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quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Hudson Santos e o livro A Palavra Soprada

Hudson Santos - Foto divulgação
Começo com uma notícia, apenas para vibrar com o livro. Jaccques Derrida conta que o amigo e filósofo Emmanuel Levinas, quando falava ao telefone, costumeiramente sofria imensa angústia a cada instante de silencio e não-resposta do outro, situação que levava-o a recuperar a fala com um “alô?alô?” entrecortando as frases, por vezes até mesmo no meio delas. O relato consta num belíssimo livro sobre adeus. Em todo seu discurso, mas de modo especial nesse trecho – que poderia passar por contingente, a depender das forças de conversa com o texto, Derrida faz ecoar a ambígua presença do amigo para quem a verdadeira vida sempre esteve ausente. Ainda ambiguamente, o filósofo Derrida fala para recuperar a voz do amigo diante o terrível aniquilamento (se morrer for isso), fala para assumir o “alô, alô?”, junto com pessoas tocadas pela falta de Levinas. Talvez, o pequeno trecho seja um poema da ética, uma escrita para sustentar a linha com o outro lado. Talvez seja esse o ponto, escrever a anatomia de um corpo na sustentação de tal linha, uma poética.
O autor de “A palavra Soprada” é meu amigo, alguém que diz “alô?alô?” integralmente. Ao telefone, durante uma conversa, aos golpes de um filme ou, enquanto expoente da poética do cuidado, entre as falas de outro, alô?Alô?!
Então, toquemos nesta dimensão, a amizade, a proximidade do Tu, posto que não-ver-diferença-de-princípios-entre-um-aperto-de-mãos-e-um-bom-poema implica mais que partilhar a referente vizinhança com Paul Celan, será preciso gastar a fala até recolher nas unhas “o silêncio feito outra distância”. 

Outra distância, o Tu, a amizade.
Fechamos tantas mesas quanto as que permaneceram fechadas às nossas. Aliás, quem não encontra ressonância entre as mesas fica obrigado a encontrar Fora, no espaço onde Maurice Blanchot /e uma longa linhagem/ escutou fulgurações extemporâneas.
 Fora, o espaço-espesso pela deposição da língua aquém e além do linguajar fantasmagórico de especiarias e especialidades no tempo. A história das matérias, a fixação da poesia brasileira pela pedra, tudo isso formula o dentro (mesmo a dialética de ver ou não a pasma máquina do fundo, é possível ser mestre disso, é possível ter um nome nisso), a palavra soprada esfarela antes e corre com a água do último balde no chão da padaria.
Maurice Blanchot é um nome que se encontra em bibliotecas, tal como Hilda Hilst e Jorge Luís Borges que, se não viveu exatamente Fora, fez crer a própria vida na imagem da Infinita Biblioteca, de onde o mito fundador ocidental seria a Babel de todas e nenhuma língua. O nome Jorge Luís Borges, com a sua biblioteca, faz ironias das técnicas narrativas (as máquinas de guerra, as máquinas de saber, as máquinas biológicas) que preenchem a palavra, meu amigo também. Se você ler vai saber, mesa que começa pelas bordas, ainda por fazer.
 Pode não ser obra do acaso a homenagem “já somos a ausência que seremos” antes mesmo do início do livro. Acontece que Hudson, com precisão-concisão, radicaliza a imagem, não denuncia, mas trabalha e transita no que se pode inferir ser a zona morta da biblioteca, sua parte remissiva, os armários de índices e cadastros, onde nenhuma narratologia gravita, exceto a verificação de que a língua é um atrito contra as rachaduras do edifício e nada mais.
Talvez eu tenha perdido o ponto, acontece. “A Palavra Soprada” não faz reverência, antes convoca as Figuras da Linhagem (Borges, por exemplo) para um gesto de defesa em face a perene desaparição. Alô? Alô? Se você ler ... a mesa tende a aumentar, a começar pelas bordas, meio por fazer.
Se Giorgio Agamben denuncia a des-experiente persona contemporânea como um personagem de desenho animado que atravessa o desfiladeiro correndo que só não cai à medida que não olha para abismo aos seus pés, Hudson faz brotar as peripécias de tantos outros personagens animados que derrubam estantes inteiras para desviar de um radical embate. O gato contra rato, mas ainda – e talvez essencialmente-  embate sem fundo: um rato, vez ou outra, vestir o humano.
Aliás, talvez agora sim o ponto. A radicalidade, estruturas de origem, o primeiro número, será possível isso, exigir início a um poema? Se os poemas concisos deste livro se filiam ao emudecimento, ao modo dos autores assegurados pelo condomínio de marfim, a dimensão que os atesta é exatamente outra, a do testemunho. Trata-se de um livro entre as pessoas, escrito com sangue conforme a linhagem dos poetas que, depois de terem separado a vida crua da vida nomeada, buscaram se livrar da cisão a qualquer custo rezando pela mistura entre poesia experimental e vida experimental. Acontece que a posição ética do autor é de retirada – ele jamais contaria, porque é tímido, porque é da ordem magmática dos poços e dos silêncios.
Luís Felipe Lucena

Abram as janelas e se acomodem no parapeito para ler os poemas de Hudson R. Santos, o leitor que acessar as páginas de “A palavra Soprada”, se deparará com uma poética de extrema densidade, que vai do poema mais extenso a brevidade construída em torno de versos límpidos e imagéticos. Há nos poemas deste breve livro uma metafísica da presença e da ausência de si e do outro, perdas arraigadas a nomes e intuição elevada, serpenteando pela linguagem e indo através do incêndio das palavras sustentar um universo de transitoriedade. Estamos diante de um trabalhador em tempo integral da linguagem cindido em personas, capaz de criar versos como: “Eu me perco no horizonte/de tua face retorcida pelo vento” ou “Eu existo contra mim mesmo/e romãs correm no meu sono” ou ainda versos de uma complexidade e proposições filosóficas grandiosas esmiuçadas pela precisão da voz do poeta: “tu nunca/te tornas/ti mesmo”. Os versos de Hudson transportam uma poética que questiona e pensa o tempo todo: o que é o ser? Como nos deparamos com o outro? Quais os limites da linguagem? O que é existir em um mundo onde habitamos bolhas opacas repletas de faltas, miasmas e de beleza?
Marcelo Torres
Poeta e escritor 

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