia não aceitar mais outras respostas. Portanto, Bolzano decidiu levar tudo o que podia em uma única viagem. Mais tarde, poderia voltar e carregar mais. Apanhou o que podia levar e, ao passar pelos portões, o robô perguntou:

— Por que está carregando todas essas coisas? O que pretende fazer com elas?

Ao que Bolzano respondeu, sem se importar:

— Eu as peguei porque são bonitas. Porque as quero. Há uma razão melhor?

— Não — respondeu o robô. E o painel negro de seu peito se abriu, e a coisa que lá estava matou Bolzano. Um segundo antes de morrer, ele compreendeu. Havia respondido com lógica, o teste não havia acabado quando o Guardião o deixara passar pelos portões. E o teste tinha como solução respostas ilógicas.


Este conto foi escrito por Robert Silverberg em 1964, para a revista Galaxy, de Frederick Pohl. Foi uma das quatro histórias de Ficção Científica cujo material — padrão de histórias do espaço — ele escreveria para a revista. Robert Silverberg foi um dos mais prolíficos escritores de Ficção Científica ainda vivos, tendo escrito centenas de contos, muitas novelas e romances. Ele escrevia com tamanha voracidade, segundo críticos, por ter medo de não poder se sustentar, simplesmente escrevendo. Vencedor de vários Prêmios Hugo e Nebula, destacou-se e ainda hoje mantém seu nível literário.

A história “O Sexto Palácio” fala de enigmas que, se resolvidos, trarão riqueza para quem os solucionar. Na história mitológica grega de Édipo e da Esfinge, esta ameaça quem se atreve a vagar na estrada de Tebas, barrando as pessoas e fazendo-lhes três perguntas. Quem conseguir respondê-las, poderá passar e viver. Se não, morre de maneira trágica nas garras do monstro alado.

Édipo consegue responder ao enigma da Esfinge. “Qual o animal que de manhã anda de quatro, de tarde, anda apoiado em duas pernas e à noite, anda em três pernas?” Édipo, concluindo que somente o homem poderia ser este animal, pois quando bebê (manhã), engatinha, quando adulto (tarde), caminha sobre duas pernas e na velhice (noite), caminha apoiado em uma bengala (terceira perna), obtém a vitória contra a Esfinge que, não suportando ter sido vencida em um jogo em que ela se julgava invencível, joga-se do penhasco lá perto.

Enigmas são charadas de difícil solução. Requerem conhecimento, astúcia e raciocínio. Um enigma pode ser desvendado sem seguir-se uma lógica? Acredito que não. Baseado na vivência da pessoa, em sua cultura, capacidade de raciocínio dedutivo, um homem bastante inteligente pode ser o detentor da resposta para uma charada. Édipo era perito em solucioná-las e, não por um golpe de sorte, mas por associação de ideias e conclusão acertada, derrotou um perigo mortal que rondava a estrada de Tebas.

A história de Silverberg trata de um assunto contado de maneira peculiar, no estilo próprio dele. Ele começa contando o que era o tesouro e seu Guardião, passa a descrever os dois protagonistas, seu modo de falar, seu modo de pensar. Passa a falar algo sobre os lugares onde habitam: Bolzano vivia em um apartamento confortável em uma torre aérea às margens do lago Eris, enquanto Lipescu escolhia viver em bairros miseráveis, pouco afastados do lago. Viviam em um mundo do sistema de Valzar vermelha e, situado no mesmo sistema, estava o planeta onde riquezas do tesouro aguardavam por quem desejava pôr as mãos nele.

Uma história de Robert Silverberg nunca é sem surpresas. Sempre há um elemento diferente, ou um final diferenciado. A narrativa segue padrões próprios, o conto ou o romance dançam em fios de arame suspensos no ar, balançando para cá e para lá. Não há repetição de ideias, mesmo hoje, passados mais de cinquenta anos desde que Silverberg começou a escrever.

Por todos esses motivos, é que Robert Silverberg é considerado um dos “gigantes” da Literatura de Ficção Científica, ao lado de Isaac Asimov, Clarke, Heinlein, Vance, Poul Anderson, Ray Bradbury, Clifford D. Simak e mais alguns outros que não me vêm à mente agora.

O fato de existir um escritor como Silverberg é um presente que ele nos dá: nos entretém sem que caia no lugar-comum, que tornaria suas histórias sediças e cansativas.

Silverberg está entre os maiores escritores de Ficção Científica. Talvez hoje ele não tenha a vitalidade que tinha na segunda metade do Século XX, quando, ao lado de Randall Garrett, escrevia dia e noite, fazia contatos no mundo editorial de Nova York e vendia cada conto que escrevia. Era um fenômeno, todas as suas histórias eram aceitas, ele ganhava a vida verdadeiramente como escritor, era um grande profissional da Literatura Fantástica.


*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem.

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
Pelo site da Amazon: Clique aqui.
Compartilhe:

sexta-feira, 15 de março de 2019

Sobre o Conto de Ficção Científica “Os Desajustados”, do genial Robert Silverberg

Robert Silverberg - Foto divulgação
Web Foss, adido terrestre ao Governo Civil de Egri V, tinha um problema. Sua mulher, Carol, havia perdido a cabeça em uma discussão com ele, no planeta Egri V, e se mandara para um outro. Não sabendo que este era um planeta pesado, um planeta para homens adaptados viverem, não para homens comuns. A Terra havia fundado colônias espaciais em muitos mundos pela Via Láctea e, entre eles, havia planetas pesados, com uma gravidade maior que a da Terra. Planetas que você, se pesasse aqui na Terra setenta quilos, num mundo adaptado pesaria cento e quarenta quilos ou mais.

Para colonizar tais planetas inóspitos, foi necessária uma intervenção da engenharia genética. Para criar pessoas especiais. Para criar homens e mulheres tão fortes, de constituição física tão desenvolvida, que poderiam viver 100 anos em um planeta que possuísse duas vezes a gravidade da Terra, ou “2g”. Carol Foss estava em um desses mundos já há duas semanas desaparecida.

Contatando o Capitão dos Correios, Web Foss descobriu que Carol estava em Sandoval IX. Ele descera em uma das mais de vinte colônias do planeta, contatara Haldane, o Oficial da colônia, e expusera o problema. Após falar com ele por cinco minutos, Haldane dissera que sabia onde Carol estava. E quando Web Foss falou que, se ele sabia onde sua mulher estava, por que não contava a ele onde, Haldane respondera que Foss era um terrestre. Um ser superior. Então, que tratasse de encontrá-la.

