João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111
Querido(a) leitor(a)! Nossa nova edição está novamente megaespecial e destaca João Barone, baterista da banda Os Paralamas do Sucesso. Bar...
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022
sexta-feira, 14 de janeiro de 2022
Mais forte que a vingança
Mais forte
que a vingança (Jeremiah Johnson no original) não é só uma boa obra
cinematográfica, mas um filme que tem uma atração a mais para os fãs de
quadrinhos: foi ele que serviu de inspiração para a série de faroeste Ken
Parker. Inclusive a fase inicial na revista o personagem é exatamente igual a
Robert Redford, como aparece no filme.
A produção
reúne nomes de peso: Na direção, Sydney Pollack e no roteiro, Edward Anhalt e
John Milius, este último responsável pelos sucessos Hair e Amadeus.
Na
história, um veterano da guerra entre México e EUA resolve abandonar a
sociedade e se internar nas montanhas, transformando-se em um caçador de peles
(para quem leu desde os primeiros números, essa era a profissão de Ken Parker
no início). No caminho, ele conhece um velho e divertido caçador, que o ensina
os segredos da caçada. Depois encontra uma família que foi assassinada e só
sobraram a mulher enlouquecida e o filho. Sem alternativa, leva o menino
consigo. Ele acaba se casando com uma índia e a nova família fixa residência
próximo a um rio. Mas esse idílio irá logo ter um fim: ao ser convocado pelo
exército para ser guia de uma expedição que irá salvar colonos, ele acaba
passando pelo meio de um cemitério indígena. Como vingança, os nativos
exterminam sua família.
O filme
passa longe de ser um faroeste clássico. Ao contrário: tem todo o clima de
drama humano que ficaria tão famoso em Ken parker. Os índios também não são
mostrados como simples vilões unidimensionais, como na maioria dos faroestes.
Suas crenças, costumes e variedade de etnias são retratados no filme. E a
relação de Jeremiah Johnson com sua esposa índia é mostrada de forma terna e
poética.
Ajuda
muito no clima do filme a ótima trilha. Há cenas inteiras que são narradas
apenas com imagens e músicas visualmente e musicalmente e são boa parte do
charme da produção.
Esse é,
portanto, um faroeste da década de 1970, quando muitos dos cânones do gênero
foram colocados em xeque e diretores trouxeram uma nova sensibilidade.
O filme
pode ser assistido na íntegra no Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=A70bi8ahLj8&feature=youtu.be&fbclid=IwAR0zFwf_gJ2gFd2x7fj--dUpP5cPzUiVI_rucZCTWUaD4QlAAX73-2tUB8k
segunda-feira, 9 de agosto de 2021
Cabano, personagem de Gian Danton, vira série de quadrinhos
Na série, o Cabano está fugindo da perseguição imperial quando se depara com os principais seres mitológicos da Amazônia. É uma mistura de espada e magia (no estilo Conan) com terror.
A primeira história foi publicada na revista Mestres do Terror 75 e foi tema da capa. A revista pode ser pedida pelo e-mail revistacalafrio@gmail.com.
sábado, 17 de julho de 2021
Homem-aranha vs Capitão Britânia
Marvel Team UP era uma publicação da Marvel que mostrava encontros entre heróis Marvel. Entre as várias equipes criativas que assumiram o título, sem dúvida a mais célebre foi a do roteirista Chirs Claremont e do desenhista John Byrne.
Ótimo exemplo dessa dupla afinada foi o encontro
do Homem-aranha com o Capitão Britânia, publicada no número 65 e 66 da revista,
em 1977.
Na história, Peter Parker recebe em sua casa um
estudante inglês, Brian Braddock, que é ninguém menos que o herói britânico.
Depois de uma luta entre os dois ocasionada por um equívoco (parece haver uma
regra na Marvel: toda vez que dois heróis encontram, eles primeiro devem
brigar), eles se deparam com uma ameaça terrível: o Mundo assassino do vilão
Arcade.
Criado nessa história, Arcade é um jovem rico
que, entediado, resolve criar um parque de diversões para testar vários heróis
da Marvel.
