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sexta-feira, 10 de junho de 2016

Em entrevista, Márcia Denser fala sobre o seu novo livro Desestórias

Márcia Denser
Formou-se em comunicação e artes pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1974 e doutorado na PUCSP em 2003 - em Comunicação e Semiótica. Estreou na literatura com a coletânea de contos Tango Fantasma, que escreveu aos 23 anos de idade. Como jornalista, trabalhou para as revistas Nova, Interview e Vogue e para o jornal Folha de S. Paulo. Organizou as antologias de contos eróticos femininos Muito Prazer (1982) e O Prazer é Todo Meu (1984). Dois de seus contos - O vampiro da Alameda Casabranca e Hell's Angel - foram incluídos nos Cem Melhores Contos Brasileiros do Século, sendo que Hell's Angel está também entre os Cem Melhores Contos Eróticos Universais.

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Você estreou na literatura com a coletânea de contos "Tango Fantasma" (1977), que escreveu aos 23 anos de idade. Sua produção é ativa. Para você, qual foi a maior diferença na publicação de um livro na década de 70 para uma publicação nos dias atuais?

Márcia Denser: Sabe, ano que vem completo quarenta anos de carreira literária e vou lhe dizer algo que considero importante: o mercado editorial é incrivelmente conservador em muitos aspectos, como publicação ou não de certos autores e certas obras ao longo do tempo: tive 40 anos para observar isso, não é? E eu digo que as editores irão publicar sempre e bem escritores de alto nível literário e sucesso de crítica – não estou falando de prêmios -  mesmo que não vendam muito. Tais autores dão status, um selo de qualidade à editora e isto não tem preço.

Tudo isto porque o mercado editorial – assim como Hollywood, apenas para dar um exemplo extremo de indústria cultural – se baseia em precedentes. Sempre. Por mais que finja ou acredite honestamente prospectar APENAS o futuro, o dinheiro e os modismos do momento.

Nos anos 70/80 haviam bem menos escritores brasileiros de ficção, afinal não havia internet, tampouco computador, logo era bem difícil ser publicado, no caso do autor estreante. Mas haviam revistas literárias, acompanhadas com atenção pelos editores, e minha geração deu muita gente boa como Caio Fernando Abreu, Leminski, João Gilberto Nöll.. Convivíamos com Osman Lins, João Cabral, Drummond, Clarice Lispector, Ligia Fagundes Telles, Rubem Fonseca estava no auge. Picasso morreu em 1973, gente! Como evento global, acontecia o Boom Literário dos Sulamericanos, Premio Nobel para Garcia Marquez, Neruda, já em 90, Octávio Paz, depois Saramago. A literatura como grande arte era privilegiada: aliás, tem um livro do Zé Rubem com esse título.

Eu publiquei por uma pequena editora, a Alfa-Ômega, Tango Fantasma, meu primeiro livro, que fez sucesso imediato: ganhei o rótulo de  escritora erótica, mais como jogada de market. Talvez a primeira a escrever numa linguagem refinada e irônica e em primeira pessoa sobre suas experiências sexuais – isto que hoje chamam auto-ficção. E logo depois saiu uma novela
Exercícios Para o Pecado e O Animal dos Motéis, desta vez editados pelo Ênio Silveira da Civilização Brasileira, um dos grandes divulgadores da minha obra. E publiquei em 1986 a primeira edição de Diana Caçadora, meu livro mais famoso. Foi um tremendo sucesso de crítica, de todos os críticos – de Wilson Martins a Léo Gilson Ribeiro, a Nelly Novaes Coelho,  aos críticos norte-americanos -  me tornei a escritora favorita do Paulo Francis (que me leu em Nova York graças ao Ênio Silveira, de quem era amigo).

A partir do ano 2000 voltei a publicar com a Record, saiu meu romance Caim e minha segunda antologia pessoal Toda Prosa II, ambos editados por Luciana Villas-Boas. Atualmente  minha carreira se consolidou, por exemplo com o relançamento de obras como o Diana Tango (Diana Caçadora/Tango Fantasma pela Ateliê Editorial). Consolidação que tem a ver também com inclusão de minhas obras nos contos do século e contos universais, sua difusão em várias línguas. Agora gostaria também de reeditar A Ponte das Estrelas, um conto de fadas para adultos escrito nos anos 90, um projeto que continua empacado, não sei porquê, como uma espécie de filhote enjeitado.