Os homens adaptados eram motivo de zombaria e chacota na Terra e nos mundos onde a gravidade era normal. Muitos haviam sido adaptados de forma que pudessem respirar com cinco por cento do oxigênio existente na Terra. Com uma atmosfera de vinte por cento de oxigênio, como aqui, sentiam-se permanentemente embriagados, respirando tanto oxigênio puro. Eram mal recebidos na Terra, a eles eram destinados hotéis e restaurantes de segunda categoria. O preconceito era arraigado. Os adaptados, em Sandoval IX, tinham por volta de um metro de altura por uma envergadura bastante sólida e larga, de modo a suportarem o “1,8g”, que era a gravidade daquele planeta.

Os adaptados não ajudaram Web Foss em nada. A não ser um deles, que informara que Carol se encontrava a dezesseis quilômetros de distância, na colônia vizinha. Dissera isso para que Web permanecesse o mínimo possível em Sandoval IX, onde estava atrapalhando a vida de todos. Aliás, para os adaptados, a simples presença de um terrestre entre eles já os desagradava em muito. Uma viagem até a colônia onde Carol estava, através da nave de Web, era impossível. Sendo um planeta de alta gravidade, Sandoval IX tornava a partida das naves um processo difícil. Pois consumia demasiado combustível partir, chegar em órbita, para depois aterrissar novamente no planeta, para depois subir, mais uma vez, e escapar da gravidade daquele mundo. E seguir de volta para Egri V. Web Foss não dispunha de combustível para tanto. Tentara conseguir um transporte, que alugaria de um dos homens adaptados da colônia onde descera, mas ninguém alugava transportes para terrestres. Todo esse tratamento que estavam dando a Web era o troco, pelo tratamento cruel que os adaptados recebiam, cada vez que visitavam um planeta de gravidade normal.

No bar, onde resolvera pedir aos clientes que alugassem um transporte para ele, e fora negado, Web Foss falou que iria caminhando até a colônia mais próxima, e voltaria trazendo sua mulher. Disso eles tinham a sua palavra!

Dezesseis quilômetros. Depois de três quilômetros e meio, Web estava mais que exausto. Resolveu parar e descansar, encostado a uma árvore na beira da estrada. Sua pulsação estava aceleradíssima. Sentia tonturas. A gravidade exercia seus efeitos devastadores contra ele. Ainda assim, levantou-se assim que se sentiu melhor. Tinha setenta e sete quilos e pesava em Sandoval IX cento e trinta e nove quilos.

Continuou a “caminhada”. Mais três quilômetros e estava cansadíssimo, mas repetia para si que era somente questão de continuar. Um pé à frente do outro. Arrastando-se. Até que, sem ter ideia da passagem do tempo, chegou ao povoado onde sua mulher estava. Conduziram-no até um casebre, onde ela se encontrava deitada em uma cama, em estado inconsciente. Quando acordou, contara a Web que não sabia que Sandoval IX era um planeta pesado. Quando dera por si, a nave dos Correios já havia partido e demoraria muito para voltar. Então, caminhara por alguns metros, caindo. Fora alvo de troça dos adaptados, até que desmaiara com o esforço. E então, alguns ajudaram-na, assim como se ajuda um animal ferido.
Deram-lhe comida e bebida alcoólica. Bebera, para passar o tempo sem sofrer com a terrível gravidade. Web disse a ela que voltariam para a nave dele, distante dezesseis quilômetros. Apenas dezesseis quilômetros. Web poderia ter aterrissado a trinta quilômetros. Ou duzentos. E voltariam para Egri V. Dormiram um pouco e, quando acordaram, na manhã seguinte, puseram-se em marcha. Era meio-dia quando chegaram à colônia onde a nave de Web aguardava.

No início, encontraram um grupo de adaptados. Entre eles, Haldane. Era óbvio, pelo rosto e os olhos deles, que estavam desapontados. Haviam deixado ele e sua mulher para morrerem no deserto de Sandoval IX, isso era mais que claro. Três deles barraram o caminho do casal de terrestres.

— Saiam de meu caminho. Deixem-nos passar — dissera Web asperamente, não querendo mais encrenca, mas sentindo a raiva subir à face. Haldane disse para darem passagem. Na nave, ajudara Carol a subir na escotilha. Encarara o grupo dos homens adaptados, não acreditando que conseguira voltar vivo da caminhada. Agora, eles teriam mais respeito ao lidar com um terrestre.

— Adeus! — disse ele, sorrindo largamente. Então, entrou na nave, colocou-se por trás dos controles e partiu para casa.

Robert Silverberg nasceu em 1935, nos Estados Unidos. Escritor de Ficção Científica, Fantasia e Não Ficção, recebeu inúmeros prêmios, como os tão cobiçados Hugo e Nebula. Quanto aos prêmios Hugo, os mais importantes do gênero, pode-se citar “Nightwings” (novela “Asas da Noite”) e os romances “Lord Valentine’s Castle” e “The Stochastic Man”. Quanto aos prêmios Nebula, cito o romance “Time of Changes” (romance “Tempo de Mudança”), “Dying Inside” (romance “Uma Pequena Morte”), o romance “Thorns” (“Espinhos”) e o romance “The Tower of Glass” (“A Torre de Vidro”). Este conto, “Os Desajustados”, foi lançado no Brasil na antologia de contos do autor “Rumo aos Mundos do Futuro” (“To Worlds Beyond”), lançada pela Edameris (Editora das Américas), em 1967.

No futuro distante, salvo alguma catástrofe, a Humanidade terá avançado o suficiente para colonizar inúmeros planetas em nossa galáxia. Como lidará com problemas de atmosfera, pressão, gravidade? Poderá ser o Homem como civilização uma raça suficientemente criativa para resolver todos os seus problemas, no espaço?

O Homem engatinha, em sua missão de viajar pelo espaço e colonizar mundos alienígenas. Problemas aparentemente impossíveis de contornar levam a raça humana sequer conseguir a ir a Marte, seu planeta vizinho, fundar uma colônia e voltar, deixando lá sua semente. A Lua foi o máximo que já conseguimos alcançar, em missões perigosas, mas que deram ao desenvolvimento da Ciência um passo gigantesco. A tecnologia da Era Espacial fez com que tivéssemos ao nosso dispor uma evolução na computação, em novos materiais revolucionários, como o grafeno, fizeram o homem até mesmo avançar na biofísica, criando novos dispositivos, como próteses e técnicas de recuperação em acidentados e deficientes físicos. A mais nova tecnologia que surgiu foi a de paraplégicos e tetraplégicos, conectados a um computador, serem capazes de se movimentar e manipular objetos por próteses artificiais. Isso era um sonho de Ficção Científica, até vinte anos atrás.

