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quinta-feira, 7 de maio de 2020

Paulo Levy e os livros “Réquiem para um assassino”, “Morte na Flip” e “Pedra Bruta”

Paulo Levy - Foto divulgação
Antes de entrar no meio editorial, em 2001, desenvolvi uma carreira diversa entre o esporte e as letras: joguei squash profissional com participação nos rankings brasileiro, sul-americano e mundial e fui publicitário por mais de 17 anos.

Em 2001 entrei para o mercado editorial com a primeira empresa de livros digitais do país. Em seguida trabalhei com livros na editora Objetiva e com revistas na editora Horizonte.

Em 2011 lancei-me como escritor. Meu livro de estreia, Réquiem para um assassino, assim como Morte na Flip e Pedra bruta, são publicados pela editora Bússola.

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?

Paulo Levy: Foi meio que por acidente. Assim como muita gente, desde a infância eu nutria a ideia romântica de escrever um livro. O tempo foi passando e eu relegava aquilo a segundo plano, pois nunca encontrava o tema certo. Um dia, aos 43 anos de idade, enquanto eu curtia uma semana de férias em Paraty com a minha família, saí para caminhar sozinho em frente à igreja Santa Rita, no Centro Histórico. Ali, sobre a mureta e olhando para o mar, tive uma epifania, senti como se tivesse sido atingido por um raio: vi claramente a cena do crime do primeiro livro. Essa imagem não me abandonou até que eu tomasse uma atitude a respeito. Cerca de um mês depois, acordei afobado no meio da madrugada, pois me veio em sonho a frase “Réquiem para um assassino”. Acendi a luz, anotei a frase aos garranchos num pedaço de papel e voltei a dormir. Algumas semanas depois disso, tive de voltar a Paraty para resolver um assunto na casa que minha família até hoje tem lá. Aproveitei a visita e bati nas portas da delegacia de Polícia Civil de Paraty, a 167ª DP, e na do corpo de Bombeiros. Ambos são vizinhos de muro. Questionei-os sobre o que eu havia imaginado. O pessoal da DP e dos Bombeiros foram unânimes em dizer que nada daquilo jamais havia acontecido em Paraty. Além disso, forneceram os procedimentos para se lidar com uma situação similar. Na estrada, de volta a São Paulo, decidi escrever o primeiro livro com o título recebido em sonho. Daí a criar o delegado Joaquim Dornelas foi um pulo.

Conexão Literatura: Você é autor dos livros “Réquiem para um assassino”, “Morte na Flip” e “Pedra Bruta”. Poderia comentar? 

Paulo Levy: Antes de terminar de escrever Réquiem para um assassino eu já havia concebido a ideia de colocar um crime na Flip, no caso Festa Literária Internacional de Palmyra. Sim, pois a cidade dos meus livros chama-se Palmyra, que é e não, ao mesmo tempo, Paraty. Mudei o nome para não ficar refém da realidade, para a cidade do livro não ser um mais um personagem nas estórias. Com a ótima recepção de Réquiem pelo público e crítica, lancei Morte na Flip apenas um ano depois. A recepção foi ainda melhor e resolvi, desse momento, criar uma série de livros protagonizados pelo delegado Joaquim Dornelas. Pedra Bruta chegou em 2017. Ainda este ano chega o quarto livro, que estou dando os retoques finais.

Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seus livros? 

Paulo Levy: Quanto mais eu me aprofundava nas estórias, nos personagens, mais pesquisa eu me dedicava a fazer. Cada estória exigiu um lote diferente de pesquisas. Embora seja ficção, para que a trama tenha credibilidade, ela deve estar escorada em procedimentos utilizados no mundo real. Pelo que tenho notado, o trabalho de pesquisa tem sido mais intenso e profundo a cada livro. Pedra bruta, por exemplo, por envolver a maçonaria, exigiu muito mais pesquisa que os dois livros anteriores juntos. Já o novo ainda mais que Pedra bruta. Quanto ao tempo de escrita, os primeiros dois livros tomaram cerca de um ano cada. Quanto a Pedra bruta e o novo, mais de dois cada.

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho que você acha especial em cada um dos seus livros?  

