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terça-feira, 2 de abril de 2024

Livro de contos escrito por professor da UNICAMP retrata emoções à flor da pele no eixo Rio/SP

 

"O Amor Urbano" retrata variedade de cenários, identidades e situações do dia a dia com sutileza e astúcia

A vida cotidiana e o frenesi da cidade grande reservam surpresas para todos. Uma decisão feita e, pronto, nossos caminhos nunca mais serão os mesmos. É nesse universo de escolhas, caminhos e rumos que o professor titular de Ecologia da UNICAMP, Paulo S. Oliveira, vai além da ciência e lança “O Amor Urbano”, seu livro de estreia de contos. A obra traz uma faceta criativa de alguém hábil com as palavras, sejam elas escritas ou faladas, mas que busca ultrapassar os limites das salas de aula.

Publicado pela editora Telha, o livro traz dez histórias de encontros e desencontros em cenários diversos do Rio e de Sampa – palcos mais que bem escolhidos para um Amor Urbano. “O Amor Urbano” conta histórias do dia a dia da gente na cidade grande. Cenários como o morro do Pavão-Pavãozinho e o bairro do Flamengo no Rio, além da Mooca e Avenida Paulista em São Paulo, ilustram os contos que narram relações interpessoais que se repetem no dia a dia de famílias, no ambiente do bairro e do trabalho, e na agitação das ruas de metrópoles como as aqui retratadas.

As histórias incluem temas e contextos variados, tais como assédio sexual no trabalho, bissexualidade, homossexualidade, racismo, violência urbana, violência doméstica, prostituição masculina e feminina, alcoolismo, adoção infantil, psicoterapia. Cumplicidade e amor, conflitos e desencontros – nosso cotidiano à flor da pele. A narrativa se desenvolve em bairros pobres, de classe média e de classe alta do Rio e Sampa, com passagens por Miami, Toulouse, Barcelona e Nova Iorque.

“Como pesquisador na área de Ecologia, me preparei ao longo da carreira para observar e interpretar o que ocorre na natureza. Este senso de observação inclui detectar detalhes sobre o comportamento dos animais, as relações entre eles, medo, atração, as relações deles com as plantas, onde se abrigar do perigo, onde procurar o/a parceiro/a sexual e como enfrentar os/as rivais. Desenvolvi esta mesma curiosidade ao observar as pessoas, imaginar seus desejos, suas carências e os caminhos que seguem. “– Paulo S. Oliveira, professor e escritor

Os protagonistas dos contos se encontram em bares, bancas de jornal, praias, no trabalho, na farmácia, no transporte público, na academia – e a vida delas (assim como a nossa) muda a partir destes encontros. Então, vêm desejos, descobertas, romance, paixão, sexo… e também desencontros, traição, mágoas e ódio.

“O Amor Urbano” é definitivamente a junção de tudo de melhor, pior e mais inesperado que podemos esperar de encontros e desencontros em grandes metrópoles. Palavras do autor!

“’O Amor Urbano’ estava na minha cabeça faz tempo – a efervescência da cidade grande me encanta – encontros fortuitos que mudam vidas é um tema que sempre me atraiu. Acontece no dia a dia de todos nós – no trabalho, na esquina de casa, no mercado, no agito da noite – alegrias e tristezas vêm à flor da pele. O livro trata destas sensações, e de como lidamos com elas. Penso que as pessoas irão se ver nas histórias.” – Paulo S. Oliveira

Sobre o autor:

Paulo S. Oliveira é Professor Titular de Ecologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Biólogo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem Mestrado e Doutorado em Ecologia pela UNICAMP, e Pós-doutorado pela Harvard University (EUA) e pela Universität Würzburg (Alemanha). Publicou três livros de Ecologia em colaboração com pesquisadores estrangeiros pela Columbia University Press, University of Chicago Press e Cambridge University Press. Foi Presidente da Association for Tropical Biology and Conservation (EUA). A Ecologia o levou a viver nos Estados Unidos, Alemanha, França e México, e a pesquisar na Amazônia, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica – sempre atrás das formigas. Observar as pessoas, observar a si mesmo e observar a natureza são suas predileções... “assim se aprende a vida, assim se aprende a viver”.

Serviço:

Livro: O Amor Urbano: Histórias do Rio e de Sampa

Autor: Paulo S. Oliveira (@psmcoliveira)

Editora: Telha

Páginas: 184

Preço: R$ 53,00

Adquira o livro em: https://editoratelha.com.br/product/o-amor-urbano-historias-do-rio-e-de-sampa/

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sábado, 5 de dezembro de 2020

O professor Marcus Garcia de Almeida e o livro Acha Que Sou Idiota? Uma Crônica do Mundo Corporativo

Marcus Garcia de Almeida - Foto divulgação

O professor Marcus Garcia de Almeida é Pedagogo e Especialista em Gestão do Conhecimento nas Organizações. Cursou o Mestrado em Ciência, Gestão e Tecnologia da Informação (Conceito CAPES 4). Diretor da Editora IDEÁRIO, selo editorial para Teoria do Conhecimento (Epistemologia), Causalidade e Ser Humano. É escritor, autor e pesquisador nas áreas de educação, aprendizagem, docência, gestão, comunicação e inovação. Possui centenas publicações entre livros, ensaios e artigos científicos nacionais e internacionais. Atua na docência universitária tanto na graduação como na pós-graduação, além de formação contínua em empresas e em diversas instituições de ensino brasileiras. É ainda Especialista em Inteligência Emocional, Palestrante e Mentor. Mas fica muito contente em ser chamado apenas de Professor Marcus Garcia, simples assim!

