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sexta-feira, 3 de agosto de 2018

A Mulher na Janela – A. J. Finn


Anna Fox mora sozinha numa casa que outrora abrigara também a sua família. Ela está separada do marido e de sua filha Olívia, embora converse com eles. Conversas essas que podem ser amistosas ou estressantes.

O leitor notará logo no início da trama que ela sobre de uma fobia que a impede de circular por lugares abertos. Anna tem ágorafobia. Sua mãe já é falecida e seu pai faleceu logo depois de sua genitora (vitimado por um acidente vascular cerebral – AVC). Os dias de Anna passam com atividades que incluem observações dos vizinhos pela janela de sua casa, filmes que assiste aos montes, aconselhamentos que dá num site que reúne pessoas que tem algum tipo de fobia similar a que Anna possui (ela é psicóloga infantil), estudo de francês por ensino à distância e jogos de xadrez (online).

A observação inicial através da janela da residência, que dá início ao livro, remete a um caso de adultério praticado por Rita Miller. No entanto, não é essa vizinha quem toma a atenção total de Anna. Novos moradores chegam ao número 207, casa que fica localizada “do outro lado do parque”. Ali começam a morar Jane Russell, Alistair Russell e o filho do casal, Ethan. Eles é que despertam a curiosidade de Anna, que acompanha seus movimentos pela sua lente.

Certo dia, Anna recebe a visita inusitada de Jane Russell, que traz consigo uma garrafa de vinho (coisa que Anna adora). “Quer dizer então que a internet é tipo... sua janela para o mundo” – diz Jane para Anna, que retruca se referindo a janela da residência: “Não só a internet, mas essa outra aí também”.

A janela então, assume o papel de uma moldura pela qual fatos serão apresentados à protagonista da trama.

Em função de sua fobia e outros problemas que possui, Anna toma uma série de comprimidos como betabloqueadores, antipsicóticos, remédio contra depressão e incontinência urinária, além de drogas para dormir. Ela se atrapalha com os remédios que, combinados com a bebida alcoólica que consome, podem provocar estragos na percepção que Anna tem dos fatos.

Pela lente de sua máquina, através da janela, Anna vê uma cena terrível. Eis aqui todos os elementos necessários para o autor desenrolar a trama. Elementos que geram o enigma primordial da obra: O que Anna viu é uma paranoia ou realmente existiu?

Algumas impressões são dadas ao leitor, desde o início do livro. Informações essas que vão sendo deixadas para que o leitor interprete e analise o que aconteceu. O evento que Anna presencia pela janela faz com que ela acabe tentando se desvencilhar de sua ágorafobia, o que culmina numa crise de pânico “daquelas bem graves”.

O enigma proposto pelo autor perdura até o desfecho.

Os personagens Ethan, Jane, Alistair e David são enigmáticos. Sentimos na presença deles um ar de mistério em cena e uma dosagem de suspense que parece esconder-se em seus diálogos e ações. Como diria um dos personagens “nada é ‘necessariamente’ verdadeiro ou falso”. Mesmo Livy (Olívia) e Ed – filha e marido de Anna respectivamente – ensejam enigmas a serem desvendados pelo leitor ao longo da trama. Resumidamente poderíamos dizer que Ethan é um jovem solitário e aparentemente oprimido, Alistair é um homem durão e autoritário, Jane uma mulher estranha, David misterioso e com um passado que guarda segredos, Ed uma incógnita e Livy a preocupação de Anna. As pessoas com quem Anna se relaciona pelo site para dar conselhos também tem conversas enigmáticas e que guardam revelações.

A Mulher na Janela, livro de A. J. Finn, publicado no Brasil pela Editora Arqueiro (com tradução de Marcelo Mendes), é um thriller que prende a atenção do leitor desde a primeira página até a última. O desfecho é surpreendente e é possível ao leitor encontrar evidências sobre os acontecimentos nas páginas que o precedem.

Citando mais uma vez a frase do personagem que diz que “nada é ‘necessariamente’ verdadeiro ou falso”, podemos utilizá-la por completo, dizendo que no livro “nada é ‘necessariamente’ verdadeiro ou falso. Ou é verdadeiro ou não é. Ou é falso ou não é.”  Parece confuso? Então, ficam algumas questões: O que Anna viu é falso ou verdadeiro? É verdadeiro e trata-se de um pedido de socorro? É falso, portanto fruto de sua imaginação ou do uso de remédios e bebida? Tem um pouco de falso e de verdadeiro, pois mescla realidade e imaginação? Bem, caro leitor, o que Anna viu e os impactos do que viu serão revelados.

