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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Entrevista com Artur Rodrigues, escritor, produtor e editor do Grupo Editorial Litteris


Artur Rodrigues, escritor, produtor e editor do Grupo Editorial Litteris. Começou profissionalmente em 1983 ao lado do escritor Paulo Coelho, onde foi produtor e editor da editora do acadêmico. Durante anos, antes da fundação da editora em 1988, foi apresentador do programa “Em Tempo de Música” pela TV Record e do programa “Bom Dia Poesia” pela rádio Imprensa fm do Rio de Janeiro. É autor de 8 livros, sendo um deles “Que os Anjos Digam Amém”, obra com mais de 100 mil exemplares vendidos desde 1995. Ao lado do editor geral de produção Deucimar Cevolela, conduz há 35 anos a Litteris Editora.  

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Você é o fundador e editor geral da Litteris Editora, que completará 35 anos de existência. Fale-nos sobre ela. Como é o seu trabalho?

Artur Rodrigues: Há 35 anos viajo por este universo literário que é a Litteris. Na verdade, são 40 anos de profissão. Pela Editora tenho o contato diário com livros e autores de todo o país e até de fora dele. Cuido juntamente com uma equipe de 5 pessoas da avaliação das obras e ainda da produção de eventos realizados ao longo do ano como: bienais, feiras, salões, recitais, saraus etc. Procuro estar sempre presente aos eventos, sobretudo as noites de autógrafos, me realizo vendo os nossos autores recebendo seus leitores e autografando suas obras.   

Conexão Literatura: Vocês estão organizando uma antologia para comemorar os 35 anos da editora. Poderia comentar?

Artur Rodrigues: Sim, é o “Sarau”, a nossa antologia de número 510. Somos indiscutivelmente a editora que mais produziu livros nesse seguimento nos últimos 35 anos. São milhares de autores com obras apaixonantes, oriundos de todo o país e que se encontram nas páginas desse tipo de livro que é totalmente democrático.

A antologia “Sarau”, retorna com força total depois de 2 anos estacionada por conta da pandemia e já deu ares que veio para fazer sucesso, pois temos recebido uma gama enorme de autores que desejam fazer parte do projeto.

Este livro terá a curadoria do escritor e multimídia Marcelo Aceti, que conhece a alma da poesia e trabalha com cada autor de maneira individual, uma ação que a Litteris faz questão de imprimir em seus projetos, um tratamento único para cada autor.

Este projeto já está no ar e aberto aos leitores do Conexão Literária, basta ir até o nosso site www.litteriseditora.com.br, enviar um e-mail para litteris@litteris.com.br ou via watts (21) 97405.4555, solicitando todas as informações.

E o diferencial desse projeto é que ele será lançado este ano durante as comemorações dos nossos 35 anos, em junho e depois em um mega sarau que vai acontecer em nosso estande, em setembro, durante a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro.     

Conexão Literatura: Recebe quantos originais por mês? Quantos são publicados? Quem quiser publicar por sua editora quais os procedimentos a serem adotados?

Artur Rodrigues: A cada dia a soma de originais aumenta, uma prova cabal que o brasileiro escreve muito e bem, felizmente. Hoje são cerca de 300 originais por mês, chegando a ultrapassar esse número em 30% em determinados períodos do ano.

Agora nem todos são publicados. A cada mês selecionamos em função, sobretudo da qualidade literária, cerca de 10 a 15 originais entre romances, contos, crônicas, poesias, infantis, além de livros jurídicos, teses etc.

Para a publicação, antes o autor deverá enviar para a editora, diretamente para o e-mail litteris@litteris.com.br em word, o seu original. A partir da recepção dos originais faremos uma detalhada leitura através de nossa equipe e selecionaremos alguns, onde imediatamente    convidaremos para publicação. Cuidamos de 100% da edição, mas com o diferencial de inserir o autor em cada fase, dando a ele a total liberdade de opinar e sugerir como deseja cada parte da obra, da capa ao miolo.   

Conexão Literatura: Como é ser editor em um país como o Brasil?

Artur Rodrigues: Não é fácil, mas o tempo nos ensinou a lidar com os problemas de produção, as faltas ocorridas no setor de distribuição, onde recentemente enfrentamos o fim de uma soma significativa de livrarias, onde grandes grupos foram a falência. Nos preocuparmos com a impressão de qualidade e o acabamento excepcional de cada título. Não esquecendo jamais da divulgação, dos eventos e sobretudo do contato sempre próximo com o autor, afinal é uma parceria onde ambos de têm que andar juntos, numa inequívoca sinergia.   

Conexão Literatura: Como analisa a questão da leitura no país?

Artur Rodrigues: Temos sempre altos e baixos, mas ainda estamos aquém de fazer o livro chegar de forma literalmente democrática a todos os brasileiros, sobretudo aos mais carentes. O livro deveria estar inserido na cesta básica, pois a leitura é o começo de tudo e sem ela, enfrentamos muitos problemas no decorrer da vida. O livro nos faz crescer e viajar. É uma necessidade básica e que merece ter um preço final mais palatável ao consumidor.  

Conexão Literatura: Quais são suas leituras preferidas?

Artur Rodrigues: Leio por dever da profissão todos os gêneros, mas sou apaixonado por poesia e contos. Tive essa escola em casa desde pequeno, já que minha mãe era uma leitora voraz, além de escritora. E segundo reza a lenda, minha família tem uma descendência que torço sempre ser verdade, do poeta baiano Castro Alves.   

Conexão Literatura: Que conselho pode dar a um escritor principiante?

Artur Rodrigues: Leia muito, experimente, ouse. Escreva, escreva, escreva pois o exercício é algo que nos prepara, forja e amadurece.  

Conexão Literatura: Quais os próximos projetos da editora?

Artur Rodrigues: Meu sócio Deucimar Cevolela tem se revelado uma máquina de pensar e criar grandes projetos. O último foi através de sua produção o “Livro Diário do Escritor” desse ano, um livro-agenda produzida por ele há 30 anos trazendo mais de 250 autores, onde os participantes ou até mesmo os leitores, possam todas as sextas-feiras ao longo do ano escrever um texto, no caso uma poesia, um pequeno conto, um pensamento e ir somando até chegar ao final do ano, quando então teremos 52 obras, que uma vez reunidas, pedimos que nos sejam apresentadas para que possamos avaliar a publicação individual para lançarmos em 2024. Esse é apenas um, mas temos inúmeros outros projetos que serão mostrados na nossa comemoração de 35 anos em junho e logo a seguir na Bienal do Livro do Rio em setembro.