Mas... o que se fará diante do desafio de vencer a gravidade pesada, em planetas de grande massa? Quando maior a massa — ou “quantidade de matéria” — que um planeta possui, maior a sua gravidade, mais se sente dificuldade em se locomover sobre sua superfície.

Em planetas com o dobro da aceleração da gravidade “g”, um homem que na Terra pese cem quilos, nesses planetas pesará duzentos quilos. É algo muito complexo. Teríamos de inventar um modo de sobrepujar as dificuldades de viver nesse tipo de planeta “pesado”.

Robert Silverberg imaginou homens modificados geneticamente, muito mais fortes, tão fortes que um único soco forte desses homens poderia matar um terrestre muito facilmente. Esses indivíduos, de constituição física fora do comum, seriam os colonos em tais mundos. Mundos que seriam ricos em minérios raros, seriam muito férteis e valiosos para o governo da Terra poder investir neles pesadamente. No conto “O Planeta Pesado”, de Milton A. Rothman, publicado em “... Para Onde Vamos?”, antologia editada por Isaac Asimov (“Where Do We Go From There?”, lançado pela Hemus Editora, em 1979), estamos em um planeta de alta gravidade, em que uma nave terrestre cai em um de seus oceanos. Um agente secreto da Terra, nascido neste planeta, deve recuperar um objeto na nave, antes que inimigos o façam. Ele arranca placas rebitadas de aço do casco da nave como se fossem feitas de papelão, por exemplo. A gravidade é gigantesca, sendo que a nave está a ponto de ser destroçada pela ação das pequenas ondas desse oceano “pesado”.

Mas talvez a engenharia genética não consiga produzir homens com tais características físicas tão especiais, afinal. Talvez mundos de alta gravidade sejam inacessíveis ao homem, mesmo que possuam atmosfera respirável.

Talvez o homem esteja destinado a, primeiro, resolver os problemas desta velha e cansada Terra, da qual tanto se tem tirado e tão pouco se tem dado a ela. E somente depois de solucionar os desafios de controlar a poluição, diminuir o aquecimento global, mitigar a fome, acabar com os fantasmas da violência e criminalidade, da guerra, o homem possa estar livre para lidar com outro tipo de problema. O mistério de como viajar até Alfa Centauri seria secundário, e colonizar seus planetas, a quatro anos-luz de distância, talvez devesse esperar.


*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem.

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
Pelo site da Amazon: Clique aqui.
Compartilhe:

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Sobre o Conto “Nascer do Sol em Mercúrio”, de Robert Silverberg

Robert Silverberg e sua segunda esposa, Karen Haber, em 2009
*Por Roberto Fiori

“Mercúrio é dois infernos num só”, o Comandante Ross pensava, enquanto a nave tocava o solo. Do lado gélido, temperaturas de zero grau absoluto; na parte crestada pelo Sol, o zinco corria em torrentes. Assim era Mercúrio, o menor planeta do Sistema Solar. A missão: erguer a torre plástica de radar, deixada pela última expedição, que se acidentara, indo para o lado iluminado do Sol e liquefizera-se. Também deveriam verificar os acumuladores de calor, instrumentos deixados pela primeira expedição, e que mediam as tensões geradas pela incidência de calor sobre eles e estudar as linhas de força magnéticas do Sol. Além disso, o técnico de acumuladores, Krinsky, deveria preparar esses instrumentos para estudos posteriores. Todo esse trabalho de Krinsky era o principal, o mais importante da missão.

Tão logo chegaram a nove milhões de milhas do planeta, Curtis, o Astronauta Ajudante, tentou tirar a própria vida, ao se dirigir para o conversor do reator da nave “Leverrier”. Assim como muitas outras expedições no espaço, Curtis fora acometido por um desejo de se autodestruir. No espaço, isso ocorria com frequência. Fora sedado e confinado na cabine de ré da nave, onde jazia em uma maca especial para estes casos.

Tão logo os astronautas chegaram em Mercúrio, foram-lhes atribuídas tarefas, pelo Comandante. Por um veículo terrestre, Lewellyn e Falbridge deveriam chegar à torre plástica de radar e erguê-la, inflando-a. Depois de terminarem esta tarefa, Krinsky, Lewellyn e Falbridge seriam deixados por Dominic, no jipe, o mais próximo possível da zona infernal, vestindo trajes de calor — tão volumosos que o ocupante parecia estar dentro de um tanque de guerra. Então, os astronautas protegidos precisariam se aventurar sob o Sol e procurar os acumuladores.

Mas, pouco tempo depois de Lewellyb e Falbridge terem armado a torre de radar, algo aconteceu. Para o Comandante Ross, esperando e vigiando do lado de fora da “Leverrier”, depois de baixar o visor óptico de proteção do capacete julgou discernir o despontar do Sol no horizonte próximo. Pensou ser uma ilusão.

Porém, a torre plástica que era o radar começou a derreter.
Os dois astronautas correram de volta para o jipe terrestre e iniciaram uma corrida contra o tempo. Na nave, uma temperatura acima de 250 graus no exterior significava avarias no sistema de refrigeração e Ross teria de partir e entrar em órbita, quando chegasse a 275. Eram duas vidas a tentar salvar, no jipe, em detrimento das seis restantes, na nave.

A temperatura subia... 112 graus... 114... 116... chegaria a 200 quando os dois homens chegassem na nave. Em estado péssimo, muito provavelmente. Estavam todos de prontidão para a partida. Quando a temperatura exterior chegou a 133, nem Brainerd — o primeiro astronauta —, nem o próprio Comandante, conseguiam calcular a sua localização na superfície de Mercúrio. Era simples trigonometria, porém, algo lhes toldava o pensamento. Não podiam raciocinar direito. Spangler, o médico que confinara Curtis, tivera de soltá-lo, pois raciocinara que o louco não poderia sobreviver à subida da nave, preso à sua maca. Ele resmungava, pelos fundos da nave: “Quero morrer... quero morrer...”

Por um breve instante, veio à mente de todos a imagem de uma poça de zinco derretido fremindo, em algum lugar na zona de calor. Pensaram que seria delírio, alucinação coletiva. Mas Ross aventou a hipótese de ser uma forma de vida de Mercúrio, a única que poderia sobreviver ao horror do calor extremo. Ela ajudava os humanos a conseguir o que desejavam: ajudara Curtis a tentar se suicidar, arranjando-lhe os meios para isso. Mas fora malsucedida, antes de eles chegarem a Mercúrio. A morte de Curtis no conversor significaria a morte de todos, pois a nave se desestabilizaria e cairia no planeta. Agora, pôde realizar os sonhos de Curtis: ele acabara de se matar com dois aparelhos de corte. Jazia em uma poça de sangue, no corredor da “Leverrier”. Tudo, todos os detalhes para isso haviam sido arranjados mentalmente pela forma de vida; ela não fizera todos morrerem, esse não era o desejo dos outros tripulantes. A nave não seguira rumo ao Sol, como Curtis — que calculara a descida automática da nave — primeiramente planejara. Fora um plano descoberto por Ross e Brainerd, que tivera de efetuar a descida manualmente.

