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sexta-feira, 30 de abril de 2021

Resenha: Eu robô, por Gian Danton

Quando era adolescente e começou a ler as revistas pulp fiction, Isaac Asimov se incomodava com o fato dos robôs serem mostrados na história quase invariavelmente de forma negativa – em geral tentando destruir a humanidade. Para tentar mudar esse quadro, ele mesmo começou a escrever suas histórias e enviar para as revistas. O resultado disso foi uma sequência célebre de contos que mudaram completamente o tema e introduziram as três leis da robótica, segundo as quais: 1) um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano seja ferido; 2) um robô deve obedecer as ordens de um ser humano, a não ser que tais ordens entrem em conflito com a primeira lei; 3) um robô deve proteger a sua própria existência, a não ser que isso  entre em conflito com a primeira ou a segunda lei.

Esses contos foram reunidos na antologia Eu, robô, recentemente republicada no Brasil na belíssima edição da Aleph.

O primeiro conto, Robbie, escrito quando o autor tinha 19 anos, é mais uma demonstração de como Isaac Asimov queria trabalhar os robôs: uma menina ganha um robô como babá e se apega tanto a ele que a mãe, preocupada, faz com que o marido devolva a máquina. Mas a menina não irá descansar enquanto não tiver seu amigo de volta. É terno e bem escrito, com um final interessante. Mas não chega nem perto do que o escritor viria fazer com o tema, em especial com relação às três leis.

O segundo conto, “Andando em círculos” já é Asimov em plena forma. Nele, dois pesquisadores, os imortais Powell e Donovan, estão tentando reativar uma velha base em Mercúrio e para isso, mandam um robô, Speed, pegar um mineral essencial para a reativação dos sistemas e, portanto, para a sobrevivência deles no planeta banhado por fortes raios solares. Mas speed, ao invés de pegar o mineral, passa a andar em círculos aparentemente sem razão nenhuma. Os dois devem descobrir o que provocou isso e, principalmente, usar as três leis da robótica para fazer com que ele saia desse círculo vicioso e eles possam salvar a base. É uma típica história asimoviana em que a solução para o problema está totalmente na lógica.

Powell e Donovan voltam “Razão”, o terceiro conto da coletânea. Nesse, eles estão em uma estação espacial responsável por captar energia solar e enviar para a Terra. Mas um novo tipo de robô, racional, é implantado para organizar o trabalho dos outros. E o robô começa a pensar e a duvidar de tenha sido criado por humanos. Para ele, o gerador é o mestre, uma vez que tudo e todos na estação parecem girar ao redor dele e, aparentemente, servi-lo. Asimov brinca com o assunto e usa o conto para criticar o ponto de vista de Descartes segundo o qual a razão é mais importante que os sentidos quando se trata de estabelecer o que é realidade. O  robô chega até mesmo a citar Descartes direta (“Eu existo porque penso”) ou indiretamente (como quando o robô diz que não vai perder seu tempo analisando o que ele considera ilusão de ótica, pois o que é mostrado vai contra a razão). No final, o robô chega até mesmo a estabelecer uma religião (“Não há nenhum mestre senão o mestre e QT-1 é seu profeta!”). Embora as três leis não sejam usadas para resolver o problema, é um divertido e típico conto asimoviano.

Em “É preciso pegar o coelho” Powell e Donovan estão de volta, agora para decifrar um problema com um robô minerador que comanda seis outros robôs em um processo de mineração. Ocorre que, sempre que um dos dois não está olhando, o robô líder parece enlouquecer e coloca todos os outros para marcharem.

Em  “Mentiroso”, um robô tem capacidade de ler os pensamentos dos humanos. É a primeira história com a psicóloga de robôs Susan Calvin, que será figura fundamental nas histórias seguintes.

Em “Um robozinho sumido”, robôs usados pelo governo foram criados sem a primeira lei completa (um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, deixar que ele seja ferido) porque os robôs sempre corriam para salvar os humanos expostos a radiação gama e isso destruía seus cérebros, mesmo que essa radiação com pouca exposição não provocasse danos ao ser humano. Um dos cientista diz a um desses robôs que ele suma e ele de fato some... entrando num local com 62 outros robôs idênticos. Resta agora à psicóloga descobrir entre eles quem é o o robô sumido.

Em “Evasão” uma empresa concorrente propõe um desafio: repassar os dados de uma nave espacial que já destruíram o computador deles. O que fazer: aceitar e correr o risco de perder também o computador da US Robôs?

Em “Evidência”, um candidato concorrente acusa o candidato a prefeito de ser um robô, numa época em que robôs são proibidos na terra. Como provar que ele é humano? Como provar que é um robô? Esse conto tem uma ótima fala de Suzan Calvin segundo a qual, se um humano seguisse as três leis da robótica, seria alguém muito bondoso – e, portanto, um ótimo político.

