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domingo, 23 de maio de 2021

Manuela e Odie – um caso de amizade inclusiva


Por Euclides Lins de Oliveira Neto

Um conto maravilhoso moderno. Focado nas relações ecológicas totais: seres humanos, animais, plantas, água e ar. Construído em uma linguagem simbólica corroborada ou complementada por uma ilustração poliédrica. Uma obra a ser sugerida a leitores de todas as idades. A trama nos remete a outras histórias famosas. E deixa o leitor motivado a ir a fundo na temática, conhecer mais e voltar a ler o que já conhece. Mas, sobretudo a assumir uma cultura centrada em valores que cada leitor pode, ele mesmo, descobrir na narrativa, para construir a si mesmo e aos outros.

A capa já nos sugere a relacionalidade entre a narrativa verbal e o texto imagético e a diversidade a partir das cores das letras do título e do invólucro das páginas em seu conjunto. Naquela, figuram as principais personagens da história: o cachorro Odie, com olho de traço humanizado, trazendo amarrado ao dorso um feixe de pinceis e canetas coloridas. Junto a ele, pernas entrecruzadas está sentada Manuela, óculos de aro arredondados em cor escura, cabelos vermelho-caju protegidos por um juvenil quepe azul, de copa alta e pala inferior, trajes teen: macacão azul turquesa com bolso cor de rosa como o seu coração, botas amarelas, bolsa verde a tiracolo. Uma mão ao dorso de Odie; da outra, pende uma chave multicolor. Dois pássaros azuis ladeiam as personagens. Um à altura dos olhos do “cachorro mais amado do mundo”; o outro, “beija” a chave multicolor de Manuela, trazida pelo seu amigo-cão. 

Essa é uma breve, apressada e possível leitura visual da capa: relação ser humano e ser animal, cores e palavras.

Quanto ao conteúdo e enredo, abre-se a narrativa com uma dedicatória simples, direta e recheada de puro carinho.

Ao início, traz a milenar expressão dos contos da tradição: “Era uma vez...”. Essa “chave” solene das narrativas maravilhosas que continuam a alimentar de sabedoria e de valores humanos, pessoas de todos os tempos. 

Na obra, percebe-se a história desses dois amigos de convivência diária.  E, quando um desaparece, o outro, busca soluções imprevisíveis para reencontrá-lo. Só quem perdeu, sem saber por quanto tempo, um amigo sabe quanto é triste. Chega-se a repugnar as caras de zanga quando encontra alguém que o priva de quem se procura. Reflete, pensa com seus botões e surge da memória cultural alguma “pessoa de livro”, a quem se implora como em um imperativo para que venha em socorro. E disso a criatividade da personagem, mesclada de imitação, a transfere para um reino de belezas, onde poderá encontrar quem procura. Manuela em sua busca deve conseguir ir ao reino dos menores.

No reino maravilhoso, encontramos vegetação perfeitamente verdejante como na primavera; cigarras já não são desconsideradas como são nossos artistas. Mas são como esses, capazes de trabalho solidário, para ajudar até quem as acusam ou pensam diferente delas. Não conhecem as correrias de nossas cidades modernas, tem outra qualidade de vida, ar puro e bosque verdes despoluídos. Os bichos mais diferentes são capazes de conviver e até com os mais assombrosos. Eles nos dão a lição completa: “juntos, podemos fazer muito mais”. O indivíduo importa, porque é parte de um todo. E vice-versa. Mas isso, sem sentimentalismo acomodado ou faz de conta. 

Há efetivamente o diálogo entre eles. Disso surgem o entendimento e as ajudas recíprocas. Dizem: “(...) quando a gente conversa, sempre encontra uma saída”. Portanto, um dos valores é o diálogo, sempre eficaz para solucionar um problema, quando se está na iminência de um desaparecimento definitivo e inesperado de um bem vivo.

