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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Conheça o livro "Extermínio - Duzentos anos de um estado genocida", da autora Viviane Gouvêa

"A necropolítica indigenista brasileira aplicou, e aplica até hoje de forma sistemática, o princípio do deixar morrer.[...] Uma vez que representam um obstáculo expressivo à espoliação ambiental, faz sentido que [os povos nativos] sejam os primeiros a tombar, a serem varridos do mapa com os movimentos de qualquer ação predatória movida por empresas, latifundiários, pelo próprio Estado.”

Lançado em setembro de 2022, no mês em que completamos 200 anos de independência política formal, Extermínio: 200 anos de um estado genocida debate as raízes da violência disseminada no Brasil pelos agentes de um Estado que deveria proteger seus cidadãos, assim como os reflexos dessa violência na sociabilidade nacional.

Apresentando registros históricos de vários casos em que as forças de segurança agiram ao arrepio da ordem legal para manter uma estrutura social excludente e em silêncio aqueles que a desafiavam, Extermínio se utiliza de uma linguagem acessível e uma narrativa envolvente para contar partes macabras da nossa história. Com prefácio de Pedro Dória, o livro de Viviane Gouvêa expõe as feridas de uma sociedade hostil em um livro mais do que atual: do genocídio indígena aos assassinatos de trabalhadores rurais para sempre impunes, é uma obra mais do que necessária se quisermos aprender as origens de tanto ódio e violência para enfim superá-los.

A cientista política Viviane Gouvêa mora no Rio de Janeiro e trabalha desde 2006 como pesquisadora no Arquivo Nacional. Extermínio, lançado pela editora Planeta, é o seu primeiro livro. Seu contato viviane.gouvea@gmail.com ou pelo Instagram @viviane_gouvea_28. O link do seu livro é www.planetadelivros.com.br/livro-exterminio/359272

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segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Conto "#SomosTodosGambiarra", por Rafael Caputo



#SomosTodosGambiarra

Rafael Caputo


Duas horas e quarenta de viagem é tempo demais pra mim. Quem mandou ter uma mente hiperativa? No trem que me leva de Madri a Salamanca, noto curioso o improvisar da mulher à minha frente. Sem perceber que é observada, corta um tiquinho da borracha do lápis escolar para substituir a tarraxa perdida de seu brinco. Quanta criatividade! Sua camiseta “I love Rio” revela donde veio. Só podia ser!

A estranha conterrânea me traz saudades lá de casa. Para preencher esse vazio, do ócio criativo crio um pitoresco personagem chamado Hélio Gambiarra. O dito cujo carrega essa graça por ser filho de Maria do Improviso com seu Zé do Jeito Brasileiro. Culpa da desconhecida.

Mas a graça não se restringe apenas ao seu nome. Minha imaginação vai mais além. Gambiarra é realmente um cara gozado: tem cabeça sextavada, duas caras, testa de ferro, cabelo de anjo, orelha seca, olho mágico, nariz de palhaço, língua de sogra e dente de leite. Possui tronco de árvore, coração de galinha, teta de nêga, barriga d´água, braço de violão, mão francesa e dedo de moça. Sua perna é de pau, tem coxinha de frango com catupiry, joelho de queijo e presunto, canela de pedreiro e pé de moleque. Na sua essência, um sujeito improvisado.

Mas nem tudo é perfeito, Gambiarra possui um segredo. Na verdade, nasceu Ana Xana. Mas o seu Jeitinho, como é conhecido por todos, tratou logo de presentear o filho com um saco de dormir, duas bolas de gude e uma enorme mandioca. Ah! Famoso Jeitinho Brasileiro. Sua fama lhe precede.

Com o pai, Gambiarra aprendeu muita coisa. Desde pequeno já furava filas, pulava a catraca, dava moedas a menos e não reclamava de trocos a mais. Quando não estava colocando em prática os ensinamentos que lhe eram passados de geração pra geração, estava brincando com o gato da tevê a cabo, seu bichinho de estimação.

