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quarta-feira, 10 de maio de 2023

Leituras e leitores de García Márquez


Ana Lúcia Trevisan - 
Professora do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie 

A narrativa ficcional de García Márquez nos provoca a desvendar muitos universos cognitivos e textuais, pois nela a História e a Maravilha se naturalizam, se absorvem, revelando como o tempo dos mitos pode se redimensionar na ordem do cotidiano e do historicismo. A prosa de García Márquez, que incorpora tanto a tradição ficcional europeia como as tradições da oralidade e das lendas do interior da Colômbia, desdobra um cosmos narrativo em que temas do realismo maravilhoso se conjugam a história latino-americana.
 

Em seu primeiro romance, La hojarasca, de 1955, a famosa cidade imaginária de Macondo surge pela primeira vez e anuncia as outras macondos que surgirão na obra de García Márquez. Desdobradas e metafóricas, elas ressurgem como espaços capazes de evocar a História e de articular a façanha da multiplicação de significantes e significados latino-americanos. Partindo dessa primeira Macondo, inevitavelmente chegamos ao romance Cem anos de solidão (1967) e, nesse romance, a força narrativa de García Márquez se revela em um binômio indissociável, próprio da verdadeira literatura quando esta agrega uma boa história a uma forma diferenciada de narrar.
 

Cem anos de solidão alcança esse binômio com a perfeição expressa no tempo predestinado à saga familiar dos Buendia. As peripécias dessa família se desenrolam diante dos leitores ao mesmo tempo em que são apresentados certos pergaminhos indecifráveis, trazidos pelo cigano Melquiades. Esses manuscritos passam de mãos em mãos ao longo do romance, são textos em busca de quem queira e possa decifrá-los. Entretanto, somente nas últimas páginas do romance o sentido desses escritos será revelado. No tempo da leitura dos pergaminhos, realizada pelo último representante da família Buendia, descobrimo-nos submersos em uma aura de fatalidade, pois entendemos que uma verdade final se anuncia e se impõe.
 

Será permitido habitar Macondo pelo tempo determinado na velocidade da nossa própria leitura e, assim, conviver com Aurelianos e Josés Arcadios, sofrer com os amores e os ciúmes de Rebeca ou Amaranta, deleitar-nos com a praticidade estarrecedora da matriarca Úrsula Buendia e da objetividade visionária do alquimista e patriarca José Arcádio Buendia.
 

Encantamento e espanto diante das coisas mais cotidianas e naturalidade diante das maravilhas: por estas veredas se constrói o mosaico narrativo de García Márquez. Personagens surgem e reaparecem em contos e romances; a jovem Erêndira, que protagoniza o relato que dá título à coleção de contos A incrível e triste história de Cândida Erêndira e sua avó desalmada (1972), já havia encantado a personagem Aureliano Buendia em um capítulo de Cem anos de solidão. No romance O outono do patriarca (1975) ou mesmo O general em seu labirinto (1989) constroem-se criticamente diferentes circunstâncias históricas da América Latina e, na medida em que imaginam o passado, criam outra forma de elaboração da narrativa histórica, instigando uma releitura reflexiva dos discursos históricos já concebidos e consagrados.
 

O amor em García Márquez não resgata apenas as personagens perdidas no deserto ou em tempos de enfermidades. No romance O amor nos tempos do cólera (1985), Fermina Daza e Florentino Ariza se apaixonam, mas são impedidos de viver esse amor juvenil, naturalizando o sobrenatural ou sobrenaturalizando as leis naturais, García Márquez fará Florentino Ariza esperar Fermina Daza por cinquenta anos para que os dois possam, enfim, subir e descer o rio Magdalena, aprisionados voluntariamente pelo amor e por um barco condenado ao isolamento dos tempos do cólera. Vinte anos depois no romance Memória de minhas putas tristes (2005) outro enamorado, agora um ancião de noventa anos, vive um amor que permite negar a chegada iminente da morte.
 

Pensar a obra de um escritor como Gabriel García Márquez pode nos colocar diante de uma reflexão a respeito dos próprios sentidos da literatura, em sua dimensão inquietante, que propõe diálogos com nossas distintas memórias pessoais e literárias. Em sua obra, o poder da palavra, seja ela escrita ou simplesmente dita, alcança uma dimensão singular. Ora as cidades tornam-se palavras e podem ser lidas até que se consumam, ora a narrativa histórica é palavra e pode reinventar criticamente o passado. E, tantas vezes, o amor faz-se verbo, começando e terminando no desejo de possuir as palavras, do outro, de nós mesmos.

 

Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie 

A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) está na 71a posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa Times Higher Education 2021, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Comemorando 70 anos, a UPM possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.

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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Roseli Gimenes e o livro A literatura brasileira do átomo ao bit, por Sérgio Simka e Cida Simka

Roseli Gimenes - Foto divulgação
Fale-nos sobre você.

