João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

  Querido(a) leitor(a)! Nossa nova edição está novamente megaespecial e destaca João Barone, baterista da banda Os Paralamas do Sucesso. Bar...

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quinta-feira, 19 de março de 2020

Egidio Trambaiolli Neto e o livro “Ser ou não ser? Eis a questão binária”, por Cida Simka e Sérgio Simka


A revista Conexão Literatura apresenta mais um livro do professor, escritor e editor Egidio Trambaiolli Neto.

O que Hamlet teria a ver com o Jogo de Búzios? E o Feng Shui, que relações ele possui com o brinquedo da Torre de Hanói... e com os computadores? A resposta é simples: a Linguagem Binária!

Muito mais que um livro preocupado em apresentar conteúdos matemáticos, esta publicação revela as mais variadas aplicações dessa linguagem que se resume ao sim ou não.

Editora: Uirapuru
Autor: Egidio Trambaiolli Neto
ISBN: 978-85-60404-60-5
Números de página: 48
Número de edição: 1
Ano de edição: 2013
Idioma: Português
Altura: 24 cm
Largura: 17 cm
Acabamento: Brochura

Link para o livro:


CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019) e O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020). Organizadora dos livros: Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020) e Um fantasma ronda o campus (Editora Verlidelas, 2020). Integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC e colunista da Revista Conexão Literatura.

SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin, integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC e colunista da Revista Conexão Literatura.
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quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Esmeralda Ortiz e o livro As incríveis histórias do Tio Barbudo, por Cida Simka e Sérgio Simka

Esmeralda Ortiz - Foto divulgação
Fale-nos sobre você.

Meu nome é Esmeralda Ortiz, autora dos livros Esmeralda por que não dancei, O diário da rua e As incríveis histórias do Tio Barbudo. Sou jornalista formada e trabalho (faço free-lancer) na TV Globo como repórter.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre o livro As incríveis histórias do Tio Barbudo. O que a motivou a escrevê-lo?

Tio Barbudo é um herói invisível. Ele mora nas ruas desde 1969 e pede dinheiro nas portas das igrejas para levar as crianças para o museu, teatro e cinema. Um menino tinha o sonho de conhecer o mar e ele foi a pé até o mar levar essa criança. Daí segue a saga do livro.

Fale-nos sobre seus outros livros.

O livro Esmeralda por que não dancei relata minha trajetória de ex-menina de rua que enfrentou a fome, solidão, prisão, as drogas e superou tudo isso e virou escritora e jornalista. Hoje estou há 21 anos longe das drogas e das ruas.

Como vê a questão da leitura no país?

Com a era digital as pessoas estão lendo menos e há poucos projetos por parte das autoridades de incentivo à leitura.

Quais são os seus próximos projetos?

Lançar o livro Esmeralda por que não dancei 2, versão 20 anos depois.

Obs.: A entrevista foi concedida por WhatsApp.

AS INCRÍVEIS HISTÓRIAS DO TIO BARBUDO

Editora: Uirapuru
Autora: Esmeralda Ortiz
ISBN: 978-85-60404-803
Números de página: 56
Número de edição: 1
Ano de edição: 2019
Idioma: Português
Altura: 24 cm
Largura: 17 cm
Acabamento: Brochura

Link para o livro:
https://www.lojaeditorauirapuru.com.br/livros/literatura-adulta1/as-incriveis-historias-do-tio-barbudo


Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak Editora, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak Editora, 2016), O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), “Nóis sabe português” (Wak Editora, 2017) e Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019). Integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.

Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de mais de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Organizador dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019). Autor, dentre outros, do livro Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019). Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
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sábado, 13 de abril de 2019

Biografia de Gardo Baquaqua é a única escrita por um escravo no Brasil (Editora Uirapuru)


Mahommah Gardo Baquaqua nasceu em uma família muçulmana no final dos anos 1820, no reino de Bergoo, (atual Borgoo, no atual Benin), interior da África Ocidental. Quando jovem, foi escravizado na África Ocidental, dias depois foi traficado para o Brasil na década de 1840. Como escravo trabalhou numa embarcação comercial escapando em 1847. Liberto por abolicionistas na cidade de Nova York, depois seguiu para o Haiti. Ali, permaneceu sob os cuidados de um casal de missionários batistas, retornando aos Estados Unidos em 1849. Logo transferiu-se para o Canadá onde trabalhou com o editor Samuel Moore, responsável pela publicação de seu livro de memórias Biografia de Mahommah G. Baquaqua, um nativo de Zoogoo, no interior da África. Anos depois, viajou para a Inglaterra na esperança de voltar à sua terra natal, na África. O último registro histórico em sua referência é de 1857, após essa data desapareceu por completo. Nos primeiros sete capítulos de sua narrativa, Moore apresenta uma visão política e cultural da Bergoo, época da mocidade de Baquaqua, acrescidos de seus próprios comentários sobre o seu país, o islamismo e a escravidão.

