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quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

ENTREVISTA COM ESCRITOR: Luciana Lachini e o livro A tua boca anda mentindo, por Cida Simka e Sérgio Simka

Luciana Lachini - Foto divulgação

Fale-nos sobre você.

Antes de me tornar qualquer coisa, me tornei leitora. Desde pequena, a leitura me mobilizou muito: é também por meio dela que tento compreender o mundo, tenho companhia em todos os momentos e vivo vidas mais interessantes. Já a escrita começou a fazer parte da minha vida por meio de diários, quando era adolescente e me sentia muito deslocada e solitária. Aos vinte e poucos anos, comecei a escrever contos, mas não sabia o que fazer com eles. Dez anos depois, comecei a fazer oficinas de escrita, passei a escrever de uma forma menos errática e aprofundei o entendimento sobre os textos literários. Fiz faculdade de economia, mas trabalho como jornalista também há mais de vinte anos. Embora escreva todos os dias por ofício, são duas searas com abordagens muito diferentes, a literatura e o jornalismo. O texto jornalístico é muito mais engessado do que o literário e, obviamente, nele não há espaço para fabulação. Talvez a minha busca pela literatura esteja relacionada à necessidade de fantasiar outras realidades.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre o livro "A tua boca anda mentindo".

“A tua boca anda mentindo” nasceu da inquietação e da angústia. No dia a dia, me deparava com situações e discursos que me soavam falsos e mentirosos, mas que eram proferidos de forma absolutamente natural pelas pessoas, sem que elas sequer se dessem conta de que podiam estar fantasiando a realidade para dar conta de uma vida cada vez mais estéril, competitiva e alienante. Um dos contos, por exemplo, é o diário de uma executiva workaholic que está com câncer, mas continua trabalhando intensamente, amparando-se na frase “crise são oportunidades”. Outro é a história de um advogado que larga o emprego para se dedicar ao sonho de ser artista, acreditando que “o universo conspira ao nosso favor”. Outros temas são como problemas complexos podem ser resolvidos por medidas “cosméticas”, a relação entre dinheiro e liberdade, a crença de que “tudo vai melhorar” para não romper um relacionamento amoroso insatisfatório. Muitos estão relacionados ao mundo corporativo, onde os lugares-comuns e frases feitas sobem pelo ralo. E por aí vai. 

Já tinha escrito alguns contos pouco convencionais, com enredos pouco palpáveis, mas não sabia que poderia ir por essa seara. Essa percepção veio a partir das oficinas de escrita que participei na pós-graduação em Formação de Escritores do ISE Vera Cruz, quando entrei em contato com outros formatos de contos. O projeto do livro surgiu na pós-graduação, e os textos foram discutidos nas oficinas. Vários deles têm uma linguagem de não ficção e simulam entrevistas, seções de jornal, campanhas publicitárias pela internet, comunicados corporativos. Algum humor e uma alta voltagem de ironia está presente em quase todos, deixando para o leitor adivinhar o que está por trás de cada discurso. Mas garanto que se trata de ficção, embora o leitor possa ter a impressão de que é tudo real.

Fale-nos sobre seus outros livros.

“Equilíbrio instável” surgiu da primeira oficina de escrita da qual participei, com o Nelson de Oliveira. Também é um livro de contos, e que trata da violência cotidiana, de pequenas agressões que sofremos. “Desequilíbrio estável” (11 Editora) segue na mesma temática de desencontros afetivos, mas também aborda a violência contra a natureza (a humana e o meio ambiente). São livros mais sérios, talvez um pouco depressivos, nos quais o humor não aparece. Este passou a me interessar quando comecei a escrever o romance “Formiga” (inédito), sobre um funcionário de um banco cujo objetivo na vida é conquistar a “liberdade econômica” e pedir demissão. A ironia circula na veia do ambiente corporativo quase como o açúcar circula no sangue dos diabéticos. É um lugar contaminado por frases feitas e lições de sucesso.