E esperamos ainda por muitos novos originais para a nossa leitura, objetivando o lançamento na Bienal desse ano, onde teremos um grande estande para recebemos todos os autores para recitais quase que ininterruptos. Livros de todos os gêneros.    

Perguntas rápidas:

Um livro: “O Lado Fatal” da grande Lya Luft

Um ator ou atriz: Antonio Calloni (que já tivemos o privilégio de publicar) e Leona Cavalli (que também é escritora e que está em nossos planos)  

Um filme: “Cinema Paradiso” de Giuseppe Tornatore

Um hobby: assistir filmes e o óbvio, ler muito 

Um dia especial: O nascimento dos meus três filhos. As minhas melhores obras, além é claro dos meus livros, minhas paixões.

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?

Artur Rodrigues: Agradecer a Deus por me colocar no lugar certo, na hora exata há 40 anos, me permitindo viver esse universo de sensações e descobertas que a minha profissão possibilita. Uma viagem sem fim.  

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sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Entrevista com escritor: Ademir Pascale, autor do livro Jornal em São Camilo da Maré, por Cida Simka e Sérgio Simka


Fale-nos sobre você.

Ademir Pascale é paulista, escritor e ativista cultural. Criador e editor-chefe da Revista Conexão Literatura e colunista da Revista Projeto AutoEstima. Membro Efetivo da Academia de Letras José de Alencar (Curitiba/PR). Associado da CBL (Câmara Brasileira do Livro). Chanceler da Academia Brasileira de Escritores (Abresc), título entregue por seu trabalho na disseminação da literatura e cultura. Participou em vários livros, tendo contos publicados no Brasil, França, Portugal e México. Cursou Direção de Audiovisual, na escola Educine. É fã dos heróis da Marvel, ama pizza, séries televisivas, moedas antigas e HQs. Organizador do livro "Possessão Alienígena", pela Editora Devir. Autor do romance "O Clube de Leitura de Edgar Allan Poe", pela Editora Selo Jovem e autor do recentemente romance “Jornal em São Camilo da Maré”, criador e organizador das antologias "O Legado de H. P. Lovecraft", "O Legado de Florbela Espanca", "Histórias para ler e morrer de medo", "Contos e Poemas Assombrosos", entre outros.

Fale-nos sobre o livro. o que motivou a escrevê-lo?

Além de editor e escritor, trabalho em comunidades de baixa renda desde 2005, ministrando aulas de informática (inclusão digital), então noto alguns problemas que as pessoas enfrentam, como discriminação, bullying, problemas no transporte público, saúde, etc. O e-book JORNAL EM SÃO CAMILO DA MARÉ, foi publicado pela Mafra Editions, uma editora que vem se destacando por suas publicações de autores internacionais, principalmente do Irã.

Sinopse do e-book: Três jovens interligados vivenciam as feridas que a nossa sociedade perpetua: violência, injustiça e bullying, numa comunidade carente do litoral de São Paulo, até encontrarem um ex-repórter de guerra que poderá mudar o rumo de suas vidas.

O e-book pode ser baixado gratuitamente. Para saber mais, é só acessar: http://www.revistaconexaoliteratura.com.br/2022/06/ja-disponivel-jornal-em-sao-camilo-da.html 

Você é o criador e o editor-chefe da revista Conexão Literatura. fale-nos sobre esse trabalho.

Amo o que faço, mas não é um trabalho tão fácil. Embora tenha crescido a quantidade de escritores e leitores, ainda são muitos os que não possuem o hábito da leitura. Mas o meu trabalho é esse: trazer informações sobre o mundo dos livros e incentivar pessoas para o caminho da leitura. Os livros podem fazer uma pessoa mais crítica, expandindo também a sua visão de mundo.

PARA BAIXAR O E-BOOK "JORNAL EM SÃO CAMILO DA MARÉ" GRATUITAMENTE: CLIQUE AQUI.


O que tem lido atualmente?

Estou relendo alguns contos de James Joyce, gosto desse autor. 

Há novos projetos em pauta?

Sim, vários. Já estou com planos de escrever um novo romance, além de que estou organizando algumas antologias de contos e poemas. 

Agradeço pela oportunidade da entrevista.

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CIDA SIMKA

É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021) e O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020), Um fantasma ronda o campus (Editora Verlidelas, 2020), O medo que nos envolve (Editora Verlidelas, 2021) e Queimem as bruxas: contos sobre intolerância (Editora Verlidelas, 2021). Colunista da revista Conexão Literatura.

SÉRGIO SIMKA

É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e seu mais novo livro juvenil se denomina O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021). 

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quinta-feira, 26 de maio de 2022

ENTREVISTA COM SEYED MORTEZA HAMIDZADEH, EDITOR E AUTOR DO LIVRO “GUERRA AO NASCER” (PARADISE OCEAN BOOKS)


Conexão literatura: Você poderia contar aos nossos leitores sobre seu início no mundo literário?

Autor: Comecei a escrever poesia em 2004, mas com mais seriedade em 2008 quando comecei a publicar meus poemas em revistas literárias internacionais, escolhendo revistas americanas de diferentes países para publicar meus poemas, a maioria das quais afiliadas à Universidade de Wisconsin, Universidade de Michigan, Universidade de Denver, Universidade de Santa Clara, dentre outras. Durante esse período, meus poemas apareceram em várias publicações, como: WAF Anthology, eFiction, Zouch, Vivimus, Five Poetry, Maudlin House, the Literati Quarterly, Denver Quarterly, Santa Clara Review, Blackbird Journal e eu fui indicado para o prêmio Pushcart 2020, representando a Revista Santa Clara da Universidade de Santa Clara. 

Conexão literatura: Você é autor de um livro de poesias em Língua Portuguesa, poderia comentar?