Editora: Uirapuru
Autor: Mahommah Gardo Baquaqua
Tradutor e organizador: Lucciani Furtado
ISBN: 978-85-8430-071-6
Números de página: 80
Número de edição: 1
Ano de edição: 2017
Idioma: Português
Altura: 24 cm
Largura: 17 cm
Acabamento: Brochura
Valor: R$41,50
Para adquirir: clique aqui.
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quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Exclusivo: Egidio Trambaiolli Neto e o livro O semideus e a caixa de Pandora, por Sérgio Simka e Cida Simka

Egidio Trambaiolli Neto - Foto divulgação
Nesta entrevista exclusiva, Egidio Trambaiolli Neto, professor, editor da Editora Uirapuru e autor de 654 obras publicadas, fala sobre o seu mais novo livro e sobre o mercado editorial.

Fale-nos sobre o livro "O semideus e a caixa de Pandora".

O Semideus e a Caixa de Pandora é uma saga, o volume 1, recém-lançado, chama-se: Soberba. O livro traz a história de Daniel, filho de Zeus com uma corista negra dos tempos atuais, que sequer sabe que o pai de seu rebento é Zeus, que a abandona depois de conseguir o que quer. Entretanto, vaidoso como sempre foi, Zeus cerca o filho de tudo que para os deuses são atributos especiais. Mas Daniel é mais do que um dos filhos extraconjugais de Zeus, seu destino está descrito em uma profecia que prevê que ele resgatará o mundo das mazelas que há muito tempo saíram da Caixa de Pandora e se transformaram nos pecados capitais, cada uma guardada por um ente mitológico com o qual muito se relaciona. O grande inimigo de Daniel é conhecido como o Escorpião, que faz de tudo para que o garoto sequer sobreviva à sua infância, pois justamente o Escorpião é quem quer deter o poder sobre o mundo. Com a perda da crença, os deuses mitológicos foram perdendo seu poder e hoje sobrevivem de trabalhos comuns aos mortais, embora ainda sejam imortais. Hermes, por exemplo, trabalha nos correios; Hebe, em um restaurante; Cronos, em uma relojoaria e Afrodite... bem, em uma casa com ninfas que atende clientes que procuram uma noite de amores. Contudo, a história não tem como intuito trazer aventuras com os personagens já desgastados, mas sim enriquecer o conhecimento do leitor com personagens da Mitologia Grega que quase ninguém conhece. Neste volume é abordada toda a infância e juventude do protagonista, até o momento em que se destaca na universidade como um incrível decifrador de escritos em grego antigo. Um dos escritos é a profecia, que revela seu dom e sua missão. Daí para diante, caberá a ele resgatar os sete pecados capitais, começando pela Soberba, em uma missão árdua e ainda mais desafiadora, pois ele não poderá em momento algum usar qualquer armamento para lutar, sua única arma será a inteligência, por mais que a ira tente tomar sua mente.

O que o motivou a escrevê-lo?

A motivação deste livro veio de uma antiga paixão pela mitologia grega e da riqueza existente em suas histórias que nunca são exploradas. Procurei associar a ideia a uma carência de protagonistas que quebrassem os mesmos modelos de sempre, por isso, escolhi um semideus afrodescendente. Para dar um tempero, quebrei a carranca de Zeus e o fiz bem brincalhão. Atrelado a tudo ainda trouxe questões sociais, psicológicas e morais à tona, em constantes provocações em conflitos que obrigam o leitor a refletir em seus erros. Pela complexidade, a recomendação é que o leitor tenha, ao menos, catorze anos ou mais. Eu classificaria a obra como indicada para o público juvenil, pois temas como a luxúria é trabalhado entre os pecados citados.

Como analisa hoje o mercado editorial?


O mercado editorial está em ebulição, a falta de apoio do governo e a crise que foi deflagrada desencadeou a quebra de várias editoras, distribuidoras e livrarias. A cada dia sabemos de novas falências no setor. Nas escolas o mercado está se rendendo aos sistemas de ensino, que impedem a entrada de obras alternativas, o que é extremamente prejudicial e engessa professores e leitores. No segmento público a falta de verbas tem dificultado em demasia compras de obras, o que não acontecia até a pouco tempo. Posso dizer que estamos vivendo um momento de transição em que os livros digitais ganham espaço, mas muitas coisas estão sendo publicadas sem qualidade. Enfim, é preciso ver o que o futuro nos reserva em meio a um pântano cercado de crocodilos.

Você está entre os dez autores que mais escreveram na história da literatura. Fale-nos sobre isso.

