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| Uhélio Gonçalves e Adriano Portela - Foto divulgação |
Casos Especiais, de Osman Lins, breve lançamento da Cepe, foi discutido no segundo dia de bate-papos
Quando se fala no filme Lisbela e o Prisioneiro (2003), dirigido por Guel Arraes, poucos lembram se tratar de adaptação de peça de teatral do escritor pernambucano de Vitória de Santo Antão Osman Lins (1924-1978). "O teatro é o primo pobre do cinema", afirma o escritor e roteirista Adriano Portela. Ele esteve nesta terça-feira (6 de agosto) na Tenda Literária Cepe, em frente ao Theatro Cinema Guarany, durante o 12º Festival de Cinema de Triunfo, conversando sobre a relação entre cinema, TV e literatura com o jornalista e cineasta caruaruense Uhélio Gonçalves.
Adriano assina ensaio de abertura e notas explicativas sobre questões técnicas de roteiro e cinematografia da nova edição de Casos Especiais, também de Osman Lins, a ser lançada em setembro pela Cepe. A obra é composta de textos adaptados para a televisão, em programa de mesmo nome. Fora de catálogo e lançada em 1978, se destaca por levar a assinatura do até então já consagrado romancista e ensaísta, algo incomum. "Foi o primeiro ficcionista a escrever para TV. Osman teve a vida pautada pela literatura e sempre foi de encontro à indústria cultural, à mídia, pois queria levar adaptações da literatura de qualidade para a TV, com temas inquietantes para a época", descreve Portela. Encantado com essa postura do escritor, Adriano resolveu estudá-lo a fundo na academia. Já leu quase toda a obra de Osman, aluno de Ariano Suassuna e de Hermilo Borba Filho. Fez algumas montagens teatrais de suas narrativas e segue para o doutorado estudando o escritor.
"Espero que essa reedição (de Casos Especiais) abra portas para o público procurar outras obras do autor, trazendo essa luz para a dramaturgia pernambucana, algo que a Cepe vem fazendo em seus lançamentos, como Gilvan Lemos, autor bastante imagético, ideal para ser adaptado ao cinema". Entre tantos títulos, Adriano conta que escolheu Casos Especiais como objeto de estudo por ser uma obra que "merece destaque e ninguém dá valor".
Ao mesmo tempo em que se prepara para lançar em breve Recife Assombrado - seu primeiro longa, uma homenagem a Gilberto Freyre, autor de Assombrações do Recife Velho, - Portela, adianta que a próxima produção para a telona será baseada em outro título de Osman Lins, Nove, Novena (1966). A relação desta obra com a nouvelle vague é tema de estudo de seu doutorado.
A Tenda Literária Cepe segue com programação sempre às 17h30. Nesta quarta-feira, bate-papo sobre crítica cultural com a editora da Revista Continente Online, Olívia Mindêlo, o cineasta Pedro Severien, e o crítico literário Eduardo César Maia.
Programação Tenda Literária Cepe:
07/08 (quarta-feira) - Bate-papo sobre Crítica cultural
Participantes: Eduardo César Maia (crítico literário), Pedro Severien (cineasta), mediação de Olívia Mindêlo (editora da Revista Continente Online)
08/08 (quinta-feira) - Mulheres no audiovisual em Pernambuco: um panorama da presença feminina nos sets
Participantes: Juliana Lima (cineasta) e Nara Aragão (cineasta e produtora)
09/08 (sexta-feira) - Políticas públicas de cinema e resistência
Participantes: Emilie Lesclaux (produtora de cinema), Clara Angélica (cineasta e jornalista) e Luciana Veras (repórter especial da Revista Continente)
10/08 (sábado) - História do cinema pernambucano
Participante: Luiz Joaquim (professor e crítico de cinema)