Ainda menino, conseguiu dar seu primeiro nó em pingo d´água. Que orgulho! Na escola, numa época em que álbum de figurinha era a febre da molecada, trocava as figuras repetidas por tarefas de casa, cola nas provas e até seu nome inserido em trabalhos dos quais nem participou. Gambiarra era um negociador nato, sabia como ninguém tirar proveito das coisas.

Na adolescência, adulterava sua identidade para frequentar locais só para maiores. Já se acostumando a manobras e alianças baseadas em interesse próprio, usava de uma lábia poderosa para namorar duas ou mais meninas (e também meninos) ao mesmo tempo. Para ganhar dinheiro, virou camelô. Ao ser pego vendendo ilegalmente produtos contrabandeados foi defeso pela mãe que, fazendo jus ao próprio nome, improvisou o maior discurso na cabeça do delegado. Este preferiu fazer vista grossa e Gambiarra sequer foi fichado. A sorte, às vezes, também ajuda.

Com tamanha desenvoltura e malandragem, com o passar do tempo, chamou a atenção dos magnatas. Seu Jeitinho Brasileiro fez com que eles o notassem. Não demorou muito para seguir, portanto, o mesmo ofício do pai: entrou para política. É como dizem por aqui: “De tal palo tal astilla”.

Gambiarra não se elegeu deputado como queria, mas como é liso feito bagre ensaboado conseguiu malandramente virar senador sem ao menos receber um único voto. Melhor ainda! Tudo por conta de um sistema político ultrapassado, baseado em favores, composições internas e coligações partidárias. Mas quem se preocupa com isso na terra do samba, carnaval e futebol?

De senador virou candidato a presidência. Nepotismo a parte, com seu pai como chefe de campanha e sua mãe escrevendo seus discursos, o candidato superou todas as expectativas e acabou ganhando as eleições logo no primeiro turno. Graças a uma campanha de marketing impecável que conseguiu maquiar com perfeição sua imensa cara deslavada, todas as duas, diga-se de passagem.

A população se identificou com a criatividade do candidato em resolver os problemas do país, acreditou pela milésima vez em promessas e propostas. Seu Jeito Brasileiro conseguiu, de fato, conquistar o povo. A marca registrada durante a corrida presidencial foi a hashtag “Somos Todos Gambiarra”. Um sucesso!

É aquela velha história: o povo tem o governo que merece!

***

A viagem chega ao fim. E que viagem! Pensando bem, até que passou rápido. O trem diminui a velocidade e para por completo. Sem querer descubro que a dona do tal improviso no brinco, que lá no início despertou minha curiosidade, também se chama Maria. Que ironia!

Descemos todos na estação de Vialia: as Marias, eu, seu José e o então Presidente Gambiarra. Agora, porém, seguimos caminhos diferentes. Volto sozinho para casa. Dez minutos de caminhada é tempo suficiente para mais uma nostalgia como saideira. Só a saudade, essa sim insiste em me acompanhar.

Já no apartamento, ligo então a tevê num canal brasileiro de notícias. Para minha surpresa, a reportagem é de um senador “indeciso” do Distrito Federal que, por incrível que pareça, se chama Hélio José. Ele pediu, absurdamente, nada mais nada menos que trinta e quatro cargos para o governo interino a fim de “se decidir” e votar a favor do impeachment contra a atual presidente. Dentre os cargos, queria o comando dos Correios e até o da hidrelétrica Itaipu, além de exigir liderar o governo no Congresso.

Quanta cara de pau! Parecia até que negociava figurinhas repetidas. Pasmem, o tal senador é conhecido justamente em Brasília, capital do país, como Hélio Gambiarra. A alcunha não deixa de ser uma homenagem (se é que podemos dizer assim) por ele ter desviado energia da Companhia Energética de Brasília (CEB) para realizar um churrasco. Eu também não acreditei, quanta coincidência! Surreal demais até mesmo pra mim e o meu pensar hiperativo. Nunca a expressão “a vida imita a arte” fez tanto sentido.

