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terça-feira, 16 de agosto de 2022

Haverá respostas para tantas perguntas?, por Ana Paula Sá

Ana Paula Sá2

Qual é o amor que nos captura - se é mesmo que o arrebatamento existe?

Seriam nossas idealizações aquilo que comumente chamamos de amor romântico? Ou, de fato, a presença e as ações de outra pessoa são aspectos que definem nosso modo de olhar e significar sua/nossa existência?

Me pego cheia de questionamentos, a partir do encontro com o eu lírico de O amor pelo qual me apaixonei, descrito como um homem apaixonado e assumido pelo autor como uma expressão de si, uma vez que o texto é apresentado como derivado de uma experiência pregressa do próprio Pierre-Richard Gerisma.

Talvez esse caráter de verdade tenha me inquietado muito diante da leitura e tenha me feito ter presente a imagem do escritor enquanto lia a expressão dos sentimentos do eu lírico. Começo explicando que é difícil, para mim, desapegar de um conceito de pós-verdade, mesmo diante de um discurso que se diz autobiográfico, tanto por ser tratar de criação literária - neste caso, livre para transformar e criar mundos -, quanto por compreender que todo relato é a expressão de uma narrativa filtrada por uma subjetividade que conta. Neste caso, acrescente-se que, ao narrar sobre si, cada pessoa expressa mais sobre o modo como vê o fato do que sobre o fato visto.

Aqui, minha leitura destaca algum anacronismo entre o relatado e o comumente vivenciado, em pleno século XXI, pois causa estranheza um homem tão devotado e virtuoso, no tempo atual - uma vez que o enredo estaria situado nos primeiros anos deste nosso século, tendo como personagens um homem e uma mulher em fases de vida adulta.

A leitura foi para mim um exercício ativo de atenção e cuidado, para que algumas perspectivas minhas sobre o mundo não entrassem em conflito com algumas perspectivas do autor. Tentando me libertar de marcadores sociais e filosóficos, o mínimo que consigo manter é este marco temporal contemporâneo entre o tempo da narrativa e o tempo em que leio o texto, daí meu estranhamento acima citado.

Outro marcador se refere à condição de vida dos sujeitos narrados, que se destacam culturalmente: jovens estudantes de medicina, em um país de baixo desenvolvimento e intensas crises sociais e políticas. Novamente, busco atenuar o atravessamento das questões socioculturais, embora tenha consciência de que esta neutralização não é possível de atingir. Digo isso, para expor a dificuldade em descolar do texto um olhar masculino a conduzir a narrativa. Embora as questões de gênero na escrita sejam difíceis de delimitar, e não cabe aqui a discussão, permito-me afirmar que é um texto eminentemente masculino e que expressa uma visão de sociedade pautada em valores heteronormativos de afirmação de papéis que não escapam ao padrão - homens valorosos se apaixonam por mulheres virtuosas.

Tomo o livro como uma narrativa sobre um amor que acometeu o eu lírico, expressa por meio de poemas e textos em prosa, semelhantes a cartas ou depoimentos. A maior parte do tempo há a presença da amada como narratária, a quem são destinados os textos, mesmo aqueles formatados como expressões de um momento de reflexão do eu lírico. O caráter depoimental é também bastante presente, como se a escrita fosse um meio de confissão - e também de convencimento, por vezes, argumentativo. O cavalheiro se expressa não apenas como um amante, mas também como valoroso homem, imbuído de beleza e inteligência, digno de ser amado e disposto às maiores honras e esforços, em nome da mulher desejada, da retribuição de seu afeto, da concretização desse amor.

Aqui destaco a construção deste sujeito a partir do arquétipo do herói, com direito a sacrifícios, provações e sofrimentos incapazes de promover reações de ódio e rancor. Como previsto em qualquer saga - real ou ficcional -, os obstáculos surgem para a consolidação desse amor. Neste caso, personificado na presença de uma terceira pessoa, um rival - assim mesmo intitulado - poderoso, capaz de tudo conquistar, inclusive o interesse da mulher em destaque.