Há muitos anos sou professora. Primeiro ingressei por concurso na rede pública do Estado. Assumi aulas de Língua Portuguesa e Língua Inglesa como Professora III.
Concomitante fui professora de Literatura Brasileira em colégios particulares e, logo depois, continuei esse professorado em universidades como a São Judas Tadeu, a Faap, a UNIP, entre outras.

ENTREVISTA:

Você é coordenadora geral do curso de Letras da UNIP. Fale-nos sobre seu trabalho na universidade.


Antes de assumir a coordenação geral do curso de Letras da UNIP, fui professora de muitos cursos lecionando produção de textos para o Direito, Psicologia, Propaganda e Marketing, por exemplo.
Na coordenação de Letras, o tempo integral de trabalho gira em torno da estrutura do projeto pedagógico do curso tanto no presencial como no EAD, do ementário do curso em relação às diretrizes do MEC, da aderência de professores ao curso e da pesquisa de estudantes e dos docentes, entre outras coisas.

Fale-nos sobre seu processo de pesquisa.


Em se tratando de pesquisa, é sempre necessário incentivar estudantes e docentes a essa tarefa. Partindo, por exemplo, de minha graduação em Letras Licenciatura e Bacharelado, continuei meu processo - interminável - de pesquisa. No mestrado, ligando literatura e psicanálise; no doutorado, ligando cinema e psicanálise e literatura e as novas tecnologias. Como educadora, trabalho neste momento com a pesquisa em inteligência, relacionando-a a adjetivos que vão colorir sua contribuição: inteligência emocional, inteligência artificial e, recentemente, inteligência libidinal, objeto de meu pós-doutoramento.


Fale-nos sobre seus livros.

Todo o trajeto de minhas pesquisas aparece em meus livros. ‘A menina de Lacan: um conto Rosa’ é resultado das pesquisas entre literatura e psicanálise já que abordo um conto de Guimarães Rosa cuja personagem poderia ser estudada pelo viés da psicose de acordo com preceitos psicanalíticos. Em ‘Psicanálise e cinema. O cinema de Almodóvar sob um olhar lacaniamente perverso’ (meu livro mais bem vendido), o próprio título é bastante esclarecedor sobre o tratamento que aponto em algumas películas do cineasta espanhol. Já em meu último livro ‘A literatura brasileira do átomo ao bit’, volto o olhar diacrônico e sincrônico do percurso da literatura brasileira desde o descobrimento até as mais recentes obras criadas de forma digital no século XXI. Uma profícua relação da literatura com o livro impresso e as novas tecnologias dos e-books, por exemplo.

Como o leitor interessado deverá proceder para saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho?


Os pesquisadores podem ser acompanhados por suas publicações, os livros são exemplo disso. Mas há nas redes uma busca, além do Lattes, que ajuda a saber o que um pesquisador está fazendo. Artigos publicados, congressos de que participa, projetos de pesquisa em que está envolvido, como - por exemplo - o grupo de pesquisa de que participo: ‘Narrativas de vida dos diferentes brasis’, com professores e alunos de Letras da Unip Interativa. Ou os centros de pesquisa em que nos envolvemos, como o ‘Centro de estudos em semiótica e psicanálise da PUC/SP’, o CESPUC. Nas redes podemos nos encontrar em sessões do Café Lacaniano ou da Associação livre SP. Claro, também nela é possível ver links que levam a blogues que escrevemos em que publicamos, além de artigos científicos, crônicas e contos. Tenho alguns livros publicados com essa produção, digamos, mais literária.

O que tem lido ultimamente?

Com todo esse envolvimento com a pesquisa, tento acompanhar as novas obras literárias, para além das canônicas, que são lançadas cotidianamente. Então, o que vejo? Vejo que, sim, há público interessado na literatura para além dos estudantes de cursos de Letras. Ele está nos eventos literários que trazem autores nacionais e internacionais, nas bienais, nos encontros literários em bibliotecas públicas Brasil afora, por exemplo. São os casos bem recentes de autores consagrados como Marcelo Rubens Paiva de quem li quase todos os livros. Gostei particularmente de ‘Eu ainda estou aqui’, que aborda a questão do esquecimento, metafórico ou bem real, caso da perda de memória da mãe do escritor. Um outro autor, menos conhecido do público, tem despontado nas críticas literárias como muito interessante. Trata-se de Geovani Martins cuja obra ‘O sol na cabeça’ contém contos que misturam a linguagem colonial de guetos, se é que se pode dizer isso do registro oral que o autor faz de seus personagens, e a linguagem muito bem delineada de alguém que demonstra leitura de seus pares brasileiros ou não. Ao lado de alguns mais jovens, ainda há lançamentos de poetas que fizeram história na literatura, como Augusto de Campos, com sua obra ‘Outro‘ que permite ver em livro impresso produções poéticas verbivocovisuais (termo para além do Concretismo) que também são dadas a ‘ver’ digitalmente.

Quais os seus próximos projetos?

