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quarta-feira, 4 de agosto de 2021

A angústia como motor da criatividade artística

 


À Angústia, a semântica confere-lhe sentidos como: redução de espaço, ansiedade, inquietude, sofrimento. No contexto de crise da aurora do século XX, em especial, o homem, destituído de fé em Deus, cercado de incertezas, irrealizado em seus anseios, excluído da condição de ator no teatro do mundo, intensifica sua sensação de angústia.  Atento a essa situação, o teólogo e filósofo dinamarquês Kierkegaard, enxerga a vida humana como um conjunto de expectativas frustradas, o que a faz desembocar no vazio existencial, no nada. Dessa condição negativa, segundo o pensador, nasce a angústia. 

Todavia, esse estado de aflição pode ter um aspecto positivo, quando ele pode se transformar num componente estético, dado que a angústia é capaz de criar um desejo pujante de reconfiguração da vida, o qual potencializa a imaginação e transforma a linguagem artística. A estética de vanguarda expressionista foi a que melhor explorou essa peculiaridade da angústia. Nesse movimento, o artista a escolhe na formulação de sua linguagem. Assim, ela deixa de ser apenas tema e se torna uma ferramenta estética que mobiliza intensamente o desejo de transformação do mundo. 

Em decorrência disso, cria-se uma forma inusitada de percepção social. Nesse novo modus operandi do trabalho artístico, explora-se todo o potencial linguístico, otimizando, assim, a densidade do signo. Dessa maneira, a pluridimensionalidade expressiva da linguagem se concretiza consistentemente. Em função do seu elevado valor revolucionário, o Expressionismo se faz presente praticamente em todas as manifestações artísticas. Nenhuma arte ficou indiferente às formulações da estética expressionista. Seu alcance foi acentuado, reorientando os rumos das faculdades criativas. Qualquer estudo sobre a influência expressionista nas diversas modalidades artísticas tende à inesgotabilidade. A revisão profunda de parâmetros estéticos, além de éticos, espirituais e sociais, que o Expressionismo proporcionou, preencheu significativamente o universo da elaboração da beleza formal.

Nesse espaço em que a arte trafega, a angústia se coloca como motor da ação criativa, criando uma forma diferente de leitura da realidade, centrada no sujeito. Consequentemente, esse método concebe uma visão subjetiva do mundo em que a representação do sentimento sobrepõe-se às impressões do real. Não se fotografa mais o objeto, como os realistas-naturalistas tentaram, mas também não doura a pílula, como 

fizeram os românticos; o expressionista redimensiona, deforma, cria. Nesse processo, o artista altera e distorce, e por meio dele, revela aspectos que são invisíveis por meio da óptica da objetividade. O pintor Edvard Munch, em suas imagens da angústia e da solidão humanas, transpunha a leitura superficial da realidade. O artista norueguês, segundo a pesquisadora Alice Brill (2002, p. 35), tinha a capacidade de sentir “o inusitado, o estranho e o secreto do cotidiano.” Nessa mesma perspectiva, o austríaco expressionista Georg Trakl, em seus versos, distorce a imagem da natureza, descrevendo seus elementos em sintonia com o cenário de hecatombe da Primeira Guerra Mundial. 

Dentro dessa dinâmica, a arte, em sua essência, nunca se sentiu tão à vontade, tão irreverente; livra-se da tutela da formalidade. Em nenhum movimento que antecede o Expressionismo, segundo o pesquisador Aguinaldo Gonçalves (2002, p. 680) “a forma encontrou uma coragem de ser forma tão profundamente sem pedir desculpas do mundo.” O Expressionismo libertou a arte da padronização e, no universo das letras, fortaleceu a literariedade do texto.  

Em função da força desse movimento vanguardista, há razoabilidade na ideia de que Franz Kafka e Murilo Rubião não ficaram indiferentes em relação à estética em discussão. O primeiro, nascido em Praga, um dos principais centros de disseminação do Expressionismo, começou a escrever no período de efervescência das vanguardas. O escritor tcheco, inclusive, quando indagado sobre a suposta estranheza em quadro de Picasso, respondeu: “Ele só acentua as deformidades que ainda não chegaram até nossa consciência.” (JANOUCH, 2008, p. 168). Já Rubião, que teve Mário de Andrade como referência, mesmo distanciado geográfica e historicamente do referido contexto, não deve ter ignorado o processo revolucionário nas artes. Sua produção, inclusive, insere-se no contexto dos desdobramentos da Semana de Arte Moderna, apresentando, segundo alguns críticos, algumas afinidades com os procedimentos da estética expressionista. Arrigucci Jr (1987, p. 163), por exemplo, afirmou que em Rubião existe uma “deformação fantástica que, várias vezes, tende a aproximar a arte de Murilo de certas vertentes expressionistas e, com mais freqüência ainda, de Kafka.” 

Ambos, Rubião e Kafka, dessa maneira, operacionalizam a deformação em seus textos, buscando abrir janelas mais eficientes para observar a realidade.  Essa transfiguração, germinada no terreno da angústia, que é recorrente nos seus personagens, traduz não só a inquietação e a ansiedade deles, como também dos respectivos autores. O personagem José Ambrósio, do conto “Marina, a Intangível”, é a imagem do próprio autor na sua busca angustiante pelo vocábulo preciso para elaborar o seu artesanato poético. Em Kafka, a aflição e o desespero de seus personagens têm a capacidade de fazer, simultaneamente, a leitura de seu mundo e de si mesmo. O personagem K. sugere não só a infinitude de indivíduos vítimas do sistema totalitário, mas também a si próprio. Marthe Robert chegou a dizer que “a despeito de seu tom impessoal e objetivo, é só de si, é de si em primeiro lugar, que Kafka fala nos seus livros.” (1963, p. 61). 

Discutida no livro A expressividade da angústia: Rubião, Kafka e o Expressionismo, essa transfiguração do real, promovida pelo artista e experienciada por seus personagens, estabelece novos ângulos para se enxergar a realidade. Dessa forma, é capaz de promover a revisão de conceitos, a desestabilização de “verdades” e a renovação do nosso senso de beleza. Além disso, essa transmutação é competente para despertar-nos a sensibilidade, muitas vezes, adormecida, no reino de relações mecanizadas.

SOBRE O AUTOR WÍLSON BARRETO FRÓIS:

Formou-se em magistério (nível médio), Escola Municipal de Itaobim (1977) e em Letras na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (Teófilo Otoni), 1981.

Especializou-se em língua portuguesa (FAFITO), 1989; e em literatura brasileira (PUC-MINAS), 2002.

Fez o mestrado (2009) e o doutorado (2018) em literaturas de língua portuguesa na PUC MINAS.

Trabalhou como escriturário no Matadouro Itaobim S/A - MAISA (Itaobim), como professor e diretor na rede pública estadual e professor na Escola Municipal de Itaobim. 

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