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terça-feira, 12 de julho de 2022

Conheça o livro "Cordel Para Principiantes", do autor Massilon Silva


O livro trata em suas 147 páginas, de forma abrangente sobre os aspectos mais relevantes da Literatura de Cordel, desde sua entrada no Brasil pelas mãos dos portugueses até os dias de hoje, mostrando sua trajetória vitoriosa junto às várias camadas sociais e diversidade de leitores.

É uma obra destinada ao público em geral, mas tem um foco todo especial nos estudantes de nível fundamental e médio, além de professores, pesquisadores, jornalistas, etc.. Procura discorrer com clareza de detalhes sobre a estrutura do cordel, baseada no tripé Métrica, Rima e Oração, mas não é só. A confusão que se faz entre cordel, repente e demais formas da poesia popular é também mostrada, enfatizando a diferença existentes entre elas, dando a conhecer aos leitores e admiradores dessas formas de arte popular como proceder para identificação de cada uma delas.

As especificidades do cordel tais como o tipo de rima utilizada em sua confecção, estrofes, pontuação, cadência, além da adequação de cada obra à sua correspondente escola literária foram também exaustivamente estudadas, não deixando de fora assuntos como xilogravura, etc...

Para melhor fixar entre os estudantes a matéria tratada, ao final do livro são apresentados vários cordéis, completos, mais um Caderno de Exercício. Finalmente o autor teve o cuidado de reproduzir textos da legislação produzida em vários estados e municípios brasileiros nos últimos anos, cuidando do assunto, principalmente no tocante ao ensino do cordel em suas respectivas escolas, sejam da rede pública ou privada.

SOBRE O AUTOR:

MASSILON SILVA, jornalista, escritor e poeta, nascido em Pão de Açúcar, Alagoas, formou-se em Direito pelo Centro de Estudos Superiores de Maceió – CESMAC. Primeiro Defensor Público da Comarca de Pão de Açúcar, exerceu também os cargos de Secretário de Administração do município de Pão de Açúcar, Observador Meteorológico de Superfície na SUDENE, Técnico Legislativo na Assembleia Legislativa de Alagoas, além de outros. Foi correspondente do Jornal de Alagoas, Jornal de Hoje e semanário Desafio, todos de Maceió. É membro da Academia Sergipana de Cordel, Academia Alagoana de Literatura de Cordel, Academia Brasileira de Literatura de Cordel e Academia de Letras de Pão de Açúcar. Publicou as obras Moinho de Versos (poesia), Toda Poesia de Massilon Silva (poesia) e mais de 50 títulos em literatura de cordel. 

Os meios para aquisição do Cordel Para Principiantes são: E-MAIL: massilonsilva00@gmail.com - WHATSAPP: 79 9 9691-2587

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segunda-feira, 11 de julho de 2022

Entrevista com Massilon Silva, autor do livro Cordel Para Principiantes


MASSILON SILVA, jornalista, escritor e poeta, nascido em Pão de Açúcar, Alagoas, formou-se em Direito pelo Centro de Estudos Superiores de Maceió – CESMAC. Primeiro Defensor Público da Comarca de Pão de Açúcar, exerceu também os cargos de Secretário de Administração do município de Pão de Açúcar, Observador Meteorológico de Superfície na SUDENE, Técnico Legislativo na Assembleia Legislativa de Alagoas, além de outros. Foi correspondente do Jornal de Alagoas, Jornal de Hoje e semanário Desafio, todos de Maceió. É membro da Academia Sergipana de Cordel, Academia Alagoana de Literatura de Cordel, Academia Brasileira de Literatura de Cordel e Academia de Letras de Pão de Açúcar. Publicou as obras Moinho de Versos (poesia), Toda Poesia de Massilon Silva (poesia) e mais de 50 títulos em literatura de cordel. 

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?

Massilon Silva: Comecei participando de Antologias, onde publiquei poesias, contos e crônicas, publicando trabalhos também em jornais e revistas. O primeiro trabalho solo foi o livro de poemas Moinho de Versos pela Gráfica e Editora J. Andrade, de Aracaju, Sergipe, publicando em seguida folhetos de cordel pela DATAGRAPH, também de Aracaju. Mais tarde a obra  poética Toda Poesia de Massilon Silva, pela Editora Livros Ilimitados, do Rio de Janeiro.  

Conexão Literatura: Você é autor do livro "Cordel Para Principiantes”. Poderia comentar? 

Massilon Silva: O Cordel Para Principiantes surgiu, na visão do autor, da necessidade de atender à demanda constante das instituições de ensino por material didático nessa área do conhecimento. Explico. Após a edição da Lei Federal 12.198/2010, que reconheceu a atividade de cordelista como profissão e a decisão do IPHAN elevando a Literatura de Cordel a condição de Patrimônio Imaterial Brasileiro, vários Estados e Municípios do Brasil editaram legislações próprias, no sentido de que o assunto fosse ensinado nas escolas respectivas. Tudo isso descambou, como era de se esperar, na necessidade de serem publicados livros para orientação dos professores e utilização pelos alunos definindo, na medida do possível, as regras para sua prática. 

Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro? 

Massilon Silva: Nossa pesquisa constou principalmente da leitura de obras de grandes autores, de ontem e de hoje, da também chamada Literatura de Folhetos espalhados por todo o Brasil, a exemplo de Manoel Monteiro, Gonçalo Ferreira da Silva, Geraldo Amâncio Pereira, Varneci Nascimento e outros. Trabalhos desenvolvidos por diversos pesquisadores, na Universidade ou fora dela, também ajudaram bastante. 

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho que você acha especial em seu livro?  

Massilon Silva: O cordel é estruturado no tripé RIMA, MÉTRICA e ORAÇÃO. O escrito que se pretende cordelístico mas que não tenha rima, métrica e oração perfeitas, pode ser qualquer coisa menos cordel (Pág. 14). 