Os dois heróis são colocados em bolas
transparentes e introduzidos em um fliperama gigantesco. Depois se deparam com
os mais diversos tipos de ameaças, todas baseadas na ideia de um parque de
diversões mortal.
Era uma ideia que de fato funcionava – tanto que
a dupla ia retornar o vilão numa história dos X-men, pois permitia ação
ininterrupta.
Se Chris Claremont era bom ao trabalhar com
diversos personagens, Byrne era ótimo com ação. A junção dos dois fez com que
essa história se tornasse um clássico.
No Brasil essa história foi publicada em
Homem-aranha 38 e na coleção de Graphic Novels Marvel da Salvat (também no
número 38).
quinta-feira, 24 de junho de 2021
Shazam e a sociedade dos monstros
Jeff Smith é um dos grandes nomes do quadrinho
alternativo norte-americano. Seu personagem Bone foi publicada por 13 anos e
ganhou diversos prêmios. Fortemente influenciado por quadrinistas com uma
pegada cartunística, como Walt Kelly, de Pogo, ele parecia a pessoa perfeita
para trazer de volta o herói Capitão Marvel, o personagem de maior sucesso da
era de ouro dos super-heróis.
Smith simplesmente acerta em tudo: da
representação visual dos personagens ao roteiro inteligente e, ao mesmo tempo
simples, quase ingênuo.
Na história, Billy Batson recebe os poderes que
o transformam no poderoso Capitão Marvel, mas, inadevertidamente, traz para
nossa realidade um perigo terrível: o poderoso Cérebro e três robôs gigantes
cujo objetivo é destruir a humanidade.
Smith consegue emular perfeitamente o traço de
CC Beck (o desenhista original do Capitão Marvel) em sua simplicidade e
elegância. A pegada cartunistica do autor ajuda muito nessa hora, inclusive
quando aparecem personagens como crocodilos humanizados.
No roteiro, ele mantém muito dos elementos da
história original, mas modifica outros: Malhado passa a ser um homem que tem
poder de se transformar em felino, Dr. Silvana torna-se um político corrupto e
o Senhor Cérebro deixa de ser uma minhoca para se tornar uma cobra.
A junção de tudo isso é uma HQ terna, divertida
e, ao mesmo tempo, empolgante.
sexta-feira, 7 de maio de 2021
Capitão América de John Byrne
No início da década de 1980, a Marvel resolveu
trocar a equipe do título do Capitão América. Para desenhar chamaram uma
estrela em ascensão na editora, John Byrne. Para escrever, colocaram o próprio
editor do título Roger Stern, um estreante nos roteiros.
Essas histórias marcaram época e foram reunidas
no volume sete da coleção Os heróis mais poderosos da Marvel.
A dupla começa desfazendo uma cagada de
roteiristas anteriores, segundo os quais, na verdade o personagem era
descendente de aristocratas, e não um garoto pobre de Nova York na época da
recessão.
A primeira história é justamente o Capitão
achando seu diário na Shield e descobrindo que a história da família
aristocrata eram memórias falsas implantadas pelo governo norte-americano para
proteger sua verdadeira identidade caso ele fosse aprisionado. Enquanto isso,
Barão Strucker foge da prisão e invade a Shield com o objetivo de matar o
sentinela da liberdade.
Posteriormente o Capitão enfrenta o
Homem-dragão e Mecanus e depois impede que Mister Hyde destrua Nova York. Nesse
meio tempo ainda encontra tempo para abdicar de ser candidato à presidência.
John Byrne parecia à vontade desenhando o
Capitão, um personagem criado pelo seu ídolo, Jack Kirby (eu me pergunto porque
a Marvel não deu o personagem para o Byrne quando ele já estava famoso). Roger
Stern, no entanto, nem sempre se saía bem. Ele exagerava no texto, muitas vezes
deixando pouco espaço para os desenhos. Sua caracterização do personagem, no
entanto, era perfeita: justo, honrado, democrata, um verdadeiro exemplo a ser
seguido. Stern também introduz uma personagem nova, Bernie Rosenthal, uma das
primeiras personagens dos quadrinhos declaradamente judias – e que viria a ser
melhor desenvolvida por JM DeMatteis na fase seguinte.