Mesmo assim, desceram perigosamente perto da zona de calor. Não o suficiente para todos perecerem, mas para dar oportunidade e tempo de soltarem Curtis.
Na chegada da nave a Terra, apenas seis tripulantes haviam voltado. Os desejos de todos, menos os de Curtis e Ross, eram o de voltarem. O Comandante desejava estudar o ser de zinco líquido. Para isso, a criatura fizera com que os outros sobreviventes o deixassem no planeta. Mas os homens não se lembravam do que acontecera ao Comandante Ross, e não souberam explicar para as autoridades terrestres como o seu traje de calor fora deixado abandonado na superfície de Mercúrio.

Este é mais um conto do mestre da Ficção Científica e Fantasia, Robert Silverberg. Chama-se “Nascer do Sol em Mercúrio“ (“Sunrise on Mercury”) e foi lançada no exterior pela primeira vez em 1957, na publicação “Science Fiction Stories”. No Brasil, foi publicada em 1972 na antologia “Outros Tempos, Outros Mundos” (“Parsecs and Parables”), pela Editora Cultrix. Silverberg dispensa apresentações. Vencedor de vários Prêmios Hugo, Nebula e Locus, escreveu centenas de contos, dezenas de romances, antologias e trabalhos de não-ficção. É o expoente máximo hoje vivo, da Ficção Especulativa Científica, ao lado de Isaac Asimov, Arthur C. Clarke, Robert Heinlein, Ray Bradbury e outros.

Uma forma de vida elaborada de zinco líquido. Sem a presença de ácido desoxirribonucleico DNA ou RNA. Ausência de proteínas e aminoácidos. Somente vivendo para fazer os desejos dos seres vivos — no caso, o Homem — se tornarem realidade, sem a presença da moral e ética humanos. Afinal, a forma de vida é feita de metal... Facilitando o suicídio de Curtis ou a ideia enlouquecida de Ross permanecer no planeta, para estudar o alienígena.

Pensemos bem. Há lógica nas ações mentais desse ser de metal líquido? Ele “quebra todas as regras”, assassinando impiedosamente os que querem se matar ou executar ações que resultem na morte de outros?

Não. A forma de vida segue seus padrões lógicos de ação, pois foi concebida para permitir que os desejos do Homem — e, porventura, de qualquer ser dotado de um sentido de desejo — se tornem realidade. Isso é algo que jamais existiu em nosso planeta. Isso transcende a lógica humana. É a realização de ambições desmedidas e o “tornar possível” de tudo o que o Homem jamais quis: ganhar sempre, vencer os obstáculos, facilitado por uma entidade alienígena.

Quem não gostaria de se vingar de seu inimigo? Ou ganhar nos casinos, subir de modo amoral na hierarquia de uma empresa como a Microsoft, ou a Google, ou a Apple? Ou o próprio Facebook? Erguer um Império, dominando tudo e todos os que estivessem sob seu jugo? Ou executar crimes sem ser descoberto? Isso são exemplos negativos dos desejos do Homem, na jornada em direção a seu Destino, cada homem, mulher ou criança o possuindo, o realizando de acordo com suas ações.

Mas o Homem possui qualidades. Alguns desejam que a fome no mundo desapareça, que haja o suficiente para todos se alimentarem decentemente. Outros querem que as guerras acabem, a geopolítica responsável pelos acontecimentos genocidas simplesmente mude para melhor. Ainda, há os que desejam que doenças genéticas sejam erradicadas e que ameaças à vida das pessoas, como a criminalidade, não existam mais. Esses são desejos positivos, muito positivos para a evolução da Humanidade.

Mas o ser feito de zinco líquido não distinguiria bons ou maus desejos e pensamentos: ele satisfaria a todos, quer estejam errados, quer não, simplesmente porque é um ser não humano. Não possui moral humana. Não tem a capacidade de julgar, apenas é capaz de distinguir, em um grupo, os desejos expressos em pensamentos de cada um. O alienígena é capaz de fazer acontecer fatos que levem à satisfação dos desejos de todos, sob os mais variados modos.

Isso é fascinante. Isso é miraculoso. Isso não é humano.


*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem. 

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
Pelo site da Amazon: Clique aqui.
Compartilhe:

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Sobre o Conto Fantástico de Robert Silverberg, “O Homem que Jamais Esquecia”

Robert Silverberg - Foto divulgação
*Por Roberto Fiori
 
Eu não tenho sonhos. Vivo em um pesadelo acordado, com minha maldição. Encontro Bette Torrance, que mal conheci em um jogo de futebol, no Ano Novo de 1955, há dois anos. Tentei falar com ela, mas ela não se lembrava de mim. Eu lembro-me dela como se tivesse conversado com ela hoje mesmo. Afasto-me, o namorado dela não gostou de vê-la conversando com outro rapaz.

Tenho 29 anos. Chamo-me Tom Niles. Desejo “Feliz Aniversário” para mim mesmo, nos fundos de um prédio, num apartamento de 8 dólares por semana. Aos 12 anos, decidi que minha cidade de Lowry Bridge não servia mais para mim. Havia passado tempo demais nela e conhecia todos mais que o suficiente, o que se tornara um problema.

Todos em minha família eram “normais”. Menos eu. Eu me lembro de cada detalhe de minha vida, todos os dias, todos os anos. Ganhei um olho preto de Barry Harman, por ter vencido o Concurso de Memorização de Versículos Bíblicos da Escola Dominical. Eu os tinha lido uma única vez. Barry passara semanas a fio dando duro em cima do livro sagrado, para ver sua chance de ganhar do pai uma luva de boxe, caso vencesse o concurso. Mas eu o derrotei.

Com um ano de idade, repeti com exatidão o que a vizinha tinha dito em voz alta para minha mãe. Foi um acontecimento. “Como ele está crescendo!”, comentou a vizinha com mamãe. Fora uma repetição, sem eu ter entendido nada. Aconteceu. Um professor meu me dissera para não responder todas as perguntas que ele fazia na classe, ou eu iria ter problemas com o restante dos alunos, depois da aula.