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?

Marcus Garcia de Almeida: Na adolescência eu escrevia pequenos poemas, alguns contos e pensamentos. Coisa de jovem tímido naquela época. Aos 17 anos pisei pela primeira vez em uma sala de aula como professor. Naquela época, em 1983, recém ingresso na faculdade de tecnologia da informação, energia no corpo, sonhos na cabeça. Desde aquele momento, apesar das muitas dúvidas inerentes à pouca maturidade, uma certeza eu tinha: ser professor e estar na docência deveria ser uma de minhas atuações profissionais. Em 1988 coloquei na cabeça que precisava publicar algo, “um livro”, eu pensava. Internet não havia. Contato com editoras e editores só por correio (carta escrita, com envelope, selo e tudo mais) ou telefone. Foram dez anos de cartas e mais cartas (foram centenas) enviadas com os originais para editoras, buscando alguém que apostasse em meu projeto. Ah, nada era impresso ou editado em computador, mas datilografado e depois “xerocado”. As respostas que voltavam das editoras, além de demorarem meses, eram sempre muito parecidas: “...agradecemos seu interesse e confiança em nossa editora, mas...”. Se naquela época houvesse Control + C, Control + V eu certamente diria que as respostas eram assim redigidas, uma como cópia da outra. Em 1999 uma jovem Editora do Rio de Janeiro, a BRASPORT, confiou e aceitou minha proposta. Um professor, já não tão jovem, então com 33 anos, que queria publicar não apenas seu primeiro livro. Na verdade, seria uma série com seis livros, projeto de sucesso! De lá para cá, já lá se vão 22 anos de trabalho editorial. São vários livros publicados, mais de 20 só de minha autoria além das diversas obras que organizei, e agora tenho meu próprio selo editorial, a IDEÁRIO (www.idearios.com.br). Há duas certezas que tenho firme na cabeça. A primeira é que “conhecimento não ocupa espaço” e a segunda, que “tudo que aprendemos não nos pertence, mas sim, ao mundo, portanto deve ser compartilhado!”.

Conexão Literatura: Você é autor do livro “Acha que sou idiota? (Do You Think I’m Stupid: A Chronicle of the Corporate World)”. Poderia comentar?

Marcus Garcia de Almeida: A primeira vez que pensei em escrever algo assim, foi há cerca de dez anos. Sempre fui muito observador. Devido minha atuação em consultoria empresarial, tive (e tenho) a oportunidade de conviver em organizações empresariais de todos os tipos, portes, categorias, nacionais, multinacionais, transnacionais e com variados sistemas organizacionais. Em minhas andanças sempre percebi o comportamento das pessoas nas empresas oscilando entre o amor (em alguns casos chegando até a uma espécie de devoção), enquanto outras cultivam verdadeira ojeriza das empresas onde trabalham. Essa dicotomia entre amor e ódio merecia ter uma abordagem minimamente curiosa e sempre pensei que deveria tentar levar isso para meus leitores. Recentemente (ainda esse ano logo que começamos com a onda da pandêmica do Coronavírus, (COVID-19), ainda lá em março/2020 e estando praticamente recluso em meu home-office, comecei a perceber essa dicotomia de forma ainda mais forte. Principalmente durante as muitas reuniões em salas virtuais. Foi então que decidi começar a rascunhar o livro e assim nasceu “Acha que sou idiota? Uma crônica do mundo corporativo.”. Bom sou suspeito, mas ficou uma delícia de história, uma crônica de fato, sobre essa relação de amor e ódio das pessoas com as empresas onde trabalham e entre as próprias pessoas dentro dessas empresas é claro. É minha primeira obra lançada simultaneamente em português e inglês, na verdade também é a primeira obra em inglês. A adaptação requerida para a internacionalização da crônica, preocupando-se com as personagens e as situações corporativas, foi um episódio à parte. Adorei o resultado e estou muito empolgado com o lançamento mundial pela plataforma da Amazon agora em Dezembro. Ela está disponível em Kindle e formato convencional tanto em português quanto em inglês.

Conexão Literatura: Como é o seu processo de criação e qual é o seu principal público-alvo?

Marcus Garcia de Almeida: Como sou bastante observador e detalhista tenho a tendência a ser meticuloso, descritivo, minucioso mesmo. Adoro os detalhes. Nuances, texturas, emoções, sensações e percepções. Entendo que uma pessoa que decide dedicar algumas boas horas numa leitura, precisa sentir-se parte do que estou trazendo para ela. Quero levá-la comigo naquela jornada. Preciso sentir que consegui isso para eu ficar satisfeito com o resultado. Um bom texto precisa ter essência, alma verdadeira! Confesso que “Acho que sou idiota? Uma crônica do mundo corporativo” não é minha primeira incursão pela seara da crônica, mas é a primeira a ser publicada. Tenho alguns outros trabalhos que estão no estágio que chamo de amadurecimento. Volto neles sistematicamente e vou trabalhando, burilando, refinando... as ideias iniciais vão sendo reveladas. Num primeiro momento algumas se parecem com pedras brutas que precisam ser lapidadas para ganharem a beleza desejada. Claro que como toda matéria bruta, algumas tem um substrato que não se revela promissor para mostrar o seu melhor pelo autor. Considero parte do processo de criação. Não sou de desistir fácil de uma pedra bruta. Meus escritos da adolescência, por exemplo, estão lá, amadurecendo. Uma hora eles estarão prontos para ganhar a luz aos olhos de pessoas que adorem ler o inusitado.

