Roseane Sousa - Foto divulgação |
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Roseane Sousa: Meu início no meio literário foi como leitora. Os livros me encantam desde muito pequena. E sempre gostei de criar histórias, inventar mundos, recriar histórias existentes à minha maneira. Quando criança eu me destacava nas aulas de redação na escola e dizia que queria ser escritora quando crescesse. Mas eu cresci e, por muito tempo essa ideia existiu apenas como a lembrança de uma fantasia infantil. Eu sempre fui muito tímida; sou de uma época em que internet e toda essa facilidade que se tem hoje de fazer contatos sem sair de casa, de publicar um livro de forma independente… era algo que não existia e minha timidez de certo modo me barrava na tomada de iniciativas.
A paixão pela leitura nunca me abandonou, sou uma devoradora de livros e chegou um momento em que consumir histórias alheias já não era suficiente pra mim. Ideias começavam a brotar de tal forma que eu precisava extrapolar as fronteiras do meu pensamento. E foi assim que, há cinco anos, caminhando na praia e imaginando-me outra pessoa, em outro lugar, com outra história, me dei conta de que poderia compartilhar essa imaginação com o mundo escrevendo. Passei cerca de uma semana envolvida com a escrita da história que invadiram meu pensamento naquele dia na praia. Guardei e nunca mais voltei a ela (e não sei se um dia voltarei). Mas outras ideias foram surgindo e eu comecei a escrever um romance, (Des)amores, que está descansando há um longo tempo, mas que pretendo retomar e terminar até meados do ano que vem. Eu não conhecia nada no meio literário quando comecei a escrever, não fazia ideia de meios a que se pode recorrer para publicar, como editar um livro, não sabia de concursos literários, nada. Comecei, então, a pesquisar e fui descobrindo muita coisa. Participei de games e oficinas literárias, fiz uma pós-graduação em que me dediquei a revisão de textos autopublicados, conheci escritores através das redes sociais… Ao mesmo tempo, o drama de minha protagonista em Vaivéns da Alma, foi se apresentando pra mim e eu decidi me dedicar a essa história. Comecei de uma forma completamente aleatória, sem técnica, sem organização nenhuma. Eu pensava numa cena, pegava um papel e escrevia. Depois digitava e salvava num arquivo. Cheguei num ponto, uns dois anos atrás, em que eu tinha mais de 80 arquivos de texto com pedaços da história. E eu precisava, então, encaixar essas partes, dividir em capítulos, preencher as lacunas… era um quebra-cabeça enorme. Na minha cabeça existia uma sequência, eu conhecia começo meio e fim da história. Mas eu precisava ordenar as ideias que estavam soltas, criar elos entre elas. Eu precisei imprimir todos esses arquivos, pra ir lendo, separando, numerando… Deu muito trabalho. A cada leitura, eu mudava alguma coisa. E não acho que esteja bom ainda. Eu me forcei a publicar, defini como meta participar do Prêmio Kindle desse ano (depois de muita pesquisa e indecisão sobre como e onde publicaria), para que, assim, eu tivesse um prazo para terminar. Tive que aceitar que meu filho cresceu, precisava ganhar o mundo, mesmo que ainda carregasse defeitos de sua criação.
Conexão Literatura: Você é autora do livro “Vaivéns da alma”. Poderia comentar?
Conexão Literatura: Você é autora do livro “Vaivéns da alma”. Poderia comentar?
Roseane Sousa: Vaivéns da Alma conta a história de Olívia, uma jovem professora que é sexualmente violentada por um paquera. Após esse evento, não só ela, mas toda sua família, fica psicologicamente abalada. Esdras, um agregado da casa, e por quem Olívia nutre um ambíguo sentimento de raiva e identificação, é quem medeia as relações que se tornam conturbadas entre ela e os membros da família.
Vivenciando experiências de compaixão e de preconceito, Olívia passa a acompanhar as investigações contra seu algoz, ajudando, inclusive, a descobrir uma outra vítima. Encontra em Esdras apoio emocional para conseguir lidar com os altos e baixos de seus sentimentos. Aos poucos, a relação entre eles vai mudando de rumo.
