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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Memorial para o Miniconto

Francisca Vilas Boas representa hoje os quatro escritores
Há concordâncias e controvérsias em relação ao Miniconto no Brasil. De fato, a minificção no país é um gênero importado. Grandes escritores, de vários países, adotaram esta linguagem dinâmica. Os mínis refletem estilos literários e os tempos modernos. O desafio é escrever o máximo no mínimo espaço. Ser minimalista. O tamanho de um míni, incluindo o unifrásico, facilita a leitura, a análise e a publicação. As controvérsias se dão principalmente em torno do pioneirismo e da difusão do gênero.
Aqui, a essência da informação é um memorial do Miniconto no Sul de Minas Gerais. Assim, optou-se por um pesquisador que se concentrou nessa região e apresenta um expressivo material documental.
No livro A Minificção no Brasil, em Defesa dos Fracos & dos Comprimidos (Ed. Clube dos Autores, 2010), o jornalista e mestre em Literatura Márcio Almeida analisou obras de 30 escritores minicontistas, em diferentes períodos. Lançado em 2012, Pioneiros do Miniconto no Brasil – Resgate Histórico-Literário, do mesmo autor, se restringiu a quatro autores. 
O pesquisador Márcio defende que o gênero literário nasceu em Guaxupé, Sul de Minas, nos anos 1960, por quatro escritores: Elias José, Francisca Vilas Boas, Sebastião Rezende e Marco Antônio Oliveira. Em 1968, os quatro tiveram textos divulgados em várias publicações, como o Poleiro de Urus, em 1968, e, no ano seguinte, no Cadernos 20, ambos produzidos pelo Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Guaxupé, Fafig, que promoveu o 1º Concurso Nacional de Minicontos: Texto e Fala, em 1971.
A revista Mensagem e o jornal O Coruja foram outros canais divulgadores. O Suplemento Literário de Minas Gerais se destaca. Com apoio do jornalista e escritor Murilo Rubião, o SLMG dedicou uma página a Elias José (junho de 1970), difundiu dois mínis, “Os pássaros” e “As Imagens” (abril e setembro de 1971).
Com a publicação de pelo menos cinco livros, a Imprensa Oficial de Belo Horizonte também contribuiu para promover contos e minicontos. Francisca Vilas Boas foi contemplada com a publicação de O Sabor do Humano (1971) e Roteiro de Sustos (1972). Elias José teve três livros publicados por este órgão: A Mal Amada (1970), O Tempo, Camila (1971) e A Inquieta Viagem ao fundo do Poço (1974, prêmio Jabuti). Todos alcançaram repercussão nacional. No lançamento do primeiro livro de Elias, o crítico literário Wilson Martins escreveu um longo artigo no Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo (18.03.71). Na mesma época, a crítica Laís Corrêa de Araújo, registrou opinião favorável na seção Roda Gigante do jornal Estado de Minas. Curiosamente, nenhum dos registros acima e nem os quatro autores mineiros constam na pesquisa de alguns estudiosos do gênero. Por sua vez, o registro documental de Márcio Almeida vai de encontro, e não ao encontro, de certos pesquisadores. Enquanto a maioria dos estudiosos busca um ou mais autores precursores da minificção, em diferentes épocas e estilos, Guaxupé teve quatro representantes. Foi praticamente um “movimento literário” independente, sem o compromisso de seguir ou implantar uma teoria específica.