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?  

Marcus Garcia de Almeida: Claro! Neste trecho a seguir uma das personagens está num dilema ético e precisa tomar uma decisão. Para isso traço aqui um paralelo metafórico bastante curioso.

“Há um momento quando algumas decisões são tomadas em nosso íntimo que nos geram um sentimento de poder ou de empoderamento, ou ambos. É como se você fosse entrar sozinho numa caverna escura e desconhecida numa floresta longe da civilização. Há um misto de medo, insegurança, frio na barriga, pavor... a adrenalina jorra pelas veias e te faz ficar alerta ao máximo e pronto para correr, ou atacar, ou se defender do que quer que possa aparecer... na escuridão. Passado o impacto inicial da transição da claridade para o escuro interior da caverna, logo que seus olhos se acostumam à escuridão; o som também muda. O barulho do vento que farfalhava as folhas das árvores cede espaço para o silêncio e o eco de gotas que descem das estalactites e pingam fazendo poças pelo caminho escuro, o crepitar de insetos e o barulho do seu próprio caminhar ao pisar na terra úmida, se somam a sensação de que há por ali muito mais do que seus sentidos revelam... e então, nesse momento, sua imaginação começa a preencher o vazio de informações com pensamentos de perigos que podem existir ou não, pois tudo está em sua mente. É nesse momento que você tem duas opções: dominar sua mente e sentir-se empoderado para avançar no desconhecido, ou sentir que há um poder além de você que não deve ser enfrentado naquele momento e então você recua.”

Conexão Literatura: Quais dicas daria para os autores em início de carreira?

Marcus Garcia de Almeida: Não vou repetir aqui o clichê do “seja persistente, não desista, persevere e blá, blá, blá...”, mas prefiro dizer o seguinte. Se o chamamento para compartilhar com as pessoas suas ideias, pensamentos, sentimentos e visões de mundo, e isso tudo for efetivamente muito forte e realmente autêntico, ou seja, não é algo artificial que você está buscando apenas por um “modismo” ou por que acha que terá fama e essas coisas, então faça o que é preciso: tenha disciplina e escreva, com seu coração, mas tendo sempre sua mente como guia.

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho como escritor, palestrante, pedagogo e mentor? 

Marcus Garcia de Almeida: Os lançamentos estão na Amazon e podem ser acessados pelo site da Editora IDEÁRIO em www.idearios.com.br. Tem também meu site onde meus outros trabalhos podem ser conhecidos em www.marcusgarcia.com.br. Especificamente para quem estiver buscando adquirir “Acha que sou idiota? Uma crônica do mundo corporativo” ou quem prefira a versão em inglês “Do You Think I’m Stupid: A Chronicle of the Corporate World)”, pode acessar no link: https://bit.ly/3mG32sv 

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta? 

Marcus Garcia de Almeida: Sim, alguns. A coleção #péroladodia, por exemplo, planejada em 5 volumes está com o primeiro deles, intitulado REFLEXÃO, disponível e pode ser encontrado pelo link https://bit.ly/3gGerFK. VIDA será o título do segundo volume da coleção e é esperado para o segundo semestre de 2021 e promete muitas emoções. Outro trabalho que está no forno é “Uma Velha História”, este é um título provisório. É o primeiro romance de base histórica da Editora IDEÁRIO. Um verdadeiro desfile pelos recônditos das ilicitudes da mente humana e cuja história caminha por milênios de segredos. Seu autor é o marroquino Abu l-Malika Kamal.

Perguntas rápidas:

Um livro: Spartacus

Um ator ou atriz: Kirk Douglas

Um filme: Matrix, a trilogia

Um hobby: Cultivar plantas ornamentais

Um dia especial: Sempre que um novo livro é publicado. Este é um dia especial.


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quinta-feira, 13 de junho de 2019

O professor Marco Antonio Simões e o Projeto Ler!, por Cida Simka e Sérgio Simka

Professor Marco Antonio Simões - Foto divulgação
Fale-nos sobre você.

Sou graduado em Física, cujos estudos iniciei já decidido a ser professor. Assim, fiz mestrado em Educação, sob a orientação da cientista social Profa. Dra. Liana Maria Salvia Trindade. Por conta do meu contato profissional com tecnologia também, na época estudei como as novas mídias influenciam as práticas de leitura, ou seja, em que difere a absorção do texto pelo leitor, dependendo de seu suporte: papel, livro eletrônico, tablets etc.

Posteriormente concluí meu doutorado em Ciências Sociais pela PUC-SP, na área de Ciências da Religião, orientado pela antropóloga, Profa. Dra. Maria Helena Villas Boas Concone. Minha pesquisa se deu por conta de outra linha de interesse pessoal, e fiz um estudo comparativo das religiões na Alemanha, durante o regime nazista, e as várias estratégias de sobrevivência que adotaram.