Paulo Levy: 

De Réquiem para um assassino:

Uma brisa leve e fresca soprava sobre a baía fazendo balançar preguiçosamente os barcos ancorados no mar e presos ao cais. Vistos de longe, pareciam bercinhos num ninar incessante. O encrespado das marolas refletia a luz morna da lua, àquela hora baixa no céu, pronta para mergulhar no mar e adormecer.
A cena tinha tudo: forma, ação e conteúdo de uma imensa pílula para dormir.
Como um boneco mal articulado, Dornelas seguiu aos trancos até a prainha da entrada do cais, além do ponto de onde foi retirado o cadáver no dia anterior.
Marcaram de se encontrar ali.
Numa manobra trabalhosa, o corpo pesado, o delegado se sentou na mureta, jogou as pernas para o lado do mar e se assustou com a figura de um homem deslizando na sua direção. Teria bebido a ponto de enxergar um profeta caminhando sobre a água? Esfregou os olhos, esforçou-se para clarear o raciocínio e reconheceu Cláudio remando a canoa caiçara de pé, vindo da ilha dos Macacos.
— Bom dia, delegado — disse o amigo ao pular na praia.
Dornelas mastigou a resposta e desceu para a areia. Cláudio arrastou a canoa para o seco e perguntou: 
— Para onde vamos?
— Subir o canal, para além da curva do mangue. 
Dornelas se esforçava para dominar o sono, não queria soar antipático. E com o receio de se esborrachar na água àquela hora da madrugada, subiu na canoa e se sentou no fundo. O amigo empurrou o barquinho para a água, saltou para dentro e saiu remando de pé. Cláudio tinha o domínio e a leveza de um equilibrista na corda bamba. 
— Onde você aprendeu isso? — perguntou Dornelas, admirado.
— Isso o quê?
— Remar de pé?
— O meu pai, doutor. 
— Nunca caiu?
— Duas ou três vezes... essas malditas lanchas!
Tendo a curiosidade satisfeita, o delegado resolveu fechar a boca assim que notou o traseiro encharcado. A cada remada o restinho de água que escorria no fundo do casco, indo e voltando, ensopava-lhe as calças.

De Morte na Flip:

O que aconteceu a seguir foi incompreensível ao delegado. Se lhe perguntassem depois, não saberia explicar. Mas de alguma forma, para ele, havia algo errado naquela cena: um homem sentado sob a capota de lona; o barqueiro no leme, de pé na popa. E não era simplesmente o fato de o barco sair para o mar numa noite escura.
Algo mais o intrigava. 
Resolveu voltar. Queria alertar o marinheiro de que havia algo errado, alguma coisa que mesmo ele, delegado, não sabia definir. Talvez ordenar que retornasse sob o pretexto de inspecionar os documentos, o número de coletes salva-vidas, assuntar sobre o destino, qualquer coisa para não deixá-lo seguir adiante. Foi aos pulos, sobre as rochas, no sentido contrário.
Navegando em águas calmas, o barco chegou rapidamente ao centro do rio. Naquele ponto, os estalidos do motor ganharam velocidade e o barquinho acelerou.
Dornelas apertou o passo. 
Temendo tropeçar nas valas negras entre as rochas, e tendo a atenção alternada entre o piso irregular e o barco que se afastava mais e mais em direção do mar, para longe das luzes da passarela, rumo à escuridão, Dornelas gritou:
— AEOU! — os braços abanando no ar.
De terno escuro e abafado pelo rugido das ondas, Dornelas era invisível ao passageiro e ao tripulante, que olhavam fixamente para frente. Sem ação, dedicou-se a ler o nome toscamente escrito em letras miúdas na proa. Não conseguiu.
— Merda!
O barco pulou as primeiras marolas e ganhou o mar. Aflito, concentrou-se então em gravar na mente o casco amarelo e branco, a tira horizontal azul, as almofadas listradas de branco com azul ou preto.
Sob o céu carregado e sem lua, o barquinho avançou um pouco mais e foi engolido pela escuridão.

