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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Sobre o Conto “Nascer do Sol em Mercúrio”, de Robert Silverberg

Robert Silverberg e sua segunda esposa, Karen Haber, em 2009
*Por Roberto Fiori

“Mercúrio é dois infernos num só”, o Comandante Ross pensava, enquanto a nave tocava o solo. Do lado gélido, temperaturas de zero grau absoluto; na parte crestada pelo Sol, o zinco corria em torrentes. Assim era Mercúrio, o menor planeta do Sistema Solar. A missão: erguer a torre plástica de radar, deixada pela última expedição, que se acidentara, indo para o lado iluminado do Sol e liquefizera-se. Também deveriam verificar os acumuladores de calor, instrumentos deixados pela primeira expedição, e que mediam as tensões geradas pela incidência de calor sobre eles e estudar as linhas de força magnéticas do Sol. Além disso, o técnico de acumuladores, Krinsky, deveria preparar esses instrumentos para estudos posteriores. Todo esse trabalho de Krinsky era o principal, o mais importante da missão.

Tão logo chegaram a nove milhões de milhas do planeta, Curtis, o Astronauta Ajudante, tentou tirar a própria vida, ao se dirigir para o conversor do reator da nave “Leverrier”. Assim como muitas outras expedições no espaço, Curtis fora acometido por um desejo de se autodestruir. No espaço, isso ocorria com frequência. Fora sedado e confinado na cabine de ré da nave, onde jazia em uma maca especial para estes casos.

Tão logo os astronautas chegaram em Mercúrio, foram-lhes atribuídas tarefas, pelo Comandante. Por um veículo terrestre, Lewellyn e Falbridge deveriam chegar à torre plástica de radar e erguê-la, inflando-a. Depois de terminarem esta tarefa, Krinsky, Lewellyn e Falbridge seriam deixados por Dominic, no jipe, o mais próximo possível da zona infernal, vestindo trajes de calor — tão volumosos que o ocupante parecia estar dentro de um tanque de guerra. Então, os astronautas protegidos precisariam se aventurar sob o Sol e procurar os acumuladores.

Mas, pouco tempo depois de Lewellyb e Falbridge terem armado a torre de radar, algo aconteceu. Para o Comandante Ross, esperando e vigiando do lado de fora da “Leverrier”, depois de baixar o visor óptico de proteção do capacete julgou discernir o despontar do Sol no horizonte próximo. Pensou ser uma ilusão.

Porém, a torre plástica que era o radar começou a derreter.
Os dois astronautas correram de volta para o jipe terrestre e iniciaram uma corrida contra o tempo. Na nave, uma temperatura acima de 250 graus no exterior significava avarias no sistema de refrigeração e Ross teria de partir e entrar em órbita, quando chegasse a 275. Eram duas vidas a tentar salvar, no jipe, em detrimento das seis restantes, na nave.

A temperatura subia... 112 graus... 114... 116... chegaria a 200 quando os dois homens chegassem na nave. Em estado péssimo, muito provavelmente. Estavam todos de prontidão para a partida. Quando a temperatura exterior chegou a 133, nem Brainerd — o primeiro astronauta —, nem o próprio Comandante, conseguiam calcular a sua localização na superfície de Mercúrio. Era simples trigonometria, porém, algo lhes toldava o pensamento. Não podiam raciocinar direito. Spangler, o médico que confinara Curtis, tivera de soltá-lo, pois raciocinara que o louco não poderia sobreviver à subida da nave, preso à sua maca. Ele resmungava, pelos fundos da nave: “Quero morrer... quero morrer...”

Por um breve instante, veio à mente de todos a imagem de uma poça de zinco derretido fremindo, em algum lugar na zona de calor. Pensaram que seria delírio, alucinação coletiva. Mas Ross aventou a hipótese de ser uma forma de vida de Mercúrio, a única que poderia sobreviver ao horror do calor extremo. Ela ajudava os humanos a conseguir o que desejavam: ajudara Curtis a tentar se suicidar, arranjando-lhe os meios para isso. Mas fora malsucedida, antes de eles chegarem a Mercúrio. A morte de Curtis no conversor significaria a morte de todos, pois a nave se desestabilizaria e cairia no planeta. Agora, pôde realizar os sonhos de Curtis: ele acabara de se matar com dois aparelhos de corte. Jazia em uma poça de sangue, no corredor da “Leverrier”. Tudo, todos os detalhes para isso haviam sido arranjados mentalmente pela forma de vida; ela não fizera todos morrerem, esse não era o desejo dos outros tripulantes. A nave não seguira rumo ao Sol, como Curtis — que calculara a descida automática da nave — primeiramente planejara. Fora um plano descoberto por Ross e Brainerd, que tivera de efetuar a descida manualmente.

Mesmo assim, desceram perigosamente perto da zona de calor. Não o suficiente para todos perecerem, mas para dar oportunidade e tempo de soltarem Curtis.
Na chegada da nave a Terra, apenas seis tripulantes haviam voltado. Os desejos de todos, menos os de Curtis e Ross, eram o de voltarem. O Comandante desejava estudar o ser de zinco líquido. Para isso, a criatura fizera com que os outros sobreviventes o deixassem no planeta. Mas os homens não se lembravam do que acontecera ao Comandante Ross, e não souberam explicar para as autoridades terrestres como o seu traje de calor fora deixado abandonado na superfície de Mercúrio.