O cordel, quando pensado sob o signo de sua prática inicial pelos poetas nordestinos, é uma modalidade de poesia amparada sob o guarda-chuva da poesia popular. Hoje já não cabe nesse gênero, podendo ser apresentado também na forma culta ou erudita. Podemos dizer que até certo ponto o cordel é poesia popular, também o é, sim, mas nem toda poesia popular é cordel (Pág. 31).

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário? 

Massilon Silva: Os meios para aquisição do Cordel Para Principiantes são:  E-MAIL: massilonsilva00@gmail.com - WHATSAPP: 79 9 9691-2587

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta? 

Massilon Silva: Sim. Até o final deste ano pretendemos lançar mais dois títulos, também destinados aos professores e alunos do Brasil. O primeiro é História Recente do Cordel, dirigido ao público em geral mas especialmente aos pesquisadores da área. Ali o leitor ficará sabendo de tudo que aconteceu no país nos últimos anos envolvendo o Cordel. O segundo será um romance de ficção científica contando a história de uma abdução, contendo 400 estrofes em sextilhas, o tipo mais difundido nos escritos de cordel.  

Perguntas rápidas:

Um livro: Odisseia (Homero)

Um cordelista: Gonçalo Ferreira da Silva

Um (a) autor (a): Machado de Assis

Um ator ou atriz: Domingos Oliveira 

Um filme: BR716

Um dia especial: O dia do lançamento do livro Moinho de Versos.

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário? 

Massilon Silva: Espero que nos prefeitos dos vários municípios brasileiros adotem o ensino do Cordel Para Principiantes em suas escolas, a exemplo do que já fizeram os de Pão de  Açúcar, Alagoas e Aracaju, Sergipe, como forma de difundir esse tão importante gênero literário, que a um só tempo leva ao estudante noções básicas de poesia, métrica e rima, tão necessárias ao estudo da língua portuguesa.

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terça-feira, 29 de setembro de 2020

Shamara Paz e o cordel infantil “Um passeio pelo folclore brasileiro"

Shamara Paz - Foto divulgação

Nascida em 30 de abril de 1988, Shamara Paz é uma nordestina apaixonada pela sua cidade, Glória do Goita/PE. Professora encantada pelo território das palavras, leitora voraz desde a infância, Paz é Pedagoga pela UNIFACOL e Licenciada em Letras- Português pela UFPE. Sempre escreveu em diários, e em 2019 publicou seus primeiros poemas, contos e crônicas. É membro da Casa da Poesia, participando da Antologia de nº 11. Participou do Concurso Nacional “Poetize 2020” com um poema selecionado. Em agosto de 2020 publicou o seu primeiro cordel “Um passeio pelo Folclore Brasileiro” na Amazon. Como mediadora de leitura, Shamara busca despertar nos seus alunos o prazer pela leitura e pela escrita.

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?

Shamara Paz: Sempre fui uma leitora voraz. Desde que aprendi a ler, me apaixonei pelas palavras de uma maneira incrível. Minha mãe me levou para conhecer a biblioteca municipal quando eu tinha uns 8 anos de idade. Foi como conhecer um paraíso, lia rapidamente e já queria renovar. Frequentei a biblioteca municipal durante muitos anos. Sempre fui rodeada de cadernos e livros. Meu pai também sempre me incentivou, me presenteou com o meu primeiro livro e com minha primeira Bíblia. Hoje sou professora, escolhi essa profissão, pois sabia que estaria em meio aos livros. As palavras me encantam. Quanto à escrita, amava escrever em diário, relatando sobre os acontecimentos e não deixava ninguém ler, morria de vergonha.
Em meados de 2019 fui convidada por Renato Baptista (em memória) a ingressar na Casa da Poesia como escritora (eu já era inscrita como leitora). Contei que não que era escritora, ele conversou comigo e disse que eu tinha um grande potencial. No início não aceitei o convite, mas fiquei reflexiva. Nesse tempo, comecei a escrever poemas e reorganizar texto antigos. Então, decidi enfrentar o desafio e publiquei meu primeiro poema e minha primeira crônica na 11ª Antologia de Poesias, Contos e Crônicas da Casa da Poesia. Desde então, me aproximei da caneta de uma forma mais poética. Participei, em 2019 também, do Concurso Nacional Novos Poetas e tive um poema selecionado na Antologia “Poetize 2020”, e em agosto de 2020 publiquei meu primeiro cordel na Amazon. Por onde passo, busco notar poesia, notar uma reflexão, um pensamento e já corro para escrever. Publico meus textos no site do Recanto das Letras, onde era inscrita como leitora desde 2013. Meu desejo por escrever para o público foi despertado. Não me vejo sem escrever, não me vejo sem um caderno e uma caneta ao lado. Renato Baptista sempre falava que o talento já existia, ele apenas plantou a semente. Eu sou muito grata e hoje quero que essa semente dê bons frutos, se Deus quiser.


Conexão Literatura: Você é autora de “Um passeio pelo folclore brasileiro – Cordel Infantil”. Poderia comentar?

Shamara Paz: Ah, sempre fui encantada pela poesia. Recitar versos me deixa muito feliz, amo as brincadeiras com as rimas. Somos feitos de Cultura e é preciso valorizá-la em todas as suas manifestações. Conhecer mais sobre a nossa cidade, estado e país é muito gratificante. Enquanto professora, busco realizar ações em que meus alunos se conheçam como produtores de Cultura. Busco oferecer oportunidades para que eles se tornem leitores ativos. Eu acredito que a leitura transforma, e acredito porque amo os livros. A Literatura é um baú destrancado e quando abrimos descobrimos coisas maravilhosas!
 Nos últimos anos passei a pesquisar sobre a Literatura de Cordel para trabalhar durante as aulas com meus alunos. O mundo do Cordel chamou minha atenção por todo o seu conjunto cultural. Os versos dão vida às pessoas, aos lugares, dialoga conosco de uma maneira inovadora, criativa e divertida. As brincadeiras com as palavras, os sons, o ritmo, me encantam.
Certa vez, quis trabalhar algo diferente com meus alunos, então pensei em realizar um projeto sobre a Literatura de Cordel. Os alunos aprenderam sobre poesia, conheceram um pouco sobre alguns cordelistas e sobre o xilógravo J. Borges, tiveram uma oficina de Isogravura e produziram seus próprios cordéis. Neste ano de 2020, durante a quarentena, estamos com aulas on-line, então a ideia de criar um cordel, surgiu. O principal objetivo da criação do cordel foi despertar em meus alunos o amor pela Cultura Popular. O cordel ficou tão apaixonante que decidi publicar na Amazon e disponibilizar os folhetos impressos. Todos os alunos receberam os cordéis e as pessoas de minha cidade criaram interesse e compraram os cordéis e estão ansiosos para que eu escreva mais. Estou muito motivada!

Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu cordel?

Shamara Paz: Sou uma pessoa encantada pela Cultura Popular, principalmente pela cultura de meu município. Na biblioteca de minha casa, temos muitos livros sobre o Folclore, sobre Contos folclóricos, sobre as manifestações folclóricas, livros de lendas diversas. Eu já tinha certa bagagem. Levei, aproximadamente uma semana para concluir o cordel. O mais difícil foi confeccionar a capa, pois tive que desenhar.

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu cordel especialmente para os nossos leitores?  

Shamara Paz:  Com certeza!

Muitos são os saberes,
Formando um conjunto.
Há histórias populares
Que rende muito assunto
Contos, mitos e lendas
Vamos chegar junto.

[...]

Valorize a Cultura
Do nosso lindo país,
Espalhe aos quatro cantos
E serás bem mais feliz.
Você prestou atenção
És um eterno aprendiz!

Nos versos busquei interagir com o leitor, principalmente com a criança leitora, de uma maneira bem divertida, uma conversa mesmo. Reconto algumas lendas folclóricas, mas a ideia principal é vivenciar a Cultura que é tão diversa, vai além das lendas.

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para saber mais sobre o seu cordel e um pouco mais sobre você?

Shamara Paz: Quem desejar ler o Cordel Um passeio pelo Folclore Brasileiro, pode visitar o site da Amazon e pesquisar por Shamara Paz ou acessar o link: Um Passeio pelo Folclore Brasileiro. Se desejarem podem visitar o meu perfil no Instagram: @biblioteca_deumaprofessora, por lá estou sempre interagindo com as pessoas e trocando ideias.

Conexão Literatura: Quais dicas daria aos autores em início de carreira?

Shamara Paz: Acredite em você! Somos seres de incríveis potenciais. Se você está sentindo o desejo de escrever seus pensamentos, comece. Dê o primeiro passo! Lembre-se que o mais importante é escrever para expressar e não para impressionar. Escrevemos porque necessitamos, é um desejo que aflora e nos reconecta com o mundo. O melhor momento para escrever é agora, é hoje. Tire seus textos da gaveta e publique em blogs, sites, redes sociais, nos dê o prazer de te conhecer. Lembre-se: “Peça a Deus que abençoe os seus planos, e eles darão certo”. (Provérbios 16.3)

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?

Shamara Paz: Sim, os sonhos me movem. Desejo, se assim for da vontade de Deus, publicar um livro de Poesias. Amo escrever contos, crônicas, mas a minha maior paixão é a Poesia. Poesia é vida, está a nossa volta. Encontramos poesia no dia a dia, basta termos olhos dispostos a enxergar.

Perguntas rápidas:

Um livro: A Bíblia
Um (a) autor (a):  Carlos Drummond de Andrade
Um ator ou atriz: Sylvester Stallone
Um filme: Como estrelas na terra – Toda criança é especial
Um dia especial: O dia do meu casamento

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Shamara Paz: Quero relembrar que devemos continuar formando leitores em nosso país. Sempre que possível, leia para uma criança, leia histórias, visitem bibliotecas, livrarias... A Literatura contribui e muito para o desenvolvimento das crianças em vários aspectos: imaginação, reflexão, diálogo, descoberta, autocriação. Assim, a leitura nos oferece várias possibilidades de além de conhecer o outro, também nos conhecermos.
Nós, adultos, somos responsáveis pela formação de cidadãos críticos. Nós, professores, somos agentes de cultura viva, mediadores de leitura. Precisamos oferecer à criança o contato com textos literários diversos, realizar rodas de conversas sobre o texto literário, aproximar a criança do livro utilizando diversas estratégias e não somente a leitura em voz alta. Por meio dessa interação, as crianças terão prazer em ler e consequentemente, serão adultos leitores, críticos e reflexivos.

Também gostaria de parabenizar a Revista Conexão Literatura, na pessoa de Ademir Pascale, pelo excelente trabalho que realiza em prol da Literatura. O grande e principal objetivo é incentivar a leitura. Admiro muito esse riquíssimo trabalho. Todo mês somos presenteados com uma revista inédita, recheada de contos, poesias, artigos, dicas de livros. Vocês valorizam os escritores, principalmente os iniciantes, isso é muito gratificante. Todo mês conhecemos escritores incríveis por meio das entrevistas. Todas as pessoas precisam conhecer a Revista Conexão Literatura.

“Vamos alimentar a nossa alma?
Você sugere alguma comida saborosa?
Pensei em poesia, amigos e uma boa prosa.
E você? Apresente sua proposta!”