De Pedra bruta:

— Doutor! Doutor! — insistia Caparrós pela linha que o delegado, sem perceber, mantivera ativa.
Até dar-se conta de que o impensável acontecera, Dornelas permaneceu imóvel por alguns segundos, como um manequim de vitrine, só que agarrado ao celular e ao filho. A conclusão do sequestro atravessou-o como um raio: o raciocínio apagou, os músculos se contraíram e a respiração passou a desenvolver-se aos trancos. Passado o baque inicial, a parte da mente dedicada à paternidade foi sendo gradativamente substituída pela de delegado de polícia, o que o fez, findo o processo, levantar o fone, colá-lo à orelha e disparar instruções ao subordinado:
— Estou aqui, Caparrós. Roberta foi sequestrada agora mesmo, sob o meu nariz.
— Mãe de Deus — sussurrou o investigador, do outro lado da linha.
— Vamos nos mexer. Quanto mais rápido, melhor. Peça para um plantonista levar a arma até o Chagas. Melhor, mande alguém ir buscá-lo e o traga para cá, aqui na rodoviária, para a coleta de impressões digitais da moto e do capacete. A arma pode esperar. Anote os números das placas. 

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir os seus livros e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho literário? 

Paulo Levy: Meus livros estão disponíveis nas livrarias que, em razão da atual conjuntura, se resumem a portais de internet. Talvez, em razão da atual crise no setor, o melhor lugar para adquiri-los seja na Amazon. Tenho um site, paulolevy.com.br, onde constam os livros em todos os formatos – impresso, ebook e audiobook –, e também depoimentos de leitores, parte do que saiu na imprensa, minhas informações pessoais e de contato. Adoro atender meus leitores.

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta? 

Paulo Levy: O quarto livro está no forno. Eu planejava lançá-lo agora em maio. Em razão da pandemia de covid-19, ficou para setembro. Como vai ser, ainda não sei. Estou tateando a respeito de eventos virtuais, lives e etc. O mundo mudou até para isso. Estou à procura de uma forma de me adaptar a essa nova realidade. Vamos ver o que vai acontecer.
Em paralelo, existe o projeto de levar Réquiem para um assassino ao cinema. O roteiro já está escrito. Mas diante da incerteza dos dias atuais, nem eu nem a produtora sabemos como a coisa vai ficar.

Perguntas rápidas:

Um livro: O velho e o mar, de Ernest Hemingway
Um (a) autor (a): Paul Theroux
Um ator ou atriz: Harrison Ford
Um filme: A ponte do rio Kwai
Um dia especial: tenho dois, os nascimentos dos meus filhos

Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário? 

Paulo Levy: Desejo que os novos leitores curtam tanto os livros quanto aqueles que já os leram.

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sábado, 23 de março de 2019

Resenha | O Crime da Quinta Avenida – Anna Katharine Green

Anna Katharine Green é considerada a mãe do romance policial. Ainda que você não tenha ouvido falar dela, certamente você conhece muitos elementos que hoje estão presentes em livros, séries e filmes de suspense e que advém da obra da escritora. Veja-se como exemplo, o uso de técnicas forenses de investigação, a presença de um detetive que retorna em outras obras (como Sherlock Holmes e Hercule Poirot que fazem aparições em diversos livros de seus autores) e a existência de um personagem que rivaliza a investigação dos casos com o investigador principal. 

Por falar em Sherlock Holmes e Hercule Poirot, dois grandes detetives escritos por dois grandes autores, temos que mencionar que a Rainha do Crime, Agatha Christie, tinha inspiração em Anna Katharine Green, tanto que a cita em sua autobiografia. Bem como Arthur Conan Doyle também nutria admiração pela escritora americana que nasceu em 1846 em Nova York.

O Crime da Quinta Avenida tem sua primeira edição brasileira publicada pela Monomito Editorial, com tradução da escritora Cláudia Lemes. O livro tinha apenas uma tradução em língua portuguesa realizada por Fernando Pessoa. Por meio de um projeto de financiamento coletivo, Cláudia Lemes, que também preside a ABERST - Associação Brasileira dos Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror, em parceria com a Monomito, trouxe ao público brasileiro a obra de Anna Katharine Green.

Antes de falarmos sobre o conteúdo, vale destacar o projeto gráfico da obra. A capa, a diagramação, as separações de capítulos e elementos que estão na parte interna, tem forte ligação com a história e tornam a jornada do leitor ainda mais agradável.