Mas a história realmente engrena quando começa
a saga hoje conhecida como “Seu ódio se chama sangue”. Não por acaso, essas
histórias são co-roteirizadas por John Byrne, que aqui ganha espaço para
mostrar o ótimo narrador gráfico que iria se revelar.
Na trama, o Capitão viaja para a Inglaterra a
pedido de Union Jack, um velho amigo dos tempos do grupo Os invasores. Ali
estão acontecendo vários assassinatos e o velho herói acha que são obra de seu
irmão, o vampiro nazista Barão Sangue. A história é cheia de ação e
reviravoltas. E tem John Byrne em ótima forma. A capa que ele faz para o número
254 da revista, com o vampiro pulando sobre o Capitão enquanto o envelhecido
Union Jack tenta se levantar da cadeira de rodas é simplesmente memorável e
resumia muito bem todas as maiores qualidade da série.
Infelizmente, Roger Stern brigou com o chefão
da Marvel, Jim Shooter, e saiu da série. A razão é que Stern queria desenvolver
tramas mais complexas para o Capitão e Shotter queria que as sagas não se
alongassem muito. E, Byrne se concentrou nos X-men, que o tornariam a grande
estrela do mercado americano.
Entretanto, essa série é até hoje apontada como
um dos melhores momentos do personagem.
sexta-feira, 23 de abril de 2021
Super-homem vs Apocalypse; a revanche
Na década de 1990 até o Super-homem, o mais
antigo super-herói, precisava ser descolado. E o que significava ser descolado?
Simples: roupas estranhas, anatomia duvidosa, cabelos compridos e roteiros sem
muito sentido.
Ótimo exemplo desse Homem de aço descolado é a
minissérie “Super-homem vs Apocalipse - a revanche” publicada pela editora
Abril no ano de 1995.
A história, escrita e desenhada por Dan
Jurgens, contava como o herói conseguiu finalmente derrotar o vilão responsável
pela sua morte. Sim, amigos, ele tinha morrido, assim como o vilão, mas naquela
época ninguém permanecia morto por muito tempo nos quadrinhos.
Com os dois – herói e vilão – de volta à vida,
Superman passa a caçar seu oponente. Nisso, Apocalypse chega a Apokolips, o
mundo governado por Darkside e quase mata o principal vilão da DC.
Á certa altura um personagem estrategimente
escolhido para servir de muleta narrativa mostra para o Superman a origem de
Apocalypse: ele foi criado artificialmente para ser invencível. Quer criar
alguém invencível? A receita é simples: crie um bebê e jogue-o no meio de
monstros. Depois recolha o que sobrar e crie outro bebê que será jogado no meio
de monstros, e assim infinitamente, até que o bebê “evolua” para matar os
monstros. Darwin deve estar tendo um ataque cardíaco lá no céu dos cientistas.
Se essa origem já não fosse maluca o bastante, Dan Jurgens ainda dá um jeito de
ligá-la ao superman: o planeta repleto de monstros no qual a criança apocalipse
foi criada era nada mais nada menos que.... advinhem... Kripton!!!! Parabéns,
Dan Jurgens, exceto pelo fato de que isso simplesmente vai contra toda as
outras representações de Kripton já publicadas.
E o meio do caminho, para vencer o monstro, o
homem de aço é equipado com uma roupa que parece ter saído diretamente de algum
designer da Image Comics, com direito a ponchetes na perna e capa armada para
cima, além de um cinto cruzando o peito. Detalhe: nada disso serve para
absolutamente nada durante a história.
Além disso, o desenho de Jurgens imita John
Byrne sem nunca acançá-lo e sofre do mal dos músculos que não existem (minha
filha, que está estudando anatomia na faculdade, ficou indignada ao ver a
revista).
No final, essa minissérie acabou se tornando
célebre por uma razão que tinha pouco a ver com seu conteúdo: foi uma das
tentativas da Abril de lançar capas diferenciadas. A capa do número 1 era
platinada e chamava atenção nas bancas. Tanto que dos três volumes dessa série,
apenas o primeiro, com essa capa diferenciada, é raro de encontrar em sebos a
preços. Os outros dois você acha fácil com preços que vão de 2 a 3 reais.
segunda-feira, 12 de abril de 2021
terça-feira, 23 de fevereiro de 2021
Yuki – vingança na neve
Yuki é, imerecidamente, uma obra menos
conhecida de Kazuo Koike, o roteirista de Lobo Solitário.