(Shamara Paz)

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sábado, 12 de setembro de 2020

As origens e perspectivas da literatura de cordel


Há quem defenda que o gênero é genuinamente brasileiro e há quem diga que o cordel se originou da cultura árabe, o debate está no Circuito Cultural Digital de Pernambuco, promovido pela Cepe
  
No último dia do Circuito Cultural Digital de Pernambuco, dia 13, domingo, às 11h, o debate fica acirrado com a discussão sobre as origens e perspectivas da literatura de cordel. O bate-papo virtual terá participação do escritor Aderaldo Luciano, doutor em Ciência da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; e do poeta, pesquisador da poesia popular, além de xilógrafo, entre outras coisas, Meca Moreno, com mediação da também escritora e cordelista Érica Montenegro.
Meca Moreno sustenta que a origem da literatura de cordel remonta à cultura árabe. Enquanto Aderaldo Luciano afirma que como forma poética o cordel nasceu no Recife, tendo como seu sistematizador Leandro Gomes de Barros, nascido em 1865 e que morreu em 1918. Essa defesa está publicada em seu livro Apontamentos Para uma História Crítica do Cordel Brasileiro, publicado pela Editora Luzeiro, de São Paulo.
A ideia não é polemizar, mas mostrar a força e a riqueza desse sistema poético que, como dizem os especialistas, uma coisa é o folheto, elemento meramente gráfico, outra o cordel, elemento-linguagem. A compreensão desses conceitos é essencial para acompanhar a discussão.
Outras formas de arte complementaram o cordel, como a xilogravura na confecção dos livretos. Outras beberam de sua fonte. Aderaldo lembra que quando a editora Prelúdio de São Paulo passou a publicar folhetos doou um novo formato ao cordel, com capas coloridas, papel melhor, letras trabalhadas. Ele conta que foi uma revolução. Já a Editora Luzeiro, sucessora da Prelúdio, transformou-se na maior e mais bem-sucedida editora de cordel do Brasil.
“Muitos folheteiros, como José Bernardo, culparam a Luzeiro pelo fim das folhetarias tradicionais no Nordeste. Quem produzia as capas eram grandes nomes das artes plásticas nacionais: Sérgio Lima, Eugenio Colonese, Seabra, Smaga. A Luzeiro passou a quadrinizar o cordel. Até hoje é reeditado o Pavão Misterioso em quadrinhos. No cinema, O Homem Que Virou Suco, de João Batista de Andrade, é um exemplo, usou o cordel como matéria principal. O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, é inspirado em três folhetos de cordel. A música nordestina tem a base no cordel e na cantoria. As artes plásticas e até a arquitetura seguiram temas cordelísticos. Há inclusive presença do cordel na moda. O cordel é uma ordem”, destaca.
Para acompanhar este e outros debates no último dia desta etapa do circuito acesse a programação, ancorada no portal (www.circuitoculturalpernambuco.com.br) e nas redes sociais do evento, que começou no dia 9 deste mês.
Nesta segunda edição do circuito, que tem curadoria da Fundação Gilberto Freyre, o formato é realizado excepcionalmente no ambiente digital, em função da pandemia de Covid-19. O poeta João Cabral de Melo Neto, que teria completado 100 anos de nascimento em 9 de janeiro de 2020, é o homenageado do evento.
Vinte editoras, livrarias e instituições, como a Câmara Brasileira de Livros (CBL) e a União Brasileira dos Escritores participam do evento com programações e ações próprias. O circuito conta com o apoio das secretarias estaduais de Educação, Cultura e Fundarpe. As próximas etapas acontecerão em outubro (07 a 11), novembro (12 a 15) e dezembro (09 a 13) com novas programações e participantes.
  
ENTREVISTA COM ADERALDO LUCIANO E MECA MORENO
PERGUNTA - Quais as origens do cordel?
ADERADO LUCIANO - O cordel é forma fixa da poesia brasileira. Os folhetos do final do séc. XIX estão acessíveis a quem quiser consultar. O primeiro folheto impresso por Leandro Gomes de Barros no Recife é o marco da aparição do cordel como sistema literário. O cordel não apareceu apenas como poesia, mas como sistema literário: havia a presença de um autor de cordel, de um impressor de cordel e de um público leitor de cordel. Leandro Gomes de Barros, cidadão nascido em Pombal, Alto Sertão da Paraíba, foi adotado por seu tio, um padre da paróquia de Teixeira, cidade vizinha. Dali, Leandro saiu rumo ao Recife. Aos 18 anos estava na capital. Morou em vários locais. Os seus folhetos impressos trazem esses endereços desde o primeiro folheto Alonso e Marina. Ele, Leandro, criou o sistema no Recife. Talvez outros hajam impresso livretos, mas o sistema é recifense. Quatro grandes poetas do cordel estiveram no Recife no início do séc. XX produzindo sistematicamente: Silvino Pirauá de Lima, o primeiro que chegou. Depois Leandro Gomes de Barros, o segundo. Depois João Martins de Athayde. Passou aí também Francisco das Chagas Batista que depois migrou para João Pessoa. O Recife foi o grande centro cordelístico, até a década de 50, quando José Bernardo da Silva comprou a gráfica com todos os títulos de Athayde e levou para o Juazeiro do Padre Cícero.
MECA MORENO - É uma pergunta que não tem apenas uma resposta. Temos as origens do cordel no mundo e as temos no Brasil. Há uma grande diversidade de registros do modelo narrativo em prosa e em poesia, em países europeus como Grécia, Alemanha, Inglaterra, Espanha, Portugal, Holanda, bem como no oriente médio, em sociedades tribais, inclusive nos textos religiosos. Na Península Ibérica, a partir do ano 711 da era cristã, devido à invasão que partiu do Marrocos, através do Estreito de Gibraltar, os chamados mouros tomaram o poder e permaneceram por lá até o ano de 1492, ou seja, durante 781 anos fizeram história e impuseram o árabe, como idioma administrativo,  e seus modos culturais, embora tolerassem as culturas locais, de modo tal que também absorveram muito dessas culturas e conseguiam conviver “pacificamente”. Assim, percebemos características culturais como um todo, mas principalmente da poesia árabe, na nossa poesia popular, especialmente da estética do verso, que foram amalgamadas à poesia popular ibérica, guardando, evidentemente traços para além disso, como a poesia berbere, resquícios da poética celta e dos países norte africanos (Magreb), além das influências galegas e greco-latinas, posto que depois das reconquistas das monarquias portuguesa e espanhola, o próprio uso das línguas latinas refletia o convívio misto dos povos, inclusive do povo judeu, que já estava por lá muito antes da chegada dos mauritanos. No Brasil, entretanto, não podemos negar que os primeiros textos e poetas vieram da península ibérica nas caravelas, ainda no início do século XVI, mas estamos falando de um modelo oral e, em parte, manuscrito, posto que a imprensa veio a ser implementada muito lentamente em todo o mundo a partir o final do século XV no Brasil e, somente depois a chegada de Dom João VI, em 1808, no Brasil. Tivemos os nossos primeiros cordéis impressos, já ao final do século XIX, por um paraibano chamado Leandro Gomes de Barros, no Recife. Na época, ainda tínhamos as histórias de plebeus que apaixonavam-se pela princesa e vice-versa. Também histórias de heróis, etc. Mas com o passar dos anos, as nossas próprias temáticas passaram a ser narradas, sempre em poesia. Novas adaptações temáticas e estruturais foram acrescentadas e hoje podemos dizer que o cordel brasileiro tem características próprias e é único.