Curiosamente, há pouco espaço para a presença desta mulher. Na verdade, há pouca descrição sobre as pessoas citadas no texto. O que nos é oferecido é a perspectiva do eu lírico sobre tais sujeitos - inclusive narrando a si mesmo. Tal distanciamento me afasta de possibilidades de identificação com os personagens, justamente por um caráter que compreendo como idealizado. É possível ser rejeitado e se manter em felicidade e amor benevolente? Como não se abalar diante do silêncio ou da ausência da criatura desejada? Em nome de quais valores, o herói abdica do amor, em detrimento de benefícios ao ser amado?

É justamente o caráter divino e arquetípico que me sugerem um toque ficcional ao texto. E com isso não digo que os fatos não aconteceram, que seja uma história inventada, apenas me questiono quanto do que lemos foi vivido, sentido e interpretado de modo distinto pelas pessoas envolvidas. Destaco, portanto, que minha leitura é direcionada e atenta à perspectiva deste eu lírico que narra o drama de amar. Ou seja, é seu olhar sobre os fatos e pessoas que me conduz e me diz como olhar para o que ele viu.

Também sobre descrição, em alguns momentos a linguagem é bastante racional, ilustrando o mundo visto por este homem patologicamente apaixonado. E aqui me pergunto: apaixonar-se não é exatamente isto - perder a razão, alterar os sentidos, sofrer de desejo, desmantelar-se e modificar rotas? É aqui onde a narrativa de Pierre-Richard me captura - na possibilidade de compreender seu estado alterado de consciência, seu olhar perturbado por uma vontade não concretizada.

Em muitos momentos da leitura senti-me lendo alguém de outro tempo, numa expressão autêntica das escolas literárias românticas, com seus valores de idealização do amor e da mulher, sublimação do sentimento, diante da não consolidação em atos, além de uma presença do transcendente - ora expressa por meio de entes divinos, ora expresso por meio da natureza. Margeando quase todo o texto, a expressão de um desejo pela concretização de um encontro carnal, a presença de uma corporalidade sensual, desejante e desejada, mas postergada e depois dispersa em outros corpos e outras presenças que não os/as do casal pretendido. Embora me pareça explícito esse apelo à sexualidade, o mesmo é marcado por uma aura de consagração, como um prêmio, um presente, uma glória interditada ao herói. Neste aspecto, reitera-se, para mim, o diálogo do autor com a tradição do romance e das narrativas clássicas, inclusive religiosas.

A divisão do texto foi algo cujo sentido me escapou. Mesmo assim, compreendo que, ao avançar na leitura, vou encontrando um eu lírico mais reflexivo, mais amadurecido, mais resignado. Suponho uma distinção temporal entre as escritas de algumas partes do livro, tomando como referência a realidade pessoal do autor que se põe como eu lírico. Embora não deixe de supor, também, a hipótese de que tudo seja um recurso narrativo, o que somente apontaria sua capacidade de criar boas histórias. Sinto, portanto, alguma dificuldade em definir e enquadrar a obra, diante do hibridismo de formatos e da variação que apresenta - não sendo isso um defeito.

O amor pelo qual me apaixonei é uma leitura que me roubou de mim, trouxe questionamentos e estranhamentos, me fez rir em alguns momentos - diante do estranhamento, mesmo, e não por ser engraçado - e me fez respirar fundo em outros, me trouxe para junto, me buliu (como dizemos aqui no Nordeste). Inesperadamente, me leva/levou a pensar em muitas coisas sobre mim mesma e sobre meu olhar perante o mundo. Demanda outras leituras para que eu consolide minha percepção sobre a obra. Percebo, entretanto, que é necessário fazê-lo sem pressa, porque o encontro com esse eu lírico me diz muito, para além das palavras usadas.


Se Pierre-Richard Gerisma escreveu o texto como forma de se libertar de tudo que viveu, o que consegue, como maldição de escrita, como sina de poeta, é entregar-se a cada leitura, num movimento de exposição de suas entranhas, de seus desejos, de suas projeções. E ao pensarmos sobre quem é esta pessoa que ama deste modo, nos captura num sem-fim de perguntas sobre também nós que o lemos, sobre o que é amar, como amar de modo válido. Está armado o feitiço!