E hoje, que temos milhares e milhares de escritores, mais até que leitores, infelizmente a qualidade literária está bastante prejudicada. E devido ao número, nem podia ser diferente. Aliás, a respeito, parafraseio um poeta amigo: o que incomoda na prosa brasileira atual é a banalidade do conteúdo, aliada a ausência de experimentação formal: uma atitude conformista, disfarçada de informalidade. Escritores que nada têm a dizer deveriam se perguntar por que escrevem.

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Conexão Literatura: Além de escrever contos e romances, você organizou três antologias: Muito prazer; O Prazer é todo meu (Record) e Os Apóstolos (Nova Alexandria). Poderia comentar?

Márcia Denser: Bom, deu para ver que sempre tive este pique de agitadora cultural, isto é, para fazer militância literária. Muito Prazer (que teve um segundo volume O Prazer É Todo Meu, 1984), a primeira antologia de contos eróticos femininos foi organizada por mim em 1982 para a Editora Record e contou com a participação de todas as escritoras brasileiras importantes.
Na época, eu fazia a coluna Nova Lê Livros, da Revista Nova – uma revista com tiragem de 200 mil exemplares e circulação nacional - me deu muita visibilidade como escritora e me fez ler tudo o que se estava publicando. Percebi que as escritoras escondiam seus textos mais eróticos em meio à produção geral, havia muito preconceito, até porque se associava erotismo à literatura pornográfica de baixíssimo nível, literatura funcional (com a função de fazer o leitor gozar) meramente, há 30 anos a sociedade ainda era muito conservadora,  apesar de todas as mudanças visíveis.

Enfim, a antologia vendeu mais de 20 edições, me tornei best-seller nacional! Em 2004 organizei Os Apóstolos, uma antologia apenas com homens – grandes escritores brasileiros todos escrevendo de encomenda! Comparando uma e outra, posso dizer que homens são muito mais disciplinados e dóceis e as mulheres mais agressivas e perspicazes: incrível, não?

Conexão Literatura
: Algumas de suas obras foram publicadas em 10 idiomas. Dois de seus contos - O vampiro da Alameda Casabranca e Hell's Angel - foram incluídos nos Cem Melhores Contos Brasileiros do Século, sendo que Hell's Angel está também entre os Cem Melhores Contos Eróticos Universais. Poderia contar pra gente como foi essa seleção e sua repercussão?

Márcia Denser: Graças ao sucesso da antologia Muito Prazer, fiquei conhecendo Ray-Güde Mertin, na época, associada alemã do Thomas Colchie (o único escritor brasileiro agenciado pelo Colchie era Rubem Fonseca) e que seria minha agente literária de 1984 até 2007, quando infelizmente faleceu de câncer. O fato da minha obra ter sido traduzida em tantas língua é resultado do trabalho extraordinário da Ray-Güde como agente literária. Que também era uma grande amiga. Mas agora novamente estou muito bem acompanhada pelo meu novo agente, Stéphane Chao, que me foi apresentado por outro grande escritor e velho amigo, Antonio Torres, também agenciado pela Ray-Güde.

Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século foram organizados pelo grande crítico e hoje também grande amigo, o carioca Ítalo Moriconi, que, na época eu não conhecia. Que apostou suas fichas em mim, e isto me deixa muito feliz. Já os Cem Melhores Contos Eróticos Universais foi uma escolha do escritor e crítico Flávio Moreira da Costa, outro carioca, o que comprova o fato de minha obra, marcadamente erótica, ter sido traduzida em tantas línguas.

Conexão Literatura: Desde 1997 você atua como curadora de literatura no Centro Cultural São Paulo e colunista do site Congresso em Foco, no qual escreve sobre cultura e política, além de continuar sua produção literária. Conte pra gente como é o seu dia-a-dia.