Assim, tendo crescido demais, com a idade de 12 anos, achei que poderia cuidar de mim sozinho. Peguei algumas economias que minha mãe havia guardado numa caixinha que ela acreditava ser secreta, no fundo da prateleira da cozinha e tomei o trem para Chillicothe e saí de casa. Minha mãe havia mencionado o lugar em que guardava o dinheiro, cinco anos atrás. E eu recordava disso. Trabalhei em uma editora, num serviço de provas de originais. Fazia o dobro do trabalho exigido. Saí do serviço em um mês. Trabalhei como lavador de pratos em uma lanchonete, em Salt Lake City. Todos os empregos não duravam muito. Tive algumas garotas, mas elas se afastavam, logo que descobriam o meu talento especial. Um dia, não me aguentando mais de fome, supliquei ao dono de um parque de diversões que me desse uma chance. Eu poderia repetir qualquer coisa, sem erro nenhum. Ele leu um editorial de um jornal e eu o repeti, quando ele acabou. Fui admitido, mas fiquei lá por muito pouco tempo. As pessoas diziam coisas baixas e sórdidas, eu as repetia, para em seguida os fregueses já terem esquecido o que haviam falado para mim. Ninguém deu pela minha falta, quando me despedi dos colegas do parque.

Mudei-me a cada um ou dois meses de cidade para cidade: passei por Salt Lake City, Cheyenne, Denver, Wichita, de Wichita para Des Moines, para Minneápolis, Milwaukee, para então chegar em Indianápolis. Depois de três meses, cheguei em um bar à beira da estrada, em uma cidadezinha. Meti-me em uma conversa sobre quem havia vencido uma luta entre Joe Louis e Schmelling. Os homens que discutiram estavam bêbados, apostando. Com a minha opinião, um deles venceu a aposta. E o outro me deu uma surra que praticamente me enviou para o cemitério.

Acordo em uma cama de hospital. Era um pequeno hospital do Condado onde eu tinha sido agredido. Um homem e seu cachorro haviam me trazido. Uma mulher veio me visitar. É uma senhora. É minha mãe. Ela sorria para mim, estava com a aparência um pouco envelhecida pelo tempo. Eu não tenho raiva dela. Tinha, nos tempos antigos em que eu fugira de casa e me mudara para tantas cidades diferentes. Agora, não mais. Só sinto ternura por ela. Ela havia lido no jornal do Condado que alguém com características semelhantes a mim havia sido levado para o hospital.

Minha mãe me contou que meu avô também tinha o mesmo dom que eu, o de jamais esquecer. E fugira, abandonando minha avó e seus filhos. Minha mãe jamais havia dito algo para mim, em relação a este dom de meu avô. Percebi que meu dom nunca deveria ser perdido, e sim, passado de geração em geração. A enfermeira que me atendeu foi extremamente simpática, quando eu cheguei ao hospital. Recebeu-me com um sorriso não inteiramente profissional. Minha mãe me perguntara se eu já havia casado. Diante da negativa, falou que eu já deveria me decidir. Tinha quase trinta anos. Isso e mais o pensamento da passagem de meu dom para meus descendentes, me deu forças.
O médico que veio me atender me examinou. Disse que eu estaria bem em pouco tempo, era preciso alguns dias de descanso e cuidados médicos, nada de muito grave. Perguntou-me se precisava de alguma coisa. Disse-lhe que mandasse vir a enfermeira. Tão bela, simpática e sorridente. Enquanto ela não vinha ao meu quarto, fui decidindo o que diria para ela, que me era tão importante e tão caro.

“O Homem que Jamais Esquecia” (“The Man Who Never Forgot”, lançado primeiramente na revista Fantasy and Science Fiction, em 1957) foi publicado no Brasil pela Editora Cultrix, na antologia de histórias de Robert Silverberg “Outros Tempos, Outros Mundos” (“Parsecs and Parables”, em 1970). Robert Silverberg é, pelo volume de trabalho já publicado, e pela qualidade de seus textos, o expoente número um dos escritores de Ficção Científica e Fantasia. Venceu por quatro vezes o Prêmio Hugo e por seis vezes o Prêmio Nebula, os principais prêmios dados aos melhores trabalhos de Ficção Científica e Fantasia. Segundo Lee Child, "Bob Silverberg, um gigante da Ficção Científica... estava escrevendo dois livros por mês para um editor, um outro livro para um segundo editor e o equivalente a um outro livro para uma revista... Ele estava escrevendo um quaro de milhão de palavras por mês, sob muitos pseudônimos diferentes”. Isso foi entre 1956 e 1959.

Se alguém dissesse a Alex Mullen alguns anos atrás que ele seria capaz de memorizar as 51 cartas de um baralho em 21,5 segundos, o jovem de 24 anos não levaria a sério. Sua memória não era nada especial, ele a considerava abaixo da média.
Porém em Dezembro de 2015, este estudante de medicina da Universidade do Mississippi venceu o título de Melhor Memória do Mundo.

Neste Mundial de Memorização, disputado em Guangzhou, na China. Houve 10 rodadas de desafios para memorizar números, rostos e nomes.
O desafio final consistia em memorizar um baralho em menos tempo possível. Mullen, precisou de apenas 21,5 segundos para memorizar as cartas, um a menos que o então líder, Yan Yang. O americano agora também detém o recorde mundial de lembrar números, 3.029 em uma hora. Muller decorou também 3.888 números binários em 30 minutos. E garante que qualquer um pode chegar nesse nível. "Você apenas precisa criar um palácio mental", diz.
O "palácio mental" é a imagem que você guarda na cabeça de um lugar que conhece bem, seja sua casa ou o caminho para o trabalho.
Tanto nos livros de Sherlock Holmes, quanto na recente série de TV com o ator britânico Benedict Cumberbatch, o detetive volta e meia visitava seu palácio para fazer suas incríveis deduções.

É necessário apenas andar por seu "palácio" e deixar uma imagem de cada item em locais específicos ao longo da rota.
A técnica é atribuída ao poeta grego Simonides de Ceos, que viveu nos anos 400 a.C.
Reza a lenda que ele participava de um banquete na casa de um nobre quando precisou sair da sala para encontrar um mensageiro. Foi quando o teto da mansão caiu, matando todos no interior. Simonides percebeu que poderia lembrar onde todos os comensais estavam sentados, e assim identificou os corpos esmagados.
O evento teria levado o poeta a descobrir que a melhor maneira de lembrar-se de grupos de objetos ou fatos é ligá-los a imagens organizadas de forma específica e ordeira.