Termino reiterando as perguntas iniciais, para as quais não pretendo respostas, justamente porque perguntar é o que nos põe em marcha, enquanto que achar respostas é o que põe fim às demandas. O amor pelo qual o eu lírico se apaixonou existiu fora de si e o conquistou? Ou esta locução conjuntiva “pelo qual” é apenas questão de tradução e não deve ser compreendida de modo literal? Sou levada a crer, a partir do título e do conteúdo da escrita, que o eu lírico se apaixonou, como ato deliberado e unilateral, por um amor que criou para si, como

expressão de seus desejos e anseios, de forma idealizada, para atender às imagens que nutria como representações d’O Amor enquanto ente. E ao lê-lo assim, é sobre mim mesma que reflito, porque, no fim, o que todo mundo deseja é ser correspondido e validado pelo olhar alheio, nem que seja por meio de ilusões e idealizações.

Nem sempre viver é melhor que sonhar - a despeito dos versos de outro poeta. Porque amar sozinho nunca é suficiente.


Texto escrito a propósito da apreciação da obra “O amor pelo qual me apaixonei”, gentilmente ofertado pelo autor Pierre-Richard Gerisma.

Professora de língua portuguesa e dramaturgista; natural do Recife / PE (BRA); curiosa das artes e tocada por algum senso estético.

 

_______________

Ana Paula Sá é professora de língua portuguesa e mestra em educação pelo programa de Pós-graduação em Educação da UFPE (2021).

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sexta-feira, 22 de abril de 2022

Amanhã (23/04) tem live com ELIANE OLIVEIRA, ex- juíza de direito e autora do livro UM CASO DE BIPOLARIDADE

 

Amanhã (23/04) tem live as 11h com ELIANE OLIVEIRA, ex- juíza de direito e autora do livro UM CASO DE BIPOLARIDADE. Acompanhe através do instagram da autora @elianeescritora
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terça-feira, 22 de março de 2022

Por que às vezes é tão difícil crer?

 Jackie Hill-Perry responde à pergunta no lançamento "Santo, santo, santo: como a santidade de Deus nos leva a confiar nele"

Ainda pouco conhecida no Brasil, Jackie Hill-Perry é autora best-seller e voz aplaudida nos EUA, especialmente em tópicos como relacionamento, teologia, espiritualidade, estilo de vida e questão racial. Palestrante requisitada, sua audiência nas mídias sociais atinge mais de 600 mil pessoas toda semana.  

Seu primeiro livro Garota gay, bom Deus: A história de quem eu era e de quem Deus sempre foi (Editora Fiel) ganhou o prêmio na categoria “Melhor Novo Autor de 2018”, pela The Gospel Coalition. Em Santo, santo, santo, lançamento da Editora Mundo Cristão, Jackie conduz o leitor a refletir acerca de quem Deus realmente é.

A partir de seu estilo de escrita cativante, que alia ensino bíblico e um texto próximo de quem o lê, a autora mostra que Deus não é como nós. Ele é diferente. Ele é santo. E é exatamente isso que o torna confiável. Para Jackie, a santidade divina é essencial para a natureza de Deus e fundamental para o ser de Deus. É sua santidade que o torna bom, amoroso, terno e fiel. Em sua santidade, Deus

é belo e eternamente atraente. A dificuldade que muitos têm de crer em Deus reside no desconhecimento de quem ele é. 

“Não há ninguém maior. Ninguém melhor. Ninguém mais digno de nosso ser completo. E creio que, à medida que você o enxergar como ele é, desejará ser como ele também. Santo.”
Jackie Hill-Perry 

Em Santo, santo, santo, Jackie Hill-Perry sacode a poeira da religiosidade insípida e oferece aos leitores e às leitoras a possibilidade de redescobrirem uma vida baseada na certeza do amor de Deus. Leitura recomendada para toda e qualquer pessoa que deseja se aprofundar em temas importantes da fé bíblica, sinaliza a rota estabelecida pelo Criador para a transformação pessoal, a paz e a plenitude.

Ficha técnica:
Título: Santo, santo, santo
Editora: Mundo Cristão
Autora: Jackie Hill-Perry
ISBN: 978-65-5988-057-7
Páginas: 144
Preço: R$ 39,90
Onde comprarAmazon

Sobre a autora: 

Jackie Hill Perry é autora, poetisa, professora bíblica e artista. Desde que se tornou cristã, tem sido compelida a usar seus dons de falar e ensinar a fim de compartilhar a luz do evangelho de Deus da maneira mais autêntica possível. Em casa, é esposa de Preston e mãe de Eden, Autumn e Sage.