Autor: Sempre pensei que meus poemas seriam publicados em diferentes idiomas do mundo, e estou tão feliz que meus poemas foram traduzidos para o português por Jamila Mafra, uma amiga e parceira. Devo dizer também que as poderosas traduções de Negar Emrani para o inglês tornaram este evento importante em minha vida literária.

Conexão literatura: Como foi o processo de escrita do trabalho e quanto tempo levou para concluir seu livro?

Autor: Tenho cerca de 600 poemas inéditos, e esses poemas foram escritos durante 12 anos. Então meus poemas já estavam prontos e só precisavam ser traduzidos primeiro para o inglês e depois para o português.

Conexão literatura: Você poderia destacar um trecho que você considera especial em seu livro?

Autor: Gosto muito de três poemas meus cujos nomes são: “Nadia”, “Morte dos Mísseis” e “Juan! Venha para o Mar”.

Conexão literatura: Como o leitor interessado deve proceder para adquirir seu livro e conhecer um pouco mais sobre você e sua obra literária?

Autor: Sou um autor oficial na Amazon.com.br, então os leitores interessados podem ver meus livros neste site e comprá-los.

Conexão literatura: Há novos projetos na agenda?

Autor: Claro, em breve meu novo livro de poemas chamado “Dança das Fronteiras” será publicado pela Paradise Ocean Books.

Perguntas rápidas:

Um livro: “Além do Bem e do Mal” de Friedrich Nietzsche

Um autor: Friedrich Nietzsche

Um ator ou atriz: Jean Reno

Filme: Stalker (1979) dirigido por Andrei Tarkovsky

Um dia especial: Dia de Nowruz (ano novo persa)

Conexão literatura: Gostaria de encerrar com mais comentários ou mensagem aos leitores?

Autor: Desejo muita saúde e sucesso para todas as pessoas no mundo, e nosso objetivo com a “Paradise Ocean Books" é apoiar artistas iranianos e artistas internacionais criando assim uma ponte entre os artistas iranianos e todas as pessoas do mundo.

Biografia do Autor

Seyed Morteza Hamidzadeh é um poeta iraniano nascido em 31 de agosto de 1991 em Mashhad, Irã. Sua poesia pode ser encontrada em revistas de todo o mundo, como WAF Anthology, eFiction, Zouch, Vivimus, Five Poetry, Maudlin House, Literati Quarterly, Denver Quarterly, Santa Clara Review e Blackbird Journal.


SINOPSE E LINK DO LIVRO

Guerra ao Nascer é uma coletânea de poemas que tocam a alma e o coração, escritos pelo jovem poeta e editor iraniano

Seyed Morteza Hamidzadeh. Há muitos anos Seyed luta pela paz no mundo por meio de seus versos sensíveis e ao mesmo tempo de significados profundos. Sua escrita retrata de maneira única a dor de pessoas inocentes que tentam sobreviver em meio às guerras e conflitos recorrentes no Oriente Médio.

A obra nos apresenta os sentimentos e reflexões intensas de alguém que enfrenta diariamente a ameaça da violência, da

dor e das incertezas, mas que também mantém a esperança de um futuro melhor. Poemas impactantes como “Morte dos Mísseis”, nos fazem pensar sobre como a guerra pode transformar as nossas vidas e fazer desaparecer tudo que há de mais importante ao nosso redor.

PARA ADQUIRIR O LIVRO: CLIQUE AQUI.

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terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Cultura perde Tarcísio Pereira

 

Tarcísio Pereira - Foto divulgação

Livreiro, editor e superintendente da Cepe faleceu em consequência de complicações da Covid-19


Faleceu às 22h dessa segunda-feira (25), aos 73 anos, vítima de complicações da Covid-19, o livreiro, editor e superintendente de Marketing e Vendas da Cepe, Tarcísio Pereira. Internado no Hospital Português, ele lutou intensamente por mais de 60 dias contra a doença. Em consequência da Covid-19, Tarcísio sofreu Acidente Vascular Cerebral (AVC), o que prolongou sua permanência no hospital. O velório acontece das 11h às 15h desta terça-feira (26) no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, município do Grande Recife, onde o corpo será cremado.


Profundamente abalado, o presidente da Cepe, jornalista Ricardo Leitão, destacou a amizade de 50 anos que os unia e a importância de Tarcísio Pereira para a cultura. "Conheço Tarcísio Pereira desde os anos de 1970, quando a Livro 7 ainda era uma pequena livraria em uma galeria da Rua Sete de Setembro. Sua relação com escritores e editoras fez dele uma âncora cultural de Pernambuco. Tinha uma grande preocupação em trazer livros de qualidade do Sudeste do país e sempre teve o cuidado de treinar seus vendedores para que entendessem a importância e a qualidade literária do livro. Não era uma pessoa que apenas vendia livros. Ele os amava e sabia da importância do seu papel na produção literária.  Tarcísio foi único. Em importância, depois dele, ninguém conseguiu cumprir o papel que executou pela  literatura pernambucana. Foi em função desse perfil, de pessoa que conhecia profundamente o meio literário porque amava o que fazia, que eu o convidei para o Conselho Editorial da Cepe e, logo depois, para assumir a Superintendência de Marketing e Vendas. Perdemos todos com a partida de Tarcísio. Um dia triste para os amigos e para a cultura de Pernambuco".


“Ele lutou bravamente, por mais de sessenta dias, como sempre lutou por tudo aquilo em que acreditava - livros, talentos, cultura nordestina. Continuará conquistando amigos com seu sorriso e maneiras gentis, mas desta vez num plano superior”,  disse Joana Carolina Lins Pereira, juíza federal e uma das filhas de Tarcísio.


“Foi uma decisão difícil fazer o velório aberto, sabemos que esta é uma época em que o imperativo é permanecer em casa. Mas como ele não mais era considerado um paciente de Covid, resolvemos que não poderíamos subtrair àqueles que desejarem a oportunidade de, com todas as cautelas do distanciamento social, prestar uma última homenagem, ele era muito querido’, declarou Joana Carolina.