A descoberta sobre o efeito de minha alta produtividade foi causal, escrevo desde 1994, lembro-me que o lançamento do meu primeiro livro deu-se meses depois da morte do Ayrton Senna. Eu não esperava que o livro fosse bem aceito e que despertasse o interesse de outras editoras. Aos poucos, acabei contratado para trabalhar em editoras e produzir materiais. Quando vi, eu já era um escritor prolífico, para uma das empresas, escrevia à média de 40 fascículos por ano. Se considerar que fiz isso para eles durante onze anos, só com este cliente escrevi 440 volumes. Hoje tenho obras em treze editoras, todas físicas, até hoje só fiz três digitais. Já escrevi de tudo (presunção da minha parte), mas posso dizer que escrevi sobre vários temas, entre eles, Matemática, Química, Literatura Infantil, Robótica, Bullying, Meio Ambiente, Tecnologia, Romance. Foram muitos os temas. Neste ano, cheguei a 654 obras publicadas e vem mais por aí. Pois da mesma forma que preciso de água e comida para sobreviver, necessito de escrever para continuar vivo. Hoje sou o décimo oitavo que mais escreveu na história da literatura, em levantamento feito a partir das obras registradas pelo mundo. Talvez eu chegue a décimo quinto, o que seria uma façanha. Mas eu não corro atrás dessas marcas, busco apenas continuar o meu trabalho e poder compartilhar as minhas obras com os leitores de todo o mundo.
Para a compra do livro: clique aqui.


*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017). Integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
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sexta-feira, 27 de abril de 2018

Juliana Remoaldo Trambaiolli e o livro Mamãe manicure, por Sérgio Simka e Cida Simka

Juliana Remoaldo Trambaiolli - Foto divulgação
Fale-nos sobre você.

Sou uma pessoa ávida por conhecimento, que não cansa de fazer pesquisas e estudar. Curiosa em tudo, já fiz alguns cursos ligados à; gastronomia, comunicação social e fotografia. No momento estou cursando História, e ainda pretendo aprender muitas outras coisas.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre seus livros.

Meus livros tentam abordar temas difíceis para muitas crianças, transformando-os em algo divertido de se compreender, tornando possível até mesmo a interação dos pais nesse novo aprendizado.

Fale-nos sobre seu processo de criação.

Por mais cômico que possa parecer, eu quando pequena tive muita dificuldade na área de exatas e não era a única. Hoje tento arrumar da melhor forma possível esses temas, para que as crianças consigam entender e se divertir, percebendo que estudar pode se tornar algo extremamente agradável.

Como o leitor interessado deverá proceder para saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho?

O leitor pode verificar informações a meu respeito, nos blogs e no site da Editora Uirapuru (http://www.editorauirapuru.com.br), caso queiram saber mais, podem mandar um e-mail para a editora que estarei disponível para responder a qualquer pergunta.

Como analisa a questão da leitura no país?

 Infelizmente a leitura no Brasil não é valorizada, vista por muitos como algo chato. O incentivo também não é grande, principalmente no que se trata da literatura nacional. O que é muito triste, pois nada melhor do que um livro para que você possa ter superpoderes, viajar sem sair do lugar e conhecer muitas pessoas novas, desde os personagens até mesmo os autores.

O que tem lido ultimamente?


Posso dizer que não sou uma pessoa comum, como eu AMO leitura, eu leio mais de um livro ao mesmo tempo, além de artigos e revistas. Atualmente, leio quatro livros ao mesmo tempo, de assuntos distintos, nacionais e internacionais, vou desde Maria Firmina dos Reis até Jane Austen e ainda imponho algumas metas para alcançar até o fim do ano, para que eu possa ser sempre uma pessoa ativa nas leituras e ampliar meus conhecimentos ao máximo.

Quais os seus próximos projetos?

Pretendo escrever mais livros, arriscando-me em outros temas e faixas etárias, desbravando novos mundos, pois quem ama ler e escrever não conhece o limite da criatividade.

*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
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quinta-feira, 22 de março de 2018

Thalita Pacini e o livro O meu grande avô, por Sérgio Simka e Cida Simka

Thalita Pacini - Foto divulgação
Fale-nos sobre você.

Sou uma existência inquieta, que encontra uma forma de organizar os estímulos do mundo no ofício da escrita. Iniciante, com dois livros publicados, tenho alguns textos de opinião espalhados pela internet, alguns até mesmo imaturos, que penso fazerem parte de um processo de construção pessoal constante. Contribuí para alguns veículos de comunicação na internet, e fui colunista do site Programa Território Animal. Sou mãe de três crianças maravilhosas, Manoela de 12 anos e Pietra e Antonella, que são gêmeas, com 3 anos. Elas me exigem ter pés no chão, na mesma proporção que me estimulam ao exercício criativo. Neste momento busco conciliar a maternidade com projetos independentes. Concluí a licenciatura em Letras, e algum tempo depois finalizei a Pós em Comunicação e Marketing e iniciei outra em Psicopedagogia. Tenho experiência em diversos segmentos, com atuações voltadas a Comunicação e Design, no ambiente corporativo, bem como também tive oportunidade de atuar na área da educação. Sou atraída por teorias e estudos sobre o comportamento humano, arrisco algumas ilustrações e fotografia, tento não me afogar nos excessos das redes sociais, tenho muito entusiasmo com a Neurociência, com a força do feminismo, esperança no foratemer e desejo de contribuir em pautas sociais e humanistas.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre seus livros.