Site

www.jackiehillperry.com

Perfis da autora:

Instagram: 
@jackiehillperry

Twitter: @JackieHillPerry

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quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Entrevista com Katia Oliveira da Silva Xavier, Professora de Língua Portuguesa e Letramento


Katia Oliveira da Silva Xavier nasceu na cidade de Curitiba em 1982. Formada em Letras – Português/Inglês e suas Respectivas Literaturas, pela Fundação Educacional de Duque de Caxias (FEUDUC) e Pós-Graduada em Educação Inclusiva pelo Centro Universitário Barão de Mauá. Filha de uma família humilde foi sempre incentivada a estudar. Aos cinco anos decidiu ser professora e desde então compartilha como os seus alunos o conhecimento. Foi premiada recentemente com o título internacional de Microsoft Innovative Educator Expert fazendo parte de um grupo seleto de educadores inovadores que compartilham ideias e experimentam novas abordagens de ensino. Mora em Almirante Tamandaré e leciona no Marista Escola Social Ecológica e Colégio Dom Bosco Bilíngue Colombo. 

ENTREVISTA: 

Conexão Literatura: Você é professora de Língua Portuguesa e Letramento na Marista Escola Social Ecológica. Poderia comentar? 

Katia Oliveira da Silva Xavier: Sou docente de Língua Portuguesa dos 6ºs e 7ºs anos. Iniciei na escola com o objetivo de melhorar o letramento dos educandos que vinham da rede municipal de ensino. 

Conexão Literatura: Você auxiliou alguns educandos na inscrição para o concurso literário CONTOS, MINICONTOS E POEMAS INFANTOJUVENIS, da Revista Conexão Literatura. Poderia comentar sobre a importância desse incentivo para as crianças? 

Katia Oliveira da Silva Xavier: Eu procuro sempre incentivar os meus alunos a se desafiarem. O processo de escrita em nosso país é algo laborioso. Essa habilidade quando adquirida ainda criança torna o estudante mais confiante e o faz se sentir capaz. O educando torna-se protagonista da própria aprendizagem colocando à prova, todo o conhecimento adquirido em sala de aula. O papel do professor é instigar a aquisição do conhecimento sempre. 

Conexão Literatura: Como foi o trabalho e o desenvolvimento dos poemas e minicontos com as crianças? 

Katia Oliveira da Silva Xavier: As crianças ficaram muito felizes com a possibilidade de ter um e-book com contos e/ou poemas escritos por eles. E se aventuraram na escrita com muita dedicação e atenção. Como estamos em um período remoto, o desenvolvimento das produções foi árdua. Nos deparamos com educandos com atraso de entrega dos poemas/contos para correção, falta dos alunos nas aulas destinadas a produção dos textos e outros. Porém, todos se dedicaram muito para que apesar dos contratempos o nosso objetivo fosse cumprido. 

Conexão Literatura: Você pretende continuar incentivando os educandos para essa área de publicação infantojuvenil?  

Katia Oliveira da Silva Xavier: Com certeza, nós já estamos nos preparando para o Volume II dos CONTOS, MINICONTOS E POEMAS INFANTOJUVENIS da Revista Conexão Literatura. E com a seleção de cinco poemas na edição anterior, o número de alunos que querem participar simplesmente dobrou. 

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para ler os poemas e minicontos dos educandos no e-book CONTOS, MINICONTOS E POEMAS INFANTOJUVENIS? 

Katia Oliveira da Silva Xavier: Todos estão disponíveis na página da Revista Conexão Literatura, intitulada CONTOS, MINICONTOS E POEMAS INFANTOJUVENIS. Os leitores poderão fazer o download e se deliciar com belos poemas e contos. 

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta? 

Katia Oliveira da Silva Xavier: Recentemente, finalizamos com alguns educandos um livro chamado ESTUDANTES DE HOJE, CORDELISTAS DO AMANHÃ. Nesse, os alunos escreveram cordéis que falam um pouco das coisas que eles apreciam fazer, iremos escrever o volume II em breve. E continuar participando da seleção da Revista Conexão Literatura. 

Perguntas rápidas: 

Um livro: Pequeno Manual Antirracista de Djamila Ribeiro          

Um (a) autor (a): Machado de Assis

Um ator ou atriz: Samuel L. Jackson

Um filme: O menino que descobriu o vento.