O mangá surgiu em 1972, um ano depois do Lobo
Solitário e conta a história de uma moça em uma jornada em busca de vingança.
Seu pai e seu irmão foram mortos, sua mãe foi presa e, na prisão, seduz todos
os homens que encontra com o objetivo de ter um filho e, assim, realizar a
vingança contra as pessoas que desgraçaram sua família. A menina é criada desde
cedo nas mais diversas artes, inclusive artes marciais e se torna uma assassina
de aluguel com o objetivo de arrecadar dinheiro para seu plano de vingança.
Kazuo Kamimura nem de
longe é um desenhista tão competente quanto Goseki Kojima, mas o roteiro é tão
bom quanto o de Lobo Solitário, especialmente graças aos planos geniais da
protagonista para cumprir sua missões. Koike parecia ter uma criatividade
infinita para criar situações interessantes para seus personagens e misturá-las
com detalhes que vão desde uma planta de edifício até uma o valor de uma
prostituta no período. A série é também um passeio pela história do Japão na
era Meiji
Já na primeira
história, Yuki se deixa ser presa para matar um chefe da yakusa. Mas ela não
usa apenas sua habilidade física para matar suas vítimas. Na maioria das vezes
ela se vale da estratégia e é isso que faz desse trabalho algo tão genial. O
desafio do leitor é imaginar que golpe brilhante Koike pensou para a sua
protagonista.
Um exemplo (se não
gostar de spoiller, pare aqui): ao ser contratada para acabar com o aluguel de
rixixás, carruagens para duas pessoas puxadas por homens que eram usadas pelos
casais para transar, Yuki se deixa prender por um vigarista que recruta
prostituta. Uma vez no local, ela se oferece para pintar as carruagens. A
novidade se torna um sucesso, mas também leva o dono do local à ruína: ela
pinta a imagem do imperador embaixo de um banco e denuncia à polícia. Como o
imperador é considerado um deus, pintá-lo debaixo do banco de um quixixá faz
com que o dono do local seja condenado à forca.
Há um recurso
narrativo muito usado em Lobo Solitário, mas que aqui aspectos fantásticos: a
história começa no meio da ação, ou de alguma missão, e só depois, através de
flash backs é explicado o que está acontecendo. A diferença aqui é que na
maioria das vezes as ações de Yuki parecem totalmente sem sentido, ou até mesmo
suicidas, até que seja apresentado o flash back.
Além disso, a série é
de uma poesia única.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
Dom Quixote das crianças
Dom Quixote é uma das obras mais importantes da
literatura universal. Mas é também um livro de linguagem empolada, repleto de
frases com orações subordinadas e expressões em desuso. Para apresentar esse
clássico às novas gerações, Monteiro Lobato escreveu sua própria versão
condensada do clássico.
Dom Quixote das crianças mostra que Lobato não
era só alguém com prosa agradável e fluída, mas era também um dos maiores
escritores brasileiros de todos os tempos – capaz de condensar uma obra densa e
complexa sem perder sua essência ou mesmo suas reflexões.
Para quem não conhece, Dom Quixote é um velho
espanhol que, de tanto ler romances de cavalaria, enlouqueceu, achando que era
um cavaleiro andante, convenceu um vizinho, Sancho Pança a ser seu escudeiro, e
saiu pelo mundo em busca de aventuras, que quase sempre terminam em memoráveis
surras.
Lobato inicia a narrativa no sítio do pica-pau
amarelo. Emília fica curiosa para ver dois volumes pesados no alto da estante
e, ao tentar alcançá-los com o uso de uma alavanca, derruba os livrões em cima
de Visconde, que fica achatado. Essa é a dica para que Dona Benta leia o imenso
livro ilustrado por Gustave Doré. Mas logo percebe que as crianças não pescam
nada da narrativa antiquada e resolve recontar as aventuras do cavaleiro
andante com suas próprias palavras. A forma narrativa permite que Lobato,
através da voz de Dona Benta, faça comentários sobre a obra e até explique
alguns termos usados no romance.