Atualmente, de certo modo unindo essas áreas, atuo exclusivamente na área educacional ministrando disciplinas de Ciências Exatas, e pesquiso temas ligados à (delicada) fronteira ciência-espiritualidade.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre seus livros.

Meu trabalho de mestrado foi publicado pela Editora Terceira Margem, sob o título: História da Leitura: do papiro ao papel digital. Para entender como lemos hoje, conforme a sábia direção da minha orientadora, precisamos entender como líamos em diferentes épocas. Assim, o livro é uma análise da prática da leitura desde os primeiros registros escritos.

Com atuação intensa também na área do ensino de Cálculo, publiquei o livro Fundamentos de Cálculo: notas de aula, também pela Editora Terceira Margem, e, mais recentemente, Cálculo não é um bicho-de-sete-cabeças, em dois volumes, uma séria publicada pela Editora Ciência Moderna, coordenada pelo prof. Sérgio Simka.

Você idealizou e coordena o Projeto Ler! no Centro Universitário São Judas Tadeu - Campus Unimonte (Santos). Fale-nos sobre ele.

Aqui na USJT-Unimonte coordeno o Projeto Ler! desde 2015. Começou apenas com minhas turmas de Cálculo e Física, da escola de Engenharia. Eram cerca de 50 alunos. Com o tempo, turmas de outras escolas aqui do campus passaram a participar. Hoje, além da Engenharia, participam turmas das escolas de Pedagogia, Psicologia e Gastronomia, de modo que neste semestre temos cerca de 230 alunos no projeto. Ao todo, mais de 1000 alunos já participaram. Alguns dos títulos lidos se repetem, dependendo do best-seller da época, como A Culpa é das Estrelas, e O Caçador de Pipas, e também clássicos como 1984. Por outro lado, vários alunos leem mais de um livro. 

O que o motivou a desenvolvê-lo? 

Creio que são duas motivações. 

Primeiro porque sempre achei uma pena que tantos jovens (e não tão jovens), não tenham ainda descoberto o prazer e os benefícios da leitura. É incrível como algo tão ao nosso alcance como a leitura, que pode nos transportar a outros mundos e outras épocas, e que nos pode fazer ver a vida pelos olhos de outras pessoas, não seja algo praticado mais intensamente. Creio que não há pessoas que não gostem de ler – há pessoas que não descobriram que gostam de ler.

Há também o aspecto funcional. É comum entre os professores a observação de que os alunos “não entendem o enunciado”. E, bem mais grave que isso, a falta de leitura prejudica o desenvolvimento intelectual, a capacidade crítica e a capacidade de entender o mundo. Em qualquer área de atuação, ser um bom leitor é condição essencial para ser um bom profissional e um bom cidadão.

Como funciona o projeto?

Acho que o fato de ser simples ajuda muito na sua manutenção. No início das aulas, os alunos devem escolher um livro para ler durante o semestre. A escolha do título é livre, há apenas uma condição: deve ser uma obra literária. Quer dizer, não pode ser um livro técnico ou um documentário, por exemplo. Não é nenhum juízo de valor, mas a ideia é justamente ler uma obra que transporte o leitor para um universo em que ele possa exercitar a abstração.

Daí, no final do semestre, organizamos um sarau literário com duas partes. Sempre há um palestrante convidado da área de letras, com uma palestra sobre a prática da leitura. Aliás, neste semestre, temos o prazer de receber o prof. Sérgio Simka e a profa. Cida Simka, ambos autores e com atuação expressiva e reconhecida na área. Depois da palestra, os alunos, em grupos, falam entre si sobre como foi sua experiência de leitura. A ideia é que seja uma conversa descontraída, sem o encargo de ser uma apreciação técnica da obra.

Como um detalhe, já se tornou tradicional que a pipoca é liberada durante o evento. Assim, basicamente, o evento final consiste em, pelo menos, em uma noite, passar o tempo falando de livros e comendo pipoca... 

Os detalhes do projeto ficam na página http://masimoes.pro.br/livros/projeto-ler.html

O que os professores comentam sobre ele? 

Como mencionei, o projeto nasceu na escola de Engenharia, e foi depois ‘adotado’ pelas escolas de Pedagogia, Psicologia e Gastronomia. Não deixa de ser um movimento interessante. Os professores e coordenadores dessas áreas participam ativamente da organização e divulgação do evento. Há também um grande apoio da IES, na concessão de espaço físico e logística para sua realização.

Como tem sido a receptividade dos alunos? 

Tenho tido a alegria de, praticamente em cada semestre, ouvir mais de um aluno dizer que não tinha o hábito da leitura, mas que, com o projeto, “descobriu” como é bom ler. Vários já me disseram também que foi o primeiro livro inteiro que leram na vida! E, tempos depois de terem participado, muitos que me dizem que desde o projeto tornaram-se leitores habituais. 

Só isso já faz o projeto valer a pena.


Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Xeque-Matte, 2019). Integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.

Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a Série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Organizador dos livros Uma noite no castelo (Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Xeque-Matte, 2019). Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
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terça-feira, 8 de maio de 2018

O professor Luiz Alfredo Garcia e o livro “Teoria Musical – Estruturas Rítmicas, Melódicas e Harmônicas”

Luiz Garcia - Foto divulgação
O professor Luiz Garcia nasceu no Rio de Janeiro em 15 de janeiro de 1968, é compositor, violinista, arranjador, autor do livro “Teoria Musical – Estruturas Rítmicas, Melódicas e Harmônicas” foi professor do município do Rio de Janeiro e da Escola de Música Villa-Lobos. Foi regente da Camerata Guerra-Peixe da Escola de Música Villa-Lobos, participou da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFRJ e da Camerata do IBGE, fez recitais na França, na sala Cecília Meireles, Teatro Municipal de Niterói, Escola Nacional de Música e várias salas de espetáculos. Atualmente é membro do duo “Garcia/Perez” de violino e piano e é professor de prática musical na FAETEC. O professor LUIZ GARCIA tem experiência de mais de 30 anos na área. Prepara alunos para universidades, Ordem dos Músicos e demais instituições de música.

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?


Luiz Alfredo Garcia: Quando ainda dava aulas de teoria musical e harmonia na Escola de Música Villa-Lobos, senti a necessidade de dinamizar o método de ensino e de aprofundar o conhecimento dos alunos em relação a teoria musical, visto que essa matéria era enxergada por muitos alunos como pouco importante. Iniciei fazendo algumas apostilas, porém logo percebi que teria que me dedicar mais e inserir a questão didática nas apostilas. Com o passar do tempo e com minha tendência perfeccionista as apostilas se fundiram em um livro de mais 400 páginas e que nessa reedição revisada terá mais de 500 páginas.

Conexão Literatura: Você é autor do livro “Teoria Musical – Estruturas Rítmicas, Melódicas e Harmônicas”. Poderia comentar?

 
Luiz Alfredo Garcia: Procurei abordar o assunto “teoria musical” como uma matéria viva, dinâmica, pulsante, assim como a música. As pessoas têm que entender que a música está em eterno desenvolvimento e que a teoria musical também segue esse rumo. Nos concertos não se toca mais só música clássica, não se toca mais músicas escritas somente em um pentagrama. Existem infinitas possibilidades de notação musical, efeitos, instrumentos, timbres, variações rítmicas, tonais etc. que acabam por fazer a música de hoje se inserir também no campo da filosofia. É uma arte em movimento, não podemos deixar de ver isso. Obviamente nenhum livro consegue abranger todo conteúdo de uma matéria e o meu não seria diferente, entretanto busco ampliar os horizontes da teoria musical. Busco que o leitor entenda que a teoria musical não estacionou na época de Beethoven.

Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro?

Luiz Alfredo Garcia: Foram cinco anos de pesquisa e mais de 200 títulos pesquisados. Além disso podemos somar minha experiência na área. Não foi um trabalho fácil, creio que a parte mais trabalhosa foi a de classificar corretamente alguns assuntos. Sabemos que na teoria musical muitos assuntos são simplesmente deixados de lado ou explicados de forma não satisfatória. No mundo atual os leitores não aceitam mais imposições teóricas. O autor tem que apresentar bons motivos para que o leitor aceite aquela ideia. Seguindo esse pensamento tive que pesquisar todos esses títulos para poder cruzar as informações, filtrá-las e junto com o meu conhecimento e experiência chegar a um denominador comum.

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do qual você acha especial em seu livro?

Luiz Alfredo Garcia: Creio que o primeiro capítulo é fundamental por mostrar o verdadeiro intuito da obra, demonstrar que a música é viva e dinâmica. Outro fator que o primeiro capítulo mostra é que a obra está toda estruturada sobre os parâmetros do som: altura, intensidade, duração e timbre. Cada capítulo está relacionado a um desses parâmetros.
A visão de eterno desenvolvimento, da busca do novo também é demonstrada nesse capítulo. Essa busca também tem seu efeito contrário pois muitas vezes a afasta do povo. A música de concerto composta hoje em dia está muito distante do povo e por sua vez a escrita musical contemporânea está muito longe dos próprios músicos. Muitos músicos não entendem as pesquisas e composições feitas por compositores como Luciano Berio, Toru Takemitsu, Karlheinz Stockhausen, Jocy de Oliveira, Tato Taborda e outros. Precisamos pelo menos fazer os músicos, estudantes de músicas ou amantes da música entenderem que existe muita coisa além de Mozart, Chopin e Tchaikovsky, isso sem tirar o mérito desses grandes compositores.

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre o seu trabalho?

Luiz Alfredo Garcia: No momento estou em processo de revisão para a reedição do livro, mas a obra pode ser encontrada meu site. Ele remete ao site da editora. O interessante de o leitor entrar no meu site é que lá tem fotos do dia do lançamento, entrevista, depoimentos, currículo, contatos etc. O site é esse: https://gar-alfredo.wixsite.com/luizgarcia/livro

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?

Luiz Alfredo Garcia: Sim, estou escrevendo um livro sobre a vida do amigo e violinista João Daltro de Almeida, que foi spalla da Orquestra Sinfônica Brasileira. Esse livro é um projeto que faço junto com ele. Também vou preparar a segunda parte do livro ‘Teoria Musical – Estruturas Rítmicas, Melódicas e Harmônicas” que será apenas de exercícios. Além disso estou com um esboço de um outro livro sobre as escolas violinísticas.

