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quinta-feira, 25 de abril de 2019

Fernando Vugman e o livro A invenção do monstro, por Sérgio Simka e Cida Simka

Fernando Vugman - Foto divulgação
Fale-nos sobre você.

Meu nome é Fernando Vugman. Sou bacharel em Biologia Médica pela Faculdade de Medicina (USP), mestre e doutor em Literaturas da Língua Inglesa (UFSC). Fui professor visitante do College of Communication (The University of Texas) e do Instituto de Investigaciones Gino Germani (Univ. de Buenos Aires). Tradutor de dezenas de livros e artigos e autor de A casa sem fim (2009), Ficção e pesadelos (pós)modernos (2012) e A invenção do monstro – do golem ao zumbi (2018), pela LUVA Editora. Em coautoria, assino outros livros sobre cinema e literatura. Depois de terminar uma especialização em patologia geral (USP), passei cerca de dez anos me ocupando em variados empregos, quando fui garçom, barman, pesquisador de mercado, motorista, agente da OXFAM em aldeias Guarani, e outras ocupações de que nem me lembro mais. Filho de professores da USP de Ribeirão Preto, cresci no campus daquela universidade, que na época ficava na zona rural da cidade. Morávamos numa das casas oferecidas aos professores e suas famílias, casas grandes, com ampla varanda e jardim na frente e um quintal com espaço para um pomar variado. Em torno, fazendas de gado, café, canaviais, milharais e outras plantações. Tinha meu próprio pangaré, Brioso, antigo puxador de carroça. Ao longo da minha vida, morei nos EUA, no Canadá, em Israel e na Argentina.  Também visitei outros países, nas Américas e na Europa. Uma vida em tão variados lugares e culturas e de tão diversas experiências certamente influenciou não apenas minha visão do mundo e do ser humano, mas também a minha literatura.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre o livro "A invenção do monstro". O que o motivou a escrevê-lo?

A invenção do monstro é resultado de mais de vinte e cinco anos de pesquisa. Em minha dissertação de mestrado, analisei 1984, de George Orwell, e Brasil, o filme, de Terry Gilliam, o primeiro como exemplo de texto moderno e o segundo, como uma releitura pós-moderna do livro. Foi quando comecei a estudar as relações entre o texto e imagem. Foi também quando fiz a opção de sempre fazer minhas análises dentro de uma perspectiva histórica, e abracei os Estudos Culturais, que permitem abordar seu tema a partir da combinação de diferentes quadros teóricos. No final dos anos 1990, estudei o gangster hollywoodiano, objeto do meu doutorado. Nessa investigação, recuei até a segunda metade do século XVII, quando nascem as narrativas mitológicas dos EUA, com uma estrutura e personagens que seguem basicamente inalterados até o início do século XX. Nas primeiras décadas daquele século, surge o gangster, figura sem precedentes naquela mitologia. Para entender esse novo personagem, encontrei na figura do monstro o modo mais adequado para defini-lo, por sua capacidade de colocar em questão os valores morais dominantes, quando aparece como protagonista no filme. Foi aí que ampliei minha base teórica para também incluir noções da psicanálise, da sociologia e de economia.
Desde o princípio de minhas pesquisas no campo das ciências humanas, fui movido pela necessidade não apenas de melhor compreender meu objeto de estudo, mas também entre a ficção e o mundo. Ao me concentrar na figura do monstro, observei-o dentro de um mundo em que todas as referências tradicionais se desfaziam de forma radical. O capitalismo já mostrava evidentes sinais de fracasso, como possibilidade de gerar um mundo livre e justo. Por outro lado, as utopias de cunho socialista não apenas exibiam seu fracasso nos países em que haviam sido implantadas, como se mostravam incapazes de oferecer novas alternativas. O presente havia se tornado um cenário em que as pessoas, e mesmo os países, pareciam seguir adiante sem plano ou objetivo claro, em meio a um caos crescente. Conceitos como “Estado nacional”, “progresso científico”, “família”, “masculino e feminino”, “revolução”, entre outros, se tornavam cada vez mais indefinidos e insatisfatórios. Aliado a esse processo, a determinação de identidades individuais e coletivas também se mostrava um desafio cada vez mais insuperável. Reparei que, nesse contexto, a palavra “zumbi” adquiria uma popularidade cultural e linguística cada vez maior, como um sintoma cultural. Foi então que resolvi atualizar minha investigação sobre os monstros imaginários.
O livro A invenção do monstro, portanto, começou a tomar forma com minhas pesquisas sobre esse novo monstro, bem mais “jovem” do que os vampiros, lobisomens, criaturas frankensteinianas, múmias e que tais. Sempre interessado nos processos históricos, me voltei não apenas para a evolução da representação dos monstros na cultura ocidental, mas também para a questão de como, quando e por que essa figura surgiu no nosso imaginário.  Com base em estudos antropológicos e em conceitos da filosofia da linguagem, localizei sua origem milhares de anos atrás, na forma de um mito universal, que chamei de o Mito do Monstro.
Depois de propor uma teoria para a invenção do monstro, localizei algumas características que se repetem em todas as suas representações, bem como algumas variações e seu significado, situando-as no plano cultural, psicológico e existencial. Partindo dessa base, investiguei monstros canônicos, como o golem da lenda judaica, Caliban, da peça de Shakespeare, Dr. Frankenstein e sua criatura, Drácula, Dr. Jekyll e Mr. Hyde. Depois, avancei na análise de monstros mais contemporâneos, como os protagonistas de filmes como Sexta-feira 13, Halloween e O massacre da serra elétrica. E finalizei com o zumbi, desde seu aparecimento nas telas de cinema, com Zumbi branco, nos anos 1930, até a representação atual dessa criatura, que nasce com A noite dos mortos-vivos, de George A. Romero.
O grande desafio para escrever A invenção do monstro, porém, mais do que oferecer um embasamento sólido para minhas teses em áreas tão diversas da ciência, foi encontrar um estilo que fugisse do formato e do jargão acadêmico. O grande desafio, que espero ter superado, foi escrever de uma forma acessível para o leitor não especialista, um texto de leitura fluida e agradável, mesmo que fundamentado em extensos e profundos debates teóricos. Agora, somente meus eventuais leitores poderão julgar se fui bem-sucedido.