Meu primeiro livro publicado foi O meu grande avô, que traz algumas situações singelas entre uma menina (ilustração inspirada em minha filha Manoela) e o seu avô. O apelo é mais poético, descomplicado, com alguma sonoridade para que proporcionasse um momento de interação em família ou escola. É voltado à primeira infância, com ilustrações muito agradáveis do André Marques, remete a algumas situações bem-humoradas de amizade entre os dois. Embora seja um livro curto, cuja intenção é que seja lido para a criança, fala da troca benéfica entre gerações. Quis exaltar o que há de mais espirituoso no encontro delas, por meio de cenas curtas. O André também dedicou o desenho do avô ao próprio pai. Nos conhecemos pela internet, quando eu tentava propor uma parceria para a inversão do processo criativo na construção de texto e imagem. O André topou o projeto independente, e quando finalizamos nossa parte a Uirapuru nos deixou muito felizes pelo interesse - além da sempre notável gentileza do editor Egídio Trambaiolli Neto. Graças a este projeto pude conhecer o ator Lázaro Ramos e realizei a ousadia de ter o lançamento numa livraria famosona (risos).

O Blasfêmea foi publicado pela Editora Patuá, e tratado com muito respeito e cuidado pelo editor Eduardo Lacerda (que tem a proposta de promover a poesia de uma forma muito árdua e apaixonada). O livro não tem compromisso algum. Contém algumas doses de intensidade humana, versos que se comprazem em questões íntimas, provocações e os deliciosos comentários do ilustre Márcio Américo (humorista e roteirista - entre outros talentos) e do jornalista Felipe Voigt.

A propósito, ambos podem ser adquiridos nos sites das editoras.

O meu grande avô: clique aqui - Blasfêmea: clique aqui.

Qual o motivo que a levou a escrevê-los?

Sobre o primeiro: meu avô materno marca presença forte e saudosista na minha infância, por sua figura simples e atenciosa. Era um dos poucos na família que gostavam de ler, e seus livros na estante me aguçavam a curiosidade. Tinha para mim que sua vida nos afazeres do porto de Santos era uma grande aventura, cheia de histórias de bichos, convívio com as baleias, piratas - certa vez ele trouxe um lagarto para casa. Mas na verdade o trabalho lhe causou a morte por contaminação em tanques químicos. A figura dele despertava o meu imaginário. Assim como minha primeira filha, hoje com 12 anos, tem a presença de seus avós (o meu pai, especial no processo todo) muito marcante, cada qual a sua moda.

Já o Blasfêmea foi um processo muito diferente, quase que visceral e mais longo. Algumas brincadeiras com a palavra, protestos, críticas, experimentações. Poemas que ficaram no ventre por mais de uma década, e então foram revisitados, outros concebidos mais tarde junto com a apropriação de vivências. Expressa um pouco a vontade se rebelar sutilmente com questões relacionadas à religião, política, às opressões, e até comigo mesma.

Como analisa a questão da leitura no país?

Acredito que não basta acessarmos estatísticas oficiais para interpretar a situação. Enquanto uma pessoa pode ler 5 livros por ano (acredito que os dados nem cheguem a isso), outras tantas nem sequer sabem ler, e temos aí uma média em desequilíbrio - e veja que o Brasil nestes indicadores não está nem próximo de um cenário razoável. Os outros termômetros estão nos altos índices de desconforto social, na miséria, na falta de civilidade, de conhecimento dos próprios direitos, na ausência de participação política, nos níveis de preconceito, nas próprias relações sociais em face do descaso com as searas educacionais, científicas e artísticas. Acredito que o analfabetismo, inclusive o funcional, chega a ser um problema de saúde pública, já que pode ser consequência de falta de recursos durante o desenvolvimento infantil. O livro, em determinados contextos, não chega a ser prioridade onde se fazem prevalecer a busca pelo básico à sobrevivência. O estímulo à leitura vem de iniciativas graduais, e não vemos uma incorporação massiva como é realizado com o futebol ou a sexualização nos programas de domingo. Pensando em minha experiência com a religião, vejo outro fenômeno: como é possível multidões defenderem, com fervor, escritos que desconhecem, e nortear suas vidas e muitas vezes as dos outros, em razão disso? Além da necessidade de estimular o senso crítico, o exercício do livre pensar, a quebra das censuras e dos conteúdos simbólicos embutidos nas relações de poder, ainda é necessário atentar que tudo isso depende de boas condições orgânicas e ambientais. Ler é poder, não se manobra tão facilmente seres empoderados, não sem alguma consequência e resistência. É fácil convencer uma pessoa com fome, com sede, com déficit cognitivo, vulnerável e em situação precária. E mesmo com a internet promovendo como nunca tanta informação e interação, somos condicionados cada vez mais a consumir tudo pronto, engolir sem mastigar, de alimentos a ideias, anúncios não solicitados dos quais se é obrigado a ver ao menos alguns segundos antes de prosseguir, de ter que se modelar para caber na estante como um produto que atenda ao ritmo que o mercado impõe. Para o escritor a questão é também confusa: não é valorizado, a grande maioria não pode sobreviver de suas habilidades. Há uma desvalorização sistemática da leitura. Sou totalmente apaixonada pelo SLAM, que seria a poesia falada. Algo muito intenso, que ocupa os espaços públicos, geralmente marginalizados, onde o grupo vai se apropriar do que lhe é direito, com força total. Daí a leitura como manifesto, reação, ato, resistência.