Perguntas rápidas:

Um livro: Olhai os lírios do campo.
Um (a) autor (a): Machado de Assis
Um ator ou atriz: Barbra Streisand
Um filme: Quo Vadis
Um dia especial: Natal

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?


Luiz Alfredo Garcia: Sim. É preciso entender que a música é uma arte que necessita de grande dedicação e esforço cerebral intenso. Ninguém fica impune após estudar música, algo muda, a pessoa se torna mais consciente de suas capacidades e consegue ampliar seus horizontes. Poucos sabem que até mesmo para se passar para uma universidade de música no Brasil é necessário que se faça uma prova prático/teórica subdividida em no mínimo quatro itens: Prova teórica, solfejo melódico, leitura rítmica e execução do instrumento que domina. Nenhuma outra área estabelece esse nível de dificuldade para se entrar em uma universidade. Isso prova a seriedade e a dificuldade dessa arte. Estudar e escrever um livro sobre os alicerces da música é um esforço que requer muita concentração para não se passar informações erradas e que possam manchar uma arte milenar tão pura.
    Penso também que a sociedade atual tem a triste tendência de misturar arte criadora, arte pensada, elaborada cuidadosamente por pessoas esforçadas e muitas vezes com anos de estudo sobre a matéria, com espetáculo de mídia. Nem todos que sobem em um palco estão ali para pensar música, suas possibilidades de evolução, de escrita ou seu impacto atual no ser humano. Devemos saber dividir bem o que é música pensada de forma mais criativa, lógica e estudada e espetáculo de mídia. Não há melhor nem pior, apenas uma diferença que deve ser bem entendida. A discussão entre música apolínea e dionisíaca já foi esgotada por Nietzsche, resta apenas entendermos. Entendendo isso conseguiremos dar valor aos dois lados de forma mais equânime e assim a produção de livros como o meu seria uma constante fazendo com que a literatura musical se desenvolvesse mais no Brasil.
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sábado, 24 de fevereiro de 2018

8 citações impactantes de Mario Sergio Cortella

Mario Sergio Cortella - Foto divulgação
Mario Sergio Cortella é um dos maiores pensadores da atualidade. É Filósofo, escritor e professor brasileiro. Autor de livros de sucesso, como "A sorte segue a coragem!" e "Por que fazemos o que fazemos?".

1 - Ele (Paulo Freire) dizia que era pequeno, para poder crescer. Gente grande de verdade sabe que é pequeno e, por isso, cresce. Gente muito pequena acha que já é grande e o único modo de ela crescer é rebaixando os outros.
Mario Sergio Cortella

2 - Cuidado com gente que não tem dúvida. Gente que não tem dúvida não é capaz de inovar, de reinventar, não é capaz de fazer de outro modo. Gente que não tem dúvida só é capaz de repetir.
Mario Sergio Cortella

3 - Faça o teu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores, para fazer melhor ainda!
Mario Sergio Cortella

4 - Volto ao ponto: minha liberdade não acaba quando começa a do outro, ela acaba quando acaba a do outro.
Mario Sergio Cortella

5 - A vida já é curta, que ela não seja também pequena.
Mario Sergio Cortella

6 - Esse mundo que aí está foi feito por nós, portanto, pode ser por nós reinventado.
Mario Sergio Cortella

7 - É necessário fazer outras perguntas, ir atrás das indagações que produzem o novo saber, observar com outros olhares através da história pessoal e coletiva, evitando a empáfia daqueles e daquelas que supõem já estar de posse do conhecimento e da certeza.
Mario Sergio Cortella

8 - Raízes não são âncoras...
"Na vida, nós devemos ter raízes, e não âncoras. Raiz alimenta, âncora imobiliza. Quem tem âncoras vive apenas a nostalgia e não a saudade. Nostalgia é uma lembrança que dói, saudade é uma lembrança que alegra"
Mario Sergio Cortella
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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Egidio Trambaiolli Neto e o Ulisses através do espelho, por Sérgio Simka e Cida Simka

Egidio Trambaiolli - Foto divulgação
Egidio Trambaiolli Neto por ele mesmo.

Sou pedagogo com habilitação em magistério e administração escolar, licenciado em Ciências e Matemática, licenciado e bacharel em Química e pós-graduado em Bioquímica. Por imergir no universo do querer saber mais e mais e pelo desejo de compartilhar meu conhecimento fui tragado pelo grande atrator do cosmo literário, acabei por escrever meu primeiro livro em 1994 e, desde então, não parei. Após 24 anos nessa estrada, acabei por escrever e publicar 649 obras, dos mais variados temas, da literatura infantil ao romance, dos paradidáticos de Matemática aos didáticos de Química, dos quadrinhos aos textos de apoio pedagógico, de roteiros a robótica. Esse desafio eclético me motiva de tal ponto a no momento estar escrevendo seis obras ao mesmo tempo. Pode parecer maluquice, mas desenvolvi esse jeito de trabalhar: às vezes aquela ideia precisa de um pouquinho mais de maturação e outra, já está no ponto certo para continuar, nesse meio-tempo outra ideia surge, talvez seja por essa razão que eu tenha a produtividade que hoje me coloca como o segundo mais produtivo do mundo.