Se o Gambiarra da vida real também chegará a presidência como seu homônimo hipotético, isso já não sei. Mas lá na terra do improvável, apelidada de Brasil, por culpa do jeitinho brasileiro não duvido é de mais nada!


Nota do autor: este conto poderia facilmente ser considerado uma crônica, ou ainda uma piada (de muito mal gosto, eu sei), já que o político Hélio Gambiarra existe de fato, assim como suas exigências descabidas citadas na narrativa e feitas em público há alguns anos. Acredite você ou não, isso aconteceu de verdade. Inclusive, o churrasco.

Conto publicado na coletânea "Contando Ninguém Acredita", de autoria deste que vos escreve.

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sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

As lições da história em três mil anos de política


Empresário e escritor José Luiz Alquéres resgata a trajetória do pensamento político desde a sua origem a partir de personagens como Santo Agostinho, Montaigne e Hobbes

Erros do passado apenas podem ser evitados ao se refletir sobre a história. Com este propósito construtivo em relação ao futuro, o escritor José Luiz Alquéres aborda a evolução da prática política ao traçar um panorama dos eventos mais importantes no curso da humanidade. São, mais precisamente, Três mil anos de política.

Assim como o título, o livro publicado pela Edições de Janeiro é tão fascinante quanto objetivo. Em 232 páginas, o autor apresenta a história do pensamento político desde a origem, na China e Grécia, passando pelos romanos, a Idade Média, a Idade Moderna e os acontecimentos mais contemporâneos, como o fenômeno do nacionalismo, os modelos totalitários e o neoliberalismo.

Uma nova classe burguesa emerge nas grandes cidades de então.
Gente que privilegia não apenas a arte religiosa, mas também temas
mitológicos ou laicos. Gente que participa do governo de suas cidades
livres, gente que resiste a pagar taxas para reis e cortes inúteis e dispendiosas.
Gente, enfim, que elege o valor liberdade – de agir, pensar,
movimentar-se e de comercializar – a um patamar de importância não
experimentado anteriormente pela humanidade.
(P. 107, Três mil anos de política)

Renomado empresário, editor e filantropo, José Luiz Alquéres traduz a essência de cada período por meio de personagens que marcaram a evolução do pensamento político. Santo Agostinho, Spinoza, Montaigne, Hobbes e Marx, entre tantos personagens, mostram que a história da política é, também, a história da própria humanidade.

“As ideias e movimentos políticos não surgem do azul, sem um propósito específico, mas, antes, de homens, sob circunstâncias que se encontram narradas neste delicioso livro”, pontuou o advogado e escritor José Roberto de Castro Neves, prefaciador da obra, que traz, ainda, francas e corajosas críticas do autor sobre os diferentes períodos.

Depois de sumarizar as principais ideologias que prevaleceram nos regimes políticos, Três mil anos de história conduz o leitor pelos temas que dominam a atual discussão, como a crise da democracia e os efeitos da globalização. Para concluir, Alquéres não poderia ser mais eloquente ao apresentar três “razões para esperança” e os desafios, como a necessidade de garantir maior inclusão e representatividade. Uma manifestação candente de apreço aos valores democráticos. 

Ficha técnica 
Título: Três mil anos de política
Autor: José Luiz Alquéres
Editora: Edições de Janeiro 
ISBN: 978-65-87061-01-6
Páginas: 232
Formato: 16x23 cm
Preço: R$ 54,00
Link de venda: https://bit.ly/3jlT64Z

Sinopse: Três mil anos de política apresenta, de forma leve, como uma gostosa conversa, a história do pensamento político, desde a sua origem, na China e na Grécia, passando pelos Romanos, a Idade Média, a Idade Moderna e os acontecimentos mais contemporâneos, como o fenômeno do nacionalismo, os modelos totalitários e o neoliberalismo, entre outros. Nada fica de fora.
Mais que relatar fatos, apresenta de forma objetiva uma inteligente perspectiva do movimento dos pensamentos políticos, com uma corajosa e franca crítica. Garantindo a fluidez da leitura, o texto não se perde em citações ou referências. Faz melhor: conta a história.



