
Em Memórias de porco-espinho, Alain Mabanckou revisita, com amor e ironia, uma série de lugares fundadores da literatura e cultura africana. Parodia livremente uma lenda popular de que todo ser humano possui seu duplo animal, que nesta narrativa é um porco-espinho surpreendente. O pequeno animal, filósofo e malicioso, executa os macabros desejos de seu mestre e realiza uma série de assassinatos. Mabanckou revela que, apesar de o romance ter sido escrito em francês, o ritmo da narrativa advém das línguas orais africanas, faladas no Congo, o que transparece na construção da história. O escritor passou sua infância na cidade costeira de Pointe-Noire, onde se formou em Letras e Filosofia. Obteve uma bolsa de estudos e foi para a França aos 22 anos, já com alguns manuscritos, que começou a publicar três anos depois. Tornou-se cada vez mais envolvido com a literatura com a publicação, em 1998, de seu primeiro romance Bleu-Blanc-Rouge, que lhe valeu o Grand Prix Littéraire de l'Afrique noire. Publicou o romance Broken Glass, unanimemente saudado pela imprensa, críticas e leitores; depois publicou Mémoires de porc-épic, que lhe valeu o Prix Renaudot em 2006. Ele mora hoje em Santa Monica, Califórnia, Estados Unidos onde ensina literatura francófona. Suas obras são traduzidas para quinze idiomas. O romance Black Bazar, publicado em 2009, foi classificado entre as 20 melhores vendas de livros na França e a novela Amanhã vou ter vinte anos, publicada em 2010, venceu o Prix Georges Brassens 2010. A editora Malê foi fundada em 2015 com o objetivo de promover a literatura produzida por autores negros da literatura brasileira, africana e afrodiaspórica.