Como analisa a questão da leitura no país?

Acho que é necessário fazer a ressalva de que não sou uma estudiosa do assunto e que há pessoas muito mais capacitadas para analisar a questão. Feita essa ressalva, e se o leitor desta entrevista quiser ir adiante, o que posso dizer é que, mesmo considerando que nosso sistema educacional é falho, talvez possamos trabalhar melhor a formação dos leitores. Creio que a leitura de obras que têm apenas interesse histórico, mas sem conexão com os jovens, deveria ser deixada para os estudantes da faculdade de Letras, para os quais esse conhecimento é importante. Para adolescentes, me parece muito mais interessante desenvolver o gosto e o hábito da leitura por meio de obras mais conectadas ao momento de vida deles. Já para os adultos, talvez o trabalho por meio do estímulo aos clubes de leitura possa ser muito fértil, também pelo estímulo à formação ou aprofundamento de laços sociais e afetivos. 

Há também a questão econômica e o custo do livro, alto para a esmagadora maioria da população. Mas essa seria uma explicação parcial, considerando que há pessoas com renda suficiente para comprar livros, mas que não costumam ler literatura. Mesmo para as pessoas que gostam de ler, e aqui falo por mim, é difícil parar as atividades do dia a dia e encontrar tempo para se dedicar a um livro. Parece que estamos sendo sugados pela constante demanda de sempre fazer mais, de produzir mais, e o tempo da leitura – que obedece a outra lógica – se torna raro. Nesse aspecto, a solução precisaria ser ao mesmo tempo coletiva e individual. Coletiva porque dependeria de um sistema produtivo que devolvesse o tempo e o espaço às pessoas, e que não as condenasse a passar a vida girando na esfera da preocupação com a sobrevivência. E individual porque, na ausência dessa mudança e sabendo que o ambiente conspira contra a leitura, cada um precisaria resistir a essa voragem e encontrar tempo para ler. 

O que tem lido ultimamente?

Tenho buscado intercalar a leitura de clássicos com a de autores contemporâneos. Costumo participar de encontros dos Laboratórios de Leitura (LabLei), metodologia de discussão de clássicos criada pelo professor Dante Gallian. A leitura é sempre ampliada quando entramos em contato com as visões de outras pessoas sobre o mesmo texto. Apesar de lermos a mesma obra, cada um lê um livro diferente, a partir da própria experiência e momento de vida. Ninguém lê o mesmo livro, e é muito bonito constatar essa diversidade. Além do mais, cria-se uma atmosfera colaborativa, uma conexão momentânea com as outras pessoas que estão discutindo a obra. Recentemente, li “Antígona” e “Otelo”. Agora comecei a ler “A peste”, pois, ao contrário de muitos que a leram durante a pandemia, procurei obras que me levassem para longe daquele período de trevas pelo qual o Brasil passou (espero!).

Em literatura contemporânea, os últimos que li foram “Lincoln no limbo” (George Saunders), “O seu jeito de soltar fumaça” (Ricardo Motomura), “A segunda morte” (Roberto Taddei), “O rio entre nós” (Thiago Zanon) e “O dia em que a noite chegou mais cedo” (Renata Conde). Os próximos serão “Meu irmão, eu mesmo” (João Silvério Trevisan) e, logo que for lançado, “Dueto dos ausentes” (Fernando Rinaldi). 


CIDA SIMKA

É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021), O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021), Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023), Somos a diferença neste mundo indiferente (Editora Uirapuru, 2023) e Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023). Colunista da revista Conexão Literatura.  

SÉRGIO SIMKA

É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e os mais novos livros de sua autoria se denominam Exercícios de bondade (Editora Ciência Moderna, 2023), Horrores da escuridão (Opera Editorial, 2023), Somos a diferença neste mundo indiferente (Editora Uirapuru, 2023) e Dayana Luz e a aula de redação (Saíra Editorial, 2023). 


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