No final do livro a trama se desenrola com mais agilidade, o que traz cenas rápidas, com muitos acontecimentos e fatos que podem pegar o leitor desavisado desprevenido. Mas não se assuste, pois tudo que ali está expresso se explica nas páginas do livro.

A. J. Finn, cujo nome real é Dan Mallory, construiu uma trama entrelaçada que nos faz mergulhar na mente da personagem que narra a história (Anna Fox). Ela é uma personagem complexa, com muitas nuances que podem gerar confusão em relação a seus atos, mas que ao mesmo tempo fascina. Há, sem dúvida, uma história cheia de mistérios que traz revelações nas entrelinhas, nos diálogos, nas referência cinematográficas que são citadas ao longo do livro (são várias, mais de quarenta) e a mescla de realidade e paranoia que parece rondá-la.

A Mulher na Janela é, sem dúvida, um livro surpreendente com uma escrita de tirar o fôlego.

Sobre o autor:


Formando em Oxford, A. J. Finn já foi crítico literário e escreveu para diversas publicações incluindo Los Angeles Times, The Washington Post e The Times Literary Supplement. A Mulher na Janela, seu primeiro romance, foi vendido para trinta e seis países e está sendo adaptado para o cinema numa grande produção da 20th Century Fox. Natural de Nova York, Finn viveu dez anos na Inglaterra antes de voltar para sua cidade natal, onde mora atualmente.

Ficha Técnica

Título: A Mulher na Janela
Escritor: A. J. Finn
Editora: Arqueiro
Edição: 1ª
ISBN: 978-8041-832-3
Número de Páginas: 352
Ano: 2018
Assunto: Ficção americana


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sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Resenha | Entre Irmãs ou A Costureira e o Cangaceiro – Frances de Pontes Peebles

A Costureira e o Cangaceiro, de Frances de Pontes Peebles, foi publicado pela Editora Nova Fronteira em 2009 (620 páginas) e  tem tradução de Maria Helena Rovanet. Trata-se do primeiro romance da escritora, que é filha de mãe pernambucana e pai norte-americano. O livro foi ganhador do prêmio Friends of American Writers Award for Fiction e Elle Magazine’s Grand Prix 2008. O referido livro também inspirou o filme Entre Irmãs, de Breno Silveira, que tem nos papéis principais as atrizes Marjorie Estiano e Nanda Costa. Em 2017 o livro foi publicado em nova edição pela Arqueiro, com título e capa do filme (atendendo a um pedido da autora, segundo informações da editora). Recentemente o longa foi exibido como série (em quatro capítulos) pela Rede Globo.

O livro se passa nos anos de 1930, iniciando-se, mais precisamente em março de 1928, na cidade de Taquaritinga do Norte – interior de Pernambuco, e estendendo-se até o ano de 1935. A obra conta a história das irmãs Emília e Luzia, que são órfãs e criadas por sua tia Sofia. Com a tia elas aprenderam o ofício de costureira. As duas sempre tiveram uma educação pautada na religião e em tradições próprias do lugar e da época. Após a morte da tia, as duas irmãs seguem caminhos diferentes, tecendo sua própria história.

“Uma boa costureira tem de ser corajosa.” – dizia tia Sofia para as meninas.

Emília sempre teve o sonho de encontrar um príncipe encantado e sair da cidade de Taquaritinga do Norte. Luzia, que sofreu um acidente que a deixou com um braço defeituoso, e lhe rendera o apelido de Vitrola, nunca fora apegada a cidade em que vivera e tinha um temperamento mais tempestuoso, o que culminou em sua saída dali com um grupo de cangaceiros temidos na região. Quando ela parte, a irmã, que já não tem a tia para dar-lhe apoio, perde tudo o que tem.

Contudo, não apenas Luzia sai de Taquaritinga, Emília também consegue sair da cidade e vai morar em Recife. Da sua cidade natal sai com os olhares inquisidores dos moradores que passaram a vê-la como uma perdida, uma mulher ambiciosa e até mesmo louca. É em Recife, casada com Degas Coelho – estudante de Direito –, que ela passa a viver no casão da família. Emília tem um sogro médico, fundador do Instituto de Criminologia do Estado e envolvido com estudos que traçam o perfil criminal de acordo com o tamanho da caixa craniana dos indivíduos. E sua sogra, D. Dulce, demonstra-se em consonância com a conduta e o perfil da elite recifense.

“A cidade e a casa... tinham cheiros diferentes, sons diferentes, insetos e pássaros diferentes, plantas diferentes, regras diferentes.”

Luzia leva sua vida com os cangaceiros em lutas pelos interiores do nordeste brasileiro, em meio a revolução sangrenta que leva Getúlio Vargas ao poder. Entra em cena o plano de fundo político.

