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sexta-feira, 29 de março de 2019

Sobre o Conto Amor & Cia, de Robert Sheckley


*Por Roberto Fiori 

Kazanga IV era um planeta agrícola, onde Alfred Simon cultivava trigo e passava os longos crepúsculos de Verão ouvindo canções de amor da velha Terra. As garotas no planeta eram alegres e despreocupadas, encarando o amor como divertimento. Mas era só divertimento, nada absolutamente sério. Não havia romantismo.

Simon encontrou um vendedor de artigos de todos os mundos colonizados pelos terrestres, uma vez. Ele veio em uma nave, trazendo notícias de todos os planetas. Em Detroit I e Detroit II havia uma guerra econômica. Em Alana, os preços do peixe. O preço da roupa da mulher do presidente de Moracia e a língua estranha falada pelos habitantes de Doran V.

Mas na Terra tudo era possível, nada era proibido. Proibia-se a proibição... O amor, podia-se encontrá-lo lá, facilmente, era um artigo como não se encontrava em nenhum outro mundo colonizado. Alfred economizou cada centavo, vendeu sua granja e partiu para o planeta-mãe. Era lá que encontraria o que procurava.

Na Terra, ao chegar, foi advertido do perigo dos pivetes, ladrões e assaltantes. Por isso, segurou firme sua mala de viagem. Havia cinemas, com filmes em duas, três e quatro dimensões. Ficou tentado a entrar em um deles. Nele, passava um filme chamado “Tarzan contra as Mulheres-Vampiro de Saturno”. Simon havia ouvido falar do herói Tarzan, antes. Mas ouviu tiros vindos de trás. Era uma barraca de tiro-ao-alvo. Os alvos eram mulheres e, como na Terra tudo era permitido, podia-se atirar nas pessoas, também. Essas mulheres, na barraca, incentivaram Simon a atirar nelas. Recusando-se, determinado, Alfred ouviu do dono da barraca: “Você pode atirar em mim, também, por um preço razoável!” Simon saiu de lá e foi para um bar, incomodado.

Um homem começou a apregoar seus serviços de vendedor. Alfred poderia participar de guerras. Havia seis delas ocorrendo na Terra, no momento. Eram guerras reais, autênticas, nada de simulações. Como o estrangeiro dissesse “não”, ele passou a apregoar um artigo que estava sempre sendo procurado: o amor. A dois quarteirões, subindo a Broadway, havia a firma “Amor & Cia”, que garantia que arranjava amor legítimo, sem enganações. Chegando lá, Alfred Simon tinha apenas de dizer que Joe fora quem o enviara.

No escritório de “Amor & Cia”, um homem grisalho o atendeu, Tate. Garantiu que a firma era a maior e melhor concorrente de “Paixão”, outra empresa vendedora do amor. Mas “Amor & Cia” vendia produtos autênticos, elaborados por laboratórios científicos da mais alta categoria. Havia muito do que se dizia nas brochuras de publicidade: “abraços apaixonados sob um luar que enlouquece” e “os corpos na extensão escura de uma praia, repletos de amor e rodeados do tumulto das ondas”.

Mas não se tratava de uma comédia de amor, de um teatro. Isso se obtinha a um preço exorbitante, mas naquela empresa comercializava-se o amor no sentido mais real possível. E Tate fez entrar no escritório uma garota morena e magra, que tentou falar, mas não o conseguiu. A senhorita Penny Bright. Bastou a Simon olhar para seu rosto para sentir a química fluindo entre eles. Lágrimas afloraram aos olhos de ambos e Alfred e Penny saíram de braços dados.

Um foguete levou-os a uma “villa”, à beira de um penhasco que dava para o oceano. Lá, passaram muitas horas a conversar, rir e a amar. No poente, Alfred viu sua querida sob os raios escarlates, como se ardesse em fogo. No crepúsculo, ela o olhou com grandes olhos azuis e ofereceu-lhe seu corpo maravilhoso. E, desesperada, bateu-lhe no peito com as mãos, chorando. Simon também chorou, sem saber o porquê. Na aurora que veio, seus corpos estavam colados, os lábios apertados um no outro.