Um dia especial: O nascimento do meu filho que hoje é uma estrelinha lá no céu. 

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário? 

Katia Oliveira da Silva Xavier: Venho agradecer a oportunidade de estar compartilhando a minha paixão pela educação. Acredito que essa pode mudar comportamentos, vidas e melhorar gerações.

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domingo, 25 de novembro de 2018

Ada Magaly Matias Brasileiro e o livro A emoção na sala de aula, por Sérgio Simka e Cida Simka

Ada Magaly Matias Brasileiro - Foto divulgação
Fale-nos sobre você.

Sou formada em Letras; especialista em Língua Portuguesa, Linguística e Didática e Tecnologia do Ensino Superior; mestra em Língua Portuguesa e doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela PUC Minas. Sou professora há 25 anos e já atuei da Educação Infantil ao Ensino Superior. A sala de aula sempre foi, para mim, um lugar especial! No Ensino Médio, dediquei-me ao ensino de Língua Portuguesa e à Produção Textual; no nível universitário, dei ênfase, também, à Escrita Acadêmica, à Metodologia Científica e à Linguística Textual, pautando-me, principalmente, pelos pressupostos do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD). Tenho me dedicado à pesquisa, à docência e à construção de disciplinas para o ensino a distância e a material didático que disponibilizo na internet. Das minhas publicações, destacam-se os livros “Estilo e Método”, “Manual de Produção de Textos Acadêmicos e Científicos” e “Leitura e Produção Textual”. Recentemente, publiquei o livro “A emoção na sala de aula: impactos na interação professor/aluno/objeto de ensino”.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre o livro “A emoção na sala de aula”.

Desânimo, vergonha, agressividade, frustração, desrespeito, entusiasmo, prazer, satisfação, alegria... são algumas das inúmeras emoções que constituem as interações professor/aluno, interferindo no funcionamento e na produtividade de uma aula. O livro traz o resultado da minha pesquisa de doutorado, realizada na PUC Minas, sob orientação da professora Juliana Assis.
Trata-se de um investimento etnográfico, que me permitiu integrar-me a duas salas de aula das séries finais do Ensino Fundamental, desde o primeiro dia do ano letivo. Na conclusão deste estudo, eu apresento quatorze quadros emocionais que ocorrem reiteradamente nas interações em sala de aula (professor/aluno ou aluno/aluno), as quais interferem positiva ou negativamente no engajamento dos alunos na aula e, por conseguinte, no alcance dos objetivos didáticos pautados pelos professores.

O que a motivou a escrevê-lo?


Em minha experiência como docente, várias questões sempre me incomodaram. Por exemplo: “Por que um mesmo plano de aula gera aulas diferentes? Por que um professor é bem-sucedido em uma turma e em outra não? Por que alunos de uma mesma turma se comportam diferentemente na sala de aula, variando o tempo e o professor? Como o aluno se envolve na aula proposta? Como ocorre a relação de afetividade do aluno com o objeto de estudo? Quais os efeitos dessa afetividade?” Essas perguntas indiciavam, a meu ver, marcas da emoção no ambiente de ensino/aprendizagem, algo, talvez, determinante da interação professor/aluno, que interferiria na aceitação das proposições do professor pelo aluno e, por conseguinte, do seu envolvimento e produtividade na aula.
Essa possibilidade aguçou em mim o desejo de investigar as emoções mais recorrentes nas atividades desenvolvidas na sala de aula, verificando como as emoções interferem na construção da relação de aceitação ou rejeição dos alunos a determinadas aulas. O resultado me trouxe muitas respostas que, agora, compartilho com meus colegas professores. É certo que, quanto mais conhecemos as regularidades da aula, mais possibilidades temos nós, professores, de compreender características estruturais da sala de aula, suas recorrências e, portanto, sermos mais exitosos em nossos propósitos didáticos.

Fale-nos sobre os outros livros de sua autoria.