Sobre o autor: José Luiz Alquéres é engenheiro, empresário e editor. Com formação complementar em Sociologia e uma longa vivência de trabalho junto a entidades de interesse público, associações empresariais e culturais, sempre esteve em contato direto com o meio político. Contribui regularmente com artigos avulsos e colunas semanais em jornais e é membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Como escritor, publicou Petrópolis (Vianna & Mosley). 

 





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quinta-feira, 27 de junho de 2019

1968: Quando a Terra tremeu, de Roberto Sander


MEIO SÉCULO DEPOIS, AINDA SENTIMOS OS EFEITOS DO “ANO QUE NÃO TERMINOU”

1968 é um ano-chave para a história mundial e brasileira, repleto de episódios emblemáticos, como o Maio Francês e a Primavera de Praga, na Europa, e a Passeata dos Cem Mil e a imposição do temido AI-5, num Brasil subjugado pelo regime militar. A abordagem do jornalista Roberto Sander neste livro, contudo, não se limita aos acontecimentos políticos que tão profundamente marcaram o período.

O painel de 1968 construído aqui é completamente novo. A narrativa avança mês a mês, tratando dos mais variados assuntos. O leitor é levado ora para a Guerra do Vietnã, ora para a primeira visita ao Brasil de um arredio Mick Jagger; para a África do Sul, em pleno Apartheid, onde acontecia o primeiro transplante de coração bem-sucedido do mundo; para Havana, onde Fidel Castro fazia um expurgo no Partido Comunista cubano; e para as viagens espaciais que preparavam a chegada do homem à Lua.

Em 1968 – Quando a Terra tremeu, Roberto Sander explora histórias saborosas e surpreendentes sobre ciência, moda, comportamento, esporte e cultura em geral, daquele que foi um ano ainda mais complexo, assombroso e sedutor do que se sabe.

________________________________________

“Tendemos a pensar em 1968 como uma instituição. Deixou de ser um ano – tornou-se uma época, uma era, algo vindo da mitologia. Mas não. 1968 foi um ano como todos os outros, constituído de meses, semanas e dias. A diferença é que, em cada um desses meses, semanas e dias, o mundo estava sendo dividido em antes e depois. Eu devo saber – porque estava lá. E agora revejo tudo neste livro de Roberto Sander.”
Ruy Castro, escritor

Páginas: 304 • Formato: 16 x 23 cm • Acabamento: Brochura • ISBN: 9788582864371 • Código: 13344 • Área temática: História • Editora Vestígio • Edição: 1 • Mês/Ano de publicação: 04/2018

7 frases do livro "1968: Quando a Terra tremeu"

"As causas do descontentamento estudantil variavam de país para país, mas em todas as esferas existiam jovens que rechaçavam a sociedade caduca que lhes era oferecida. Eles simplesmente descobriram que tinham poder e passaram a sonhar com novos valores e com uma nova ética." - pág. 13

"Em tempos de Guerra Fria, a maior ameaça que pairava sobre o planeta era a eclosão de um conflito nuclear. A humanidade já havia vivido recentemente essa possibilidade." - pág. 34

"Das grandes janelas do Rio Negro, o que se via era só o deslumbramento de uma região de muito verde e de ar puro, em contraste com a atmosfera abafada que sufocava a política nacional." - pág. 50

"Cumprimos o nosso dever e havemos de cumpri-lo à custa de qualquer sacrifício. Os agitadores pedem sangue, mas o Brasil continuará sem sangue." - pág. 85

"O lema é 'proibido proibir' expressava bem o espírito de rebeldia que alimentava os sonhos dos jovens franceses." - pág. 120

"No núcleo da polêmica estabelecida na cultura brasileira naquele momento, Roda Viva representava, como afirmou Caetano Veloso, 'uma oportunidade de revelar os conteúdos inconscientes do imaginário brasileiro." - pág. 170