As irmãs, embora vivam separadas, buscam informações uma sobre a outra, por meio dos jornais, ainda que por vezes pairem dúvidas sobre se são elas ou não as pessoas que aparecem no noticiário. Emília Coelho, anunciada em Recife nas colunas sociais e A Costureira, mulher membro do grupo de cangaceiros que chama a atenção pelo seu sexo, são personagens que as irmãs acompanham ao longo do tempo.

“...A única coisa que me passava pela cabeça era onde andará ela? Onde estará aquela costureira? Está por aí, em algum lugar, dormindo, e não sei onde. Não sei se é numa rede ou numa cama. Se está sozinha. Se tem um travesseiro sob a cabeça. Não sei nada disso. E não saber estava me deixando de péssimo humor. Queria saber. Precisava saber. E não só naquela noite, mas todas as outras...”

As personagens femininas enfrentam o machismo e o paternalismo de uma época, além da colocação da mulher em papel secundário ou quase nulo. Elas se deparam também com a diferença social, sobretudo, demonstrada quando Emília está na capital pernambucana, cercada pelo sogro, sogra, marido, amigos da família Coelho e a elite de Recife. A diferença econômico-social se apresenta até na vida que as irmãs levam, em separado, cada uma seguindo o seu destino.

Degas, o marido de Emília, se mantém de certo modo distante da mulher, o que sugere a ela que estão em um casamento de aparências. Tal visão é tornada ainda mais clara para Emília quando percebe a aproximação do amigo do marido, Felipe. Já Luzia,  que vive com o bando de cangaceiros vê o quanto a caatinga havia tornado cruéis os homens que compunham aquele bando. Eles sabem que ali não há olho por olho, mas vida por olho, duas vidas por uma. O líder, Antônio (o Falcão), controla a crueldade de seus homens e, ao passar da história, se aproxima mais de Luzia.

Frances de Pontes Peebles aborda ainda o momento político vivido pelo Brasil na época de Vargas. Fala-se sobre o voto feminino, a transformação social, a modernização de Recife e de outras capitais brasileiras, a construção de estrada no nordeste (a Transnordestina), a luta dos cangaceiros em oposição ao governo, a defesa de terras, a diferença social.

Há fatos reais que se mesclam com os acontecimentos ficcionais e a trama da autora segue entre o paralelismo da vida das duas irmãs. No que concerne às protagonistas, elas tem características diferentes. Mas, cada uma a seu modo, são marcantes. São duas figuras de força, de fibra, que representam o papel da mulher em busca de seu espaço, superando adversidades sociais, culturais e do ambiente na qual se encontram inseridas. A diferença das irmãs aponta ainda que há uma complementação na personalidade, o que pode ser reforçado com o trecho que diz que “Emília passara a vida toda se comparando a Luzia, definindo-se a partir dessa comparação”. É pelo reflexo da observação da outra que ela se delineia.

A fita métrica, utilizada com esmero para medir corpos e definir o corte de tecidos, o preciosismo de uma costura bem feita, com acabamento, que  estão presentes no ofício aprendido pelas duas, é também o mesmo preciosismo que a autora usa para nos dar uma trama bem costurada, com uma linha firme e um traçado bem acabado. O mote central focado na vida das irmãs e as subtramas que se desenrolam são bem apresentadas e bem exploradas pela autora.

O leitor observará ainda o preciosismo em apresentar o espaço físico, a cultura, os elementos da cena, o tempo em que a história se passa. Os costumes e a luta pelo que é imposto também é abordado pela escritora.

A Costureira e o Cangaceiro revelou-se uma grata surpresa, de uma história que dá protagonismo ao feminino, traça uma abordagem da sociedade de uma época e traz detalhes autênticos da vida dos personagens e do ambiente nos quais estão inseridos.

Sobre a autora

Frances de Pontes Peebles nasceu em Recife. É formada em Letras pela Universidade do Texas, em Austin, e fez seu mestrado no Writers’ Workshop da Universidade de Iowa. Teve contos publicados em revistas literárias como: The Indiana Review, Missouri Review e Zoetrope: All Story (de Francis Ford Coppola). Frances mora em Chicago, Illinois, e todo ano passa férias em seu sítio em Taquaritinga do Norte – Pernambuco. A Costureira e o Cangaceiro é o seu primeiro romance.

Ficha Técnica

Título: A Costureira e o Cangaceiro
Escritor: Frances de Pontes Peebles
Editora: Nova Fronteira
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-209-2168-5
Ano: 2009
Número de Páginas: 620
Assunto: Romance 
 
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