O livro começa com uma cena que coloca o leitor dentro do caso, com o clima de suspense e mistério que permeia toda a história. Numa firma chamada “Veeley, Carr & Raymond – Advogados e Conselheiros de Direito”, chega um homem esbaforido,  procurando pelo sócio do escritório, Sr. Veeley. Como este último está em viagem ele acaba por relatar ao interlocutor sobre a morte do Sr. Leavenworth, um antigo cliente da firma e amigo pessoal de Veeley, e comenta que, face ao crime, as duas sobrinhas da vítima serão interrogadas e precisam que alguém as acompanhe. Nesse plano inicial, que está nas primeiras páginas do livro, ficamos sabendo ainda que a arma do crime não foi encontrada e que ele, portanto, teria sido vitimado por um tiro.

“_Tudo que sei? Algumas palavras bastarão. Eu o deixei ontem à noite sentado como de costume à sua mesa na biblioteca, e o encontrei hoje pela manhã, sentado no mesmo lugar, quase na mesma posição, mas com um buraco na cabeça do tamanho da ponta do meu dedinho.”

As investigações acerca do crime se desenrolam, e entra em cena o detetive Sr. Benezer Gryce que terá como auxiliar, acompanhando a investigação, o Sr. Raymond. Sr. Harwell foi quem anunciou a ele a ocorrência do crime na cena inicial da obra.

Uma chave quebrada, o sumiço de um papel, o desaparecimento de uma criada no dia que precedeu o assassinato na residência localizada na Quinta Avenida e um lenço, se tornam pistas para a investigação e o desenrolar da trama. Mas não somente isso, outros aparatos serão inseridos ao longo do processo investigativo.

Em que pese o fato de o livro ter sido escrito há tanto tempo, vez que sua publicação original é datada de 1878, sob o título The Leavenworth Case, a narrativa se faz atemporal. Anna Katharine Green conta uma excelente história, repleta de personagens com personalidades diferentes e que apresentam uma trajetória instigante, além de trazer ao plano central da obra uma série de suspeitas que nos faz ter uma infinidade de interpretações e possibilidades de resolução do caso. 

A narrativa é ágil e não paira em camadas que não acrescentam à trama principal, o que deixa o leitor totalmente focado na busca pela solução do crime. Então, desde a primeira página o mistério é posto e vamos persegui-lo ao longo das 388 páginas da publicação. Não sem antes duvidarmos dos personagens, ficarmos intrigados com suas ações, buscarmos ler nas entrelinhas os acontecimentos e aquilo que eles falam nos diálogos que travam com outros personagens.

Ana Katharine Green surpreende com uma obra  repleta de mistério e que não deixa de tratar da natureza humana. Os personagens tem sentimentos e guardam segredos tal qual qualquer ser humano e isso, dentro da trama policial, se torna um viés interessante para que possamos fazer a leitura da personalidade com que cada figura se apresenta a nós.

Mary Leavenworth e Eleanore Leavenworth são primas e foram criadas por Horatio Leavenworth. Sobre elas, naturalmente, podem recair suspeitas. Temos ainda o assistente do homem, Sr. Trueman Harwell, que notificou sua morte, além de Hannah Chester, uma empregada da casa que fugiu na noite do crime. Na casa também habitam Thomas Dougherty, o modormo,  Kate que é cozinheira e Molly, a arrumadeira. Temos na trama ainda a menção ao Sr. Veeley, o amigo do Sr. Leavenworth que não está na cidade e outros personagens surgem, tais como Henry Clavering e Sra. Belden, para compor o emaranhado de relações e acontecimentos que podem ou não ter conexão com o assassinato.

“Por mais eloquente que seja a morte, mesmo nos rostos daqueles desconhecidos e não amados por nós, as causas e consequências desta eram importantes demais para permitir que a mente se detivesse na tristeza da cena em si.”

A trama é rica em detalhes que nos levam a conjecturar explicações para o caso, levantar suspeitos e imaginar inúmeras motivações. Green, pelo que é possível perceber nesse livro, foca sua trama nos acontecimentos e nos personagens, mais do que em descrições de cenários e ambientes (a não ser que seja imprescindível e apareça como elemento elucidativo). Aí está a riqueza e preciosismo com que opera o mistério em sua obra. Para além de lermos um excelente livro de literatura policial, que tem seu mérito por ser escrito por aquela que é considerada a mãe da literatura desse gênero, temos aqui uma aula de escrita, de enredo e de personagens.