Voltando a “Amor & Cia”, Alfred Simon desejava desposar Penny. Haviam passado um dia e uma noite de suspiros e encantamento, e Simon se apaixonara por ela. Tate falou que isso era impossível, o casamento com Penny, mas poderia ver se arranjava uma virgem para ele, para que se casassem...

Simon quis saber por que Penny voltara para a empresa, sem o avisar. Isso, o senhor Tate falou, é o que as ordens pós-hipnóticas exigiam. E que agora ela estaria caindo de amores por um outro homem qualquer, e que estava sendo muito bem remunerada para isso. Era o contrato que ela havia assinado com a “Amor & Cia”, isso era mais que claro, e...

Alfred partiu para cima de Tate, buscando seu pescoço. Foi retirado de lá por outros dois funcionários, que haviam entrado no escritório no mesmo momento. Fora da empresa, Alfred caminhou pelas ruas, pensando em fugir da Terra, onde as coisas supérfluas, todas elas, estavam à venda. Mas, então, regressou à barraca de tiro-ao-alvo.

— Tente sua sorte — convidou o dono do estande de tiro.

— Coloque-as todas sobre o estrado — disse Alfred, preparando-se.

Esse conto um tanto perverso, “Amor e Cia”, do escritor Robert Sheckley, publicado na antologia “Amor, Dimensão 5”, das Edições GRD (editada por Gumercindo Rocha Dorea e José Sanz, com tradução de Sanz), pode ser visto como uma projeção do que está ocorrendo hoje, em nosso planeta, em cada uma de nossas cidades.

A comercialização de tudo o que existe, desde alimentos, roupas e móveis, até o sexo, pode ser vista como uma consequência dos meios de comunicação e da mídia, como a Internet. Antes do advento da Internet já se vendia tudo o que se imaginasse, e a televisão, os jornais e as revistas eram os principais meio de divulgação desses artigos, quer fossem supérfluos, quer fossem de primeira necessidade.

A vida do homem moderno foi muito facilitada, por um lado, pela Informática e os computadores, em se tratando da facilidade com que se compra objetos de uso pessoal, ou mesmo do aprendizado e da coleta de informações, visto que a Internet é, em suma, um reservatório de conhecimento. Essa não era a intenção original dos criadores da Internet, no CERN, ou o centro de pesquisas onde se encontra o LHC, o maior e mais potente acelerador de partículas do mundo. Os cientistas de lá tinham como objetivo o compartilhamento restrito de informações e descobertas que eram feitas ao seu domínio, os laboratórios de pesquisa. O CERN é imenso, possui quilômetros quadrados de instalações, e os físicos e matemáticos que lá trabalham precisavam ter acesso aos milhares de informações que surgiam a cada dia, através dos experimentos científicos de ponta.

A Internet passou a ser de domínio público, em pouco tempo. A profecia de escritores de Ficção Científica, como Isaac Asimov, onde eles imaginavam uma sociedade avançada o suficiente para dividir a sabedoria de poucos pelos bilhões de usuários da rede, tinha sido alcançada.

Porém, questões como o direito de se mostrar tudo, na Internet, não foi combatida. Hoje, todos têm acesso a todo tipo de informação, imagem, vídeo, a todas as formas de propaganda, não importando se são moralmente aceitas ou se são proibidas pelo senso comum.

Robert Sheckley (1928-2005) foi um escritor norte-americano de Ficção Científica, colaborador regular da revista Galaxy nos anos de 1950. Foi conhecido por suas histórias de rápido raciocínio, imprevisíveis e de largo senso de humor. Venceu o Prêmio Hugo de Ficção Científica pelo romance “The Time Killers” (conhecido por “Immortality, Inc.”, transposto para o cinema como “Os Imortais” (“The Immortals”, com Mick Jagger, Emilio Esteves e Anthony Hopkins).

Faleceu em 2005, em decorrência de um aneurisma cerebral.


*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem.

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
Pelo site da Amazon: Clique aqui.
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