"Sidney Magal: muito mais que um amante latino" é uma ideia que tivemos no ano de 2012, quando conversei com o Sidney sobre o seu primo, Vinicius de Moraes, para a pesquisa de um dos meus livros sobre a Bossa Nova. Ele quis guardar o projeto do livro para esse momento de comemoração dos seus 50 anos de carreira, então em dezembro de 2016, iniciamos o projeto que foi lançado em novembro de 2017. Desse total de 11 meses, eu tive apenas 7 para escrevê-lo, pois os outros 4 meses foram dedicados ao projeto editorial, revisão, diagramação, impressão e distribuição. O livro final tem 376 páginas, traz uma fotobiografia extensa, muitos depoimentos de amigos e familiares. Pesquisar, entrevistar, selecionar imagens e escrever todo esse projeto em um período tão curto de tempo foi uma verdadeira maratona, mas foi muito prazeroso e fiquei muito satisfeita com o resultado final.
O livro foi publicado pela Editora Irmãos Vitale, que é uma das editoras mais antigas e mais tradicionais do país. Eles já haviam publicado um livro meu ("O barquinho vai... Roberto Menescal e suas histórias", 2010) e foi muito gostoso voltar a trabalhar com eles; foi algo que aconteceu de uma maneira muito leve, muito natural, porque quando souberam do projeto, acreditaram na proposta e imediatamente começamos a trabalhar para que o livro fosse produzido dentro do nosso curto prazo. Sem a colaboração da Vitale, teria sido impossível concluir esse projeto que foi feito em tempo recorde.
Como é o seu processo de criação?Todo o meu processo de criação literária se baseia na pesquisa: eu não escrevo uma única linha do livro antes de estar com toda a pesquisa concluída. A pesquisa e a concepção do projeto são as etapas mais trabalhosas e mais demoradas; a escrita é a parte mais prazerosa e mais rápida, porque se a pesquisa for bem-feita, quando chega o momento de escrever, todo o conteúdo já está pronto na minha cabeça; a partir daí, é só uma questão de "transcrever" aquilo que já existe. Mas cada escritor tem o seu processo de criação que, como costumo dizer, é único e intransferível; como professora, eu instigo os meus alunos a encontrarem o seu próprio caminho, pois tudo é permitido, desde que funcione para o escritor e que facilite o seu processo de escrita. Mas, para mim, é essencial ter o livro inteiro pronto na minha cabeça para depois começar a passá-lo para o papel.
Você escreveu “Essa tal de Bossa Nova”, com o Roberto Menescal. O prefácio foi escrito pelo Paulo Coelho. Conte-nos essa experiência. Você também publicou “O barquinho vai”. Fale-nos dele. Ambos os livros são resultado do meu trabalho com Roberto Menescal, um dos criadores da Bossa Nova. Começamos a trabalhar juntos em 2008, com a intenção de registrar em um livro as experiências do Roberto não somente na Bossa Nova, mas também como produtor musical; ele é até hoje um dos produtores mais importantes da nossa música, e teve um papel fundamental na história da MPB. Ambos reúnem histórias maravilhosas da nossa música e são registros essenciais da carreira desse grande compositor e produtor. Os prefácios dos dois livros foram assinados pelo best-seller Paulo Coelho, amigo de Menescal.
Como vê o mercado digital de livros?Vejo os livros digitais como um meio de facilitar ainda mais o processo de aproximação entre autor e leitor porque até pouco tempo atrás, para atingir leitores em países estrangeiros, você precisaria fechar um contrato em cada país, o livro teria que ser traduzido diversas vezes... Enfim, um processo muito burocrático, custoso e demorado, que só seria possível para um número restrito de autores. O livro digital chegou para quebrar essas barreiras. Depois que o meu livro "Essa tal de Bossa Nova" foi lançado em formato digital, passei a receber contatos de leitores do mundo inteiro - brasileiros que moram no exterior e estrangeiros que estudam o nosso idioma - e isso é muito gratificante para mim como autora. Com os livros digitais, hoje o leitor pode ter acesso ao trabalho de autores que estão do outro lado do mundo e isso é maravilhoso. Acredito que esse é o ponto mais importante: que as pessoas tenham acesso ao livro, independentemente do formato em que ele se apresente.
Em que está trabalhando atualmente?No momento estou trabalhando em um projeto literário relacionado à psicanálise, que é uma área à qual me dedico também, e estou finalizando o projeto de um livro fotográfico, que é um sonho antigo que eu agora estou tendo tempo para concretizar.
Para que o leitor possa conhecer mais sobre o trabalho da Bruna, basta acessar:
www.brfonte.com.
*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.
Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2106), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).