Este é mais um conto do mestre da Ficção Científica e Fantasia, Robert Silverberg. Chama-se “Nascer do Sol em Mercúrio“ (“Sunrise on Mercury”) e foi lançada no exterior pela primeira vez em 1957, na publicação “Science Fiction Stories”. No Brasil, foi publicada em 1972 na antologia “Outros Tempos, Outros Mundos” (“Parsecs and Parables”), pela Editora Cultrix. Silverberg dispensa apresentações. Vencedor de vários Prêmios Hugo, Nebula e Locus, escreveu centenas de contos, dezenas de romances, antologias e trabalhos de não-ficção. É o expoente máximo hoje vivo, da Ficção Especulativa Científica, ao lado de Isaac Asimov, Arthur C. Clarke, Robert Heinlein, Ray Bradbury e outros.

Uma forma de vida elaborada de zinco líquido. Sem a presença de ácido desoxirribonucleico DNA ou RNA. Ausência de proteínas e aminoácidos. Somente vivendo para fazer os desejos dos seres vivos — no caso, o Homem — se tornarem realidade, sem a presença da moral e ética humanos. Afinal, a forma de vida é feita de metal... Facilitando o suicídio de Curtis ou a ideia enlouquecida de Ross permanecer no planeta, para estudar o alienígena.

Pensemos bem. Há lógica nas ações mentais desse ser de metal líquido? Ele “quebra todas as regras”, assassinando impiedosamente os que querem se matar ou executar ações que resultem na morte de outros?

Não. A forma de vida segue seus padrões lógicos de ação, pois foi concebida para permitir que os desejos do Homem — e, porventura, de qualquer ser dotado de um sentido de desejo — se tornem realidade. Isso é algo que jamais existiu em nosso planeta. Isso transcende a lógica humana. É a realização de ambições desmedidas e o “tornar possível” de tudo o que o Homem jamais quis: ganhar sempre, vencer os obstáculos, facilitado por uma entidade alienígena.

Quem não gostaria de se vingar de seu inimigo? Ou ganhar nos casinos, subir de modo amoral na hierarquia de uma empresa como a Microsoft, ou a Google, ou a Apple? Ou o próprio Facebook? Erguer um Império, dominando tudo e todos os que estivessem sob seu jugo? Ou executar crimes sem ser descoberto? Isso são exemplos negativos dos desejos do Homem, na jornada em direção a seu Destino, cada homem, mulher ou criança o possuindo, o realizando de acordo com suas ações.

Mas o Homem possui qualidades. Alguns desejam que a fome no mundo desapareça, que haja o suficiente para todos se alimentarem decentemente. Outros querem que as guerras acabem, a geopolítica responsável pelos acontecimentos genocidas simplesmente mude para melhor. Ainda, há os que desejam que doenças genéticas sejam erradicadas e que ameaças à vida das pessoas, como a criminalidade, não existam mais. Esses são desejos positivos, muito positivos para a evolução da Humanidade.

Mas o ser feito de zinco líquido não distinguiria bons ou maus desejos e pensamentos: ele satisfaria a todos, quer estejam errados, quer não, simplesmente porque é um ser não humano. Não possui moral humana. Não tem a capacidade de julgar, apenas é capaz de distinguir, em um grupo, os desejos expressos em pensamentos de cada um. O alienígena é capaz de fazer acontecer fatos que levem à satisfação dos desejos de todos, sob os mais variados modos.

Isso é fascinante. Isso é miraculoso. Isso não é humano.


*Sobre Roberto Fiori:
Escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Sobre o livro “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, do autor Roberto Fiori:

Sinopse: Contos instigantes, com o poder de tele transporte às mais remotas fronteiras de nosso Universo e diferentes dimensões.
Assim é “Futuro! – contos fantásticos de outros lugares e outros tempos”, uma celebração à humanidade, uma raça que, através de suas conquistas, demonstra que deseja tudo, menos permanecer parada no tempo e espaço.

Dizem que duas pessoas podem fazer a diferença, quando no espaço e na Terra parece não haver mais nenhuma esperança de paz. Histórias de conquistas e derrotas fenomenais. Do avanço inexorável de uma raça exótica que jamais será derrotada... Ou a fantasia que conta a chegada de um povo que, em tempos remotos, ameaçou o Homem e tinha tudo para destruí-lo. Esses são relatos dos tempos em que o futuro do Homem se dispunha em um xadrez interplanetário, onde Marte era uma potência econômica e militar, e a Terra, um mero aprendiz neste jogo de vida e morte... Ou, em outro mundo, permanece o aviso de que um dia o sistema solar não mais existirá, morte e destruição esperando pelos habitantes da Terra.
Através desta obra, será impossível o leitor não lembrar de quando o ser humano enviou o primeiro satélite artificial para a órbita — o Sputnik —, o primeiro cosmonauta a orbitar a Terra — Yuri Alekseievitch Gagarin — e deu-se o primeiro pouso do Homem na Lua, na missão Apollo 11.
O livro traz à tona feitos gloriosos da Humanidade, que conseguirá tudo o que almeja, se o destino e os deuses permitirem. 

Para adquirir o livro:
Diretamente com o autor: spbras2000@gmail.com
Livro Impresso:
Na editora, pelo link: Clique aqui.
No site da Submarino: Clique aqui.
No site das americanas.com: Clique aqui.

E-book:
Pelo site da Saraiva: Clique aqui.
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