Manuel Filho - Foto: Deivid Almeida (Cidade da Criança) |
Nesta entrevista exclusiva, o renomado escritor Manuel Filho fala sobre seu livro recém-lançado: “O menino que queria ser prefeito”.
Manuel filho, agraciado com o prêmio JABUTI 2008, possui mais de 40 livros publicados por editoras como Melhoramentos, Ática, Saraiva, Editora do Brasil, Panda Books, Mundo Mirim, Prumo, Paulus, BesouroBox, Escala Educacional, entre outras.
Escreveu o livro MMMMM, MÔNICA E O MENINO MALUQUINHO NA MONTANHA MÁGICA, que foi ilustrado por Ziraldo e Maurício de Sousa. Trata-se do primeiro livro que uniu as turmas da Mônica e do Menino Maluquinho.
Para mais informações, acesse o site do escritor: http://manuelfilho.wixsite.com/manuel-filho
Você acaba de publicar o livro “O menino que queria ser prefeito”. Como foi o processo de elaboração até o produto final?
O processo de criação de O MENINO QUE QUERIA SER PREFEITO, Editora do Brasil, foi bastante intenso. Trata-se do primeiro livro de ficção que escrevi que se passa na minha cidade natal, São Bernardo do Campo (SP). Isso se reveste de tremenda importância, pois precisei lidar com antigas memórias, da infância.
Há muito de biográfico na obra, mas a maior parte foi realmente inspirada nos múltiplos acontecimentos da época. Eu situei a história no ano de 1979, que foi impactante na cultura nacional. Foi o ano do início da “abertura política” e o Ano Internacional da Criança.
Eu inscrevi o projeto do livro no Proac-SP de 2016 e, felizmente, fui contemplado. O prêmio me permitiu intensificar minha pesquisa, que durou cerca de dez meses. Na verdade, foi muito mais do que isso, eu diria que se trata de uma pesquisa de uma vida inteira.
Na sequência, eu decidi que gostaria de entrevistar as crianças que exerceram o cargo de prefeito mirim na Cidade da Criança. Com o apoio do excelente Centro de Memória de São Bernardo do Campo, eu consegui efetivar um vasto levantamento do histórico do parque, que é o primeiro temático da América Latina, e os nomes dos prefeitinhos.
De posse desses dados, comecei a fazer uma longa busca atrás das então “crianças”. Foram 17 crianças eleitas. Eu localizei 13, um já falecido, e entrevistei todos eles. Trata-se de material extremamente valioso, que tem sido disponibilizado no Youtube, que conta a história dos anos de chumbo a partir do olhar de crianças, que recebiam votos por um cargo executivo, algo praticamente inviável durante a ditadura.
E, assim, nasceu o livro no qual misturo fatos reais, biográficos e ficcionais. Permite, igualmente, que os jovens leitores possam refletir sobre o processo eleitoral e sua importância ao longo dos tempos.
Como analisa o trabalho de escritor em um país que dá pouca importância à leitura?
Mais do que nunca, trata-se de trabalho fundamental. As pessoas atualmente têm pouca percepção da dimensão das histórias, mas estamos cercados por elas diariamente.
Desde a Antiguidade temos sido encantados pelos contos de tradição oral e foi assim que diversos deles chegaram até nós.
Nosso imaginário, realidade e cultura são povoados pelas narrativas que escutamos em cada dia seja pelo rádio, TV ou internet. No fundo, somos todos contadores de histórias.
Diante desse quadro, torna-se necessário despertar a consciência de que nossos caminhos pela vida são guiados pelas histórias que conhecemos, portanto, é importante selecioná-las com cuidado, buscar fontes variadas e conhecer outros pontos de vista.
O escritor sempre será relevante por apresentar as histórias como arte. Há aqueles que transcendem, que se tornam permanentes como Shakespeare, Guimarães Rosa, Julio Verne, Machado de Assis e Clarice Lispector. Suas obras, por tratarem intensamente do lado humano, nos deixaram um legado que, permanentemente, poderá ser revisitado e inserido em nossa vida cotidiana.
Pobre do país que dá pouca importância à leitura. Esse é melhor o caminho, por muitas vezes objetivado, de manter o povo na ignorância e como massa de manobra para os mais nefastos projetos.