"Elizabeth se encantou com os quadros de Lula Cardoso Ayres e admirou as obras de arte em cerâmica de Francisco Brennand." - pág. 255 

Avaliação do livro: Nota 10
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domingo, 13 de maio de 2018

Faleiro Carvalhaes e o livro “Os Insensatos”

Faleiro Carvalhaes - Foto divulgação
José Ricardo Faleiro Carvalhaes nasceu em 1964, em Belo Horizonte, onde sempre residiu. Foi militante político e participou do movimento estudantil no início dos anos 80, época da campanha das Diretas Já e da redemocratização do país. Formou-se em Ciências Sociais, pela UFMG, fez mestrado em Sociologia e tornou-se professor universitário, profissão que exerce há mais de vinte e cinco anos, tendo trabalhado em diversas faculdades, em cursos de graduação e pós-graduação. Iniciou sua atividade na literatura, como escritor de ficção, há pouco menos de dez anos. Antes disso, produziu também diversos textos didáticos, entre eles um livro de introdução à Ciência Política.  

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?


Faleiro Carvalhaes: Posso dizer que sou um escritor temporão, pois comecei a escrever ficção há mais ou menos dez anos, quando já contava mais de quarenta anos. Começou com um desafio que me propus: se eu era capaz de escrever um romance. Consegui, e então não parei mais. Escrevi quatro romances e um livro de contos. Meu primeiro romance publicado é Os Insensatos, pela Editora Giostri.

Conexão Literatura: Você é autor do livro “Os Insensatos”. Poderia comentar?

Faleiro Carvalhaes: Os Insensatos tem como tema a violência política. A ideia de escrever esse livro me ocorreu durante as manifestações de rua que aconteceram no Brasil, em 2013. No início foram manifestações pacíficas e muito espontâneas, convocadas nas redes sociais, sem lideranças de partidos ou movimentos organizados. Depois, tivemos as ações violentas dos chamados Black Blocks, e começaram a surgir também grupos defendendo a volta do regime militar. Esses acontecimentos me estimularam a pensar na violência como método de ação política, sua lógica e consequências. Resolvi então escrever uma história abordando este tema. A história se passa num país fictício e se desenvolve alternando passado e  presente. Um dos protagonistas é um jovem anarquista que, no tempo atual, promove manifestações políticas violentas, porque acredita que não há transformação social verdadeira por meios pacíficos. Seu tio, que ele não chegou a conhecer, foi, no passado, um preso político, durante um período de ditadura militar. Morreu sob tortura. O jovem conhece, na faculdade, uma moça que é filha de um dos maiores empresários do país. Eles se apaixonam e iniciam um romance. O problema é que o avô da moça ajudou a financiar os órgãos de repressão política na época do regime militar, repressão da qual o tio do rapaz foi vítima. A verdade sobre a ligação entre as duas famílias vai surgindo aos poucos, levando a um desfecho trágico. O livro aborda, portanto, o extremismo ideológico, e procura realçar a insensatez dos adeptos dessas ideologias.  

Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro?


Faleiro Carvalhaes: Conclui o livro em um ano. Não fiz uma pesquisa. A parte do enredo que trata do regime militar foi toda baseada no relato de presos políticos e ex-guerrilheiros brasileiros que sobreviveram à tortura e ao exílio. Sempre me interessei por este tema e tenho muitos livros com esses relatos. Posso dizer que sou um estudioso deste assunto desde muito antes de pensar em escrever meu livro.

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do qual você acha especial em seu livro?