Tarcísio, diz ela, era uma pessoa extremamente generosa. “A pessoa mais generosa que eu conheci. Me proporcionou uma infância muito feliz, recheada de livros, foi incentivador da minha carreira e um avô maravilhoso”, afirmou Joana Carolina. Tarcísio criou a famosa livraria Livro 7 em 1970, no Centro do Recife. Era ponto de encontro de intelectuais e estudantes. A Livro 7 fechou em 2000.


O editor da Cepe, Diogo Guedes, também lamentou a morte de Tarcísio e ressaltou seu inestimável legado para a cultura e para o cenário literário pernambucano. "Tarcísio foi um visionário quando criou a Livro 7, uma livraria que antecipou em décadas o que se tornaria tendência de certo modo. Um livreiro que acreditava no livro, nas conversas, nos encontros como algo essencial para o desenvolvimento da leitura, da literatura. E Tarcísio continuou esse trabalho na Cepe coordenando nosso marketing, sempre com a mesma empolgação, mesmo envolvimento, com a ideia de tornar o livro algo acessível para as pessoas. É uma perda imensa para os pernambucanos. Uma tristeza".


O cartunista, chargista e músico Lailson de Holanda, grande amigo de Tarcísio, também se ressente com o falecimento do livreiro. “É uma perda enorme para as possibilidades futuras da cultura. Tarcísio é um ícone referencial para todo mundo que fez cultura a partir dos anos 70. É um mecenas e um incentivador. Agradeço a presença dele entre nós. Ele deu muito para a arte e a cultura. É uma lenda. Fico feliz de tê-lo conhecido pessoalmente”, declarou Lailson de Holanda.


Triste com a notícia, o poeta Juareiz Correya falou sobre a perda do amigo: “Não tenho palavras sobre a morte de Tarcísio Pereira, o governador dos nossos infinitos 7 livros... Tenho sua lembrança viva, como quem vai daqui a pouco encontrá-lo na Cepe, trabalhando com a

gente, ou na Rua Sete de Setembro, que ele reinventou para a história e a geografia do Recife. Tarcísio está vivo entre nós, leitores, escritores, amantes e curtidores de livros, abertos para sempre na sua presença amiga”.

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quarta-feira, 9 de maio de 2018

Pedro Almeida, o livro A garota do lago e a Faro Editorial, por Sérgio Simka e Cida Simka

Pedro Almeida - Foto divulgação
Pedro Almeida é jornalista e professor de literatura, com curso de Marketing pela Universidade de Berkeley, trabalha no mercado editorial há 20 anos. Foi publisher em editoras como Ediouro, Novo Conceito, LeYa e Lafonte. Atualmente é publisher da Faro Editorial.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre os livros de sua editora.

A Faro nasceu de uma constatação, de uma ideia nascida de 10 anos atrás, de que editar livros era a das coisas que fiz na vida, a única em que podia reunir prazer e habilidade.
Planejei sua criação por 5 anos, realizando pesquisas, criando a imagem, o logo, o projeto antes de colocá-lo de pé, sem que mais de 3 pessoas soubessem desse plano. Da ideia inicial, de publicar livros clássicos, de venda constante, mas sem picos, ampliei o projeto com a chegada de dois sócios. E decidimos investir então em nichos de autores nacionais que não eram disputados pelas grandes editoras, como YA, policial e terror.

Fale-nos de sua coluna no PublishNews.

A minha geração de editores é totalmente autodidata e outsider: primeiro porque aprendeu a exercer a  atividade estudando sozinha, lendo e fazendo, e segundo porque é formada por não descendentes de donos de editoras. Surgiu nos anos 90, quando as editoras começaram a deixar de ser uma atividade de família e passaram a buscar profissionais fora de sua linhagem hereditária. Antes disso, os editores eram o dono do negócio, independentemente de sua habilidade de escolher bons livros para o mercado. Então comecei a ver que muitos jovens assistentes editoriais careciam de informações e que os primeiros cursos voltados para a área eram ministrados por pessoas que poderiam ter inúmeros títulos acadêmicos, mas nenhuma prática ou sem reconhecimento do mercado. Algo que chamava muito a minha atenção era como a função do editor e da indústria do livro, eram retratadas nos filmes. Então comecei a recolher exemplos para mim mesmo. No entanto, quando assisti a um filme francês, Roman de Gare (Crimes de Autor), tive um clique. Vi nele diversos elementos que eu agora poderia ilustrar com o filme ao explicar para as pessoas sobre como era parte do meu trabalho. Então, em 2011, contei a ideia de escrever um artigo ao editor e criador do Publishnews, Carlo Carrenho, e ele propôs que eu escrevesse uma coluna. De lá para cá falei sobre dezenas de assuntos. A ideia era mostrar as diversas etapas do mercado editorial. Era para ser quinzenal ou mensal, mas então eu percebi que não poderia escrever senão achasse que teria algo realmente útil para oferecer. Hoje ela não tem uma periodicidade fixa, mas escrevo a cada dois ou três meses.

Você foi editor em diversas editoras.

Fui editor em casas pequenas, médias e gigantes. Em cada uma delas a função do editor era ou mais artesanal, exigia um profissional multifacetado ou alguém com perfil de gestão. Todas essas experiências me fizeram sentir mais preparado para ter minha própria empresa. Em algumas editoras eu tinha uma função restrita, mas em outras eu podia me inserir nas diversas outras etapas como comunicação, marketing, criação e eventos. Hoje continuo a fazer bastante disso pois estudei todas essas funções. Fui um dos primeiros gerentes de marketing no mercado brasileiro há mais de 20 anos, seria um desperdício não usar a experiência, além de que, quando se inicia um projeto novo, enxuto, com poucos livros, não havia espaço para termos uma equipe enorme para realizar cada tarefa.

Como é o seu trabalho? Recebe quantos originais por mês? Quantos são publicados? Quem quiser publicar por sua editora quais os procedimentos a serem adotados? 

Hoje estamos bloqueados para novos títulos até meados de 2019. Temos uma grade, um grupo de autores nacionais que decidimos investir e nos apresentam novos originais a cada ano. Ainda assim, recebo mais de 250 originais por mês. Gostaria de poder lançar mais autores, mas acredito que com o investimento que já fazemos em nacionais, com os cursos que dou, com as entrevistas, posso estimular mais editores a lançar novos autores. Uma editora define um propósito e organiza sua estrutura para dar conta disso. Nosso plano é ter um número máximo de lançamentos em que acreditamos ter ótimo potencial artístico e comercial, com condições de prestar uma boa assistência aos autores, e não nos tornar uma publicadora em série de bons livros.