PERGUNTA - Quais as perspectivas da literatura de cordel?
ADERALDO - Na década de 80 do séc. XX alguém vaticinou a morte do cordel. O aparecimento de novas tecnologias acabaria com o cordel. Mas o cordel é poesia. Ninguém decreta o fim da poesia. Podem apontar o fim do livro físico, mas até isso é quase uma impossibilidade. Analise este caminho: quando o rádio apareceu, como meio de comunicação de massa, disseram: o rádio vai acabar com o jornal impresso. E não acabou. Pelo contrário: o rádio passou a ser o maior aliado do jornal. Com locutores lendo os jornais no rádio. Mas aí veio o cinema. E disseram: o cinema vai acabar com o rádio. Não deu certo. O cinema, o rádio e o jornal permaneceram ombro a ombro, cada um no seu caminho, dialogando e crescendo. Numa manhã de sol, apareceu a televisão. E agora a televisão acabaria com o cinema, que teria acabado com o rádio, que teria fechado os jornais. A internet chegou. E agora? Tudo migrou para ela. Mas nada acabou. Mudou. Todos esses elementos que usei foram também apontados como assassinos do cordel. Jamais. O cordel usou o jornal, o rádio, o cinema, a televisão e neste momento está usando a internet. Todos a serviço do cordel. Logo, a perspectiva é ótima. Os jovens amam a ludicidade do cordel. Escolas têm projetos premiados de literacia e leitura pelo cordel. Poetas se multiplicam. E o cordel caminha. Um veleiro, velas abertas para onde o vento soprar. A poesia sopra. O cordel navega.

MECA MORENO - Na atualidade, as nossas perspectivas são as maiores, visto que os cordelistas sempre se superaram através do uso das mais diversas tecnologias. Logo, o cordel está cada vez mais presente, publicado e lido em papel e nos mais diversos moldes, especialmente com os nossos declamadores e nas redes sociais, com amplo acesso através de desktops, notebooks, tablets, smartphones, androids e muito mais. Cordel é o modelo poético, não apenas a mídia através da qual é veiculada. Hoje, entre bits e bytes, trafegamos com propriedade em alta velocidade no mundo digital e alcançamos todo o planeta.

PERGUNTA - O cordel é reconhecido em sua plenitude ou é considerado um gênero menor, como tudo que tem sua raiz na arte popular?
ADERALDO LUCIANO - O cordel sofre com o preconceito das elites culturais. O conhecimento, no Brasil, foi construído verticalmente. é uma forma de opressão e não de libertação. Nossos intelectuais são chegados à opressão do povo. Então os intelectuais criticam a maneira do povo falar, se vestir, comer, cantar e até transar. É horrendo o cenário. O cordel sofre com esse mesmo mal. Minha tese de doutorado é pioneira nos estudos literários sobre o cordel. É a primeira na pós-graduação em Letras, Ciência da Literatura, Poética, que reivindica o olhar literário para o cordel, seu lugar de direito. De 2009 para cá, o movimento tomou um corpo imenso. Várias teses foram surgindo e citando meu livro Apontamentos Para uma História Crítica do Cordel Brasileiro como referência. Em 2018, o conselho do Iphan reconheceu o cordel como patrimônio cultural imaterial brasileiro. Não foi Portugal. Isso prova minha tese. O cordel é brasileiro. É literatura brasileira. É poesia brasileira.

MECA MORENO - Antigamente, o chamado folheto de feira, vindo depois a ser denominado cordel, era tendenciosamente considerado como uma produção folclórica. Apenas depois do reconhecimento pelos acadêmicos e suas universidades, houve a adoção do termo “Literatura de Cordel”, passando a ser um pouco mais valorizada. Mesmo assim, no Brasil, ainda há a necessidade de um movimento de divulgação e resistência muito decidido em, de fato, levar o cordel ao seu merecido lugar de destaque. Para isso, continuamos o trabalho junto às diversas camadas sociais. Estamos fazendo o nosso trabalho de formiguinhas. O reconhecimento pelo Iphan, em 2018, do Cordel como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, nos deu mais oxigênio para uma divulgação maior e penetração nas mais diversas camadas da sociedade.
  
PROGRAMAÇÃO DO DIA 13.09, DOMINGO

8h – Oficina
Oficina de construção de instrumentos musicais com Givanilson Soares.

9h – Senta, que lá vem história!
Contação da história do livro Cabra Cabriola (Além da Lenda) com Joanah Flor.

10h – Apresentação cultural
Tocando, cantando e aprendendo com Givanilson Soares.

11h – Bate-papo
Origens e perspectivas da literatura de cordel. Participação de Aderaldo Luciano, Meca Moreno e Érica Montenegro (mediadora).

12h – Lançamento virtual
A história da eternidade, de Camilo Cavalcante. Conversa entre o autor e a jornalista Luciana Veras.