Como vê a literatura infantojuvenil nacional contemporânea? E o mercado de e-books?

Acho que a cena rentável do mercado editorial atua comprometida com o poder de adequação de um autor ou obra. Há exceções. Mas basta um passeio pelas livrarias, e vasculhar a estante. São pilhas de autores importados, alguns nacionais dos quais nunca ouvimos falar e o glamour dos consagrados há décadas. Estes que geralmente figuram em literatura obrigatória nas escolas, indiscutivelmente, são autores atemporais. A questão não seria removê-los, mas sim abrir espaço aos tantos talentos que emergem. Alguns de nós aspirantes não queremos ser bons em socializar, palestrar, ter canais de vídeo na internet. Queremos escrever e sermos valorizados por isso. Essa orientação multitarefa, hoje cada vez mais exigida, pode ser massacrante. É muito bom que as pessoas adquiram habilidades múltiplas. Mas será que cada uma delas não deve manter seu valor?  Alguns escritores vivem de cachês de eventos, atividades paralelas e não de seus textos. Vejo que este paradigma é incorporado silenciosamente: você empacota diversas habilidades, quanto mais, melhor, mas é o leve 10 pague 5, a escrita sai de brinde. Dessa forma, uma ou outra ocupação se desvaloriza.

Os e-books são interessantes, acredito que as surpresas do mundo tecnológico não param por aí. São uma maneira de a literatura se adaptar, sobreviver, atender às necessidades das novas gerações, ser compartilhada, ter o alcance multiplicado. Não entendo muito ainda desta modalidade, sobre a partilha de conteúdos na rede, e como isso gera inclusão e também receita. Gosto da ideia de as pessoas partilharem com as outras de forma gratuita nesse formato. O que é bem diferente do conceito de exploração e desvalorização do todo. Os audiobooks e outras adaptações também pensadas para a inclusão mereciam mais evidência. Têm um alto valor educacional, um relativo apelo ambiental também. Particularmente não consumo por questões "ergonômicas e de pele" (risos), não consigo substituir o prazer de carregar, folhear, o livro físico.

Para você, o que significa ser escritor?


Ser escritor significa estabelecer um diálogo público, a partir de um monólogo íntimo, com sistemas e esquemas instáveis - incluindo a língua (risos). Às vezes acho que o escritor é acompanhado de uma certa castração quando é lido, pois os mundos criados nas cabeças dos leitores ficam lá, infinitos, num imaginário intangível.

O que tem lido ultimamente?

Pretendo terminar a leitura de Escola de Equitação para Moças, de Anton Disclafani. Comecei a ler em paralelo A Metamorfose, de Kafka, mas vou às prestações. E tenho sempre à mão o Poemas Incompletos e outros textos, do grande poeta e amigo Norival Leme Júnior.

Quais os seus próximos projetos?

No momento busco organizar uma série de projetos independentes, tanto na literatura infantil quanto poesia - livros que precisam passar por mais algumas etapas. E a finalização de um romance de terror - nunca me senti tão à vontade em um gênero; que vem amadurecendo bastante, ainda sem editora. Tenho algumas ideias para roteiros, este segmento é um mistério irresistível para mim, do qual pretendo me aproximar.

*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
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segunda-feira, 19 de março de 2018

Italo Carvalho e o livro O Oráculo, por Sérgio Simka e Cida Simka

Fale-nos sobre você.

Primeiramente agradeço a oportunidade em poder falar um pouco sobre o meu trabalho. Meu nome é Italo Carvalho, tenho vinte e três anos e sou natural da cidade de Pirapora, Minas Gerais. Desde a minha infância eu sou um fã da literatura. Lembro até hoje o primeiro livro que li, Ali babá e os quarenta ladrões, distribuído em minha escola através de uma campanha educacional do governo. Também sou fã das histórias em quadrinhos e considero esse ramo como uma porta de entrada dos mais jovens para o mundo da literatura. Desde pequeno eu sou um escritor entusiasta, focando, a princípio, apenas nas histórias em quadrinhos. Eu passava horas e mais horas desenhando e escrevendo minhas próprias aventuras, utilizando alguns dos meus heróis favoritos: Batman, Homem-Aranha, Superman. Com o passar do tempo, eu fui criando meus próprios personagens e os colocando lado a lado daqueles que eu admirava. Infelizmente, devido à chegada da rotina intensa do trabalho e faculdade, eu me vi obrigado a pausar esse hobby. Mas como deter uma mente que adora criar? A minha incessante sede por extravasar as histórias encontrou refúgio na tela do meu computador. Comecei a escrever livros com histórias curtas dos meus personagens mais caricatos. Quando percebi, já tinha criado muito mais aventuras do que aquelas onde eu usava papel e caneta esferográfica.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre seu livro.