Manuela, a menina recatada, ao chegar ao reino maravilhoso, faz amizade. Puxa conversa com Judite que ajuda as formigas. Caminham, caminham e o conteúdo da conversa se reporta, primeiro, a uma história contada pela mãe de Manuela, em que formiga trabalha e cigarra canta, o que a faz questionar-se sobre o que vê Judite fazer.

As duas novas amigas sentam na grama. E Judite é franca ao dizer o que pensa. Ao pedido para que feche os olhos, a menina o atende. Ao abri-los se vê diante da diversidade de amigos de Judite: uma assembleia de bichos. Rodeadas pela bicharada, as duas prosseguem a conversa. Aí, Judite capricha em franqueza ao expor respeitosamente sua denúncia sobre a destruição da casa de todos: o planeta Terra. 

Abater florestas, matar animais e formigas, desatenção com os pequenos..., são os temas da admoestação crítica de Judite, uma autêntica parrésia, no diálogo com Manuela que toma consciência da realidade de seu mundo. 

Agora é a menina que faz um pedido a Judite, para saber como reaver seu “cachorro mais amado do mundo”. Contradita por sua nova amiga, Manuela fica confusa. Mas, exposto o problema, a hipótese de solução vem do mais convencido dos amigos de Judite. E acerta. Mas outras peripécias precisam acontecer. Tendo despedido, então, os amigos-bichos e enquanto as duas caminham, Manuela tem uma surpresa que deflagra o epílogo da narrativa. Pronto! o leitor implícito diante desta descrição cifrada, para saber da história de Manuela e seu cachorro, o mais amado do mundo, deverá fazer a própria leitura. 

A novidade   

Em nossa ousadia leitoral, vemos este livro como um conto maravilhoso moderno. Pelas suas características de problemática humana de cunho social e por sua estrutura narrativa.

Na primeira característica percebemos o foco nas vicissitudes socias, marcadas por relações homem x natureza, amizade do ser humano com os animais, percurso em busca dos ideais da amizade e da consciência ambiental. Além disso, as personagens são detalhadamente perfiladas, o tempo da narrativa se distende cronologicamente; o espaço desvela-se geográfico, identificado com a cidade de São Paulo, descrito nas entrelinhas até a explicita manifestação por uma personagem animal. Porém, as principais peripécias têm lugar em um espaço maravilhoso, enunciado pelo “zás!” da protagonista, que – sugestionada pela memória do agir da boneca Emília, de Lobato – transforma pó de arroz em pó de pirlimpimpim..., e desfruta do efeito. O foco narrativo em terceira pessoa é típico do conto maravilhoso moderno, pelo seu uso recorrente. E nesse caso se percebe a maestria da autora: os diálogos são vivazes, claros, economizando palavras e estendendo sentidos, expressões hodiernas típicas do coloquial culto entrelaçam a narrativa. De fato, a trama é veiculada por uma linguagem simbólica ancorada nas literaturas lobatiana, carrolliana, lafontaineana; para não remontar à esópica. Traz a rememoração de episódios – como já enunciado antes –: da Emília, da fábula “A cigarra e a formiga’, para construir, por uma intertextualidade manifesta, a Sinédoque que constitui, muitas vezes, o tropo dominante do conto maravilhoso tradicional e moderno.

A ilustração nessa obra é muito expressiva. Por isso, prazerosa na leitura da imagem. As vezes, essa, corrobora o texto verbal; outras, as complementa. Na página inicial, a linguagem verbal dá os detalhes caracterizadores das personagens, enquanto o imagético atesta-os e acrescenta sentidos. O olho de Odie e seus braços encruzados insinuam uma postura antropomórfica no animal. Manuela é sempre Manuela, como descrita antes. Odie já não porta consigo os pincéis em cores a dorso, porque são essas cores que, agora, dão vida à história visual. Mas, enfim, é o contexto visual que rende a relação amigável entre os dois. Abriu-se a história com a chave da imaginação.

Todo o visual apela ao leitor a leitura direta do livro para conferir como se alimenta o crescimento de valores nele contido: diversão e conhecimento entre outros.