Finalmente, em “O conflito evitável”, os computadores que governam a economia mundial parecem estar com algum tipo de pane e agindo de forma estranha, levando, por exemplo, fábricas à falência. É o conto mais fraco do volume, mas ainda assim vale a leitura.

Para costurar todas essas histórias, Asimov inventa um repórter que está entrevistando a psicóloga Susan Calvin. Os contos seriam os relatos dela sobre acontecimentos relacionados à história dos robôs.  

No final é interessante perceber como o mundo imaginado por Asimov é muito diferente do mundo real que vivemos. Nas histórias, por exemplo, os robôs pululam, mas existem pouquíssimos computadores – e nenhum pessoal.   

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quarta-feira, 3 de julho de 2019

Resenha: Coração de Aço, romance distópico de Brandon Sanderson

É muito comum se dizer que histórias baseadas em herois com superpoderes são batidas e apoiadas em clichês enjoativos. Prova disso é a quantidade de vezes em que as grandes editoras de quadrinhos tentaram se reinventar, matando personagens relevantes e queridos pelo público, ou criando eventos catástróficos para “zerar” seus universos.

Muitos leitores de histórias em quadrinhos acabam enjoando das histórias tradicionais com o tempo, buscando refúgio em editoras menores, que acabam publicando um material mais alternativo, com menos influência das necessidades mercadológicas que prendem as grandes editoras e, portanto, mais distantes do lugar comum.

Obviamente, os filmes da Marvel, com o sucesso estrondoso nos últimos anos, desmentem (em parte) as afirmações acima, mesmo que uma análise mais profunda dos filmes, na verdade, acabe mostrando que o grandioso universo criado pela Marvel para o cinema não deixa de ser, a rigor, um reboot do universo tradicional dos quadrinhos.

(Mas essa discussão deve ser guardada para um outro post).

Vez ou outra, no entanto, aparecem histórias diferentes, com um potencial de agradar a diversos tipos de leitores, fazendo-nos lembrar de como a eterna luta do Bem contra o Mal mexe com o imaginário coletivo. Se for possível adicionar superpoderes a essas histórias, melhor ainda.

O romance Coração de Aço (Aleph, 2016), escrito pelo norte-americano Brandon Sanderson é um excelente exemplo de reinvenção de histórias de herois com superpoderes. No romance, lançado originalmente em 2013 e que dá início à saga dos Executores, vemos um mundo alterado por um evento cataclísmico que fez com que uma pequena parcela da população, humanos comuns, adquirissem superpoderes. Ao contrário do que normalmente se vê em histórias desse tipo, e fugindo do clássico “Com grandes poderes vem grandes responsabilidades”, esses escolhidos, que passam a se chamar Épicos, acabam usando seus recém-adquiridos poderes em benefício próprio, agindo quase unanimemente de maneira egoista, buscando o controle de cidades inteiras para si. Na busca pelo poder, a maioria desses vilões superpoderosos acabam se tornando verdadeiros tiranos, mantendo populações interias sob seus domínios.

Mostrando claramente que superpoderes podem, sim, corromper seus portadores, a narrativa de Coração de Aço gira em torno de um jovem cujo pai foi assassinado por um desses Épicos e que desenvolve uma verdadeira fixação por essa nova classe de humanos, enquanto busca coletar dados e informações para trabalhar em sua vingança. O jovem se une a um grupo de terroristas que tenta minar a autoridade dos Épicos, trabalhando incansavelmente para libertar a humanidade desse jugo.

A leitura é extremamente agradável e fluida. A narrativa em primeira pessoa faz com que os leitores facilmente se identifiquem com a personagem principal, desde o momento em que suas lembranças de infância são apresentadas até o drama enfrentado no final do livro. Há, como se pode esperar, uma série de referências a histórias em quadrinhos, super-herois de todo tipo, até mesmo Pokemons. Passado num futuro próximo, mas totalmente distópico, o romance apresenta uma dose razoável de ficção científica, inclusive com várias engenhocas tecnológicas que fogem (ainda) da compreensão atual.

Se fosse necessário apontar um ponto negativo na narrativa criada por Brandon Sanderson, provavelmente os diálogos sejam um pouco cansativos. Não que sejam longos, pelo contrário, mas soam um pouco artificiais às vezes. Na tentativa de criar um ambiente mais descontraído ou um linguajar despojado, muitas vezes a impressão que se passa é de uma conversa boba, quando na verdade, o assunto tratado parecia ser bem mais sério.

Esse problema, no entanto, não afeta tanto a experiência da leitura. O que mais chama atenção realmente é a pegada legal da história, as diversas opções criadas com tantos Épicos superpoderosos, e o drama pessoal do protagonista. A história tem alguns plot twists bem interessantes e muito surpreendentes, fugindo quase sempre da solução óbvia.