O Oráculo trata-se de uma ideia antiga sobre uma organização secreta, criada no período imperial brasileiro para lutar contra forças poderosas, acima dos limites humanos. Nesse primeiro livro eu apresento o imperador Dom Pedro II envolvido em um plano de conspiração arquitetado pelos Flamus, soldados integrantes da Ordem das Chamas. Inesperadamente todos os líderes globais (presidentes, reis, imperadores, czares) são sequestrados pelos Flamus, exceto Dom Pedro, que consegue se salvar com a ajuda de sua assistente pessoal. Ao interrogar os agressores, o imperador descobre possuir pouquíssimo tempo para impedir que seu amigo de infância, Dom Miguel, destranque as correntes mantendo um antigo deus indígena, Jurupari, isolado em outro universo, trazendo-o de volta a um mundo completamente desprotegido.

Fale-nos sobre seu processo de criação.

O Oráculo foi criado como uma forma de mesclar um pouco da nossa história brasileira com uma aventura de ficção. Grupos de heróis sempre são uma ótima opção para uma trama elaborada. Para a criação desse livro, eu pesquisei sobre o período imperial, sobre acontecimentos significativos na história do Brasil, bem como de Portugal, além de pesquisar a fundo como era o mundo naquela época. Fiz o possível para evitar adicionar informações não condizentes com o período no qual o Oráculo se passa.

Como o leitor interessado deverá proceder para saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho?

Sinto-me honrado com essa pergunta, pois a maior satisfação de um escritor é ter alguém que estima seu trabalho. Bem, para saber mais sobre o Oráculo, o leitor pode acessar o site da Editora Uirapuru, onde, além dos meus trabalhos, também encontrará uma gama maravilhosa de livros à disposição.
Editora Uirapuru: http://www.editorauirapuru.com.br

Como analisa a questão da leitura no país?


A leitura deve ser estimulada, e, por sorte, ainda temos leitores no Brasil. O exercício de assimilar as palavras em um texto, de entender a mensagem exposta por um parágrafo, de terminar um livro com trezentas páginas e partir para o próximo, são coisas que modelam o intelecto humano. E eu não falo isso por ser escritor, digo por ser verdade. As pessoas que não apenas leem, mas também entendem exatamente o que estão lendo, possuem, indubitavelmente, um vocabulário maior, um senso crítico mais apurado, engajamento e facilidade nos estudos. A leitura é primordial e faz bem para nossas vidas, infelizmente não vejo mais esse incentivo, mas tenho esperança de conseguirmos mudar esse cenário futuramente.

O que tem lido ultimamente?

Alguns artigos sobre astronomia, livros de fantasia e suspense.

Quais os seus próximos projetos?

Se tudo der certo, pretendo finalizar a série Oráculo com o segundo livro. Recentemente finalizei uma obra de ficção que escrevia havia dois anos e a enviei para avaliação da Editora. Ainda tenho duas ideias para serem labutadas: um livro de ação sobre espionagem e outro de fantasia, ambos situados no Brasil. Meu objetivo é provar para outros escritores como ser, sim, possível criar ótimos livros com personagens brasileiros. Eu agradeço a todos que leram o Oráculo e aos interessados pelos meus trabalhos. Continuarei trabalhando arduamente para me tornar melhor e mais afiado, para oferecer trabalhos mais consistentes a todos os leitores.

*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2106), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Egidio Trambaiolli Neto e o Ulisses através do espelho, por Sérgio Simka e Cida Simka

Egidio Trambaiolli - Foto divulgação
Egidio Trambaiolli Neto por ele mesmo.

Sou pedagogo com habilitação em magistério e administração escolar, licenciado em Ciências e Matemática, licenciado e bacharel em Química e pós-graduado em Bioquímica. Por imergir no universo do querer saber mais e mais e pelo desejo de compartilhar meu conhecimento fui tragado pelo grande atrator do cosmo literário, acabei por escrever meu primeiro livro em 1994 e, desde então, não parei. Após 24 anos nessa estrada, acabei por escrever e publicar 649 obras, dos mais variados temas, da literatura infantil ao romance, dos paradidáticos de Matemática aos didáticos de Química, dos quadrinhos aos textos de apoio pedagógico, de roteiros a robótica. Esse desafio eclético me motiva de tal ponto a no momento estar escrevendo seis obras ao mesmo tempo. Pode parecer maluquice, mas desenvolvi esse jeito de trabalhar: às vezes aquela ideia precisa de um pouquinho mais de maturação e outra, já está no ponto certo para continuar, nesse meio-tempo outra ideia surge, talvez seja por essa razão que eu tenha a produtividade que hoje me coloca como o segundo mais produtivo do mundo.

ENTREVISTA:

Você está lançando o livro “Ulisses através do espelho”. Fale-nos sobre ele.