ENTREVISTA:

Você está lançando o livro “Ulisses através do espelho”. Fale-nos sobre ele.

Ulisses Através do Espelho é a continuidade do livro Ulisses no País das Maravelhas, que ao mesmo tempo é uma obra non sense, bem-humorada, mas de grande crítica social. A saga de Ulisses é uma releitura das obras de Lewis Carroll, com personagens do folclore e da cultura brasileira, tudo começa com a troca de Alice, uma inglesinha, rica, loura, de olhos azuis, por Ulisses, um brasileirinho, negro e de origem humilde, que inicia a história na forma adulta, trabalhando como um técnico de manutenção de eletrodoméstico que é tragado por uma máquina de lavar roupas e jogado no mundo das Maravelhas, as quatro irmãs chamadas Mara, que são velhas, as filhas da Rainha de Copas que herdaram o reino visitado por Alice. Quando Ulisses chega ao reino das Maravelhas volta a ser um pré-adolescente e encontra vários personagens malucos: um tiranossauro baiano que dança axé, um tatu gaúcho, um tamanduá diabético, uma dupla caipira, um costureiro maluco (não temos chapeleiros por aqui, rsrsrsrs) e um grupo de sacis pra lá de traquinas, tem desde um capitão de cavalaria de sacis (imagine um saci montando a cavalo), até um campeão de arrotos. Já na saga de Ulisses Através do Espelho, Ulisses retorna para salvar seus amigos sacis que se apaixonam pelas princesas dos contos de fadas e abandonam suas sacizinhas. Mas está tudo de ponta-cabeça, Rapunzel, por exemplo, não fica em uma torre no meio da floresta, na verdade ela fica em uma casa em cima de um pau de sebo, no meio de uma festa junina, ela tem tranças, sarda no rosto, usa chapéu de palha e ainda tem um sotaque caipira. No meio de todos esses personagens ainda surgem outros mais, como o pé de garrafa, a loira do banheiro, cabeça de cuia, ET de Varginha, sanguanel, bernunça, mapinguari e muitos outros que, apesar de fazerem parte de nosso folclore, são desconhecidos pelo povo. Aí você me pergunta. E por que tanta mistura? A resposta está na imposição que vivemos da cultura de outras nações que está sufocando nosso folclore, importamos os Marveis e os Disney americanos, os mangás e animes japoneses, príncipes e bruxos europeus e nos esquecemos de nossos personagens tão ricos. Essa é a crítica! Daqui a pouco a obra de Lobato será transformada em Sítio do Picachu Amarelo. Não dá, né?

Você escreveu 649 livros publicados por diversas editoras. Como é o seu processo de criação? Quanto tempo leva para escrever um livro? Qual a obra que vendeu mais? E qual é a que deu mais satisfação (tanto pela receptividade do público quanto pelo fato de ter escrito)?

Apesar de ser um número impressionante até para a minha pessoa, não corri atrás dessa marca, durante muito tempo desenvolvi várias publicações para atendimento de mercado que se renovavam a cada ano, seria algo como produzir uma publicação a cada dez dias, isso se arrastou por onze anos, seria como se produzisse para uma banca de jornal, mas na verdade era para um projeto educacional que era distribuído nas escolas. Com isso, acabei expandindo horizontes, abrindo espaço em outras editoras e hoje tenho obras publicadas por treze editoras. Em alguns casos, a criação vem da inspiração, em outros, da transpiração, a partir de temas, por encomenda. Recentemente fiz trabalhos com o tema bullying, pesquisei muito a respeito, li vários livros e, por fim, fiz 12 volumes para atendimento em escolas sobre o tema. Já outros são criados a partir do clique inspirador, a partir de temas diversos, como o último livro que escrevi para uma editora, eu queria escrever algo sobre os autistas para o público pré-adolescente, que destila o veneno do bullying sobre essas pessoas. Eu mesmo me surpreendi com a vastidão desse universo. O curioso é que alguns livros são escritos de uma vez, dependendo do número de páginas, levam um, dois, três dias ou até um, dois, três meses; em contrapartida, há aqueles que levam anos, pois o autor tem um incômodo que não o deixa liberar a obra enquanto ela não estiver bem maturada, por isso, é bem variável. Algumas das obras que escrevi tiveram desempenhos maravilhosos: no campo dos paradidáticos: Alimentos em Pratos Limpos, que lancei pela Atual-Saraiva; O Contador de Histórias e Outras Histórias da Matemática, que lancei pela FTD e Vitrúvio para Crianças, que lancei pela Uirapuru são exemplos; mas em se tratando de literatura, Histórias de Valor, que lancei pela Cortez, Pinóquio do Asfalto e Ulisses no País das Maravelhas que lancei pela Uirapuru sem dúvidas estão entre os mais vendidos. Quanto à satisfação... Essa é uma pergunta difícil! É igual dizer qual filho você gosta mais. Mas certamente os livros nascidos da inspiração são os que mais dão satisfação, Histórias de Valor, Pinóquio do Asfalto e a saga de Ulisses são os que mais me trazem feedbacks deliciosos, pois é perceptível o envolvimento do leitor.

Por que resolveu abrir a Editora Uirapuru? Por que o mote “Trabalhar com valores humanos é a nossa especialidade”? O catálogo é composto por quantos títulos?