*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017). Integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
Manuel filho, agraciado com o prêmio JABUTI 2008, possui mais de 40 livros publicados por editoras como Melhoramentos, Ática, Saraiva, Editora do Brasil, Panda Books, Mundo Mirim, Prumo, Paulus, BesouroBox, Escala Educacional, entre outras.
Escreveu o livro MMMMM, MÔNICA E O MENINO MALUQUINHO NA MONTANHA MÁGICA, que foi ilustrado por Ziraldo e Maurício de Sousa. Trata-se do primeiro livro que uniu as turmas da Mônica e do Menino Maluquinho.
Para mais informações, acesse o site do escritor: http://manuelfilho.wixsite.com/manuel-filho
Você acaba de publicar o livro “O menino que queria ser prefeito”. Como foi o processo de elaboração até o produto final?
O processo de criação de O MENINO QUE QUERIA SER PREFEITO, Editora do Brasil, foi bastante intenso. Trata-se do primeiro livro de ficção que escrevi que se passa na minha cidade natal, São Bernardo do Campo (SP). Isso se reveste de tremenda importância, pois precisei lidar com antigas memórias, da infância.
Há muito de biográfico na obra, mas a maior parte foi realmente inspirada nos múltiplos acontecimentos da época. Eu situei a história no ano de 1979, que foi impactante na cultura nacional. Foi o ano do início da “abertura política” e o Ano Internacional da Criança.
Eu inscrevi o projeto do livro no Proac-SP de 2016 e, felizmente, fui contemplado. O prêmio me permitiu intensificar minha pesquisa, que durou cerca de dez meses. Na verdade, foi muito mais do que isso, eu diria que se trata de uma pesquisa de uma vida inteira.
Na sequência, eu decidi que gostaria de entrevistar as crianças que exerceram o cargo de prefeito mirim na Cidade da Criança. Com o apoio do excelente Centro de Memória de São Bernardo do Campo, eu consegui efetivar um vasto levantamento do histórico do parque, que é o primeiro temático da América Latina, e os nomes dos prefeitinhos.
De posse desses dados, comecei a fazer uma longa busca atrás das então “crianças”. Foram 17 crianças eleitas. Eu localizei 13, um já falecido, e entrevistei todos eles. Trata-se de material extremamente valioso, que tem sido disponibilizado no Youtube, que conta a história dos anos de chumbo a partir do olhar de crianças, que recebiam votos por um cargo executivo, algo praticamente inviável durante a ditadura.
E, assim, nasceu o livro no qual misturo fatos reais, biográficos e ficcionais. Permite, igualmente, que os jovens leitores possam refletir sobre o processo eleitoral e sua importância ao longo dos tempos.
Como analisa o trabalho de escritor em um país que dá pouca importância à leitura?
Mais do que nunca, trata-se de trabalho fundamental. As pessoas atualmente têm pouca percepção da dimensão das histórias, mas estamos cercados por elas diariamente.
Desde a Antiguidade temos sido encantados pelos contos de tradição oral e foi assim que diversos deles chegaram até nós.
Nosso imaginário, realidade e cultura são povoados pelas narrativas que escutamos em cada dia seja pelo rádio, TV ou internet. No fundo, somos todos contadores de histórias.
Diante desse quadro, torna-se necessário despertar a consciência de que nossos caminhos pela vida são guiados pelas histórias que conhecemos, portanto, é importante selecioná-las com cuidado, buscar fontes variadas e conhecer outros pontos de vista.
O escritor sempre será relevante por apresentar as histórias como arte. Há aqueles que transcendem, que se tornam permanentes como Shakespeare, Guimarães Rosa, Julio Verne, Machado de Assis e Clarice Lispector. Suas obras, por tratarem intensamente do lado humano, nos deixaram um legado que, permanentemente, poderá ser revisitado e inserido em nossa vida cotidiana.
Pobre do país que dá pouca importância à leitura. Esse é melhor o caminho, por muitas vezes objetivado, de manter o povo na ignorância e como massa de manobra para os mais nefastos projetos.
*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017). Integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.