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quarta-feira, 17 de março de 2021

ENTREVISTA: Léo Bueno e o livro Contos da quarentena, por Cida Simka e Sérgio Simka

Léo Bueno e Érika Suzuki - Foto divulgação

Fale-nos sobre você.

Nasci em San Juan (Porto Rico) em 1973 – meus pais resolveram se exilar na época mais cruel da ditadura militar aqui no Brasil. Mas sou brasileiro nato. Cresci no ABC, primeiro em São Bernardo, depois em Santo André, onde moro até hoje. Como jornalista já trabalhei para a rádio Jovem Pan de São Paulo e para o Diário do Grande ABC. Depois, tornei-me assessor do prefeito Celso Daniel e, mais tarde, de outras prefeituras. Sou um fã apaixonado de cinema, do tipo que vê desde os filmes produzidos nos primórdios do cinematógrafo até os mais atuais. Na música, gosto MPB, de samba, de tango e de música clássica, mas sou principalmente roqueiro. E na literatura amo os clássicos, desde os gregos até os modernistas. Leio muito Cortázar, Borges, Alan Poe, Camus, Bolaño, Dostoiévski e Tolstoi, García Márquez e Karel Capek, Ferenc Molnar e Lisle-Adam, além, claro, de Machado, Guimarães, Graciliano, Drummond e Bandeira.

ENTREVISTA: 

Fale-nos sobre o livro "Contos da quarentena". O que o levou a organizá-lo?

Eu tinha escrito um livro de contos, ‘Gotas de Mim pelo Chão’, no começo da década passada. Nunca consegui publicá-lo até que, em 2019, meu amigo, o jornalista Sérgio Alli, me falou de sua editora, a Planeta Redonda, que facilita a publicação de autores independentes. Então submeti aquele livro e um de poemas, ‘As Canções do Asfalto sem Fim’, e publiquei-os. Mas só deu tempo de lançar o de poemas. Quando chegou a hora de lançar o de contos a pandemia estava aqui e eu senti que ele estava fora de momento. Assim, como muitos, recolhi-me angustiado. Não queria lançar um volume de contos quando todas as pessoas estavam tão impotentes; parecia oportunismo. Aí é que tivemos, em grupo, a ideia: e se fizéssemos um livro com contos sobre a quarentena? Um livro que as pessoas lessem, mas que também escrevessem, exercitando sua verve, exorcizando suas angústias durante a pandemia? Assim surgiu a ideia, e outros 20 autores participam. É um esforço coletivo. Para mim foi importante porque debelou a angústia de não lançar o ‘Gotas de Mim pelo Chão’; este, acho que o momento dele está de volta. Será lançado em breve. 


Como se deu o processo de organizar os convites aos autores etc.? 

Bom, o primeiro e o mais importante é que eu conheço fisicamente apenas três das pessoas que participam do livro, mas todos já estávamos reunidos em torno de uma rede social, o Facebook. Mesmo considerando as críticas – procedentes – às redes sociais, a verdade é que não nos teríamos reunido se não fosse ela. Então abrimos espaço para todos os que quisessem escrever, assegurando que virtuais imperfeições poderiam ser minimizadas por meio de um processo de edição. O importante era a ideia ser de fato corporificada em texto. Isso abriu espaço para as pessoas publicarem, mesmo tendo dúvidas sobre se eram capazes; na verdade, dos 21 autores, 17 nunca tinham publicado nada – e o interessante é que todas fizeram bons contos! Não é o único livro com esse tema. Outros autores se reuniram para falar da pandemia e da quarentena. Mas talvez seja o primeiro que tenha conseguido reunir ex-não-autores – “ex”, porque agora todos os signatários dos ‘Contos da Quarentena’ são autores. E mostrou que, se muita gente tem a capacidade e a criatividade para escrever, então eles podem escrever e podem ser autores. Isso é o que a internet nos revelou. Se você refletir, verá que quase todos os artistas que ganharam renome merecido surgiram na internet, ou seja, fora do sistema comercial no qual o agente ou o empresário controlavam quem vai ou quem não vai ganhar as luzes. Esse sistema continua sob o controle dos distribuidores, mas foi bem mais democratizado, embora infelizmente o hábito de leitura brasileiro ainda seja muito baixo e o mercado editorial em geral esteja em crise. 

Foi fácil conseguir publicá-lo?

Publicar um livro hoje é o de menos. A gente precisa de alguém que edite – por melhor que você escreva, sempre deixa erros pelo caminho, alguns deles em consequência das nossas próprias idiossincrasias, portanto um editor é fundamental. Mas o grande nó é a distribuição, é conseguir unir o escritor ao seu leitor em potencial. Há muitos leitores potenciais, mas não existe uma iniciativa para juntá-los ao redor dos temas que eles apreciam em comum – com algumas exceções: por exemplo, o mercado de livros escritos por influenciadores e empreendedores continua aquecido.