Temos que agradecer à Monomito Editorial e à Cláudia Lemes por ter trazido essa obra para o Brasil. Fãs de Agatha Christie e Arthur Conan Doyle, aqui está uma escritora para vocês conhecerem (caso não conheçam) e lerem (caso não tenham lido).

O Crime da Quinta Avenida é um livro que não pode faltar na estante de um amante da literatura policial.

Sobre a autora:

Ana Katharine Green (1846 – 1935) foi uma romancista e poeta nascida em Nova York. Ela se destacou por criar histórias com tramas envolventes. Seu principal detetive foi Sr. Gryce, mas ela também foi a mãe de outros personagens investigadores com perfis peculiares, como senhoras solteiras ou jovens garotas com vida dupla. Anna Katharine Green assinou mais de sessenta histórias e ficou conhecida como a mãe dos romances policiais.

Ficha Técnica:

Título: O Crime da Quinta Avenida
Escritor: Anna Katharine Green
Tradutora: Cláudia Lemes
Editora: Monomito Editorial
Edição: 1ª
Número de Páginas: 388
ISBN: 978-85-907522-3-3
Ano: 2019 
Assunto: Literatura americana



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sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Teu Pecado – Wellington Budim

Qual o teu pecado?

O Babylon Nighth Club, localizado em São Paulo, é uma casa em que se apresentam strippers. Entre elas há a jovem Amanda Fortes. Essa garota, no entanto, é assassinada e seu corpo é encontrado boiando no lago do Parque do Ibirapuera. Quem teria matado Amanda? Quais os motivos?

É a partir do assassinato de Amanda que o leitor vai adentrar a vida dela e dos outros personagens. A morte de Amanda traz também a ressurreição de um passado nem tão distante e que outros personagens teimam em esconder. Nas partes íntimas da vítima um bilhete com uma letra e um número  (R67) se torna um enigma a ser desvendado pela Polícia. O que isso quer dizer? 

Amanda teria sofrido violência sexual de seu padrasto. Por que ele nega? Por que  a mãe nunca aceitou tal hipótese? Qual a relação da jovem com uma enfermeira chamada Vitória casada com o delegado que assume a investigação de seu assassinato? O que Maria, que trabalha no Babylon, sabe sobre Amanda e sobre sua família? Qual o segredo que o proprietário do clube noturno esconde? O pai de Vitória tem alguma ligação com o passado de outros personagens?

Tantas são as questões que para o leitor não vai faltar surpresas e reviravoltas ao longo de Teu Pecado, livro de estreia do escritor Wellington Budim, publicado pela Constelação Editorial em 2018. Uma trama irresistível que nos envolve pela narrativa, pelos acontecimentos que vão em escalada criando um clima de tensão e suspense digno dos melhores suspenses policiais que a gente encontra por aí.

O romance policial brasileiro ganha um novo nome: Wellington Budim. O autor consegue apresentar cenas bem detalhadas, conjugando perfeitamente com seus personagens e com a ambientação. A estrutura alterna capítulos que apresentam ora cenas de um personagem e ora de outros. Essa alternância não deixa a fluidez ser interrompida e ainda garante o jogo de dubiedade e segredos que os personagens carregam.

Amanda, a vítima, também tem um passado que provoca questionamentos no leitor. Os outros personagens tem medos, traumas e conflitos passados que precisam ser solucionados. São personagens que para além da "brincadeira" que criam com o leitor, sobre o que sabem acerca de Amanda e qual a ligação com a morte dela, revelam-se humanos. São figuras criveis, com ações cotidianas, com traços psicológicos bem delineados. Encanta o fato de que não temos o super-herói, são todos pessoas que poderíamos cruzar pela rua, encontrar num bar, nos atender no hospital, passar ao nosso lado numa praça.

Um personagem que pode ser visto como o criminoso revela que tem um mandado de Deus. Ele queria redimir Amanda de seus pecados. Salvar a sua alma.

Na primeira parte do livro seguimos os rastros de mentira dos personagens. Todos são suspeitos, todos parecem inocentes, todos tem seus segredos trancafiados no calabouço de sua alma. Mas, aos poucos, os leitores vão tendo tais segredos revelados. Há um clima enigmático na obra que paira sobre os personagens. 