Qual o livro de maior sucesso de sua editora? 

Em ficção, Charlie Donlea. Era um autor desconhecido estreante há dois anos nos EUA e hoje vende mais de 70.000 exemplares por título no Brasil e esperamos que dobre no próximo lançamento. Em não ficção, dois autores nacionais, o filósofo comportamental Jacob Petry e o economista Marcos Silvestre.

Como é ser editor em um país como o Brasil?

Não é fácil. Nosso país não entendeu a função da leitura. Nossa elite intelectual por muitas décadas não ajudou nisso. Definiu o que devia ser lido, resenhado, publicado e tudo estava submetido a um crivo ideológico, engajado. Assim, só poucos se tornaram leitores, porque para apreciar literatura engajada você deveria  ter frequentar uma universidade, de preferência, pública, gratuita, cujos estudantes, em grande maioria, pertenciam à elite econômica e cultural. E nisso estamos com quase 40 décadas de atraso, que hoje nos cobra um alto preço. A falta de leitores atrapalha todo o processo, desde a educação ao investimento em cultura, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico e na política. Sem um plano diretor educacional decente, apartidário, para 20, 30 anos, que não dependa de quem está no poder, não vamos prosperar como nação. E hoje nós vemos pelo quinto ano consecutivo editoras e livrarias definhando por falta de leitores e projetos de leitura. O futuro é incerto, por isso nós preparamos para ser uma editora sempre enxuta, focada em nossos nichos e atentos para os movimentos do mercado.

Como analisa a questão dos e-books?

Paramos de publicar quando nos chegou o relato de que até uma professora da Unicamp estava comprando um exemplar de livro, quebrando o código de segurança e distribuindo para seus alunos. Um e-book pirata ou oficial traz a mesma experiência para os leitores, então se é encontrado facilmente na rede prejudica a venda. Então começamos a expor para as empresas que atuam no negócio digital que a tarefa jurídica de retirar os livros piratas do mercado devia ser delas. Era o negócio delas, vender e distribuir livros. Nenhuma nos deu ouvidos. Cansamos de nós mesmos fazermos as denúncias aos sites e provedores, então decidimos não lançar mais e-books.

Quais são suas leituras preferidas?

Não é exagero dizer que me sinto um escravo editorial. Eu leio tudo o que me chega em mãos, e não apenas livros, mas filmes, músicas, clipes. Meu interesse está em desvendar uma tendência antes que ela aconteça. E a atividade de editor me tirou o espaço do leitor apreciador. Eu sou sempre o crítico diante de uma obra. Há autores que me emocionam sempre como Clarice Lispector, Joan Didion... Machado, Pessoa, Wilde, Whitman, Poe, Florbela. E curto muito autores nacionais contemporâneos de literatura de gênero, em especial policial e terror.

*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
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domingo, 11 de março de 2018

Aldemir Alves, os livros de Esteros e a Editora Selo Jovem, por Sérgio Simka e Cida Simka

Aldemir Alves - Foto divulgação
 Aldemir Alves nasceu em 1981 em Uberlândia /MG – Brasil. Atualmente trabalha como design gráfico e coeditor na Editora Selo Jovem. É um autor brasileiro contemporâneo, logo com o seu primeiro livro publicado em 2011 começou a se destacar no cenário de fantasia, tendo novas oportunidades para publicar seus livros em algumas editoras. Escreveu histórias de fantasia épica, sobrenatural e contos baseados no mundo de Esteros. Um de seus livros de mais sucesso é “As crônicas de Fedors”. Aldemir é fã das criações de Stan Lee, do mestre Tolkien e do brasileiro Maurício de Souza. Os seus livros prediletos sempre foram ficção científica e fantasia.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre seus livros.


Atualmente eu tenho 4 livros publicados disponíveis para compra, sendo todos na Editora Selo Jovem, o selo principal do Grupo Editorial SLJ. Sendo eles: Os livros de Esteros - As crônicas de Fedors Volume 1, Os livros de Esteros - O início da esperança Volume 2, O portal de Oriun, e Sobreviventes.
Os livros de Esteros eu considero o meu trabalho principal, ou pelo menos, o que mais me traz retorno, tanto financeiro quanto crítico-analítico por parte dos leitores. É um livro que está na 5ª. edição e sempre tem saída desde 2011, ano em que publiquei pela primeira vez numa editora. Mas eu já o comercializava desde 2009 em sites como Clube de Autores, Perse, Agbook etc.
A história basicamente narra a versão do personagem Fedors (o Undead). Esse personagem é um morto-vivo que retorna dos mortos por conta de um erro cometido em vida, algo que ele deixa em aberto, um fato que não pôde resolver em vida. Após ser assassinado de forma brutal e injusta, ao fazer a transição ao mundo dos mortos, é abordado pelo demônio que vê algo grande nele, uma oportunidade de usá-lo a seu favor. Fedors é tentado a retornar ao mundo dos vivos, então faz um pacto com "Nazebur", o demônio da mitologia esteriana (sim, a obra tem mitologia própria). 
Nazebur, "o devorador de mundos", que tem como meta se tornar o soberano do universo, o escolhe assim que ele faz a transição entre a vida e morte. Após oferecer uma nova chance de vida, selam um pacto, então Fedors retorna à vida com a promessa de redenção. Em troca teria que vender a sua alma e comandar um exército de espectros, a fim de mergulhar Esteros na escuridão. No entanto, como o demônio é mentiroso, o personagem renasce, mas está podre, em estado avançado de decomposição. Ou seja, ele foi enganado!
Descobrindo que fora enganado, o personagem começa a negligenciar a sua missão e se vira contra Nazebur, daí o leitor vai acompanhar em três obras o desfecho dessa trama toda. Mas a obra não vai ficar presa apenas a essa trama “divina”, o leitor vai acompanhar outros personagens interessantes, como Vamcast, Andor, Salazar, ente outros. É uma obra muito bem- avaliada e com vendas expressivas em bienais e pontos de vendas onde a editora atua.
Já O portal de Oriun é uma obra mais juvenil, na linha de Percy Jackson com deuses gregos, mitologias e personagens adolescentes. A diferença é que eu foquei no pós-Ragnarök, mas não somente no fim dos tempos mitológicos nórdicos, a história narra uma trama que envolve diversas mitologias, ex.: celta, grega, nórdica, egípcia, tudo em uma única história. Eu criei um pano de fundo onde todos os universos se colidem, portais mágicos são capazes de unir Loki a Zeus, Odin a Poseidon, tudo de um modo inédito. Enfim, só lendo a obra para entender a minha ideia (coisa de escritor nerd e maluco -  hehehe).