Nos dias de hoje, Eleanor Maguire, da University College London, no Reino Unido), escaneou os cérebros de dez finalistas do Campeonato Mundial de Memória.
Ela queria identificar se eles tinham diferenças estruturais cerebrais que resultariam em uma predisposição para memórias extraordinárias. Os testes não mostraram diferenças de intelecto ou alterações estruturais — a única diferença pareceu ser o uso de três áreas envolvidas na navegação. Os donos de supermemórias eram melhores puramente porque caminhavam em seus "palácios mentais".

Para lembrar-se de números, cada competidor tem seu sistema para convertê-los em imagens. Mullen usa um modelo de duas cartas para memorizar um baralho. Naipes e números viram fonemas: se o sete de ouros e o cinco de espadas estão juntos, por exemplo, o americano diz que os naipes formam o som "m", ao passo que o sete vira um "k", e o cinco, "l". Juntas, as três letras lembram a ele o nome Michael. É o que aprendemos na escola, desde cedo, como “processo mnemônico” de memorização.

Ele afirma usar outro truque que envolve 2.704 possíveis combinações, mas prefere não detalhá-lo. Mullen diz que se preparou apenas durante meia hora por dia para  participar do Mundial de Memorização.

É fato que, mesmo sendo perfeitamente normal, Robert Mullen se esforçou para chegar aonde está, no topo. Exige força de vontade, concentração e muita paciência. Porém, ele será substituído por outros, no lugar de memorizador mais perfeito. O cérebro humano envelhece, os neurônios morrem. Mesmo que ele se regenere, gerando novas sinapses, à medida em que morrem, há um limite de capacidade.

Mas tais métodos mnemônicos são muito úteis. Só não levam a uma pessoa a ter memória perfeita, como no conto de Robert Silverberg. Nesse caso, Tom Niles seria uma espécie de mutante, com o tipo de mutação favorável que só lhe traria benefícios, no futuro.


*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem. 

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
Pelo site da Amazon: Clique aqui.

Crédito da imagem de Robert Silverberg: www.scottedelman.com
Compartilhe:

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Quando eu me tornar Invisível, sobre o conto de Robert Silverberg

Homem Invisível - Foto divulgação
*Por Roberto Fiori

O ano? 2105. A data? 11 de Maio de 2105. Acabei de voltar da minha invisibilidade. Durou um ano. O crime que levou a esta punição: ser frio e insensível com meus outros semelhantes.

Eu podia fazer quase qualquer coisa.  Podia roubar ingressos para uma exposição botânica de cactos, podia entrar em teatros e cinemas sem pagar, provocar desordem. Menos ser atendido em um restaurante. Ou me servir de comida na cozinha dele. Um chèf de cuisine poderia atirar uma panela de água fervente em meu rosto e depois alegar que não havia nada no lugar. Eu poderia ser atropelado intencionalmente por motoristas vândalos e ainda assim não haveria punição para eles. Por isso, eu comia em restaurantes e lanchonetes automáticos e andava afastado das vias públicas.

A invisibilidade é uma faca de dois gumes. Eu havia perdido, neste ano em essa lei torturante foi aplicada sobre mim, a capacidade de falar fluentemente com outas pessoas. Elas se afastavam de mim como se encontrassem um leproso que transmitisse sífilis, ou AIDS, pelo toque. Ou que matasse pelo contato humano, instantaneamente.

Agora, estou livre. Oficiais da lei quebraram a insígnia em minha testa que dizia eu ser Invisível. Eu voltara a ser cidadão do mundo. Pagaram-me uma bebida, os agentes de segurança.

Antes, no período em que estivera invisível, eu havia tentado contato com outro homem condenado à invisibilidade. Ele estava no início da pena; eu, no final, desesperado por alguém que ao menos falasse comigo

Hoje, liberto, senti uma mão no ombro, ao descer para pegar o trem subterrâneo. Era o mesmo homem que antes fugira de mim, quando o procurara. Tínhamos sido dois invisíveis, vítimas do sistema, sofrendo de uma punição maior que a que nos cabia. Agora, também aflito e ansioso, em sofrimento, procurou-me. Eu comecei a me afastar dele. Ele me chama de covarde. Eu me viro e o abraço fraternalmente, lágrimas correndo de meus olhos.
Robôs de vigilância nos separam e nos levam para sermos autuados. Talvez o homem tenha sua pena prolongada. Eu, poderei ser acusado ou mesmo ser solto.

É a Justiça do Sículo XXII, torturante, dolorosa, injusta. Discriminatória ao extremo.

Esta é a sinopse do conto O Homem Invisível (To See the Invisible Man), que o fantástico escritor de Ficção Científica e Fantasia Robert Silverberg publicou, em 1962. Naqueles anos, antes dessa data, Silverberg jjá havia escrito dezenas, senão centenas de histórias de Literatura Fantástica para revistas que publicavam esse tipo de gênero literário. Mas as revistas perderam lucratividade, com o passar do tempo. Os editores fechavam suas portas, muito deles, e aposentavam-se.

Nisso, o grande autor de Ficção Científica Frederick Pohl convidou Silverberg para enviar histórias para ele publicar. Isso se tornou uma bola de neve. Todas as histórias de Robert Silverberg eram aceitas, todas eram publicadas. Um golpe do destino? Não, muito provavelmente foi a habilidade e capacidade desse escritor que o colocaram entre os maiores escritores de Literatura Fantástica de todos os tempos.

Mas... e quanto à invisibilidade, propriamente dita? A capacidade de nos tornar invisíveis ao olho humano, sem que ninguém possa nos ver, escondendo-nos permanentemente —  ou pelo tempo que quisermos — das outras pessoas?

Felipe Pinheiro, físico da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), afirma que, teoricamente, um celular, uma antena de difusão e recepção de ondas de rádio, qualquer tipo de aparelho que emita um sinal eletromagnético, enfim, pode se tornar invisível a outros sinais elétricos e magnéticos. A teoria já foi desenvolvida por sua equipe, na UFRJ. Mas, a tecnologia para converter equações matemáticas em aparelhos eletrônicos com essas características, não existe ainda no Brasil. Precisaríamos da ajuda de países no exterior, onde a tecnologia está mais avançada.

A aplicação prática está em que as transmissões de rádio melhorariam muitas vezes. Um emissor e receptor de ondas de rádio, como telefones celulares, não sofreria interferência de outros sinais similares.

Mas a tecnologia para tornar um ser humano invisível na frequência da luz visível está ainda longe de ser alcançada.

Teoricamente, é possível. Por enquanto.

*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem. 