14h - Por dentro do livro
Conversa sobre coletâneas de fotografias editadas pela Cepe Editora (Alcir Lacerda, Benício Dias e Lula Cardoso Ayres). Participação de Betty Lacerda e Rita de Cássia Araújo.

15h – Bate-papo
Encontro de ilustradoras pernambucanas. Com Mari Souza, Clari Cabral e Renato Mota (mediador).

16h – Show Infantil
Bandalelê

17h – Contação de história
Contação da história do livro Cabra Cabriola (Além da Lenda) com Joanah Flor.

18h – Cineminha
Guerreiros da rua (ViuCine)

19h – Sarau 
Teatro em perspectiva - Com a Companhia Maravilhas de Teatro.
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sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Festa Literária Internacional de São Sebastião será online, de 27 a 30 de agosto

Adriana Saldanha, diretora geral da FLISS e presidente do Instututo MPUMALANGA - Divulgação
Mais de 40 escritores, contadores de histórias, especialistas em literatura, artistas da música e poetas slammers passarão pelos canais digitais da Festa Literária Internacional de São Sebastião-FLISS 2020, que o Instituto MPUMALANGA realizará em formato online, entre os dias 27 e 30 de agosto, em parceria com o UNICEF

A Festa Literária Internacional de São Sebastião - FLISS, realizada pelo Instituto MPUMALANGA em parceria com o UNICEF, será virtual  nesta edição de 2020 e, assim, ganha abrangência nacional e internacional. Partindo da Casa Brasileira, sede do Instituto na cidade do litoral paulista, para o mundo, começa na quinta-feira, 27 de agosto, às 10h10, com uma discussão importante: A leitura e a escrita para realização dos direitos de crianças e adolescentes, em um diálogo conduzido pela diretora geral da FLISS, Adriana Saldanha, com Ítalo Dutra, Chefe da Área de Educação do UNICEF Brasil.

São quase 80 horas de programação online, com debates literários, lançamentos de livros, diálogos online, entrevistas e mini workshops ­parte gratuita e acessada ao vivo pelo Facebook e Youtube do Instituto MPUMALANGA, e outra com inscrições a preços simbólicos, com toda a renda revertida  para  famílias de São Sebastião, impactadas pela Covid-19. A FLISS 2020-online abarca desde a literatura infantil e a produção contemporânea nacional e internacional, passando pela poesia de rua e a literatura indígena, à música e gastronomia, com nomes como Ignácio Loyola Brandão, Kiusam de Oliveira, Milton Hatoum, Mia Couto, Patrícia Portela, José Eduardo Agualusa, Zuza Homem de Mello, Ilan Brenman, Fernanda Takai, Roberta Estrela D’Alva, o Poeta arrudA e muitos outros.

Na programação da Sala FLISS, em 27/8, a premiada ilustradora Lúcia Hiratsuka fala sobre Ilustração: a escrita das imagens (15h). Adriana Saldanha, da Casa Brasileira, Ângela Castelo Branco, d’A Casa Tombada, e Noemi Jaffe, da Escrevedeira, dialogam sobre os desafios dos espaços de cultura e de produção de conhecimento no atual momento e no pós-pandemia (16h). Diretamente de Moçambique, o premiado escritor Lucílio Manjate conversa sobre Literaturas Africanas (17h) com Janaina Figueiredo. Eu na Sala FLISS recebe Ignácio Loyola Brandão numa conversa direta com o público inscrito mediação do historiador Vitor Ortiz e (18h). A Entrevista na FLISS do dia é com o moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa (19h30). A tarde mesmo horário da mesa Pela janela do quarto, que literatura vejo?, com Milton Hatoum, Patrícia Portela e Noemi Jaffe (20h).

No dia, 28/8, 15h Cordel e Xilogravura: Tesouros da Cultura Brasileira é tema da conversa entre o folclorista Marco Haurélio, a xilogravurista Lucélia Borges e a professora de dança e pesquisadora da cultura brincante Tereza Oliveira.  Em Diálogos #Defenda o Livro, Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro, José Ângelo Xavier, presidente da Associação Brasileira de Livros Escolares - Abrelivros, e  Marcos Pereira, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros-SNEL, debatem o impacto da reforma tributária no segmento da produção de livros do país (15h30). Logo após, Leonardo Sakamoto vai mediar a mesa Infância e violação de direitos na pandemia, com Rosana Vega, Chefe de Proteção da Criança do UNICEF, a escritora Andrea Viviana Taubman, a jornalista Cristiane Rogério e Elisiane dos Santos, Procuradora do Ministério Público do Trabalho - SP (16h). O escritor e crítico musical Zuza Homem de Mello conversa com a jornalista Patrícia Palumbo, que intermedia a participação do público inscrito (18h). Em seguida, Fernanda Takai, Penélope Martins e Roberta Estrela D’Alva na mesa Onde mora minha literatura, também com mediação de Patrícia Palumbo, falando de prosa, poesia, teatro e música nos dias atuais (20h). José Eduardo Agualusa, jornalista e escritor angolano de ascendência portuguesa e brasileira, é o convidado da Entrevista na FLISS (19h30).

No sábado, 29/8, a tarde começa com HQ: Pablo Miyazawa, editor do site IGN Brasil, o quadrinista Franco de Rosa e Sabrina Paixão, orientadora do Laboratório Experimental de Arte-educação & Cultura da Faculdade de Educação da USP, falam sobre a linguagem dos quadrinhos, com Roberto Sadovski.  Eu na FLISS traz o escritor e pensador moçambicano Mia Couto, um dos maiores nomes da literatura africana, em uma conversa com a jornalista Adriana Saldanha e a plateia online inscrita, ao vivo, cara a cara (17h). Os escritores indígenas Cristino Wapichana e Auritha Tabajara, com a cantora e pesquisadora Kitty Canário, trazem a literatura indígena e a cultura ancestral para a discussão (18h30).  Na mesa Onde fincam meus pés?, os convidados Ondjaki e Sérgio Vaz abrem uma reflexão sobre como as escritas se projetam e se encontram no espaço cibernético.