Ulisses Através do Espelho é a continuidade do livro Ulisses no País das Maravelhas, que ao mesmo tempo é uma obra non sense, bem-humorada, mas de grande crítica social. A saga de Ulisses é uma releitura das obras de Lewis Carroll, com personagens do folclore e da cultura brasileira, tudo começa com a troca de Alice, uma inglesinha, rica, loura, de olhos azuis, por Ulisses, um brasileirinho, negro e de origem humilde, que inicia a história na forma adulta, trabalhando como um técnico de manutenção de eletrodoméstico que é tragado por uma máquina de lavar roupas e jogado no mundo das Maravelhas, as quatro irmãs chamadas Mara, que são velhas, as filhas da Rainha de Copas que herdaram o reino visitado por Alice. Quando Ulisses chega ao reino das Maravelhas volta a ser um pré-adolescente e encontra vários personagens malucos: um tiranossauro baiano que dança axé, um tatu gaúcho, um tamanduá diabético, uma dupla caipira, um costureiro maluco (não temos chapeleiros por aqui, rsrsrsrs) e um grupo de sacis pra lá de traquinas, tem desde um capitão de cavalaria de sacis (imagine um saci montando a cavalo), até um campeão de arrotos. Já na saga de Ulisses Através do Espelho, Ulisses retorna para salvar seus amigos sacis que se apaixonam pelas princesas dos contos de fadas e abandonam suas sacizinhas. Mas está tudo de ponta-cabeça, Rapunzel, por exemplo, não fica em uma torre no meio da floresta, na verdade ela fica em uma casa em cima de um pau de sebo, no meio de uma festa junina, ela tem tranças, sarda no rosto, usa chapéu de palha e ainda tem um sotaque caipira. No meio de todos esses personagens ainda surgem outros mais, como o pé de garrafa, a loira do banheiro, cabeça de cuia, ET de Varginha, sanguanel, bernunça, mapinguari e muitos outros que, apesar de fazerem parte de nosso folclore, são desconhecidos pelo povo. Aí você me pergunta. E por que tanta mistura? A resposta está na imposição que vivemos da cultura de outras nações que está sufocando nosso folclore, importamos os Marveis e os Disney americanos, os mangás e animes japoneses, príncipes e bruxos europeus e nos esquecemos de nossos personagens tão ricos. Essa é a crítica! Daqui a pouco a obra de Lobato será transformada em Sítio do Picachu Amarelo. Não dá, né?

Você escreveu 649 livros publicados por diversas editoras. Como é o seu processo de criação? Quanto tempo leva para escrever um livro? Qual a obra que vendeu mais? E qual é a que deu mais satisfação (tanto pela receptividade do público quanto pelo fato de ter escrito)?

Apesar de ser um número impressionante até para a minha pessoa, não corri atrás dessa marca, durante muito tempo desenvolvi várias publicações para atendimento de mercado que se renovavam a cada ano, seria algo como produzir uma publicação a cada dez dias, isso se arrastou por onze anos, seria como se produzisse para uma banca de jornal, mas na verdade era para um projeto educacional que era distribuído nas escolas. Com isso, acabei expandindo horizontes, abrindo espaço em outras editoras e hoje tenho obras publicadas por treze editoras. Em alguns casos, a criação vem da inspiração, em outros, da transpiração, a partir de temas, por encomenda. Recentemente fiz trabalhos com o tema bullying, pesquisei muito a respeito, li vários livros e, por fim, fiz 12 volumes para atendimento em escolas sobre o tema. Já outros são criados a partir do clique inspirador, a partir de temas diversos, como o último livro que escrevi para uma editora, eu queria escrever algo sobre os autistas para o público pré-adolescente, que destila o veneno do bullying sobre essas pessoas. Eu mesmo me surpreendi com a vastidão desse universo. O curioso é que alguns livros são escritos de uma vez, dependendo do número de páginas, levam um, dois, três dias ou até um, dois, três meses; em contrapartida, há aqueles que levam anos, pois o autor tem um incômodo que não o deixa liberar a obra enquanto ela não estiver bem maturada, por isso, é bem variável. Algumas das obras que escrevi tiveram desempenhos maravilhosos: no campo dos paradidáticos: Alimentos em Pratos Limpos, que lancei pela Atual-Saraiva; O Contador de Histórias e Outras Histórias da Matemática, que lancei pela FTD e Vitrúvio para Crianças, que lancei pela Uirapuru são exemplos; mas em se tratando de literatura, Histórias de Valor, que lancei pela Cortez, Pinóquio do Asfalto e Ulisses no País das Maravelhas que lancei pela Uirapuru sem dúvidas estão entre os mais vendidos. Quanto à satisfação... Essa é uma pergunta difícil! É igual dizer qual filho você gosta mais. Mas certamente os livros nascidos da inspiração são os que mais dão satisfação, Histórias de Valor, Pinóquio do Asfalto e a saga de Ulisses são os que mais me trazem feedbacks deliciosos, pois é perceptível o envolvimento do leitor.

Por que resolveu abrir a Editora Uirapuru? Por que o mote “Trabalhar com valores humanos é a nossa especialidade”? O catálogo é composto por quantos títulos?