Tenho também Sobreviventes, que é um livro na linha dos “anjos e demônios”. Aqui temos figuras conhecidas como Lúcifer, o Deus bíblico "Javé / Jeová", os anjos, e todo esse universo cristão e católico que conhecemos.
No geral trata-se de uma trama pré-apocalíptica, onde há como foco narrativo um romance entre um “humano” e um "arcanjo do sexo feminino".  Essa obra possui um teor mais filosófico, o personagem está beirando a loucura! O que é certo ou errado? Deus é bom, o diabo é mau? Enfim, são dúvidas que rodeiam o personagem principal, que é a chave para o fim do mundo. É aquele livro que você pensa: "eu não queria estar na pele desse cara". É algo para refletir, como uma explosão de sentimentos, uma trama sugestiva e louca. Apesar de não ter comparações, eu o escrevi porque gostei muito do livro do Eduardo Sphor: A batalha do apocalipse.

O que o levou a escrevê-los?

O meu interesse em escrever meus livros veio pelo gosto pela leitura, eu leio desde a época da Editora Ática com a série Vaga-Lume, creio que Marco Rey foi minha primeira inspiração, Um cadáver ouve rádio, O mistério do cinco estrelas, O rapto do garoto de ouro, lembro de ver aquele abelhão na capa, aquilo me causava uma certeza de qualidade, uma nostalgia boa, tipo quando eu jogava Super Nintendo. Os meus olhos brilhavam, depois tinha as ilustrações em preto e branco, era uma viagem! O escaravelho do diabo de Lucia Machado também foi um dos meus favoritos. Eu criava vários rascunhos na adolescência sonhando vê-los um dia publicados em livro. Curtia muito os gibis do Tex, o Ranger, aquilo me levava a desenhar minhas versões distorcidas e tortas do que seria hoje "Os livros de Esteros". Pra mim tudo começou com um rascunho de uma batalha entre os personagens principais, anos depois, textos repletos de erros grosseiros de português.
Li O senhor dos anéis já adolescente, e Tolkien era demais, li antes de o filme estrear nos cinemas e já sabia sobre Frodo, Sam, os hobbits, Gandalf etc. Vasculhei tudo sobre "A sociedade do Anel" e o restante da trilogia. Mas só terminei os outros volumes tempos depois, porque peguei o volume único emprestado na biblioteca da minha escola. Eu não precisava de mais nenhuma inspiração para começar a escrever. Só de tempo, e dinheiro para publicar hehehe...
O meu livro é contemporâneo, escrevi Esteros em 2009 e publiquei em 2011 pela Editora Baraúna, mas isso só alavancou mesmo quando começamos a Selo Jovem no começo de 2012.

Você é coeditor na Editora Selo Jovem. Fale-nos sobre ela. Como é o seu trabalho? Recebe quantos originais por mês? Quantos são publicados? Quem quiser publicar por sua editora quais os procedimentos a serem adotados?

Sobre a editora.

Sim, sou um dos editores e fundador do Grupo Editorial Selo Jovem, basicamente a ideia nasceu na minha cachola, depois de diversas frustrações no mercado eu desisti de tentar a sorte e criei uma editora para me autopublicar. A minha esposa, Rita, hoje a proprietária legal da editora, gostou da ideia e juntos abrimos a empresa.
Tenho um orgulho danado em dizer que hoje a Selo Jovem já não é mais uma promessa, somos realidade de mercado. Somos uma editora que começou pequena, sendo criticada, desacreditada, passamos muitos perrengues. Tudo era difícil, complexo, passamos apertos, não sabíamos fechar arquivos para gráficas, não conseguíamos bons revisores, não tínhamos o mínimo conhecimento de design, rs, mas a falta de conhecimento do mercado era o que mais nos atormentava.
Tomamos muitos NÃOS de livrarias, muita gente criticou e desacreditou que duraríamos um ano, tomamos calotes de distribuidoras pequenas e livrarias picaretas, autores saíram antes mesmo de tentarem pra descobrir se daria certo. No entanto, eu sempre fui um empreendedor, percebi logo de cara que aquilo não daria certo sem muito investimento, daí pensei "por isso que tem muito picareta nesse mercado, autor nacional não vende bem".
Eu tinha apenas duas opções, entrar para o time de picaretas e criar uma editora só para arrancar grana dos autores, ou colocar minha grana e apostar nos melhores livros que eu conseguisse. Então me decidi, não seria um picareta!
Eu escolhi a dedo nossos primeiros autores, tomei uns desacertos no começo e muito prejuízo, mas a gente acreditava muito na ideia de dar oportunidade a novos autores sem sugá-los e arrancar quantias absurdas, então continuamos. Fizemos todo o caminho difícil, aprendemos com os erros, criamos um conceito de bons vendedores de livros, plantamos na cabeça dos autores que dá certo sim, só tem que se esforçar e fazer como Paulo Coelho fez no começo de sua carreira: "vender na praia, para amigos, família, pra quem quiser comprar". Criamos uma proposta de aprovar autores sem que eles pagassem por "pacotes", nada de 10 ou 20 mil. O autor precisava apenas adquirir e ajudar a editora a vender pelo menos 100 livros. Isso foi um sucesso. A gente logo se tornou referência de mercado, uma editora conhecida como justa e honesta, que agora pode aprovar tanto pelo modo tradicional (arcando com todos os custos) quanto parceria (o autor ajuda a vender ou compra 100 livros).
A editora cresceu na parte financeira também, eu e a Rita fechamos a outra empresa em que  atuávamos havia mais de 10 anos, na parte de informática e lan house e investimos tudo na editora (já coloquei dois carros meus na editora). Adquirimos nossa gráfica própria tanto digital quanto offset, temos mais de 200 mil reais em investimento gráfico, antes era tudo manual, hoje estamos trabalhando com guilhotinas e quase tudo automático. Estamos indo às bienais; no Rio de Janeiro, em 2017, vendemos mais de 2 mil livros! Fazemos nossa própria distribuição, temos preços fantásticos e imbatíveis para livros de escritores nacionais: preços de best-sellers internacionais mesmo! Parcerias com as maiores empresas do Brasil, Walmart, Americanas, Submarino, Amazon... Enfim, o sonho se tornou realidade. 