Há também essa dúvida sobre o futuro do livro de papel. Se a não ficção vai continuar sendo necessária, entendemos que a ficção e a poesia também vão, pois elas coexistem, ainda que não tenham sempre o mesmo peso. A questão é “como” elas vão coabitar o mundo da leitura. E, nesse quesito, o autor ainda é muito menor do que a instituição e tem dificuldades de chegar ao seu leitor, a não ser que gaste em propaganda muito mais dinheiro do que poderá receber por meio da venda de livros, físicos ou virtuais. Do ponto de vista mercadológico, essa precisa ser ajustada urgentemente.

Quanto à publicação em si, a Terra Redonda está dentro deste novo padrão editorial. No nosso caso, nós tínhamos decidido não gastar nenhum centavo do próprio bolso, por isso organizamos um financiamento coletivo que conseguiu levantar mais de R$ 4 mil para publicar. É um valor baixo, considerando que somos 21 autores e que todos deveriam receber uma quota de volumes. O valor pagou a concepção de capa, a diagramação, o registro ISBN e a gráfica; a editora fatura com a venda de metade dos livros, que são reservados a ela. Assim foi possível garantir que o nosso trabalho desse resultado sem necessidade de investimento.

Hoje em dia há mecanismos muito interessantes que essas novas editoras disponibilizam. Por exemplo: é possível vender um livro em Berlim, na Alemanha. Você negocia com o comprador que mora lá, ele paga, você manda um aviso para a editora, que manda um aviso para uma gráfica rápida em Berlim; ela imprime o livro e o envia, em versão física, para o comprador. E, por não lidar com a ideia de acúmulo de capital, de grandes quantidades para gerar grandes lucros, esses novos editores podem se dedicar mais ao aspecto técnico ou artístico das obras e menos ao mercantil. É claro que todos – nós, escritores, e eles, editores – não vivemos disso. A literatura e o mercado editorial são uma atividade de paixão. Mas essa é a realidade brasileira há muitas décadas. Desde José Lins do Rego, Érico Veríssimo e Jorge Amado que ninguém enriquece no Brasil como escritor. Hoje em dia pouquíssimas pessoas, como o Luis Fernando Verissimo e o André Vianco, conseguem viver exclusivamente da venda dos livros. Alguns ainda dedicam todo o seu tempo à escrita e produzem arte com ela. São ótimos escritores contemporâneos, como Ricardo Lisias e Bernardo Carvalho. Mas geralmente eles têm uma vida monástica. 

Outra pergunta que não fizemos e que gostaria de responder.

Como é normal em coletâneas, essa se destaca por ser eclética. Há romantismo, há humor, tem contos de terror e de ficção científica, tem uma epopeia familiar e uma no estilo ‘Novo Jornalismo’ – ou seja, a autora fez um levantamento minucioso de histórias reais para compor o seu conto.

Outra informação importante: muitos dos autores são jornalistas, grande parte é da área de humanas, mas há até um especialista em robótica entre nós. Isso significa que qualquer pessoa com boas ideias e paciência pode ser uma boa escritora. Mas antes, claro, cabe lembrar que todos somos tributários de uma grande instituição denominada ‘Língua Portuguesa’. Ela é nosso instrumento e sem ela não haveria livros no Brasil. Portanto, quem quer ser um bom escritor tem todas as possibilidades para isso, mas não deve se esquecer de dominar o nosso vernáculo inculto e belo da melhor maneira possível. Estudar é preciso!

Link para o livro:

https://www.terraredondaeditora.com.br/product-page/contos-da-quarentena-21-autores


CIDA SIMKA

É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020) e Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020) e Um fantasma ronda o campus (Editora Verlidelas, 2020). Colunista da revista Conexão Literatura.

SÉRGIO SIMKA

É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e seu mais novo livro infantojuvenil se denomina Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021).

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terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Léo Bueno e o livro As canções do asfalto sem fim, por Cida Simka e Sérgio Simka

Léo Bueno - Foto divulgação
Fale-nos sobre você.

Nasci em Porto Rico e sou brasileiro: meus pais, brasileiros, estavam se refugiando da ditadura. Mas sou um cidadão do ABC paulista desde que me lembro. Tenho 46 anos, sou jornalista e pós-graduado em Comunicação Social. Trabalhei na Rádio Jovem Pan, no jornal Diário do Grande ABC e fui assessor de imprensa do prefeito Celso Daniel (Santo André-SP). Fui premiado em 2005 no Mapa Cultural Paulista – em segundo lugar – pelo conto Déjà-vu. Mas nunca mais publiquei nada de literatura até agora, com este As Canções do Asfalto sem Fim, na verdade o meu primeiro livro solo.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre o seu livro. O que o levou a escrevê-lo?

Eu já arriscava alguns versos desde antes dos dez anos de idade, mas agora é a primeira vez que componho uma série de poemas em torno de um tema comum. A inspiração começou em 2013, durante a convulsão social brasileira, e aumentou em 2016, com o golpe, a maldade e a violência que ele envolveu. Depois das eleições de 2018, levei um ano escrevendo esse livro; era uma forma de, senão exorcizar, pelo menos equacionar essa violência social, que é muito semelhante à dos fascismos europeus do século XX. É um livro político, sem dúvida, mas todos os temas mais comuns à literatura – o amor e a morte, principalmente – também estão nele.