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
Pelo site da Amazon: Clique aqui.
Compartilhe:

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Planetas Oceânicos — A Face das Águas — Robert Silverberg

Um exoplaneta e suas três luas: conteria vida aquática e terrestre, se as leis que regem a biologia e a física atuarem tanto aqui, na Terra, como lá, a milhões de anos-luz de distância
Destruída por um cataclismo há gerações, a Terra já foi esquecida por aqueles que se refugiaram no espaço cósmico. No mundo oceânico de Hydros, o médico Lawler guarda em sua morada objetos de valor de sua família — pertences originados da antiga Terra — em uma das inúmeras ilhas artificiais construídas pelos Gillies. Estes são uma forma anfíbia nativa inteligente do planeta, e nas ilhas eles permitem que os humanos convivam consigo.

Para Lawler, viver junto aos seres anfíbios não era problema. Mas Nid Delagard, navegador e comerciante entre as ilhas habitadas pelos humanos, cometera um dos piores erros de sua vida. Acidentalmente, matara criaturas mergulhadoras que ajudavam os homens a trazerem material valioso do fundo do oceano. Eram criaturas extremamente inofensivas, mas que mantinham profundos laços de afeição com os Gillies. E eles não perdoaram: deixaram um ultimato, Delagard, Lawler e as poucas dezenas de pessoas da ilha tinham de abandoná-la em questão de dias.

E o oceano de Hydros era violento, perigoso, hostil. A viagem desses homens e mulheres pelos mares vastos deste mundo é o tema de A Face das Águas (The Face of Waters), do renomado escritor de Ficção Científica e Fantasia Robert Silverberg.

Quais são os planetas e luas que existem no Sistema Solar e que apresentam oceanos em sua superfície ou abaixo dela? Existem, além deles, outros lugares em que a presença de água pode existir?

1. Terra: nosso planeta natal. Com sua superfície constituída por 29% de terra e 71% de água, deve a presença de vida muito provavelmente ao equilíbrio físico-químico entre elas, ecologicamente falando.

2. Luas congeladas de Ganimedes, Europa e Calisto, de Júpiter; Enceladus e Titã, de Saturno. O telescópio espacial Hubble apontou evidências de um oceano de água salgada abaixo da superfície congelada de Ganimedes. Em Europa e Enceladus pensa-se haver um oceano de água líquida sob a superfície congelada, com condições muito boas para o surgimento de vida: elementos químicos, fonte de energia (Enceladus deve possuir fontes hidrotermais quentes no oceano) e, é claro, água líquida.

3. Marte. O planeta vermelho foi objeto de muito estudo, nos últimos anos. O rover Curiosity encontrou um leito seco em meio a material que muito provavelmente abrigou formas de vida no passado. Nas calotas e abaixo da superfície de Marte é pensado existir hoje uma boa parte da água líquida sob forma congelada. Cientistas, utilizando telescópios para observar Marte, concluíram que o planeta já teve uma camada de 1,6 km de profundidade de água líquida cobrindo quase a metade do hemisfério Norte. Marte perdeu sua enorme quantidade de água devido à perda de sua atmosfera primitiva arrancada pelo vento solar, composto de partículas carregadas eletricamente. É a teoria do desaparecimento da água de Marte.

4. Ceres. Este planeta-anão, o maior corpo do cinturão de asteroides, pode possuir condições para a existência de água. Quando nosso Sistema Solar se formou, há 4,5 bilhões de anos, a nuvem de gás e poeira que se aglutinou era quente demais para que próximo ao Sol água permanecesse em estado líquido. A água teve de ser descarregada nos planetas interiores por cometas e meteoros, e as condições planetárias de Ceres hoje irão fornecer pistas para que se descubra como era a composição de cometas e meteoros nessa época tão antiga. Existe um limite a partir do qual a água existente em cometas e corpos que viajam pelo Sistema Solar começa a vaporizar. Esse limite situa-se aproximadamente na órbita de Ceres e, ao se dirigir em direção ao Sol, um cometa composto de gelo começa a emitir um rastro luminoso, proveniente da conversão do gelo em vapor d’água.

5. Titã. Lua de Saturno. É muito possível existir um oceano de água muito salgada — tão salgado quanto o Mar Morto, na Terra. Este oceano começaria a 50 km abaixo da crosta congelada. Ele ou seria fino e existiria entre camadas de gelo ou seria espesso e se embrenharia pelo interior rochoso do planeta, bem abaixo.

6. Tritão. Lua de Netuno. Em gêisers ativos de sua superfície, nitrogênio gasoso jorra. Fraturas e fissuras na superfície fria e gelada provavelmente são causadas por ação de maré, provocada pelo efeito gravitacional de Netuno. Um oceano líquido abaixo de sua superfície é considerado, mas ainda desconhecido.

7. Mimas. Lua de Saturno. Pensa-se que, ou há um oceano líquido sob a superfície, ou há um núcleo com a forma de uma bola de futebol. Se houver um oceano, ele começará 24 a 31 km abaixo da superfície marcada por ação de meteoros e cometas.

8. Plutão. Planeta-anão. Com a missão não-tripulada da sonda New Horizons, vimos que há montanhas de gelo elevando-se da superfície de Plutão, além de planícies de gelo onde não há existência de crateras. A idade das planícies é de somente 100 milhões de anos.

Existem atualmente projetos de observação e estudo de exoplanetas. Mais de 3.500 desses planetas já foram identificados e existem mais de 570 sistemas planetários confirmados. 5.000 corpos celestes aguardam confirmação de serem ou não exoplanetas.

Pensemos que a água de nossos oceanos, mares, lagos e rios pode ser a mesma trazida por cometas e meteoros e um passado longínquo. E lembremos que talvez a água que agora estamos bebendo possa ter vindo de qualquer um dos planetas e luas de nosso Sistema Solar. Ou das praias remotas de algum exoplaneta, que ainda descobriremos possuir água, vida e inteligência. E ainda uma civilização mais antiga que a nossa, mais sábia e mais pacífica.

Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem. 

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
Pelo site da Amazon: Clique aqui.
Compartilhe:

sexta-feira, 23 de março de 2018

Um Pesadelo, Robert Silverberg e Mutações..., por Roberto Fiori

Pesadelo - Foto divulgação

Pesadelo: poderá o homem estar vivendo em um pesadelo cotidiano constante, sem o saber?

Às vezes, é melhor não pensarmos muito no nosso dia-a-dia. É melhor nos esquecermos, vivermos o cotidiano sem ler muito o jornal, sua página econômica, ou a política... isso é a fuga da realidade, até certo ponto, mas... que mal há nisso?