Faleiro Carvalhaes: Há uma passagem em que a moça visita uma ocupação, uma favela, realidade que ela jamais conhecera in loco. Ela fica chocada com o que vê. Eu descrevo assim sua experiência:

“Os poucos minutos em que se encontra na Ocupação já são mais esclarecedores para Sofia do que tudo o que havia aprendido na escola sobre a realidade social do país. A situação dos desvalidos que ela vê nas ruas – mendigos imundos, adolescentes drogados, ou mesmo as famílias jogadas embaixo de pontes e viadutos, sem lugar para morar – não lhe era suficiente para que percebesse a real dimensão do problema: são milhares de favelas como aquela - muitas bem maiores até -, e ao contrário do que cansara de ouvir seu pai dizer a respeito dos moradores de rua – que eles vivem assim porque querem, já que há pela cidade diversos abrigos onde eles podem tomar um banho, fazer uma refeição decente e passar a noite -, ou dos preconceitos destilados por sua mãe - que desdenha da falta de higiene dos pobres -, ela se convence de que não vai ser por meio de caridade que se promoverá a redenção destas pessoas, e que elas não podem esperar resignadamente pelo desenvolvimento econômico do país - por décadas ou gerações – para alcançar uma vida minimamente digna. A visão de fora de uma favela ou de suas fímbrias não permite que se perceba a estreiteza claustrofóbica e opressiva de suas vielas, a promiscuidade e o devassamento resultantes do aglomerado desordenado de construções, e nem tampouco a mórbida intimidade de seus barracos; é preciso estar ali para se ter uma noção exata da tragédia social que ela evidencia, penetrar em suas entranhas, respirar seus odores, descobrir seus recônditos, perscrutar seus segredos. Por isso, todas as estatísticas sociais publicadas nos livros escolares que Sofia estudou e as diversas reportagens de televisão ou de revistas sobre a pobreza que ela viu não foram suficientes para produzir em sua consciência um décimo do impacto que ela sente estando ali, vendo de dentro, inalando o ar pútrido que se espraia em todas as direções e que gruda nas narinas feito gosma.”

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre o seu trabalho?


Faleiro Carvalhaes: Pode entrar em contato direto comigo pelo e-mail jrcarvalhaes@gmail.com ou WhatsApp (31) 991038741, ou ainda no site da Editora Giostri: https://lojavirtual.giostrieditora.com.br/index.php. Também estou no Facebook e no Wordpress: faleirocarvalhaes.wordpress.com

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?

Faleiro Carvalhaes: Como disse, já escrevi outros três romances. Estou preparando mais um, o quinto. Tenho também um livro de contos. Espero continuar publicando.

Perguntas rápidas:

Um livro: Um é difícil. Mas vou ficar com Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
Um (a) autor (a): Também é difícil, admiro muitos. Vou ficar com Dostoiévski
Um ator ou atriz: Adoro cinema e admiro muitos atores e atrizes. Para ficar com um contemporâneo, Ricardo Darín.
Um filme: Ladrões de Bicicleta, de Vitório de Sicca.
Um dia especial: Para ficar no âmbito da literatura, foi o dia em que tive em mãos meu livro publicado, no dia do lançamento: 16/03/2018.

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Faleiro Carvalhaes: Apenas agradecer a oportunidade desta entrevista. Revistas como a de vocês são fundamentais para divulgar a literatura e o gosto pela leitura. Infelizmente, o Brasil não é um país de leitores. Esperemos que esta realidade mude nos próximos anos. Muito obrigado.
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sexta-feira, 11 de maio de 2018

Livro "1968: Quando a Terra tremeu"


MEIO SÉCULO DEPOIS, AINDA SENTIMOS OS EFEITOS DO “ANO QUE NÃO TERMINOU”

1968 é um ano-chave para a história mundial e brasileira, repleto de episódios emblemáticos, como o Maio Francês e a Primavera de Praga, na Europa, e a Passeata dos Cem Mil e a imposição do temido AI-5, num Brasil subjugado pelo regime militar. A abordagem do jornalista Roberto Sander neste livro, contudo, não se limita aos acontecimentos políticos que tão profundamente marcaram o período.