Decidi abrir a Editora Uirapuru porque queria inovar o mercado que muitas vezes é movido pelo embalo. Por exemplo, quando foi lançado um livro sobre vampiros que fez sucesso, todas as outras editoras correram atrás de lançar similares e isso é uma tendência, vieram as ondas dos bruxos, dos hoties, dos super-heróis. Nossa proposta não é essa, não queremos seguir modinhas, não temos intenções de copiar, mas de criar, inovar, resgatar memórias, fazer diferente.  Nosso mote surgiu dessa inspiração, pois a ideia de fazer diferente não bastava, tinha de ser diferente, mas com valor humanista, social e de importância histórica. Daí, nosso slogan. Hoje nosso catálogo está com aproximadamente 150 títulos, mas há muitos em produção, quem sabe 2018 não termine com 200 títulos? Há expectativas.

Como é ser editor em um país como o nosso? Recebe quantos originais por mês? Como se dá o processo de publicação?

Ser editor no Brasil é uma luta, o brasileiro não lê, prefere músicas vazias e laxantes (com o perdão da palavra), folhetins de péssima qualidade traduzidos para a linguagem televisiva e programas de reality-shows em que o sexo e a violência dão a toada. Tudo isso desativa o cérebro pensante, torna-o letárgico e pouco produtivo: a massa crítica brasileira está atrofiando. Vivemos a era do Curral Nacional, por isso, o livro é caro, fecham-se livrarias com tanta frequência e a resposta é pequena. Hoje o que mais se vende são livros de youtubers, com conteúdos pobres e muitas vezes (põe muitas) inúteis. É caótico! Pelo menos alguns leitores persistem e são seletivos. Em média são de 20 a 30 originais que recebemos por mês, muitos são repetitivos, com temas desgastados, outros até bem escritos, mas fora de nossa linha editorial, e claro, recebemos textos excelentes e outros muito ruins. Em um ano, conseguimos selecionar no máximo cinco títulos que se adequam à nossa proposta, mas aí entra outra etapa que é o momento propício do mercado, que pode ser desde um período olímpico, ou até uma época do ano, como o Natal. São muitas as variáveis, por isso, precisa-se planejar: editar, revisar, preparar, ilustrar e diagramar para que a obra esteja pronta na data certa, no período certo. Às vezes, um atraso reflete em um ano de espera para o lançamento. De nada adianta lançar um livro sobre o tema Carnaval na Semana Santa, ou lançar um livro para adoção em escolas no começo do ano, a essas alturas os pais já estão com as listas de materiais, comprando os livros. Um livro tem que começar a ser trabalhado um ano antes do lançamento, caso contrário, vira correria, atropelo e a Lei de Murphy se faz valer.

Você também é professor. Como analisa a profissão? Ainda vale a pena?

Quem gosta do ofício não se entrega. O problema é que cada vez mais as crianças chegam mais destruídas pela mídia, volto a criticar a qualidade musical de hoje em dia que é proliferada pelas mídias, as letras são ruins, eu diria até de certa forma criminosas, pois alienam, vulgarizam, idiotizam. Se você coloca um verso de Fernando Pessoa eles rebatem com a letra de uma funkeira da moda, ou de um sertanejo que se acha o garanhão. É lamentável. A escola precisa ser repensada, há muito o que fazer, mas a vontade política não existe, quanto menos pensante for o cidadão, melhor para a alienação. Mas sempre valerá a pena, cada alma salva do purgatório é uma vitória, que dirá do inferno. Você pode ter certeza de que meus comentários serão criticados, mas não posso pactuar da passividade do massacre à nossa cultura.

Como vê a questão da leitura em um país que não lê? Existe alguma receita para que as pessoas adquiram o hábito de ler?

Isso dói demais, quando falo de Curral Nacional estou falando da passividade, as pessoas discutem as opiniões de outras pessoas como se fossem verdades absolutas. Se um diz que político A é um santo, um bando de alienados diz amém. Aí descobre-se que ele não é santo e as pessoas se defendem dizendo que pelo menos não votou no político B porque a mídia diz que ele não é bom. Não existe opinião construída por si só. Isso se dá porque não há senso crítico se não há leitura, não há reflexão, se não há reflexão não há crescimento ou luta pelos direitos. O reflexo está no "comodismo" do povo brasileiro em relação aos mandos e desmandos dos políticos brasileiros. Acho que a solução para o hábito de leitura vem da busca por cultura, é preciso criar o hábito de ir ao teatro, ir ao cinema para ver filmes com conteúdo, participar de grupos literários, ir a bibliotecas, assistir a palestras temáticas, instigar a curiosidade leitora, ouvir músicas de qualidade, enfim, é preciso fazer o cérebro pensar, levá-lo para a academia do conhecimento. Não se faz leitura por osmose, é necessário ter prazer e sentir-se engrandecido por alimentar o conhecimento pessoal.

O que está escrevendo atualmente?

 Atualmente estou escrevendo seis títulos, a continuidade da saga Ulisses; o segundo livro de O Semideus, o primeiro sairá este ano; uma releitura de Peter Pan; uma ficção infantojuvenil com contexto medieval; e duas literaturas para crianças de diferentes faixas etárias... Mas já estou pensando em outros rsrsrs.

*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2106), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
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