O genial escritor de Fantasia e Ficção Científica Robert Silverberg publicou um conto em que o presente não passa de um sonho aterrorizante.  Passageiros (Passengers), publicado na antologia Rumo à Estrela Negra (The Cube Root of Uncertainty) fala-nos de um futuro indeterminado, onde um Computador Central pode fornecer o que o cidadão deseje, através de uma simples chamada de telefone. O que a pessoa precisa, consegue. Bastando haver um equipamento para se receber remotamente comida, por exemplo, como um suco de tomate — que é trazido já pronto pela torneira da cozinha, ou receber-se remédios, que são entregues diretamente por uma fenda de um aparelho apropriado, quando líquidos. Tecnologia ultramoderna.

Alienígenas tomam frequentemente o corpo de homens, mulheres, crianças, nessa época. E os usam para sua diversão, das mais diversas formas. Um funcionário de uma empresa pode estar sentado, ouvindo o que seu chefe tem a dizer sobre as altas nas taxas de juros de mercado projetados para daqui a dois anos, de determinados produtos fabricados pela sua firma. Sofre, então, uma possessão: é possuído pela presença incorpórea de um Passageiro, um alienígena, e sai da sala, encontra-se com uma mulher completamente desconhecida e se dirige para um motel com ela. Brigas ocorrem sob a possessão de um Passageiro, a qualquer momento, na rua.

E não se pode fazer nada contra isso. Nossa raça, à mercê de seres que se apossam de nossos corpos, vindos à Terra para se divertirem, sem qualquer outro motivo aparente.

Não se pode lutar contra os Passageiros, não se pode entrar em contato com eles. Somente pode-se sofrer a possessão. E torcer para que, durante a experiência, esta não seja traumática demais. Durante a possessão, fica-se consciente do que acontece, mas depois, não se lembra do que houve, apenas sabe-se que aconteceu algo. E a invasão dos corpos dos terrenos pelos alienígenas já é há muito de conhecimento mundial.

E, se por motivos muito sérios — e que dizem respeito à natureza do Homem —, isso já não estiver acontecendo entre nós, mas de uma forma mais insidiosa, indireta, escamoteada e oculta? Não envolvendo seres de outras galáxias, mas devido a certos seres humanos, que possam estar controlando a vida de outros, por meio de qualidades fora do comum? E que sejam suficientemente inteligentes para nunca se deixarem ser descobertos?

No formidável livro O Despertar dos Mágicos (Le Matin des Magiciens), escrito por Jacques Bergier e Louis Pauwels, há o registro de pessoas que apresentam capacidade de resolver problemas de astronômica complexidade mais rapidamente que qualquer outro ser humano. Neste livro, aventa-se a possibilidade de o homem estar diante de uma nova perspectiva: sua evolução através de mutações favoráveis, que tragam progressos na área mental. Isaac Newton e Albert Einstein, por exemplo, eram pessoas dotadas de mentes extraordinárias, e eram autistas. Sua inteligência estaria ligada, talvez, a seu estado autista.

Pessoas que possam dizer com certeza o que há além, se existem com certeza Universos Paralelos — não somente uma mera probabilidade de existirem Universos Paralelos semelhantes ao nosso, mas que possam prever que, baseados em acontecimentos de certas partes de nosso Cosmos, haverá em outra dimensão uma outra Terra idêntica à nossa, com cem por cento de acerto.

Ou que surja uma pessoa, ou várias, excepcionalmente dotadas, que sejam capazes de descobrir outras formas de energia ainda desconhecidas e, a partir disso, partirem para a construção de máquinas e equipamentos que nos transformem como sociedade, levando-nos ao outro lado do Universo. O genial escritor de divulgação científica e Ficção Científica Isaac Asimov já nos deu uma pista para que nós nos movêssemos a uma velocidade hoje impensável: a velocidade da luz. Basta nos transformarmos em fótons — as partículas ao mesmo tempo corpusculares e energéticas que compõem a luz. Alcançaríamos assim, instantaneamente, tal velocidade.

Haveria uma nova raça, um novo Homem, que se estendesse pelo Cosmos, dominasse as leis físico-matemáticas com total profundidade. Não temeriam nada, desafiariam as leis do impossível. Doenças seriam erradicadas, poderiam se mover pelo Universo quer por wormholes (buracos de minhoca), que ligam teoricamente um ponto a outro do nosso Cosmos, entre dois buracos negros, ou se deslocariam mais rapidamente do que a luz. Neste último caso, seriam seres taquiônicos, formados por táquions. Hoje, pensa-se que tais partículas, os táquions, se deslocariam mais rapidamente do que a luz e nunca a atingindo ou se deslocando mais vagarosamente do que os próprios fótons.

Os novos homens se teletransportariam à vontade, ao final de um período de evolução: poderiam atingir instantaneamente qualquer ponto do espaço. Poderiam avançar ou voltar no tempo. Poderiam driblar a morte, escolhendo quando desejassem morrer.

Ficção Científica ou Heresia?

Isto é chamado de especulação. Não podemos hoje prever o futuro, mas podemos pensar a respeito dele. Imaginar, exercitar nossa imaginação. Pois as melhores e mais ambiciosas ideias surgiram da imaginação. A imaginação do homem é infinita e, como afirmou Albert Einstein, ela é mais importante do que o conhecimento.

Sobre o autor: Roberto Fiori é um escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem. 

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
Pelo site da Amazon: Clique aqui.
Compartilhe:

Baixe a Revista (Clique Sobre a Capa)

baixar

E-mail: contato@livrodestaque.com.br

>> Para Divulgação Literária: Clique aqui

Curta Nossa Fanpage

Siga Conexão Literatura Nas Redes Sociais:

Posts mais acessados da semana

CONHEÇA A REVISTA PROJETO AUTOESTIMA

CONHEÇA A REVISTA PROJETO AUTOESTIMA
clique sobre a capa

PATROCÍNIO:

CONHEÇA O LIVRO

REVISTA PROJETO AUTOESTIMA

AURASPACE - CRIAÇÃO DE BANNERS - LOGOMARCAS - EDIÇÃO DE VÍDEOS

E-BOOK "O ÚLTIMO HOMEM"

E-BOOK "PASSEIO SOBRENATURAL"

ANTOLOGIAS LITERÁRIAS

DIVULGUE O SEU LIVRO

BAIXE O E-BOOK GRATUITAMENTE

BAIXE O E-BOOK GRATUITAMENTE

APOIO E INCENTIVO À LEITURA

APOIO E INCENTIVO À LEITURA
APOIO E INCENTIVO À LEITURA

INSCREVA-SE NO CANAL

INSCREVA-SE NO CANAL
INSCREVA-SE NO CANAL

Leitores que passaram por aqui

Labels