Fale-nos sobre você.
Eu sou Gustavo César Marcondes, com formação em psicologia educacional, metodologia da arte de contar histórias, escritor, game designer, roteirista, arte designer e animador de games 2d.
Uma criança de um enorme potencial criativo. Observadora, tímida e muito perfeccionista. Com essas características começava a minha jornada na literatura. Gostava muito de ler gibis de super-heróis. Desde os cinco anos esse era um hábito constante. Todas aquelas histórias navegavam em velocidades assustadoras em minha mente. Meu poder de criação multiplicava aqueles temas em minha mente. A cabeça sempre se mostrava um HD infinito. O processo funcionava assim: uma história de super-herói a qual havia lido era clonada em várias outras com temas diferentes, com ambientes diferentes, com heróis diferentes. Nesse contexto não foi demorada a transposição dessas ideias para o papel.
ENTREVISTA:
Fale-nos sobre o seu livro. O que o motivou a escrevê-lo?
Outra característica muito peculiar era minha paixão pelas pequenas caixas dos cartuchos dos videogames. Isso mesmo, aqueles desenhos das pequenas caixas. Nessa época, 1978, eu havia ganhado o videogame Atari, muito popular na época. Mas mesmo antes eu sempre procurava os desenhos dos cartuchos nas revistas e nas lojas as quais frequentava. Me lembro como se fosse hoje... ficava com os olhos vidrados nos desenhos daquelas pequenas caixas por horas. Como já é possível imaginar, minha mente produzia histórias e mais histórias baseadas no que estava vendo. Muitos poderiam pensar: você não jogava? ficava só vendo o cartucho? Sim eu jogava, mas bem depois de ficar muito e muito tempo sonhando com as histórias.
É lógico que tanta inspiração acabou se convertendo em muitos roteiros. Já com 15 anos eu pensava sim em escrever um livro. Tinha histórias para isso, mas ainda não me sentia confiante em organizar um projeto assim.
O que não posso deixar de citar é a minha paixão por desenhos animados, filmes e séries. Desde meus tempos de criança, tenho que confessar que as histórias também foram bastante inspiradas nos antigos desenhos de HANNA BARBERA, como Herculoides, Homem-pássaro, Galaxy Trio, entre muitos outros que tinham o tema de heróis no contexto.
Já na faculdade de psicologia, a leitura se intensificava. Conheci o RPG de mesa, um jogo de contação de histórias incrível que hoje é muito popular nos games. Ficava fácil para que eu me tornasse um “mestre”, termo usado dentro do RPG para designar as pessoas que criavam e contavam as histórias de cada partida. Toda essa inspiração me fez lançar meu primeiro livro em 2004: O LIVRO DAS LENDAS, editora Zouk. Ele era um sistema de RPG para ser usado na educação e ajudar os professores na melhor fixação de seus conteúdos através da contação de histórias.
Nessa mesma época conheci o autor Stephen King. Através do cinema primeiramente. Quando eu gostava de um filme tinha o hábito de procurar tudo sobre ele, inclusive roteiristas e autores. Daí me tornei um turbilhão devorador de livros desse autor. O Cemitério, It, O apanhador de sonhos, O talismã, À espera de um milagre e muitos outros. De alguma forma esse autor me fascinava. Acredito que por essa fórmula: cidades pequenas, personagens comuns, situações surpreendentes, o inesperado.
Eu sabia muito bem que estava na hora de colocar em cena todas aquelas minhas histórias desde as caixinhas de videogame. Então nasceu O Segredo da Tempestade. Um romance de características sobrenaturais que homenageia em muitos conceitos o mestre Stephen King.
“Seria um erro acreditar que existe um limite para o horror que a mente humana pode suportar?” Uma cidade do interior é assolada por tempestades constantes. Já chove há meses, sem a presença do sol. Um fenômeno ainda não explicado. Desaparecimentos, mortes misteriosas, fatos estranhos se multiplicam e acompanham os dias sombrios.
O Segredo da Tempestade é uma obra surpreendente, onde consegui traduzir uma enormidade de histórias guardadas há muitos anos para um contexto extremamente atual.
Como analisa a questão da leitura no país?
Os dias de hoje trazem uma realidade focada na imagem. Todos querem principalmente ver, na minha opinião acabam se privando muito do poder imaginário que todos possuímos. Ver é mais fácil, mais rápido, mais dinâmico, traz a mensagem de forma quase instantânea, mas também inibe o poder criativo, ou pelo menos o limita em boa dose. A imagem está pronta, já te sugere um caminho a seguir, já pega na sua mão e te conduz. As palavras lidas, a literatura, te permite simular as ideias de quem escreve, te permite imaginar as imagens e ações as quais poderiam estar acontecendo se fossem visuais... mas enfim... são novos tempos... precisamos encontrar um meio-termo que nos faça compartilhar o melhor dos dois mundos.
O que tem feito atualmente?
Hoje estou desenvolvendo uma metodologia de criação de arte e animação, onde as pessoas não precisarão de nenhum conhecimento anterior para aprender a desenhar e animar para games 2d. Mesmo nesse contexto continuo produzindo para o meu canal GAME TEACHERS (www.youtube.com/gameteachers), onde também ensino a criar roteiro para games além de arte e animação.
A literatura continua presente na minha vida, claro, lendo Stephen King, Doutor Sono, Outsider, O Instituto. Relendo e assistindo à obra de Tolkien de que também gosto muito.
Link para o livro:
https://www.livrosilimitados.com/product-page/o-segredo-da-tempestade
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020) e Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020) e Um fantasma ronda o campus (Editora Verlidelas, 2020). Colunista da revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Membro do conselho editorial da Editora Pumpkin e colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais novo livro infantojuvenil se intitula Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021).