O painel de 1968 construído aqui é completamente novo. A narrativa avança mês a mês, tratando dos mais variados assuntos. O leitor é levado ora para a Guerra do Vietnã, ora para a primeira visita ao Brasil de um arredio Mick Jagger; para a África do Sul, em pleno Apartheid, onde acontecia o primeiro transplante de coração bem-sucedido do mundo; para Havana, onde Fidel Castro fazia um expurgo no Partido Comunista cubano; e para as viagens espaciais que preparavam a chegada do homem à Lua.

Em 1968 – Quando a Terra tremeu, Roberto Sander explora histórias saborosas e surpreendentes sobre ciência, moda, comportamento, esporte e cultura em geral, daquele que foi um ano ainda mais complexo, assombroso e sedutor do que se sabe.

________________________________________

“Tendemos a pensar em 1968 como uma instituição. Deixou de ser um ano – tornou-se uma época, uma era, algo vindo da mitologia. Mas não. 1968 foi um ano como todos os outros, constituído de meses, semanas e dias. A diferença é que, em cada um desses meses, semanas e dias, o mundo estava sendo dividido em antes e depois. Eu devo saber – porque estava lá. E agora revejo tudo neste livro de Roberto Sander.”
Ruy Castro, escritor

“Roberto Sander foi capaz de recriar neste livro o mais febril dos anos: meia oito. Que de meia, aliás, só teve o nome, porque foi muito inteiro, embora aos pedaços. Ele foi a fundo – mas não foi a pique. Manteve o mesmo pique dos livros anteriores, em especial 1964 – o Verão do Golpe. Com a diferença de que aquela foi uma tremenda bad trip.”
Eduardo Bueno, jornalista e escritor

“Nesta volta ao passado, refletimos e compreendemos melhor o Brasil e o mundo em que vivemos. No aniversário de meio século do ano que “não terminou”, o livro de Roberto Sander nos mostra que muitos daqueles dilemas com os quais o Brasil e o mundo se defrontaram ainda nos desafiam.”
Cristina Serra, jornalista

Páginas: 304 • Formato: 16 x 23 cm • Acabamento: Brochura • ISBN: 9788582864371 • Código: 13344 • Área temática: História • Editora Vestígio • Edição: 1 • Mês/Ano de publicação: 04/2018

Para saber adquirir ou saber mais: https://grupoautentica.com.br
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quarta-feira, 2 de maio de 2018

5 Livros Sobre Martin Luther king Jr.

Martin Luther king Jr.
Martin Luther king Jr. (1929-1968), foi um pastor protestante e ativista político. Martin está entre os líderes mais importantes do movimento dos direitos civis dos negros nos EUA, tendo inspirado diversos outros líderes. A sua campanha era a de não violência e de amor ao próximo. Em 14 de outubro de 1964, King recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

King foi assassinado em 4 de abril de 1968, em Memphis, Tennessee.

Para o leitor ir à fundo e aprender mais sobre Martin Luther king Jr., selecionamos 5 ótimos livros: 

OS MELHORES DISCURSOS DE MARTIN LUTHER KING:
Sinopse: 'Eu tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e experimentará o verdadeiro significado de sua crença.'
Martin Luther King Jr. (1929-1968) foi uma das personalidades mais importantes do século XX, em especial no que diz respeito às causas sociais e aos direitos humanos. Com discursos, sermões e uma ação com base na não-violência, Luther King inspirou toda uma geração nos Estados Unidos e no mundo a buscar transformações sociais e uma vida mais justa, sem abrir mão da paz.
Esse livro é uma coletânea dos principais discursos desse militante negro que entrou para a história ao desafiar o preconceito com fé e resignação, preocupado em combater não só o racismo, mas qualquer fonte de injustiça contra o ser humano.
De uma pequena igreja batista em Montgomery, no Alabama, em meados dos anos 1950, Um apelo à consciência leva o leitor até Memphis, em abril de 1968, às vésperas do assassinato que inspirou a música In the name of love, do grupo irlandês U2. O livro traz também contribuições importantes, como as do Dalai Lama, da rainha do soul Aretha Franklin e da ativista pioneira dos direitos civis Rosa Louise Parks.
A obra - organizada pelo historiador da Universidade Stanford e diretor do King Papers Project, Clayborne Carson, e pelo arqueólogo Kris Shepard - recebeu a preciosa ajuda de Coretta King, responsável pela reunião das onze introduções aos discursos selecionados.
'Nestas páginas, celebramos a maravilhosa oratória de um dos mais importantes líderes americanos.' Da apresentação de Rosa Parks
'Foi extremamente apropriado que Martin Luther King tenha sido agraciado com o prêmio Nobel da Paz, pois ele é um dos grandes heróis de nosso tempo.' Da apresentação de Dalai Lama
Editora Zahar
Clayborne Carson e Kris Shepard