"A mente humana é de todas as armas a de maior poder de destruição."

Cinzas do Passado é a segunda parte do livro. Temos uma volta no tempo, para elucidar acontecimentos de quando Amanda estava viva. Aqui o leitor vai conhecer um pouco mais as nuances dessa personagem e conhecer a teia de relações que é desnudada para o leitor. Essa volta ao passado que vai num crescente até os seis meses que antecederam a morte de Amanda Fortes permite ao leitor compreender uma série de fatos que são apresentados na primeira parte do livro. 

Inegável, caro leitor, que você será o tempo todo ludibriado, no bom sentido. Todos os personagens parecem ter motivo para ter eliminado Amanda. Todos os personagens carregam um passado nebuloso e atuam mentindo no presente. Aliás, a mentira percorre a vida deles, formando uma sucessão de fatos que vão a sobrepondo. Mentirosos! Exclamei quando cheguei ao desfecho.

As subtramas criadas pelo autor são bem desenvolvidas e tem conexão com a trama principal, que é o crime que tem como vítima a stripper do Babylon Night Club. Temos nas subtramas as relações familiares, o uso da mentira como forma de preservar alguém ou uma situação, o abuso sexual, os conflitos travados entre o ser e o parecer ser, a ligação religiosa do assassino, a religiosidade de outros personagens, a visão da constituição familiar, as relações como um todo. 

O livro tem uma história centrada no assassinato e na sua revelação. Mas, mais do que focar na busca do causador do crime, com uma pessoa investigando a ocorrência do caso, o livro se baseia nos personagens. Destaco esse ponto, pois são eles os atores que nos levam a compreender a trama e a elucidar o caso.

A maioria dos romances policiais usa um investigador para nos conduzir até a solução do crime apresentado. Em Teu Pecado, a história dos personagens criados por Wellington Budim, é que vai levar o leitor pela elucidação dos fatos, usando as revelações das relações e fatos passados para dar a tônica do crime. Portanto, é a história em si que conduz o leitor e não um personagem que centraliza a investigação e que direciona quem lê. 

A polícia intermedia,  mas as pistas que são deixadas ao longo da trama e os personagens revelam muito (logicamente que não está tudo tão fácil assim para o leitor). As reviravoltas são surpreendentes e nos deixa de queixo caído. Quando o caso parece solucionado surge algo novo que complementa o que imaginávamos, mas será que o que imaginamos é de fato a conclusão? Você se surpreenderá. 

Sobre o autor

Wellington Budim nasceu em São Paulo. Graduou-se em Letras e cursou Roteiro no Senac. Trabalhou no acervo do jornal O Estado de São Paulo e hoje atua como pesquisador iconográfico na Editora Abril. Descobriu muito cedo a paixão pelos livros e familiarizando-se à leitura, sentiu a necessidade de construir suas próprias histórias. Decidiu então que era o momento de compartilhá-las, apresentando-nos seu suspense policial de estreia: Teu Pecado.

Ficha Técnica

Título: Teu Pecado
Escritor: Wellington Budim
Editora: Constelação Editorial
Edição: 1ª
ISBN: 978-859-406-711-1
Número de Páginas: 402
Ano: 2018
Assunto: Literatura brasileira


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sexta-feira, 3 de agosto de 2018

A Mulher na Janela – A. J. Finn


Anna Fox mora sozinha numa casa que outrora abrigara também a sua família. Ela está separada do marido e de sua filha Olívia, embora converse com eles. Conversas essas que podem ser amistosas ou estressantes.

O leitor notará logo no início da trama que ela sobre de uma fobia que a impede de circular por lugares abertos. Anna tem ágorafobia. Sua mãe já é falecida e seu pai faleceu logo depois de sua genitora (vitimado por um acidente vascular cerebral – AVC). Os dias de Anna passam com atividades que incluem observações dos vizinhos pela janela de sua casa, filmes que assiste aos montes, aconselhamentos que dá num site que reúne pessoas que tem algum tipo de fobia similar a que Anna possui (ela é psicóloga infantil), estudo de francês por ensino à distância e jogos de xadrez (online).