Sobre originais.
Entre Selo Jovem e Talentos recebemos mais de 100 originais por mês, mas não divulgamos em nenhum lugar que a editora está aberta a novos escritores, preferimos que os autores nos vejam por aí, ouçam falar de nós e venham nos procurar. Não fazemos marketing para pegar autores. Nossa avaliação é demorada, não somos aquela editora que recebe o arquivo e sai enviando orçamentos, rs, é triste, mas ultimamente as coisas andam assim. Tem autor que manda o original já querendo orçamento, triste! Acontece às vezes de eu estar avaliando um livro e gostando, daí vou perguntar algo sobre a trama ao autor e ele diz que já fechou com outra editora, porque o preço estava barato. Daí eu digo "boa sorte então".
 Nossa avaliação é criteriosa, queremos livros bem escritos, bem revisados, autores fáceis de trabalhar e que sabem como o mercado é difícil. Falamos a realidade ao autor, não tem mágica, não tem contos de fadas, tudo é luta e esforço mútuo. Meu lema é "nunca prometa o que não pode cumprir", no mercado literário não há garantia de sucesso pra ninguém. Precisa de muito trabalho sério, dedicação e preço pra competir!
Sobre originais
Quem quiser entrar na editora precisa nos enviar o seu material de preferência registrado na FBN, ter um material bem escrito e revisado, uma história incrível e muita vontade de trabalhar. A gente vasculha também as redes sociais desse futuro autor, olhamos se ele está metido em tretas e grupinhos de autores fofoqueiros e frustrados, sendo uma pessoa fácil de dialogar e trabalhar, a gente traz para a família Selo Jovem.

Como é ser editor em um país como o Brasil?

Olha, é difícil! Escuto muito autores reclamando do mercado, de editoras, de tudo! Mas o pessoal pensa que é só autor que se lasca. kkk Cara, tem muita picaretagem, editoras tomam calotes, tomam NÃO na cara toda hora, tomam prejuízo com revisões porcas e diagramações ruins; se for editor honesto então, vai precisar pegar muito empréstimo e vender seus bens para investir, porque nada é fácil e de graça nesse mercado. Desde bienal a distribuição tudo é pago! Uma vez eu disse em um vídeo meu que o mercado de forma geral é prestação de serviço, pois é. Um estande pequeno passa dos 20 dígitos, imaginem o que uma Saraiva da vida investe? Depois vem a CBL e o governo enchendo de logos e propagandas na mídia, dizendo coisas como "Bienal é incentivo à leitura", Bah!!! Você quer entrar em redes de livrarias? Precisa de um representante que cobra de 2 a 3 mil por mês para te colocar lá e fazer o serviço de apresentação de catálogo, tem que abrir mão de 50% a 60% do valor de capa com um investimento mínimo de 100 mil reais em consignações. Agora soma aí o que a editora ganha? No final sobram apenas as migalhas.
Tem que pagar e-commerces e marketplaces! Agências de divulgação, espaços em mídia, vixe, é tanta coisa que se eu for falar aqui vai longe. No mercado tudo gira em torno de grana, isso é fato!
E tem o lado macabro das editoras também, eu sempre digo que o mercado está podre porque tem muito espertalhão montando "logo editorial" e dizendo que tem editora por aí, um site mais ou menos e uma boa lábia, o cara sai fechando contratos e pegando dinheiro de pessoas que se matam de trabalhar, fazendo as merd* que ouvimos na internet. O fato é que o bom editor não pode só querer tirar dinheiro do mercado, precisa investir primeiro. O mal do mercado é que tem muita gente sem experiência empresarial entrando, a maioria são autores que saíram frustrados de alguma editora picareta e se arriscam, e o grande problema é que não possuem verba para montar uma boa editora. Se não tiver uma boa estratégia e investimento na empresa, vai fazer pior ainda com o colega autor que está começando, cheio de sonhos e metas. Pra entrar no mercado e fazer um trabalho bem-feito, tem que ter responsabilidade e conhecimento editorial, um curso de administração, algum trabalho secundário para te manter pelo menos por uns 2 anos sem depender da sua editora.
Eu sou bem realista quando se fala em administração, vejam as maiores empresas: Saraiva, Cultura, Mercado livre, Intrínseca, elas estão aí há anos, nunca param, volta e meia a gente escuta que estão brigando por espaços, Amazon x Saraiva se digladiando, Cultura falindo suas filiais, Fnac vai embora do Brasil, Leya também pensou em ir, gente, a verdade é que qualquer empresa precisa ganhar tanto quanto gasta. Mesmo que elas só publiquem autores best-sellers que vendem milhões de livros, ainda assim tem o lado das consignações, os prejuízos, zilhões de funcionários pra pagar. As coisas não são fáceis pra ninguém, não é só ganhar dinheiro não!

Como analisa a questão dos e-books?

Olha, creio que quanto mais espaço melhor, eu particularmente não gosto de digitais e não vejo um grande futuro para os digitais no Brasil, não de imediato. A grana é pouca, tudo vira pirataria, não tem aprovação de nada e nenhum selo de qualidade que mostre que o livro vale a pena ser adquirido. Acho que a Amazon veio pra somar e ajuda muito o autor a começar, mas o futuro de qualquer autor que queira mesmo crescer e fazer sucesso ainda é a velha e boa editora. Os impressos vão durar muitooo ainda! Os digitais estão aí e tem quem gosta, então acredito que "impresso prioridade e qualidade", "digital preço baixo e facilidade". Eu gosto muito de sentir o papel nas mãos, folhear, enfeitar minha casa com livros. Com um Tablet ou Kindle ficaria estranho hehehe...