Segundo Lobato, “Cervantes escreveu esse livro
para fazer troça da cavalaria andante, querendo demonstrar que tais cavaleiros
não passavam de uns loucos. Mas como Cervantes fosse um homem de gênio, sua
obra saiu um maravilhoso estudo da natureza humana, ficando por isso imortal”.
Por outro lado, o protagonista, Dom Quixote, “não é somente o tipo do maníaco,
do louco. É o tipo do sonhador, do homem que vê as coisas erradas, ou as que
não existem. É também o tipo do homem generoso, leal, honesto, que quer o bem
da humanidade, que vinga os fracos e inocentes, e acaba sempre levando na
cabeça, porque a humanidade, que é ruim inteirada, não compreende certas generosidades”.
Lobato consegue, mesmo em poucas páginas na
comparação com o romance original, preservar sua complexidade. Dom Quixote é
uma mistura de humor e drama e é impossível não se compadecer do pobre
protagonista, constantemente enganado por muitos, em sua ingenuidade e loucura
e mesmo cenas que parecem cômicas guardam uma alta dramaticidade. É um riso
entre lágrimas.
Em tempo: essa minha edição é de 1967 e trazia
um atrativo a mais: as belíssimas ilustrações de André Le Blanc, que ilustrou
vários livros de Lobato antes de se mudar para os EUA e trabalhar como assistente
do quadrinista Will Eisner.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
Gian Danton e o livro Cabanagem, por Cida Simka e Sérgio Simka
Fale-nos sobre você.
Eu sou roteirista de quadrinhos desde 1989. Comecei escrevendo histórias de terror para a revista Calafrio, em parceria com o compadre Bené Nascimento. Colaborei com quase todas as editoras nacionais e alguns de outros países, como Portugal e Inglaterra. Entre os meus trabalhos mais conhecidos na área de quadrinhos está a premiada graphic novel Manticore e a participação no álbum MSP+50, em homenagem ao Maurício de Sousa. Também escrevi diversos livros sobre quadrinhos, comunicação e metodologia científica. Cabanagem é meu terceiro romance. Antes dele vieram o Galeão (de fantasia histórica) e O uivo da górgona (de terror).
ENTREVISTA:
Fale-nos sobre o livro Cabanagem. O que o motivou a escrevê-lo?
O que me motivou a escrever o Cabanagem foi a percepção de que a maioria das pessoas, mesmo da Região Norte, sabe muito pouco sobre a revolta cabana. Um amapaense sabe muito mais sobre a revolução farroupilha do que sobre a cabanagem.
Eu mesmo sabia muito pouco até que, num evento aqui no Amapá, um rapaz que já tinha lido meus outros livros me perguntou porque eu não escrevia sobre a cabanagem no Amapá. Cabanagem no Amapá? Pelo que eu sabia, a cabanagem tinha acontecido em Belém. Essa conversa me levou a pesquisar sobre o assunto. Baixei teses, artigos, comprei livros. E fiquei impressionado com o que descobri. A cabanagem foi a mais ampla revolta de toda a história do Brasil. Depois que o movimento foi derrotado em Belém, os cabanos se espalharam por locais que iam do Maranhão ao Amazonas. Além disso, é a única revolta brasileira que é consequência direta da revolução francesa. Quando a família real fugiu para o Brasil, eles, como vingança contra Napoleão, resolveram invadir a Guiana Francesa. Acontece que o local estava cheio de revolucionários que tinham sido enviados por Napoleão para lá como punição. E, acreditando que o inimigo de meu inimigo é meu amigo, os portugueses abriram as portas do Brasil para esses revoltosos, muitos dos quais foram para Belém e chegaram a participar da revolução cabana! Escrever o livro foi uma forma de chamar a atenção para isso e levar as pessoas a procurarem saber um pouco mais sobre esse evento.
O livro é focado num grupo de revoltosos que está fugindo na direção do Amapá e todas as dificuldades encontradas no caminho. Mas, além dos fatos históricos, eu acrescentei mais uma coisa, algo que tem um significado muito grande para mim: a mitologia amazônica. Assim, os seres da floresta se dividem, alguns apoiando os cabanos, outros apoiando as forças de repressão.