A observação inicial através da janela da residência, que dá início ao livro, remete a um caso de adultério praticado por Rita Miller. No entanto, não é essa vizinha quem toma a atenção total de Anna. Novos moradores chegam ao número 207, casa que fica localizada “do outro lado do parque”. Ali começam a morar Jane Russell, Alistair Russell e o filho do casal, Ethan. Eles é que despertam a curiosidade de Anna, que acompanha seus movimentos pela sua lente.

Certo dia, Anna recebe a visita inusitada de Jane Russell, que traz consigo uma garrafa de vinho (coisa que Anna adora). “Quer dizer então que a internet é tipo... sua janela para o mundo” – diz Jane para Anna, que retruca se referindo a janela da residência: “Não só a internet, mas essa outra aí também”.

A janela então, assume o papel de uma moldura pela qual fatos serão apresentados à protagonista da trama.

Em função de sua fobia e outros problemas que possui, Anna toma uma série de comprimidos como betabloqueadores, antipsicóticos, remédio contra depressão e incontinência urinária, além de drogas para dormir. Ela se atrapalha com os remédios que, combinados com a bebida alcoólica que consome, podem provocar estragos na percepção que Anna tem dos fatos.

Pela lente de sua máquina, através da janela, Anna vê uma cena terrível. Eis aqui todos os elementos necessários para o autor desenrolar a trama. Elementos que geram o enigma primordial da obra: O que Anna viu é uma paranoia ou realmente existiu?

Algumas impressões são dadas ao leitor, desde o início do livro. Informações essas que vão sendo deixadas para que o leitor interprete e analise o que aconteceu. O evento que Anna presencia pela janela faz com que ela acabe tentando se desvencilhar de sua ágorafobia, o que culmina numa crise de pânico “daquelas bem graves”.

O enigma proposto pelo autor perdura até o desfecho.

Os personagens Ethan, Jane, Alistair e David são enigmáticos. Sentimos na presença deles um ar de mistério em cena e uma dosagem de suspense que parece esconder-se em seus diálogos e ações. Como diria um dos personagens “nada é ‘necessariamente’ verdadeiro ou falso”. Mesmo Livy (Olívia) e Ed – filha e marido de Anna respectivamente – ensejam enigmas a serem desvendados pelo leitor ao longo da trama. Resumidamente poderíamos dizer que Ethan é um jovem solitário e aparentemente oprimido, Alistair é um homem durão e autoritário, Jane uma mulher estranha, David misterioso e com um passado que guarda segredos, Ed uma incógnita e Livy a preocupação de Anna. As pessoas com quem Anna se relaciona pelo site para dar conselhos também tem conversas enigmáticas e que guardam revelações.

A Mulher na Janela, livro de A. J. Finn, publicado no Brasil pela Editora Arqueiro (com tradução de Marcelo Mendes), é um thriller que prende a atenção do leitor desde a primeira página até a última. O desfecho é surpreendente e é possível ao leitor encontrar evidências sobre os acontecimentos nas páginas que o precedem.

Citando mais uma vez a frase do personagem que diz que “nada é ‘necessariamente’ verdadeiro ou falso”, podemos utilizá-la por completo, dizendo que no livro “nada é ‘necessariamente’ verdadeiro ou falso. Ou é verdadeiro ou não é. Ou é falso ou não é.”  Parece confuso? Então, ficam algumas questões: O que Anna viu é falso ou verdadeiro? É verdadeiro e trata-se de um pedido de socorro? É falso, portanto fruto de sua imaginação ou do uso de remédios e bebida? Tem um pouco de falso e de verdadeiro, pois mescla realidade e imaginação? Bem, caro leitor, o que Anna viu e os impactos do que viu serão revelados.

No final do livro a trama se desenrola com mais agilidade, o que traz cenas rápidas, com muitos acontecimentos e fatos que podem pegar o leitor desavisado desprevenido. Mas não se assuste, pois tudo que ali está expresso se explica nas páginas do livro.

A. J. Finn, cujo nome real é Dan Mallory, construiu uma trama entrelaçada que nos faz mergulhar na mente da personagem que narra a história (Anna Fox). Ela é uma personagem complexa, com muitas nuances que podem gerar confusão em relação a seus atos, mas que ao mesmo tempo fascina. Há, sem dúvida, uma história cheia de mistérios que traz revelações nas entrelinhas, nos diálogos, nas referência cinematográficas que são citadas ao longo do livro (são várias, mais de quarenta) e a mescla de realidade e paranoia que parece rondá-la.