Quais são suas leituras preferidas?


O senhor dos Anéis, Morte dos reis, Sherlock Holmes, Bernard Cornwell 1356, Nárnia, A batalha do apocalipse, enfim, eu gosto de literatura medieval e fantasia de modo geral! Mas leio tudo, não tenho nenhum preconceito literário.

Que conselho pode dar a um escritor principiante?


Não se afobem para publicar um livro, não queiram colocar os burros na frente da carroça, sejam escritores iniciantes confiantes, não desistam mesmo que as pessoas digam que isso não tem futuro, que você escreve mal, que literatura nacional é ruim, e coisas do tipo.
Embora o mercado seja difícil, eu vejo evolução e muita gente boa aparecendo. As editoras estão apostando mais em nacionais nos últimos anos, vá a uma bienal que vai ver isso na prática. Faça todo o trabalho difícil de divulgar o seu livro, faça lançamentos constantes, pare de reclamar da vida e da sua editora caso ela te apoie; se não apoia, sai dela e procura outra coisa melhor! Tenham em mente que é difícil pra todo mundo, trabalhar com arte é vender sonho. Não é só literatura, seja na carreira de jogador de futebol, ator, cantor, piloto, nada é fácil!
Hoje temos a internet aí pra vasculhar onde vamos entrar, vocês aí que estão em busca de publicar seu primeiro livro não se afobem, procurem a melhor oportunidade. Conversem com autores da editora que vocês acham legal e caso não consigam ser aprovados por ela, melhorem, escrevam outro livro e tentem de novo. O segredo do mercado é nunca desistir dos seus objetivos e sonhos, se fosse fácil ninguém trabalharia, hehehe, todos escreveriam livros.

Quais os seus próximos projetos?


No momento estou terminado o volume 3 de Os livros de Esteros e vou publicar nos próximos meses, quem sabe na bienal, onde creio que terei vendas expressivas. Estou escrevendo outro volume de "O portal de Oriun" com o título de "O elixir dos deuses", e quem sabe em breve sai um romance por aí? Sempre quis me arriscar nesse gênero. Hehehe

Fan Page:
https://www.facebook.com/EscritorAldemirAlves
https://www.facebook.com/OsLivrosDeEsteros?ref=hl

Twitter do autor:
https://twitter.com/LivrosdeEsteros

Blog do livro:
http://esterostrilogia.blogspot.com.br/

Skoob:
http://www.skoob.com.br/livro/186960-os-livros-de-esteros

Wattpad autor:
http://www.wattpad.com/user/aldemir7

*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2016), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
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domingo, 4 de março de 2018

Eduardo Abreu e a Editora Xeque-Matte, por Sérgio Simka e Cida Simka

Eduardo Abreu - Foto divulgação
Eduardo Abreu nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, no dia 24 de março de 1995. É graduando do curso de Administração. Em 2016 criou a Editora Xeque-Matte com o objetivo de expandir a literatura e criar uma casa editorial que se valorize pelos princípios éticos e de qualidade aos autores e leitores. É editor-chefe na Editora, dono e atua na área da gestão de projetos estratégicos.

ENTREVISTA:

Você é editor da Editora Xeque-Matte. Fale-nos sobre ela. Como é o seu trabalho? Recebe quantos originais por mês? Quantos são publicados? Quem quiser publicar por sua editora quais os procedimentos a serem adotados?

A Editora XM nasceu da necessidade de criar uma casa editorial que possibilite a difusão da literatura nacional e que seja exemplo de respeito aos leitores, e principalmente aos seus escritores. Ela foi fundada em outubro de 2016 e já possui 20 contratos nacionais em 1 ano de fundação. Desses 20, mais da metade já publicados.

Meu trabalho consiste na coordenação de todos os processos ligados à edição dos livros. Atuo praticamente em todas as áreas dentro da editora, mas não atuo sozinho. Por trás de um grande editor existe uma equipe de profissionais brilhantes e eficientes, que cuidam de cada etapa da edição do recebimento dos originais até o lançamento.

Recebemos aproximadamente 200 originais durante o ano de 2017, destes foi aprovada uma quantidade X e negociada para a publicação. Muitos dos títulos recebidos não se adequavam ao nosso catálogo, como, por exemplo, livros religiosos e não ficção.

Como analisa a questão dos e-books?

O e-book é uma ferramenta de propagação de conhecimento e de expansão cultural, e permite que os livros possam ser acessados de qualquer dispositivo tecnológico em qualquer lugar e mesmo sem internet. Acredito que exista um grande público potencial leitor do livro em formato digital, crescendo cada vez mais.

Quais são suas leituras preferidas?

Gosto de ler ficção científica.

Que conselho pode dar a um escritor principiante?

Como já dizia Hemingway em uma de suas frases: "O escritor é individualista, precisa de introspecção para encontrar sua própria voz, mas também precisa ser curioso, pesquisar, percorrer rotas externas". Parafraseando-o posso deixar como dicas essas:
1- leia, leia muito! A voz de um autor reflete sua construção de mundo;
2- Escreva sobre o que gosta e abuse da criatividade e da imaginação;
3- Tenha disciplina na escrita e escreva muito, quanto mais escrever mais domínio da escrita terá;
4- Aprimore sua história relendo-a e dando uma construção bem-estruturada aos personagens e cenários, evitando furos e fugas cronológicas.

Quais os próximos projetos da editora?


Uma das principais metas da editora é o alcance dos leitores às nossas obras. Queremos nos próximos anos participar de eventos literários e até mesmo organizar eventos que exponham os trabalhos da XM e que expandam ainda mais a literatura nacional.
Queremos participar de Bienais, mas esse ainda é um problema em nosso país pelo alto custo de investimento que uma editora pequena enfrenta para viabilizar esse projeto.

*Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a coleção Mistério, publicada pela Editora Uirapuru.

Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak, 2106), O enigma da velha casa (Uirapuru, 2016) e “Nóis sabe português” (Wak, 2017).
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