Memórias preservadas

Atualmente, a Fundação Cultural Guaxupé desenvolve o projeto “Tudo começa pela Cultura”, em parceria com a Amog: Associação dos Municípios da Microrregião da Baixa Mogiana, que engloba 15 municípios.  Em novembro de 2016, apoiadores do projeto viajaram para Belo Horizonte a fim de promover parte da cultura sulmineira e visitar potenciais turísticos na capital mineira. 
Uma exposição de produtos típicos do Sul do estado aconteceu no Museu Mineiro de Belo Horizonte, que também cedeu espaço para o Sarau Literário Guaxupé. Integrantes da Secretaria Estadual de Cultura e outros participantes ouviram relatos da escritora convidada Francisca Vilas Boas, a única representante do grupo de pioneiros. Ela falou sobre a importância da leitura e o surgimento do Miniconto. Surgiu então a ideia de criar um memorial para preservar e divulgar as raízes histórico-literárias da época.
Em setembro de 2017, Guaxupé sediou a 22ª. reunião do Conselho Estadual de Política Cultural, Consec-MG, com a presença dos dois secretários estaduais de Cultura, Ângelo Oswaldo e o adjunto João Batista Miguel. Na ocasião, foi oficialmente lançado o projeto Memorial do Miniconto pelo presidente da Casa da Cultura Antônio Severo da Silva. Ainda não está definido onde, quando e como será viabilizado.
Com o memorial, as minificções publicadas pelos quatro pioneiros poderão se tornar patrimônio material e imaterial de Guaxupé. É uma identidade cultural singular do município. Um diferencial na região e em Minas Gerais, reforçado pelo histórico literário da cidade. Em média, 40 escritores locais têm livros publicados: literatura, pesquisas e temas diversos. Somente Elias José superou 120 livros editados. Mais de uma centena são obras infantis e juvenis.
Um memorial do Miniconto não exclui a criação de outros memoriais pelo país, com direcionamentos diferentes. Seriam todos complementares. Há concordância de que Dalton Trevisan é um dos grandes responsáveis pela inovação e popularização da literatura e do miniconto no Brasil. As controvérsias recaem na busca por precursores. Ao analisar livros e autores com textos telegráficos, o biscoito fino Oswald de Andrade “poderia ter escrito” um miniconto, alegam. Outros autores também poderiam, mas não o fizeram, como Machado de Assis (séc. XIX) e sua mininarrativa em alguns capítulos do romance Memória Póstumas de Brás Cubas. Guimarães Rosa, com os contos curtos de Tutaméia, também poderia, argumentam.
Para encerrar uma controvérsia sem perspectiva de harmonia, a primeira sugestão é mostrar espanto diante de certas afirmações: “Ah, é?” (título de um miniconto de Trevisan). Na sequência, peça documentos. 

Sílvio Reis, jornalista 
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sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Em “o sal e o lírio” o homem se aquece no próprio abraço

Francisca Vilas Boas - Foto Divulgação
O sal e o lírio é o mais novo livro de poemas de Francisca Vilas Boas, uma das pioneiras do miniconto no Brasil. Com sete livros publicados e participação em antologias, este recente trabalho revela qualidades bem apuradas. Poucas palavras dizem muito. Gestos de sal e feridas caminham lado a lado através de um silente ou gritante eu lírico.
Os poemas do livro se alternam entre lirismo e salinidade. No ofício da palavra, a poeta se sobressai com metáforas. Francisca escreve sobre afetos germinais, ilusões, ilhas inacessíveis de encontros, corpos que enrugam a paisagem. No campo afetivo, aqueles que foram provar das fábulas se extraviaram.  Como um voyeur, um guarda age na contrarrazão do desejo e multa o amor.
Pós-graduada em Letras e Direito, Francisca Vilas Boas exerceu as funções de professora e de oficiala da Justiça Federal, adquirindo assim familiaridade com as dobras do tempo, com o desrumo e o calendário das almas e, também, com inventários do abandono. Hoje, a poeta questiona: “a ferida sonha? o corpo é seu refém?” Enquanto isso, “deus se tornou imagem de museu”.
E há excesso de sal nos súbitos da rua. Um homem mata e tinge de sangue o branco do espaço. Mesmo depois que o caos dessangra, nem o cavalo branco de Gauguin escapa das mutações, e tem sua cor desbotada. Somente um carneiro na paisagem rural se mantém branco... branco.
Francisca é mineira de Guaxupé, com as lembranças dos pomares da infância e dos lírios que refletem arco-íris. Mora no Rio de Janeiro desde 1973, entre belezas e máquinas do mundo. Em qualquer lugar há solidão e “a barca da morte atravessa o deserto das almas.” Ainda bem que as mulheres (incluindo a autora) emprestam doçuras ao sombrio.
Desde os anos de 1960, a escritora cumpre o ofício da espera e da lapidação de palavras. No processo criativo, definido como pura tocaia, vultos ganham ossatura e asas. Versos respiram: o suor no ar envolve a brisa que passa. Curiosamente, em um dos poemas a letra y lembra o formato de uma taça... de lírio.
Para a ex-professora de Literatura Brasileira e Língua Portuguesa, por mais de 30 anos, a gramática do mundo foi deletada. Sem perder o refinamento literário, ela registra a atual (in)comunicabilidade humana, em que o diálogo agoniza. Nesse aspecto, alguns poemas são salinamente líricos.
Com doçura farta e uma pitada de sal, Francisca não poupa sensibilidade ao descrever um amor de pai no primeiro contato com o filho - predestinado “a reescrever-te, a semear-te.” A mulher, tão traduzida e tão enigmática como em lua lúnula, ganhou poéticas de beleza e fortaleza. É fruto sobre a terra a urdir sua história de silêncios. A autora pergunta: o que é silenciado?
Vasto e profundo, o sal e o lírio pode ser definido em um verso do livro: “o homem caminha agasalhado no frio do próprio abraço.”

Crédito: Sílvio Reis, jornalista

Serviço:
“O sal e o lírio”, Editora Scortecci, 2017 – www.scortecci.com.br


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