Fale-nos sobre seus outros livros de ficção.
Galeão é uma fantasia histórica que se passa no século XVIII, em um galeão perdido no Atlântico depois de uma tempestade que o deixou à deriva. Mas começam a acontecer coisas estranhas, como pessoas que não poderiam estar lá e de repente surgem no navio. O uivo da górgona é uma história de zumbis, mas misturada com crítica social.
Fale-nos sobre seus livros voltados à comunicação.
Eu tenho uma variedade enorme de livros e artigos na área de comunicação. Mas se pudesse destacar, destacaria meus livros sobre quadrinhos, em especial os sobre roteiro (já são três, entre eles a bíblia do roteiro de quadrinhos, o livro mais completo já publicado sobre roteiro no Brasil) e os que analisam a relação dos quadrinhos como a ciência, como Watchmen e a teoria do caos e A ciência e os quadrinhos.
Como analisa o mercado de HQs brasileiro?
O mercado mudou muito desde que comecei. Na minha época, um editor publicava uma grande tiragem de uma revista e pagava o desenhista e o roteirista. Hoje em dia só Maurício de Sousa tem tiragens maiores. A maioria do que é publicado são edições autorais, com tiragem que variam de 300 a 1.000 exemplares. Por um lado, facilitou muito para que novos autores possam publicar seus trabalhos - e vendê-los na internet. Por outro lado, os quadrinhos passaram a se focar em público muito específico. Virou nicho de mercado.
Quais são os seus próximos projetos?
Eu tenho escrito quadrinhos de terror para a revista Calafrio, incluindo agora uma série baseada no personagem do livro Cabanagem. Também estou escrevendo um livro sobre os quadrinhos de terror no Brasil. E mais dois ou três projetos que talvez se tornem realidade.
O livro foi financiado via Catarse?
Sim. O Catarse é uma plataforma de financiamento coletivo em que a pessoa ajuda a publicar o livro e recebe recompensas, que podem ir do próprio livro até camisas e cards. Nossa meta era de 3.500 reais e ultrapassamos 4 mil. Agora o livro está em pré-venda no site da editora: https://aveceditora.com.br/produto/cabanagem
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019) e O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020) e Um fantasma ronda o campus (Editora Verlidelas, 2020). Colunista da revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais novo livro se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020).
terça-feira, 15 de dezembro de 2020
terça-feira, 24 de março de 2020
quarta-feira, 4 de março de 2020
sábado, 13 de julho de 2019
Curte livro com Zumbis? Então conheça "O Uivo da Górgona", de Gian Danton
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
Natal Fantástico, obra nacional baseada no conto A Christmas Carol, de Charles Dickens
E em ano de “virada de era”, época ainda mais mística e misteriosa, em que todos falam sobre o fim do mundo, levantemos uma voz diferenciada – e já bem conhecida: valorizemos também a magia do natal, aquela que sempre esteve presente, mesmo quando o consumo fala mais alto, quando o medo do fim de tudo toma a atenção das pessoas, quando o verdadeiro espírito da época se perde…
Mas espera, é isso mesmo?
Mas e os valores? A luta pela vida e pelos ideais? Os queridos? As criaturas mágicas – boazinhas ou nem tanto?
Dez autores, incluindo o organizador Gian Danton, e o organizador e prefaciador Ademir Pascale, baseados no conto A Christmas Carol, de Charles Dickens, tentam descobrir exatamente isso: o que o natal significa atualmente, literariamente, fantasticamente?
E sendo uma época de compartilhamento, de acolhimento e compreensão, nada mais apropriado que lançarmos esta antologia em um formato de fácil compartilhamento, sem restrições de acesso mediante qualquer pagamento.
Ou seja, bem vindo ao mundo de NATAL FANTÁSTICO, a antologia em ebook gratuito da editora Infinitum Libris.
SERVIÇO:
E-BOOK NATAL FANTÁSTICO
Editora: Infinitum Libris
Organizadores: Ademir Pascale e Gian Danton
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