A atualidade desse conto maravilhoso moderno aponta para uma consciência humana do seu habitat, o texto verbal está complementado pelo texto visual gerador de imaginação ou seu aleado; ambos motivam ao direito a ser leitor de verdades que tocam a todos nós. Na vida, não basta a ética (as vezes escassas em nossos contextos), nem mesmo basta só a mensagem do amor (ágape, filia e eros), mas é premente conhecer e absorver as verdades do saber humano que tem raiz na ancestralidade, mas que são sempre atuais para construir uma cultura inclusiva. Manuela e seu cachorro, o mais amado do mundo oferece uma nova florada de tudo o que o ser humano requer no pós-pandemia Covid-19. Qual seja? – Aconselho: leia a obra e descubra.

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sábado, 22 de maio de 2021

Um papo com Edna Alencar Rivera, autora dos livros Manuela e seu cachorro, o mais amado do mundo e Oito histórias que vão dar o que falar


Navegando entre o acadêmico e o literário, a paulista Edna Alencar Rivera estreia na literatura infantil com Manuela e seu cachorro: o mais amado do mundo, publicado pela Editora Labrador em 2020. 

Participa do Coletivo Elas na LIJ, com o conto O Pé da Pia revela memórias afetivas da convivência com a mãe e seu inesquecível bolo de fubá. Atualmente, além de histórias infantis, escreve contos voltados ao público adulto. Integra a Academia Internacional das Mulheres das Letras. 

Pós-Doutorada pela Universidade do Minho, Portugal. Doutora e Mestra em Letras pela Universidade de São Paulo, tem se dedicado às pesquisas das linguagens do imaginário e às manifestações do silêncio. 

ENTREVISTA: 

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário? 

Edna Alencar Rivera: penso que foi pela leitura de meus pais: meu pai sem conhecer a escrita e minha mãe com pouca instrução usavam provérbios que me intrigavam. Partindo desta origem simples, fui apresentada ao mundo e incentivada a me dedicar aos estudos.

Na adolescência recorri aos livros para compreender a riqueza presente na oralidade. Minha cabeça navegava pelo mundo das histórias e, nessa ânsia, escolhi Jornalismo. Escrevia matérias, reportagens, artigos. Mas, existia uma vontade de fazer algo diferente, mais próximo do literário.

Busquei referências e na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo tive o privilégio de conhecer professores como José Nicolau Gregorin Filho, Maria Zilda da Cunha, Fabiana Carelli, Ricardo Iannace. Com eles, além dos conceitos teóricos, aprendi a valorizar as narrativas da vida.

Assim vou tecendo os fios da minha escrita, com referências do mundo e das pessoas do caminho. 

Brinco que estou deescritora, o papel do escritor, é desescrever, ou seja, é olhar para o mundo, desconstruir este mundo e, reconstruí-lo pelo viés do literário. 

Conexão Literatura: Você é autora do livro "Manuela e seu cachorro, o mais amado do mundo", tendo participado também do livro "Oito histórias que vão dar o que falar". Poderia comentar? 

Edna Alencar Rivera: meu processo criativo se desencadeia pela e, na experiência. Viver a emoção é o meu primeiro passo para conceber a história. No entanto, percebo que cada livro possui  um ritmo e  percurso. 

Em Manuela tive contato direto com todas as etapas de produção, a começar pela partilha do texto com o ilustrador Wagner Roza. Daí, ele iniciou os estudos de traço de cada personagem, tudo à mão. Muitas tardes levamos conversando sobre cada detalhe.

Paralelamente, procurei uma editora, encontrei a Labrador. Começamos as tratativas editoriais e de diagramação. Um gratificante trabalho de Equipe, que ainda perdura. O primeiro livro tem um sabor único. 