Márcia Denser: Eu me aposentei do serviço público em 2011 – o CCSP pertence à Prefeitura Municipal de São Paulo - mas continuo agitando no meio literário. Em 2014/15 criei o Seminário Letra Viva – Literatura de Confronto que aconteceu no Centro Cultural São Paulo e prossegue com uma página ativa do grupo no facebook. Uma proposta que nasceu a partir das discussões – e inquietações - de vários escritores:  eu,  André Sant’Anna, Nelson de Oliveira, Ademir Assunção, Márcia Barbieri. Organizamos este grupo de estudos para discutir a situação num meio literária marcado pela cultura de mercado, a perda da qualidade estética decorrente, o abandono e o vazio total da crítica da literatura e das artes na atualidade, além do curriolismo ligado ao aparelhamento de estado na questão dos prêmios e concursos literários de 15 anos para cá e a emergência do quê podemos chamar de  “ literary climber” – o alpinista literário. É uma proposta de ação contra a corrente a qual aderiram muitos escritores contemporâneos como Marcelo Mirisola, Ricardo Soares, Paulo Sandrini, Sebastião Nunes, Marcia Tiburi, Manoel Herzog, Claudio Daniel,  editores independentes e críticos como Wladyr Nader, Eduardo Lacerda, Haroldo Ceravolo, Fábio Fernandes, Luís Antonio Giron. Como eu já defini: continuo com a militância literária.

No mais, adoro dar oficina literária – algo que faço desde os anos 90, tendo desenvolvido um método próprio.  Em 2015  lancei o Estúdio de Criação Literária numa parceira com o Haroldo Ceravolo da Editora Alameda e desde então tenho trabalhado com jovens autores extremamente talentosos e promissores. E naturalmente continuo a escrever, claro.

Conexão Literatura: Você lançou recentemente a obra DesEstórias (Kotter Editorial). Poderia comentar?

Márcia Denser: Este é meu primeiro livro de não-ficção. Eu escrevi de 2005 até 2013 – durante oito anos – para o site político Congresso em Foco a convite do editor Silvio Costa.  Eu tinha que escrever uma coluna semanal, quatro por mês, duas sobre política, duas com tema livre. Claro que política podia ser geopolítica, neoliberalismo, crítica do capitalismo, além de crítica da cultura e da literatura, feminismo, crônicas e perfis humanos: foram cerca de 410 textos dos quais escolhi os melhores, cento e tantos que constituem estas DesEstórias – o título demorou para sair e é meio roseano, não?

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho de DesEstórias especialmente para os nossos leitores?

Márcia Denser: Vou destacar, no mote desta entrevista, o artigo Algumas Coisas Que Eu Sei Sobre Paulo Francis:
“Então numa manhã do julho de 1983, abri o Diário da Corte da Folha de São Paulo: "Li uma escritora brasileira que sabe escrever. Se chama Márcia Denser. Tem um cuidado com a palavra que sempre imaginei morto aí, onde nossos escritores ou contam histórias ou propõem teses para nos salvar do capitalismo. Ela tem uma cabeça capaz de criar o que vê, como é, sem adornos. Parabéns."
Foi a primeira nota crítica, mas haveriam outras. Futuramente.
Nesse dia, passei a ter uma idéia precisa do seu poder de fogo: o telefone  não parou de tocar a partir das sete da manhã lá em casa, a começar por - pasmem - Raduan Nassar! “Já leu a Folha hoje?” O primeiro a cantar a bola. O resto vocês podem imaginar. Pensando bem, não. Não podem. Não sabem o que significa tornar-se o alvo permanente duma inveja unânime, espessa, letal. Anônima e coletiva. Mas, como crítico, Francis me consagrou. Irrevogável e definitivamente.”

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?

Márcia Denser: Sim, aliás demorou algum tempo para este projeto tomar forma e afinal ser aceito por mim ( para uma mulher é duro aceitar que está envelhecendo, meus queridos): minhas memórias, que chamei DesMemórias – aproveitando o prefixo roseano, já agora associado como uma marca registrada, um selo, um carimbo, uma assinatura pessoa e intransferível. Já concluí o primeiro volume e estou projetando mais dois. Ou três. O tempo dirá, não é mesmo?

Perguntas rápidas:

Um livro: O som e a fúria
Um (a) autor (a):  William Faulkner
Um ator ou atriz:  Robert Redford
Um filme: O Ano Passado em Mariembad
Um dia especial: O Natal – sempre adorei o natal mas desde que fiquei só, perdi toda minha família em 2013 e como não me casei, sofro renovadamente a cada ano quando este retorna.
Um dia especialmente triste. 

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