O domingo 30/8 tem aula-espetáculo, com inscrições limitadas, sobre o livro das Mil Fábulas, ou As Mil e Uma Noites, obra bastante representativa na cultura árabe, com Mamede Mustafá Jarouche e Daniele Ramalho (15h). Uma discussão sobre as Tendências para os espaços públicos de leitura com Josélia Aguiar, diretora da Biblioteca Mário de Andrade, e Pierre André Ruprecht, diretor executivo   da SP Leituras, dá sequência ao evento (15h30).    Yaguarê Yamã, Kiusam de Oliveira, Claudio Fragata e Tiago de Melo Andrade formam a mesa que discute a Função educadora da literatura infantil e juvenil (17h). O escritor Ilan Brenman recebe o público online para um bate-papo com o público sobre a importância das histórias no século XXI, com Alexandra Pericão, curadora literária da FLISS 2020-online.  A gastronomia também está na FLISS 2020-online (20h), na mesa que vai tratar de  “Comida como Cultura”, com o  antropólogo, escritor e pensador da comida e da alimentação Raul Lody e os chefs Adriana Saldanha, Eudes Assis e Tereza Paim, que  trazem referências de territórios e de trocas afetivas em torno da mesa e da culinária através dos livros.

De quinta a domingo, as manhãs trazem uma programação  de histórias para crianças, com contadores brasileiros e de outros países,  e oficinas para educadores e pais, como Narração de Histórias na Prática Pedagógica, com Ana Luiza Lacombe (10h30), e Olhar Contemporâneo sobre o livro infantil para professores, com Janaina de Figueiredo (11h30). Já às tardes, o jornalista e tradutor José Américo Câmera comenta Biografias (14h), e a pesquisadora Caroline Pfeifer faz análises sobre a obra de Clarice Lispector, sempre às 14h10.

A poesia da cena contemporânea e as batalhas de rimas são apresentadas em oficinas com os slammers Luiza Romão (28/8, 14h30) e Brenalta (29, 14h30, e 30/8, 10h30).

A Festa Literária Internacional de São Sebastião - FLISS tem ainda lançamento de livros, oficinas, bate-papos, workshops, contação de histórias e outras atividades, todas online. A programação gratuita pode ser acessada no Facebook e Youtube do Instituto MPUMALANGA. Já as com inscrição paga, com renda revertida para cestas básicas destinadas a famílias vulneráveis à COVID-19 em São Sebastião, acontecem via Sympla Streaming (Beta).

A FLISS 2020-online é uma realização do Instituto MPUMALANGA, organização que atua em projetos nas  áreas de cultura, educação,  arte e fomento à leitura, em parceria com o UNICEF e com apoio da Fundass-Fundação Educacional e Cultural de São Sebastião Deodato Sant’Anna e das Editoras Melhoramentos, Dublinense, Aletria, Editora do Brasil, Editora de Cultura e da Livraria Cultura. Início em 27/8/2020, às 10h: www.facebook.com/institutompumalanga.
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sábado, 10 de novembro de 2018

Antologia do Cordel Brasileiro – Marco Haurélio

Manifestação literária popular da cultura brasileira, o cordel encanta. Aqui pelas terras brasileiras tal corrente literária ganhou destaque no século XIX. Grandes nomes da nossa literatura se inspiraram em cordéis, como João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa e Ariano Suassuna. Os folhetos, forma usual de apresentação do cordel, tem xilogravura em sua capa e ficam pendurados em cordões ou barbantes. É daí que vem o nome Literatura de Cordel.

O Soldado Jogador é a história de cordel que abre o livro publicado pela Global Editora. De autoria de Leandro Gomes de Barros, conta sobre um soldado que resolve abrir um baralho na igreja e, em função disso, é levado até a prisão. Sagaz que é ele consegue convencer o comandante de que ele faz a leitura de orações por meio das cartas do baralho, o que surpreende o homem e faz com que ele consiga dar uma reviravolta na trama.

Depois temos um cordel de José Pacheco, chamado História do Caçador Que Foi ao Inferno, em que a Virgem Maria intercede pelo homem que é levado ao inferno. Já em A Guerra dos Passarinhos, de Manoel D’Almeida Filho temos um juazeiro alto, bonito e frondoso que fica no quintal do narrador. Tal árvore abriga uma série de pássaros e ele nota que acabam por travar uma luta incansável para afastar de lá um inimigo que se aproximou do juazeiro.

Na sequência vem a história escrita por Antônio Teodoro do Santos, em que um cavalo é o auxiliar mágico. Joãozinho é obrigado por um rei déspota a procurar por uma série de coisas, incluindo uma sereia que ele quer desposar. Para confundir o rei o protagonista vale-se da máxima de que a palavra de um rei não volta atrás.

Nas quatro primeiras histórias da Antologia do Cordel Brasileiro, que tem organização de Marco Haurélio, já temos uma noção da grandiosidade da obra. Nessas histórias iniciais vemos um pouco de tudo aquilo que há contido na literatura de cordel: seres fantásticos, ícones religiosos, lendas e personagens que representam o povo. Essa é a mística da literatura de cordel que nos traz uma representação de brasilidade, sobretudo por ser uma literatura que tem forte ligação com o povo nordestino. Marco Haurélio, o organizador, é poeta, cordelista e pesquisador da cultura popular brasileira.

Nessa antologia temos uma gama variada de cordéis que compreendem a produção de um longo período, cujo espaço temporal entre a primeira e a última história contida no livro é de mais de um século.

Os Três Irmãos Caçadores e o Macaco da Montaha, de Francisco Sales Arêda é a história que segue narrando sobre três filhos de um caçador. Gaudêncio, Januário e Gerimário, com um macaco, tem de enfrentar o gigante Tropeço.