Já, no Oito formamos um Coletivo, uma produção independente que contou com autoras de cinco Estados brasileiros. Fizemos a leitura e a troca de textos, uma outra forma de diálogo. Contribuí com O Pé da Pia, conto inspirado no bolo de fubá que minha mãe Maria Alda fazia para celebrar nossos encontros. Era bom demais, tinha café, bolo, conversa e afeto. 

Independente da forma, cada narrativa guarda outra história, dentro da história que vai se desdobrando e encontrando outros elos.

Enfim, só tenho a agradecer o carinho, a dedicação e o profissionalismo de todos que partilham e me acompanham nesta jornada pela escrita. 

Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para seu livro? 

Edna Alencar Rivera:  para escrever literatura infantil fui beber na fonte, estudando e lendo  autores como Guimarães Rosa, Monteiro Lobato, Nelly Novaes Coelho, Marisa Lajolo, Cléo Bussato, entre muitos outros. 

A história de Manuela e Odie levou cerca de um ano para ser escrita, porém ficou guardada na gaveta por um bom tempo, a vida estava atribulada e não havia condições emocionais de tocar o projeto. Somente em 2019 tomei coragem para a publicação. 

Manuela e seu cachorro é baseado em fatos reais, por assim dizer, o Odie existe de verdade. Ainda lembro do dia em que meu marido e eu o adotamos.  Desde 2010, Manuela esta menina imaginária (que representa minha criança interior), criou um vínculo de cuidado, dedicação e amizade com o cachorrinho que é bonito de se ver. Ele trabalha, estuda e vive comigo. Pela convivência tecemos e entrelaçamos vida e narrativa. 

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho que você acha especial em seu livro?  

Edna Alencar Rivera: sou suspeita, risos. Destaco a fala da cigarra dona Judite: “(...) infelizmente, tem gente que não costuma prestar atenção ao que é pequeno, não é mesmo?” (...), p.14. Esta fala tem a intenção de destacar para o leitor o mundo dos anônimos, daqueles que silenciosamente trabalham para manter o equilíbrio. No entanto, nesta obra vale apreciar as ilustrações, por exemplo, a da página 15 é uma das minhas preferidas. 

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir os seus livros e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário? 

Edna Alencar Rivera: Manuela pode ser encontrado na Livraria Cultura, Livraria da Vila e na Amazon. O Oito está disponível na versão impressa e e-book somente na Amazon. 

Utilizo o instagram @ednalencarivera para divulgação. Fica o convite: passe por lá para conhecer o Odie e um algo mais sobre minha jornada pela escrita. 

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta? 

Edna Alencar Rivera: Sim. Em conjunto, com alguns autores, estou organizando uma coletânea de contos adultos com a temática Silêncio, produção literária que deve estar nas livrarias até Agosto. No Coletivo Elas na LIJ estamos a elaborar uma nova publicação para breve.

Perguntas rápidas: 

Um livro: Ilusões Perdidas, de Balzac. Tradução de Sílvia Mendes Cajado.

Um (a) autor (a):  Guimarães Rosa.

Um ator ou atriz: Wagner Moura.

Um filme: E o Vento Levou (1939), dirigido por Victor Fleming, George Cukor e Sam Wood.

Um dia especial: um dia só é pouco, tenho muitos, mas quero destacar dois: 01/01/1991 (nascimento da minha primeira filha Gabriele) e 29/05/1997, (o da segunda, Heloisa). 

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário? 

Edna Alencar Rivera: quando penso em literatura me vem logo à cabeça, Guimarães Rosa.  No entanto, este pensamento me intimidava, porque ao ler os meus escritos, percebia a distância de tamanha genialidade. Hoje, já consigo elaborar melhor tudo isso. Tenho lido muito, participado de oficinas buscando encontrar o meu jeito na página.

Para mim, a escrita simboliza um ato de coragem. Depois de atravessar o meu próprio deserto, chego inteira a este projeto: colocar o texto para o mundo, permitir o voo e aceitar as limitações. Mas, não posso renunciar ao desejo de me aproximar do Mestre, jamais! Afinal, sou leonina.

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