Como analisa a questão da leitura no país?

Ela gira em torno de um paradoxo.
Antonio Candido, o grande crítico, nos lembrava de que a literatura brasileira nunca foi páreo para outras grandes escolas – a russa, a francesa e a inglesa, por exemplo –, mas era ela que nos definia enquanto nação, um país que começou colônia e escravagista e que não resolveu esses aspectos ainda.
E qual é o paradoxo? É que a leitura no Brasil hoje é ao mesmo tempo muito ruim e muito boa.
É impossível negar que, no aspecto comercial, a situação beira a tragédia. Grandes editoras fecharam as portas nos últimos anos, grandes livrarias também – ou entraram em crise – e o e-book não substituiu os livros escritos como se esperava. Ao mesmo tempo, analisando os livros mais vendidos, a gente percebe que a literatura não está na lista: são livros de autoajuda, volumes motivacionais para as pessoas enriquecerem e, por sorte, um ou outro livro infantil. Então basicamente isso, como dizia Candido, nos define como nação hoje: um país iletrado e, consequentemente, filisteu. Por menos que o presidente e o ministro da Educação mereçam o nosso respeito, é preciso reconhecer que eles representam, sim, esse Brasil. Quando diz que os livros são ‘um amontoado de coisa escrita’, o presidente fala em nome de um Brasil que não lê, que não quer ler e que se ofende com o outro país, o que lê. Quando escreve ‘imprecionante’, o ministro da Educação manda a mensagem de que a língua portuguesa e a leitura estão longe de ser prioridade para as pessoas que o colocaram no poder.
Só que tem o seguinte: nós somos o país de Machado de Assis, de Castro Alves, de Graciliano Ramos e Manuel Bandeira, de Guimarães Rosa e Cecília Meireles. Não é tão fácil destruir uma tradição tão enraizada na nossa cultura. Por isso ainda temos grandes escritores neste momento, grandes produtores de literatura, tanto na prosa quanto no verso. E por isso grande parte da resistência a esse país iletrado vem justamente das artes, como a própria literatura.

O que tem lido ultimamente?

Procuro sempre ler livros tanto clássicos quanto contemporâneos, prosa e verso. E sou jornalista, por isso leio muita não ficção. Acabo de ler ‘Estado de Exceção’, do filósofo italiano Giorgio Agamben, um livro que recomendo com ênfase, porque muito do que ele diz parece referir-se ao Brasil. Estou lendo A História da Primeira Guerra Mundial, de David Stevenson, uma obra grandiosa, mas muito técnica e pouco narrativa. E acabei de concluir uma leitura cuidadosa de Doutor Fausto, de Thomas Mann, para um romance que vou escrever. No campo de versos, acabo de ler A Poesia da Recusa, do Augusto de Campos.

Que dica pode fornecer a quem deseja ser um escritor?

Tenho 46 anos e estou lançando meu primeiro livro – eu provavelmente sou a pior pessoa para dar uma dica nesta área (risos). Mas o que eu posso dizer é que a essa altura não adianta procurar grandes editoras: é preciso publicar, publicar sempre, publicar mais e melhor, por isso acho que quem deseja ser um escritor precisa se dedicar muito, buscar editoras independentes e não esperar grandes retornos. É uma forma muito precisa de combater a barbárie, principalmente no Brasil, mas poucos conseguirão viver dela.

Quais são os seus próximos projetos?

Gotas de Mim pelo Chão será lançado ainda este trimestre, também pela editora Terra Redonda. É um livro com cinco contos, todos em forma de diálogo e todos mais ou menos inseridos na tradição do realismo fantástico latino-americano. Tem a história de uma mulher que fala sobre suas várias personalidades a um psiquiatra – mas o psiquiatra não está lá para tratá-la; um estudante de arte cujo corpo crucificado aparece no portão da universidade; um homem que busca um algoritmo para contar a história de seu amor por meio do número Pi; dois amigos conversando num bar, quando um deles conta um segredo que envolve poder e medo; e um menino que entra de bicicleta numa rua, e essa rua nunca acaba.
Depois desse livro, se der certo, vem aí uma trilogia de romances baseados na filosofia de Theodor Adorno, os três mais ou menos inseridos no gênero de terror.

Lançamento do livro:

Data - 14/01/2020 (3ª. feira)
Horário - Das 20h às 23h
Local - Livraria Tapera Taperá
Galeria Metrópole
Av. São Luís, 187 - 2o andar - Loja 29
Centro
São Paulo/SP


CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019) e O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020). Organizadora dos livros: Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020) e Um fantasma ronda o campus (Editora Verlidelas, 2020). Integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC e colunista da Revista Conexão Literatura.

SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin, integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC e colunista da Revista Conexão Literatura.
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