Sempre gostei de escrever, por isso, desde cedo, quando atuava na educação básica, dediquei-me à organização de obras com coletâneas dos meus alunos, pois acredito na formação do aluno na produção textual, a partir do momento em que ele ganha leitores. Publiquei, posteriormente, algumas obras autorais. Duas delas são investimentos independentes e trazem pesquisas genealógicas. Três outras tematizam a produção textual e a escrita acadêmica: Estilo e Método – esgotado; Leitura e Produção Textual, e Manual de Produção de Textos Acadêmicos e Científicos. Este último, por exemplo, publicado pela Editora Atlas, traz orientações práticas sobre “como fazer?” vinte e quatro gêneros acadêmico-científicos, do resumo à tese. Era uma carência que eu sentia em minhas aulas e resolvi produzi-lo, pensando em meus alunos. A aceitação do público, no entanto, demonstrou que não se tratava de uma carência apenas minha, mas de muitos professores e alunos pelo Brasil afora. A resposta positiva que tive surpreendeu-me e, ao mesmo tempo, motivou-me a continuar escrevendo, sem medo!  

Como analisa a questão de leitura no país?


Quando lançamos o olhar para os dados publicados pelo Market Research World (2016) e outros institutos de pesquisa que se dedicam a trazer índices de leitura no mundo, vemos que as horas de dedicação à leitura dos brasileiros (cerca de 5 horas semanais) é a metade do que se apresenta em primeiro lugar (Índia, cerca de 10 horas) e a tendência é que nos desanimemos. Entretanto, há de se considerar que, mesmo que lentamente, o volume de leitura do brasileiro vem aumentando, tendo alcançado uma média de 5 livros ao ano, conforme pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2016).
Outro aspecto a se observar é que tais índices levam em conta apenas a leitura de livros (impressos ou e-book), excluindo a dos jornais, revistas, redes sociais etc., o que deixa o panorama negativo e, por que não dizer, irreal, já que atualmente, a nossa maior carga de leitura é por meios digitais.
Agora, para incentivar a leitura, três atores dessa cena precisam assumir seus papéis e funções: o governo, a escola e a família. O poder público deve se responsabilizar pelo aparelhamento das escolas e atualização de funcionários especializados e amantes da leitura. A escola deve buscar alternativas metodológicas adequadas ao público que atende, disponibilizando-lhe a multiplicidade de obras, explorando as várias funções da leitura; e a família, juntamente com os dois outros elos, deve valorizar e estimular a leitura em casa, além de favorecer a cultura por meio do exemplo.
Assim, a despeito de todas as evidências de pouco investimento ou hábito de leitura no Brasil, vejo a questão com otimismo. As pessoas estão presenteando mais livros, compartilhando suas leituras em blogs, demonstrando mais motivação e orgulho por terem lido determinadas obras, ouvindo audiobooks... e isso tudo é, inegavelmente, dado positivo!

Quais os seus próximos projetos?

Pretendo investir na área dos meus estudos atuais, que é a didática da escrita acadêmica. Este é o objeto de pesquisa do meu projeto de Pós-Doutorado e da minha atuação profissional de (quase) sempre. Sinto que há muitas publicações na área, mas estão muito dispersas, além disso, não conheço iniciativas que tratem, exatamente, das metodologias de ensino da escrita acadêmica, pois, tacitamente, entende-se que os alunos já saibam tal escrita quando entram nas universidades, assim como os alunos esperam que os professores irão ensiná-los. Instala-se um conflito sério no meio acadêmico e acredito que a minha pesquisa poderá contribuir para a amenização desse problema.


*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017). Integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Biografia de Lucy Sayão Wendel, professora por 49 anos, enaltece o poder transformador da educação e da figura do mestre como inspiração

Lucy Sayão Wendel - Foto divulgação
Escrito por Jayme Serva, livro sobre educadora que lecionou para milhares de alunos e inspirou muitos deles a seguir a carreira científica será lançado em setembro pela editora Laranja Original

Entre as tantas crises que o Brasil vive hoje, a da educação talvez seja a mais aguda (e não devidamente percebida, já que a econômica e a política dominam a cena). Nestes tempos, é mais do que oportuno ler o que conta “Lucy – Uma Vida Professora”, perfil biográfico escrito por Jayme Serva sobre Lucy Sayão Wendel, uma educadora que marcou época na docência de Química para estudantes do ensino médio em São Paulo.