Decidi abrir a Editora Uirapuru porque queria inovar o mercado que muitas vezes é movido pelo embalo. Por exemplo, quando foi lançado um livro sobre vampiros que fez sucesso, todas as outras editoras correram atrás de lançar similares e isso é uma tendência, vieram as ondas dos bruxos, dos hoties, dos super-heróis. Nossa proposta não é essa, não queremos seguir modinhas, não temos intenções de copiar, mas de criar, inovar, resgatar memórias, fazer diferente.  Nosso mote surgiu dessa inspiração, pois a ideia de fazer diferente não bastava, tinha de ser diferente, mas com valor humanista, social e de importância histórica. Daí, nosso slogan. Hoje nosso catálogo está com aproximadamente 150 títulos, mas há muitos em produção, quem sabe 2018 não termine com 200 títulos? Há expectativas.

Como é ser editor em um país como o nosso? Recebe quantos originais por mês? Como se dá o processo de publicação?

Ser editor no Brasil é uma luta, o brasileiro não lê, prefere músicas vazias e laxantes (com o perdão da palavra), folhetins de péssima qualidade traduzidos para a linguagem televisiva e programas de reality-shows em que o sexo e a violência dão a toada. Tudo isso desativa o cérebro pensante, torna-o letárgico e pouco produtivo: a massa crítica brasileira está atrofiando. Vivemos a era do Curral Nacional, por isso, o livro é caro, fecham-se livrarias com tanta frequência e a resposta é pequena. Hoje o que mais se vende são livros de youtubers, com conteúdos pobres e muitas vezes (põe muitas) inúteis. É caótico! Pelo menos alguns leitores persistem e são seletivos. Em média são de 20 a 30 originais que recebemos por mês, muitos são repetitivos, com temas desgastados, outros até bem escritos, mas fora de nossa linha editorial, e claro, recebemos textos excelentes e outros muito ruins. Em um ano, conseguimos selecionar no máximo cinco títulos que se adequam à nossa proposta, mas aí entra outra etapa que é o momento propício do mercado, que pode ser desde um período olímpico, ou até uma época do ano, como o Natal. São muitas as variáveis, por isso, precisa-se planejar: editar, revisar, preparar, ilustrar e diagramar para que a obra esteja pronta na data certa, no período certo. Às vezes, um atraso reflete em um ano de espera para o lançamento. De nada adianta lançar um livro sobre o tema Carnaval na Semana Santa, ou lançar um livro para adoção em escolas no começo do ano, a essas alturas os pais já estão com as listas de materiais, comprando os livros. Um livro tem que começar a ser trabalhado um ano antes do lançamento, caso contrário, vira correria, atropelo e a Lei de Murphy se faz valer.

Você também é professor. Como analisa a profissão? Ainda vale a pena?

Quem gosta do ofício não se entrega. O problema é que cada vez mais as crianças chegam mais destruídas pela mídia, volto a criticar a qualidade musical de hoje em dia que é proliferada pelas mídias, as letras são ruins, eu diria até de certa forma criminosas, pois alienam, vulgarizam, idiotizam. Se você coloca um verso de Fernando Pessoa eles rebatem com a letra de uma funkeira da moda, ou de um sertanejo que se acha o garanhão. É lamentável. A escola precisa ser repensada, há muito o que fazer, mas a vontade política não existe, quanto menos pensante for o cidadão, melhor para a alienação. Mas sempre valerá a pena, cada alma salva do purgatório é uma vitória, que dirá do inferno. Você pode ter certeza de que meus comentários serão criticados, mas não posso pactuar da passividade do massacre à nossa cultura.

Como vê a questão da leitura em um país que não lê? Existe alguma receita para que as pessoas adquiram o hábito de ler?

Isso dói demais, quando falo de Curral Nacional estou falando da passividade, as pessoas discutem as opiniões de outras pessoas como se fossem verdades absolutas. Se um diz que político A é um santo, um bando de alienados diz amém. Aí descobre-se que ele não é santo e as pessoas se defendem dizendo que pelo menos não votou no político B porque a mídia diz que ele não é bom. Não existe opinião construída por si só. Isso se dá porque não há senso crítico se não há leitura, não há reflexão, se não há reflexão não há crescimento ou luta pelos direitos. O reflexo está no "comodismo" do povo brasileiro em relação aos mandos e desmandos dos políticos brasileiros. Acho que a solução para o hábito de leitura vem da busca por cultura, é preciso criar o hábito de ir ao teatro, ir ao cinema para ver filmes com conteúdo, participar de grupos literários, ir a bibliotecas, assistir a palestras temáticas, instigar a curiosidade leitora, ouvir músicas de qualidade, enfim, é preciso fazer o cérebro pensar, levá-lo para a academia do conhecimento. Não se faz leitura por osmose, é necessário ter prazer e sentir-se engrandecido por alimentar o conhecimento pessoal.

O que está escrevendo atualmente?

 Atualmente estou escrevendo seis títulos, a continuidade da saga Ulisses; o segundo livro de O Semideus, o primeiro sairá este ano; uma releitura de Peter Pan; uma ficção infantojuvenil com contexto medieval; e duas literaturas para crianças de diferentes faixas etárias... Mas já estou pensando em outros rsrsrs.

*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2106), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
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