A AUTOBIOGRAFIA DE MARTIN LUTHER KING:
Um dos maiores símbolos da luta por igualdade, justiça e paz da humanidade, Martin Luther King liderou uma revolução que mudou os Estados Unidos e influenciou o mundo inteiro. Por sua política de resistência e transformação social através da não violência, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1964.
Com base em arquivo inédito de textos autobiográficos do próprio King, incluindo cartas e diários não publicados, assim como filmes e gravações, Clayborne Carson - historiador da Universidade Stanford e diretor do Martin Luther King Jr. Research and Education Institute - cria um inesquecível retrato em primeira pessoa do grande líder.
'Valioso e inestimável. King era eloquente e refinado de forma consistente, um mestre da palavra e do efeito, dono de uma voz inconfundível e verdadeira.' The New York Times Book Review
'Um feito excepcional. Ilumina os fundamentos intelectuais da coragem de King.' The New Yorker
'Temos uma dívida com Carson por nos entregar King por inteiro.' The Times
Editora Zahar
Clayborne Carson (org)

AS PALAVRAS DE MARTIN LUTHER KING:
Martin Luther King liderou uma revolução que mudou para sempre os Estados Unidos e se estendeu por todo o mundo, tornando-se símbolo da luta pela igualdade e pela paz. Foi a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 1964, alguns anos do seu assassinato. Essa luxuosa edição com capa dura reúne os trechos mais marcantes de seus discursos, sermões e livros, divididos em temas como racismo, paz, fé e religião, justiça e liberdade. Suas palavras são exemplos vivos de coragem, fé e integridade - uma fonte de inspiração que renova nossa crença no homem e nos ajuda a ver o mundo de forma mais humana e solidária. Um livro para não sair da sua cabeceira.
Editora Zahar
Coretta Scott King (seleção e introdução)



A MARCHA - LIVRO 1 - JOHN LEWIS E MARTIN LUTHER KING EM UMA HISTÓRIA DE LUTA PELA LIBERDADE:
O parlamentar John Lewis é um ícone nos Estados Unidos e uma das principais figuras do movimento pelos direitos civis. Seu comprometimento com a justiça e a não violência o levou de uma pequena fazenda no Alabama para os corredores do Congresso norte-americano; de uma sala de aula segregada para a Marcha em Washington; dos ataques da polícia ao recebimento da Medalha Presidencial da Liberdade pelas mãos do primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

A Marcha retrata a longa batalha de Lewis pelos direitos humanos e civis, seu encontro com Martin Luther King Jr. e a luta para dar fim às políticas de segregação no país.
Editora Nemo
John Lewis, Andrem Aydin, Nate Powell


TENTATIVAS, ATENTADOS E ASSASSINATOS QUE ESTREMECERAM O MUNDO:
'Tentativas, Atentados e Assassinatos que Estremeceram o Mundo' faz em cada capítulo um relato de um assassinato ou atentado de celebridades, figuras políticas e outras personagens, com todos os detalhes sobre o assassino, a vítima, as consequências judiciais, além de curiosidades. Além de assassinatos e atentados envolvendo personalidades como Martin Luther King, Indira Gandhi, Andy Warhol entre outros, o livro inclui fotos das vítimas, epitáfios, obras de personalidades que sobreviveram ao atentado, entre outros.
M. Books
Stephen J. Spignesi






 
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