A publicação, que será lançada em setembro pela editora Laranja Original é, à primeira vista, o perfil biográfico de uma professora admirável – só por isso, já merece atenção. Lucy Sayão Wendel começou sua carreira (ou “a vida professora”, a que bem se refere o título do livro) quase que por acaso: recém-separada do marido, precisava trabalhar. As possibilidades vieram tanto da indústria química, como das escolas. Estas acabaram conquistando Lucy, e Lucy a elas.

Só contando o Santa Cruz, em 33 anos de escola, ela teve aproximadamente 10 mil alunos. Somados aos anos em que lecionou em instituições como Mackenzie, Roosevelt, Santa Maria e tantas outras, forma-se uma multidão de alunos atendidos. Dentre eles, celebridades do mundo empresarial, intelectual e artístico. Um ponto a destacar em sua atuação é que houve muitos ex-alunos de Lucy que resolveram estudar química por influência de suas aulas.

Mas quem é essa mulher que foi capaz não apenas de ensinar, mas de influenciar a vida de tantas pessoas? É isso o que o livro procura contar, começando pela surpreendente chegada do avô de Lucy, ao Brasil. Engenheiro e geógrafo dinamarquês, Guilherme Wendel foi um desbravador ligado à Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, que fez o reconhecimento e registro de todo o território do Estado no começo do século 20, embrenhando-se nas então fechadas matas do território paulista.

Ao mesmo tempo em que entrelaça a trajetória da educadora e as peripécias de sua vida, o livro traça também o percurso de vários dos grandes educadores com quem Lucy trabalhou ou estudou. Para isso, o autor fez diversas entrevistas com a professora e com pessoas que, de alguma forma, trazem a memória dessa história.

O resultado vai além do simples perfil biográfico. “Lucy – Uma Vida Professora” fala sobre Educação e sobre um tempo em que o educador tinha um papel reconhecido e respeitado. É um trabalho que, ao mesmo tempo, homenageia uma grande educadora e semeia a questão: por onde anda hoje a grande Educação?

Lucy – Uma Vida Professora ● Primeiro lançamento
Data: 5 de setembro de 2018, das 18h30 às 21h30
Local: Colégio Santa Cruz [Foyer do Teatro Santa Cruz] - Av. Arruda Botelho, 255, Alto de Pinheiros

Lucy – Uma Vida Professora ● Segundo lançamento + Bate-papo sobre educação com Ana Inoue (Instituto Acaia) e Fernando Reinach (Fundo Pitanga e O Estado de S. Paulo)
Data: 10 de setembro de 2018, das 18h30 às 21h30
Local: Livraria da Vila - R. Fradique Coutinho, 915 - Vila Madalena, São Paulo - SP, 05416-011

Lucy – Uma Vida Professora
Editora: Laranja Original
Preço: R$ 45,00
Páginas: 205
ISBN: 978-85-92875-43-5

Sobre o autor Jayme Serva
Jayme Serva é redator por profissão. Atuou em agências de publicidade nacionais e multinacionais, como Wunderman, Publicis-Norton, Newcomm Bates (atual Y&R) e Leo Burnett. Também foi colaborador de diversos veículos de comunicação, como as revistas Pequenas Empresas & Grandes Negócios (Editora Globo), Brasileiros, Morar (Folha de S.Paulo), Meio & Mensagem, Propmark (estas últimas especializadas no mercado de comunicação), o jornal Folha de S.Paulo e o site carioca Blue Bus. Em 2017, lançou seu livro de poesia Cem Sonetos, Pouco Mais, Pouco Menos.

Sobre a editora Laranja Original
A editora Laranja Original nasceu da iniciativa do escritor, poeta e arquiteto Filipe Moreau de criar um espaço no mercado editorial para a obra de novos autores. Hoje, a editora já se identifica como especializada em poesia, embora traga também em seu catálogo crônica, romance e até ensaios e biografias.

Além dos livros, a editora também produz CDs, pois, desde o início, a música fez parte de seu escopo de trabalho. Hoje, já há três CDs em seu catálogo, e outros estão por vir.

Em ambos os casos (livros e CDs), o material é produzido com esmero nos projetos gráficos, pois a editora tem como princípio a qualidade total do que produz. Entre os artistas gráficos que fazem projetos para a Laranja Original, há desde jovens reconhecidos no meio, como Flávia Castanheira, até os já historicamente consagrados, como Hélio de Almeida. [www.laranjaoriginal.com.br]
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