A Mulher na Janela é, sem dúvida, um livro surpreendente com uma escrita de tirar o fôlego.

Sobre o autor:


Formando em Oxford, A. J. Finn já foi crítico literário e escreveu para diversas publicações incluindo Los Angeles Times, The Washington Post e The Times Literary Supplement. A Mulher na Janela, seu primeiro romance, foi vendido para trinta e seis países e está sendo adaptado para o cinema numa grande produção da 20th Century Fox. Natural de Nova York, Finn viveu dez anos na Inglaterra antes de voltar para sua cidade natal, onde mora atualmente.

Ficha Técnica

Título: A Mulher na Janela
Escritor: A. J. Finn
Editora: Arqueiro
Edição: 1ª
ISBN: 978-8041-832-3
Número de Páginas: 352
Ano: 2018
Assunto: Ficção americana


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terça-feira, 21 de novembro de 2017

O último ato do crime no Teatro Municipal

Diversos profissionais de comunicação estavam presentes no salão principal do Teatro Municipal, afinal ali aconteceria a mais cobiçada premiação para capacitados da área. O belo troféu dourado era honraria dedicada à aqueles escolhidos no evento. O último prêmio da noite condecoraria a Melhor Peça Publicitária, e os grandes vencedores do prêmio foram os irmãos Simão e Evandro Jordel, da Cria Ativos S.A.

A noite festiva ocorria normalmente conforme o planejado. O clima de confraternização exalava pelo salão do Teatro, que contava com a presença de diversas estrelas de novelas, apresentadores de televisão e algumas socialites vaidosas. Mas um fato horrendo mudaria os planos daquele animado evento.

O Lado Escuro da Madrugada irá instigar os leitores com uma investigação extremamente obscura e intrigante, e mostra os lados de uma sociedade coberta por preconceitos e mágoas.

Assassinato em pleno Teatro Municipal em São Paulo. Motivo – Discriminação racial? Drogas? Passional?

Na magnetizante trama policial O Lado Escuro da Madrugada, lançamento da Pandorga (272 páginas) o paulistano Roberto Giacundino narra a morte de um publicitário durante uma premiação e a busca incessante de uma jornalista pela verdade.

Entre uma punhalada de adaga e uma investigação perigosa, a obra aborda crimes de ódio, agressão dentro de casa, maus tratos, bullying, uso de drogas ilícitas, e descreve com maestria o universo da alta sociedade jornalística.

Sandra, mesmo atormentada pelo seu passado culposo, vivia para buscar o melhor das notícias. Querendo a veracidade e com voracidade mergulha em uma investigação para descobrir quem poderia ter assassinado o amigo publicitário.

Até o momento era apenas um crime, a não ser pelo fato que em poucos dias uma série de mortes sucedem o primeiro acontecimento e os envolve em uma rede de mistérios.

Sandra Garcia, a excepcional jornalista de guerra; Simão Jordel, irmão da vítima; Fábio Guedes, parceiro de emissora; e Henrique Diolli, um jovem e competente hacker, entram em uma intensa busca pelo verdadeiro assassino de Evandro Jordel. Porém, os detetives aventureiros nem imaginam onde a trama os irá levar e que o passado voltará para assombrar. O evento havia terminado de forma trágica, e o misterioso caso do Teatro Municipal começa para atormentar e instigar os leitores.

Sobre o autor

Roberto Giacundino descobriu desde criança o gosto pela leitura e o prazer de criar e escrever suas próprias histórias. Aos dezesseis anos passou a colaborar para pequenos jornais e periódicos de São Paulo, atuando como colunista de literatura e redigindo reportagens sobre assuntos locais. Formado em Gestão de Recursos Humanos e com MBA em Gestão da Qualidade e Produtividade, ocupou diversos cargos de liderança ao longo da carreira. É natural de São Paulo, cidade que serviu de cenário para “O lado escuro da madrugada”, seu romance de estreia. Mora com a esposa e seus dois cachorros, Marley e Scooby.


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