É uma história que acompanha a rotina de pessoas comuns que precisam aprender a lidar com as adversidades da vida, buscando meios de controlar os sentimentos, próprios e alheios.
Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro?
Roseane Sousa: Foram quatro anos desde o momento em que as primeiras cenas surgiram em minha mente até o final da última revisão. Embora não seja o foco da história, o que mais pesquisei foram as questões sobre violência contra a mulher, estupro e o tratamento disso no meio jurídico. Para isso, li o que consta na legislação, no código penal. Estudei vários artigos e livros sobre o assunto e enviei dúvidas e trechos do livro a um advogado que me auxiliou bastante. Também procurei ler depoimentos de vítimas e parentes de vítimas de estupro para tentar construir meus personagens. Outros detalhes eu fui pesquisando conforme a necessidade durante o processo de escrita.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho que você acha especial em seu livro?
Roseane Sousa: Um trecho? Difícil… é como escolher fotos pra expor no telão no aniversário de um filho: dá vontade de colocar todas! Vaivéns da Alma é uma história muito especial pra mim, eu mergulhei no mundo daquelas personagens, ri e chorei com elas. Vou destacar aqui um trecho em que as lembranças da violência vivida pela personagem voltam a atormentá-la:
“Raiva, medo, desespero… Meu corpo se separava de meu cérebro e eu já não tinha controle sobre ele, que tremia histericamente, me impulsionando para longe do homem que eu beijava minutos atrás. Dirijo mecanicamente. O celular toca. Não enxergo direito, não consigo ler as placas… O celular continua tocando. As lágrimas embaçam minha visão. Meus olhos estão embaçados… minha vida, de repente, está embaçada… O celular não para de tocar. Imagens se formam em minha mente: carro, música, estrada. Uma casa vazia, o som de animais, um toque violento… Sinto raiva, nojo, medo, repulsa… Vejo um sol forte, uma estrada. Sinto cansaço e muita dor… Dói o corpo, dói o peito, dói a alma… Incerteza, deslocamento, vergonha… Delegacia, hospital, confusão… Um corpo, um rosto, um olhar: Breno! Imagens difusas, flashes de um passado que eu pensava ter enterrado… Engano tolo. Estava apenas guardado em algum ponto esquecido do meu cérebro…”
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir um exemplar do seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário?
Roseane Sousa: O e-book está disponível na Amazon e, em breve, pretendo publicar a versão impressa, por enquanto também pela Amazon. Quem quiser me acompanhar ou entrar em contato, pode seguir minhas páginas no instagram e facebook:
Instagram: @roseanesousa78 (https://www.instagram.com/roseanesousa78/ )
Facebook (página): Roseane Sousa – Literatura (https://www.facebook.com/roseanesousaliteratura/?view_public_for=109771703722532)
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Roseane Sousa: Sim. Como já citei, tenho um outro romance em andamento, além de alguns contos que pretendo organizar e ideias para romances ou novelas, rascunhados, esperando tempo para serem desenvolvidos.
Perguntas rápidas:
Um livro: não se pergunta isso a um leitor! Como posso escolher só um? Rs… No momento, A inquilina de Wildfell Hall, da Anne Brontë.
Um (a) autor (a): José Saramago, Eça de Queiroz, Guimarães Rosa. (também não consigo pensar em um só!)
Um ator ou atriz: Fernanda Montenegro
Um filme: Ao mestre com carinho
Um dia especial: o dia em que me tornei mãe.
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Roseane Sousa: Gostaria, primeiramente, de agradecer à revista Conexão Literária pela oportunidade e quero fazer um convite aos leitores: experimentem a leitura de Vaivéns da Alma, me procurem nas redes sociais, digam-me quais foram suas impressões. Essa troca é muito importante para que eu possa aprimorar o meu trabalho.