Manoel Pereira Sobrinho brinda o leitor com No Tempo Em Que os Bichos Falavam, que apresenta um antagonismo entre um caçador e uma cobra. Abaixo destaco um trecho do cordel.

“Oh! Deus Pai e grande autor
Das forças celestiais,
Dai-me forte pensamento
E potências autorais
Para descrever a vida
E a fala dos animais”

Interessante observar o trecho acima, pois notará o leitor que em muitos momentos, no cordel, o narrador que confunde-se com o próprio autor escreve de modo a se referir a outra pessoa, fora da história. Ora pede a Deus, como no caso acima, ora também pede atenção do próprio leitor ou de um personagem que esteja contido na história.

De Severino Borges Silva temos O Valente Felisberto e o Reino dos Encantos. Claramente inspirado em contos de fadas a história do valente que dá nome ao cordel traz encantos, princesas, príncipes, gigante e anão.

Temos ainda na antologia o cordel O Feiticeiro do Reino do Monte Branco, de autoria de Minelvino Francisco Silva, em que um feiticeiro apadrinha um menino que aprende a arte da bruxaria por meio dos livros de feitiçaria. Uma princesa surge na história.

Uma das coisas que encanta na literatura de cordel é o fantástico aparecendo nos versos. A mescla de realidade e fantasia, a pluralidade de acontecimentos que cercam os personagens e a conexão que algumas histórias trazem para falar sobre o povo, com suas crenças, suas necessidades e suas buscas pessoais; mesmo que haja uma tinta forte para nos contar, torna o gênero bastante rico. Sem contar que temos personagens que na sua simplicidade, conseguem tocar o leitor pelo modo sábio que conduzem os entraves que surgem em suas vidas.

A rima dá cadência à leitura e quando menos o leitor espera já terá passado da metade do livro, já terá embarcado no universo descrito nos cordéis e estará “cantando” mentalmente os versos que lê. As capas dos cordéis também são um show a parte, e no livro, temos as ilustrações de Erivaldo Ferreira da Silva, nascido no Rio de Janeiro e que é considerado um dos artistas mais representativos da xilogravura brasileira.

No cordel seguinte ninguém pode olhar para a princesa, senão será condenado à forca. João Sem Destino no Reino dos Enforcados, de Antônio Alves da Silva, fala sobre esse personagem que dá nome ao cordel e que chega no reino e se depara com dez homens pendurados. Ele é levado ao Tribunal, acusado de olhar para a filha do monarca. Com sagacidade João faz um pedido inusitado.

A história que segue é João Grilo, Um Presepeiro no Palácio, de Pedro Monteiro. O que João fará no palácio? Adivinhação. Pelo título dá para o leitor pressupor o que há de ocorrer na aventura contada pelo autor. E, depois, temos O Reino da Torre de Outro, em que Rouxinol Rinaré, nos apresenta versos inspirados em um conto que leu em Sílvio Romero.

Já em O Rico Preguiçoso e o Pobre Abestalhado, de Arievaldo Viana, temos um rico sovina que viveu em Pernambuco que tinha um compadre camponês, tido como simples e abestalhado. Nesse cordel, temos também a aparição da Virgem, uma referência à Deus, valores religiosos expostos. É uma história que trata de ganância e cobiça levando à injustiça.

Em O Conde Mendigo e a Princesa Orgulhosa, de autoria de Evaristo Geraldo da Silva, temos Sidônia, uma princesa não muito bem quista pelo seu comportamento. Ela não aceita nenhum pretendente até que seu pai faz uma promessa e um mendigo a pede em casamento.

De Klévisson Viana temos Pedro Malasartes e o Urubu Adivinhão, o penúltimo cordel presente na antologia que se encerra com As Três Folhas da Serpente, de Marco Haurélio.

“Traíste um guerreiro que
Queria morrer contigo,
Fizeste o que não se faz
Com o pior inimigo.
Teu e este cão tereis
A morte como castigo!”

A literatura de cordel é, sem dúvida, um grande legado do Nordeste. Foi reconhecida como patrimônio imaterial brasileiro em setembro de 2018. Temos na antologia um gênero literário que sobrevive para além dos best-sellers literários e que ocupa sim o seu lugar, e que se renova com novos autores. Cordel continua conquistando leitores, traz uma brasilidade que mexe com nossos laços afetivos, nos conecta com o imaginário e o fantástico.

A cultura popular mescla-se com o erudito, posto que há inspiração em mitos, passa pela religiosidade, flerta com a fantasia, tem referências a outras grandes histórias criadas pelos homens ao longo do tempo, atinge a realidade e se lança para o absurdo. Nas páginas dos cordéis temos muita oralidade nos versos, a ironia, o sarcasmo e o humor. A literatura de cordel é rica e a Antologia do Cordel Brasileiro nos dá essa visão. A Global Editora acertou em cheio com os textos que refletem momentos distintos do cordel. Leitura mais que recomendada.

Sobre o organizador:

Marco Aurélio é poeta popular, professor, folclorista e editor, é um dos nomes de maior destaque na literatura de cordel da atualidade. Ministra oficinas e profere palestras sobre literatura de cordel e cultura popular em todo o Brasil. Autor de Contos Folclóricos Brasileiros e Fábulas do Brasil e Breve História da Literatura de Corde, e dos livros infantis O Príncipe que Via Defeito em Tudo, A Lenda do Saci-Pererê e Os Três Porquinhos em Cordel. Publicou os cordéis Presepadas de Chicó e Astúcias de João Grilo, História da Moura Torta, Nordeste – Terra de Bravos, Belisfronte, o Filho do Pescador e  O Herói da Montanha Negra. Pela Global Editora publicou Meus Romances de Cordel, uma antologia de suas melhores composições.

Ficha Técnica

Título: Antologia do Cordel Brasileiro
Escritor: Marco Haurélio
Editora: Global
Edição: 1ª
ISBN: 978-85-260-1599-9
Número de Páginas: 253
Ano: 2012
Assunto: Cordel brasileiro


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