As sequências de ação e luta são de tirar o fôlego, daquelas que deixam o leitor cansado ao final do capítulo, e prendem  muito a atenção. Há um trecho lá pela metade do livro em que as coisas parecem que vão ficar meio arrastadas, mas o último quarto do livro engrena bem e vai numa toada meio alucinada até o final, com um desfecho muito bom.

Em diversos trechos da leitura, aparecem algumas discussões interessantes sobre o verdadeiro significado de superpoderes, de quais são as reais necessidades humanas, e do quanto vale a pena lutar (ou não) por uma condição melhor. Até mesmo essa “condição melhor” chega a ser questionada.
Ao término da leitura, o que fica é a vontade de continuar a série, que segue com mais dois romances também publicados pela Editora Aleph, Tormenta de Fogo e Calamidade, além da sensação de que tem muita história boa de super-heroi para ser contada. Mais do que isso, fica uma mensagem interessante de que mesmo o mais ordinário dos humanos pode se tornar protagonista quando tem a motivação correta.

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quinta-feira, 7 de abril de 2016

Uma análise da ida de André Vianco para a Aleph

André Vianco é inegavelmente um dos maiores expoentes da literatura brasileira de terror. Desde a publicação de Os Sete, em 1999, o autor segue uma trajetória de sucesso: já são 16 livros lançados, três histórias em quadrinhos e duas obras infanto-juvenis. Algumas de suas sagas possuem leitores fanáticos, como a do Vampiro Rei e o próprio Os Sete.

Após anos na editora Novo Século – que o projetou no mundo da literatura – e um grande hiato sem relançar seus livros antigos, Vianco divulgou em 2015 em suas redes sociais que estava em busca de uma nova editora para suas obras. A escolhida foi a Giz, mais especificamente o selo Calíope, criado para o autor lançar (e relançar) seus livros e, ainda, outros autores. A parceria chegou até a gerar o primeiro fruto: o livro Estrela da Manhã (2016), do próprio Vianco.

Então eis que, para surpresa de todos, o escritor anunciou que terá mais de 10 obras relançadas pela editora Aleph, até mesmo o Estrela da Manhã, e já pensa em novos livros pela nova casa.

Se você não conhece a Aleph, trata-se de uma editora de grande porte responsável por trazer para o Brasil a maioria dos livros de ficção científica encontrados em destaque em qualquer livraria. O catálogo inclui clássicos de peso: Laranja Mecânica, Jurassic Park, Planeta dos Macacos, entre muitos outros; além de trabalhos de autores como Isaac Asimov e Philip K. Dick e das obras das franquias Star Wars e Star Trek.

Vale também destacar o trabalho primoroso que eles desempenham no preparo do livro. 2001: uma odisseia do espaço, por exemplo, possui uma edição toda preta, copiando o famoso monólito imortalizado pelo filme de Kubrick. E a Aleph ainda se posiciona como uma editora que se importa com a cultura, e não simplesmente em ter lucro. Exemplo disso são os temas abordados em seu canal no Youtube: há um episódio com um debate muito interessante sobre a representatividade feminina no mundo nerd e outro sobre a série Black Mirror, sobre a qual a Aleph não tem nenhum livro lançado.

Também no seu canal no Youtube, a editora já afirmou que o livro A mão esquerda da escuridão, de Ursula Le Quin, vende pouco, só que afirma continuar a apostar na obra e na autora por entender a importância de ambos para o universo da ficção científica.

Aposta no nacional

Mesmo com tantos livros bons, havia um ‘calcanhar de Aquiles’ no catálogo da Aleph: a ausência de autores de ficção nacionais. Possivelmente o sucesso de nomes como Eduardo Spohr e Raphael Draccon fez a editora olhar com mais carinho para os escritores daqui, e André Vianco é uma aposta segura. Trata-se de um autor com uma grande base de leitores, que vende bem e que, até bem pouco tempo, estava sem editora. Algumas de suas obras, como A casa, praticamente tornaram-se itens de colecionador. Relançá-las é certeza de venda.

E porque a ida do Vianco para a Aleph deve ser comemorada? Porque a Aleph abrir suas portas mostra que a ficção nacional está mais madura, não apenas pela qualidade das obras, mas principalmente pela recepção do público. Caso Vianco venda bem na Aleph – o que certamente irá acontecer –, quem sabe a editora não aposte em outros autores nacionais? E quem sabe outras grandes editoras não passem a olhar com mais atenção para bons nomes da literatura com potencial de vendas?

Resta saber o que será do selo Calíope. Aposte que ele continuará vivendo, com Vianco agenciando autores na Giz e publicando suas obras na Aleph. Por falar em Aleph, que autor nunca desejou publicar por ela que atire a primeira pedra. Quem sabe esse sonho já não seja mais tão distante assim.


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