Fale-nos sobre outros livros seus.


Meu primeiro livro, A casa sem fim, reúne uma seleção de contos escritos ao longo de cerca de trinta anos. Todos os contos se passam numa casa imaginária que, a cada narrativa, fala sobre diferentes momentos na vida de seu morador, num tom às vezes onírico, às vezes, fantástico, poético e dramático. Esse livro foi meu grande laboratório, já que em cada conto exercitei diferentes estilos, do lírico ao relato cronístico, da poesia em prosa ao gênero de terror psicológico. Bastante autobiográfico, ainda guardo grande carinho por esse livro, publicado em 2009.
Meu segundo livro, Ficção e pesadelos (pós)modernos, é, na verdade, minha dissertação de mestrado. Como fiz minha pós-graduação em um programa de inglês, esse trabalho foi originalmente escrito nessa língua, e eu mesmo fiz sua tradução para o português, para sua publicação no Brasil. Seu tema central é o gradativo avanço da imagem sobre o texto como dominante social e cultural no que tem sido chamado de pós-modernidade. Nesse trabalho me aprofundo numa discussão que acabaria por oferecer subsídios para A invenção do monstro, como, por exemplo, nas implicações de o zumbi ser um monstro sem fala, cujo maior impacto vem de sua aparência, sua imagem.

Como analisa a questão da leitura no país?


O Brasil tem um povo que não lê. Essa carência tem raízes históricas, já que a coroa portuguesa somente levantou a proibição de qualquer atividade de imprensa por aqui em 1808, com a chegada da família real no Rio de Janeiro. Além disso, de lá para cá, nossas classes dominantes, de espírito escravocrata e mentalidade tacanha, relutam em criar condições de educação e leitura para a maior parte da população. Como se não bastasse, essa mesma elite econômica é profundamente ignorante e desprovida do hábito da leitura. É uma situação que explica, ao menos em parte, as muitas e recorrentes dificuldades do nosso mercado editorial, que passa por mais uma crise. Para reverter essa situação seria necessário um intenso e continuado investimento público e privado no estímulo à leitura, especialmente focado nas crianças e nos jovens.
Por outro lado, como em toda crise, novas alternativas começam a aparecer. Enquanto as grandes redes de livrarias e casas editoriais enfrentam enormes dificuldades financeiras, assiste-se a um retorno das pequenas livrarias e editoras, com novas propostas, estratégias cooperativas, como forma de barateamento da produção, divulgação e distribuição de livros, atraindo um número inédito de novos e jovens escritores, muitas vezes originários das periferias. Junto com a crise, há resistência, criatividade, inovação e desejo de transformação. Vivemos uma transição, cuja duração não se pode prever, mas cujos resultados parecem, muitas vezes, bastante promissores.

Quais são os seus próximos projetos?


No momento, meu maior investimento está na divulgação e venda de A invenção do monstro. Isso inclui as postagens da minha Página do Monstro, no Facebook, que ampliam o escopo de minhas análises sobre o monstro para além da literatura e do audiovisual, incluindo a pintura, as artes plásticas, a fotografia, as HQs e assim por diante. Tenho uma novela de viagem e uma coletânea de crônicas “na gaveta”, esperando o momento de serem retomadas e concluídas. Mas, nem sempre planejo meu próximo texto. Muitas vezes sou surpreendido pelo chamamento de um tema, que pode se colocar diante de mim de forma surpreendente e inesperada.


*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a Série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Organizador dos livros Uma noite no castelo (Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Xeque-Matte, 2019). Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Xeque-Matte, 2019). Integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
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