Dado o meu interesse pelo cinema, no momento, tenho seguido bem de perto as obras cinematográficas que trabalham a inteligência artificial como parte de um projeto em relação à inteligência libidinal, mas que vai à busca daquilo que temos lido com o autor Harari (‘Homo deus‘ , por exemplo) que é base dos sintomas da cultura contemporânea: fake news, redes sociais, IoT- internet das coisas, entre outros. Tudo isso pode ser visto em próximos congressos de que participarei: O encontro científico de Letras da UNIP, a Abralic, a ABED, o Hominus 2018 em Havana, entre outros. 

*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
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quinta-feira, 12 de abril de 2018

Marcelo Smeets e o livro Branca de Neve e a redação, por Sérgio Simka e Cida Simka

Marcelo Smeets - Foto divulgação
Fale-nos sobre você.

Sou essencialmente um amante da leitura e um aficionado por tudo que se relaciona ao mundo dos livros. Graduado em Letras, minha profissão é editar, revisar e redigir textos. Escrever é minha paixão. Sou natural de Santo André (SP), casado e tenho três filhos.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre seu livro.

Branca de Neve e a Redação surgiu de uma atividade em sala de aula ministrada pelo amigo, mestre e coautor do livro, Sérgio Simka. O livro apresenta o que seria uma continuidade do clássico Branca de Neve e busca estimular crianças, jovens e adultos a criar ou incrementar o hábito da leitura e da escrita.

Fale-nos sobre seu processo de criação.

A criação de textos pode surgir de uma pesquisa, de uma leitura, ou até de ideias que surgem na rua, tomando banho, assistindo a um filme ou ouvindo uma música. Tudo pode ser material para a escrita, mas é preciso trabalhar muito, escrever, reescrever e editar. Ao contrário do pensamento meramente romântico que muitos têm quanto a escrever, essa é uma atividade que envolve muito trabalho, mas é apaixonante.

Como o leitor interessado deverá proceder para saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho?

O blogue Leitura Clara (http://masmeets.wixsite.com/leituraclara) está sendo renovado e voltando à atividade com a reunião de alguns breves contos meus e a inserção de notícias do mundo dos livros. Leitura Clara também está no Facebook (https://www.facebook.com/leituraclara/).

Como analisa a questão da leitura no país?

A última pesquisa apresentada pelo Instituto Pró-Livro, com dados de 2015, não é animadora. Além do terrível quadro de um sistema educacional ineficiente, temos a realidade de que muitos não têm qualquer hábito de leitura. O estímulo à criação do hábito de ler deve ser trabalhado com mais frequência, destacando que ler é um prazer do qual todos devem desfrutar.

O que tem lido ultimamente?


Costumo ler dois ou três livros em paralelo. Atualmente estou lendo Todos os contos, de Clarice Lispector (minha autora preferida); Leonardo da Vinci, de Walter Isaacson; e relendo Confissões, de Agostinho.

Você faz parte do Núcleo de Escritores do Grande ABC. Fale-nos sobre ele e sobre sua atuação.


Esse núcleo de escritores é formado por pessoas muito especiais, apaixonadas pela leitura, pela escrita e pela região do Grande ABC, onde vivemos. Tenho participado buscando contribuir com os projetos que estão sendo desenvolvidos, compartilhando experiências e sugerindo possíveis maneiras de o grupo atuar na promoção da leitura e da escrita em nossa região. Quero muito ver esse grupo crescer e fazer um grande trabalho.

Quais os seus próximos projetos?

Tenho dois livros em andamento. O mais próximo de ser terminado é uma aventura juvenil, recheada de mistérios, dúvidas existenciais e de fé. O segundo é um romance policial ambientado na atualidade, mas com muitas referências à mitologia nórdica. Ambos estão sem título definido.

*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
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quarta-feira, 28 de março de 2018

A partir de 2/4, a escritora Claudia Lage conduz a Oficina do Conto: Concepção e Técnica, no Instituto Estação das Letras

A partir de 2/4, a escritora Claudia Lage conduz a Oficina do Conto: Concepção e Técnica, no Instituto Estação das Letras (R. Marques de Abrantes, 177, Flamengo).

O curso abordará diversas possibilidades criativas da concepção do conto, por meio da leitura e análise de contos de escritores brasileiros e estrangeiros. O aluno também escreverá seus contos a partir de exercícios propostos em sala, considerando os elementos da narrativa, como estrutura, personagens e narrador, entre outros.

As aulas vão até dia 25/6, sempre às 2ª feiras, das 18h45 às 20h45.

Inscrições e informações: 21 3237-3947 e estacaodasletras@estacaodasletras.com.br.

*Prof.ª Claudia Lage – Formada em Letras e em Teatro. Mestre em Estudos de Literatura. Publicou, entre outros, A pequena morte e outras naturezas e Mundos de Eufrásia (finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2010, na categoria Romance Estreante). Autora da telenovela Lado a Lado – Prêmio Emmy Internacional 2013. Lançou em 2013 o livro Labirinto da Palavra, com ensaios-crônicas sobre literatura e criação literária, publicadas anteriormente no Jornal Rascunho, que recebeu o segundo lugar no Prêmio de Literatura de Brasília em 2014 e foi finalista do Prêmio Portugal Telecom em 2014.
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