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segunda-feira, 27 de junho de 2022

Yentl, a menina que queria estudar faz apresentações gratuitas em todas as regiões de São Paulo

 Além da circulação da obra inédita em espaços periféricos, o coletivo também oferece oficinas de confecção de absorventes sustentáveis e de contação de histórias para mulheres

 

Yentl, a menina que queria estudar. Foto: Rogério Alves

 


A obra e as oficinas são ações realizadas com apoio do primeiro Edital de Fomento a Projetos Culturais Descentralizados de Múltiplas Linguagens da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo
 


Baseado no conto Yentl, o menino da Yeshiva, escrito pelo escritor polonês Isaac Bashevis Singer (1904 - 1991), Prêmio Nobel de 1978, a artista Dinah Feldman criou a contação de história para adultos “Yentl, a menina que queria estudar", que fará apresentações por todas as regiões de São Paulo em uma turnê iniciada no dia 03 de julho, domingo, em duas sessões, às 11h e às 17h, na Casa de Cultura do Butantã. A obra conta com direção artística de Malú Bazán e direção musical de Lucas Coimbra, que também está em cena ao lado de Dinah e do músico Jefferson Bueno.

 

Além do conto-base que inspirou a contação de história e o diálogo com a dramaturgia musical criada para a obra, Dinah une na narrativa textos e poemas de artistas como Renata Stein, Adélia PradoMeyer Kutchinsky, Rachel Kauder Nalebuff, Barbara Black Koltuv, Fatema Mernissi e Luiza Romão, buscando uma perspectiva contemporânea para a história de Yentl, mulher que finge ser um homem para realizar seu sonho de poder estudar.

 

Yentl, a menina que queria estudar dialoga com a pesquisa de Dinah sobre o universo feminino e o ciclo menstrual. Durante a pandemia, a artista realizou uma série de lives pelo Instagram nomeada Papo de Menarca, onde percebeu o grande interesse de mulheres de sua geração, mais próximas da menopausa, em falar a respeito de assuntos relacionados à menstruação.

 

Ao perceber a carência de acolhimento de muitas dessas mulheres para poder dialogar e refletir sobre assuntos tidos como tabu, como a própria menarca, papéis de gênero, feminilidade e sexualidade, a artista pensou em uma trilogia artística, que começa com essa contação de história. "Queria propor uma discussão sobre esse arquétipo da donzela guerreira, da mulher que se veste de homem para poder existir, já que sendo mulher, não era possível nada mais do que sobreviver", conta Dinah, complementando que a ideia do projeto é dar voz às questões latentes na sociedade e aos tabus. "O objetivo é trazer temas contemporâneos para a reflexão a partir da criação dos processos artísticos em diversas linguagens", conta. Futuramente, outras duas criações estão previstas: a performance VAZANTES e o espetáculo JOANA, A MULHER QUE VAZA.

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A tradição judaica é uma mistura de histórias contadas de boca a ouvido e o registro em livro dessas histórias narradas de geração em geração. Desde 2006, Dinah Feldman estuda e pesquisa a arte de narrar histórias e o protagonismo feminino. Ao longo da sua trajetória, ela vivenciou as histórias como fontes de conhecimento, cura, transmissão, aprendizado, auto-investigação e sabedoria. Não há uma divisão das histórias por faixa etária nas culturas tradicionais e cada pessoa apreende de uma narrativa algo para sua vida, naquele momento.

Em 2014, Dinah esteve na Colômbia com outros 21 contadores de histórias de diversos países da América Central e da América do Sul. Trocou experiências, viveu a riqueza das histórias do nosso continente e voltou com muitas ideias e, principalmente, com um enorme desejo de levar esse trabalho também para o público jovem e adulto.

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A artista também explica que inclui, no texto, questões extraídas de sua própria vivência. "Não é só a história do conto. É sobre como, em 2022, uma mulher judia enxerga essa narrativa e abre diálogos a respeito das situações ali expostas".

 

A ideia de circular com a obra por todas as regiões de São Paulo é uma estratégia para que mais pessoas tenham acesso a discussões que, por serem consideradas tabus, muitas vezes são deixadas de lado. A diretora Malú Bazán explica que a obra também vai chegar em cada espaço com as adaptações necessárias para as apresentações. "Queremos nos instalar em cada praça criando um diálogo com o local, com a arquitetura e o público. Para isso, nossos recursos de luz, cenário e figurino são simples e muito adaptáveis", conta.

 

A música de Yentl, a menina que queria estudar, é uma mistura de referências entre os gêneros musicais klezmer, balcan e trilhas de cinema, propondo um diálogo entre o texto/narração, o acordeom e o clarinete.

 

A visualidade propõe um corpo-instalação onde figurino e espaço possam se converter em uma síntese visual e plástica que ajuda a contar a história e evidencia o conceito principal da obra. Para além da dualidade entre feminino visceral e o masculino concreto, o figurino e cenário são compostos por poucos elementos que anunciam uma desconstrução de gênero - nem homem, nem mulher, mas sim o que se deseja ser. O triângulo como símbolo traduz a ideia das três possibilidades de performar gênero e está presente no espaço, nos casacos dos músicos e da intérprete.

 

Roupas de alfaiataria desconstruídas em tons de cinza são atravessadas por elementos na cor vermelho sangue, evidenciando a conversa entre essa mulher que decide vestir roupas masculinas para quebrar padrões estabelecidos e estudar, indo contra seu contexto cultural.

 

Sobre as oficinas


Oficina Papo de Menarca

Dinah Feldman

A proposta da oficina de narração com o recorte temático das histórias de menarca - a primeira menstruação - é partir das histórias das participantes, apresentar a base da arte de contar histórias e chegar em uma história-presente para compartilhar com as próximas gerações. Um ritual contemporâneo de iniciação das futuras mulheres, a partir da experiência das que já percorreram o caminho, mas com pistas e chaves potentes que possam abrir as portas das dúvidas, confusões e desafios que serão enfrentados ao longo da jornada.

 

3 dias de duração | Para até 15 mulheres.

Inscrições através do link: https://forms.gle/GE3t2m1UpMbZbCcg9

 

Oficina de Confecção de Absorventes Sustentáveis

Michele Carvalho, do Ateliê Pequenas Fofuras

O objetivo da oficina é ampliar as opções de insumos menstruais em áreas periféricas partindo da moda/design para repensar práticas e agir em prol da sustentabilidade.

 

2 dias de duração | Para até 10 pessoas

Inscrições através do link: https://forms.gle/eXZVAseVRZ8jHFAs5

 

Sinopse

Yentl, a menina que queria estudar é uma contação de história para jovens e adultos, baseada no conto Yentl, o menino da Yeshiva, do escritor Isaac Bashevis Singer, em encontro com textos e poemas de artistas como Renata Stein, Adélia Prado, Meyer Kutchinsky, Rachel Kauder Nalebuff, Barbara Black Koltuv, Fatema Mernissi e Luiza Romão, buscando uma perspectiva contemporânea. Um trabalho lítero-musical que traz um recorte do universo feminino, tema tão amplo quanto complexo, através do diálogo entre a arte narrativa e a música.

 

Sobre Isaac Bashevis Singer

Isaac Bashevis Singer (1904-1991), ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1978, é considerado o maior escritor em língua iídiche do século XX, testemunho inestimável de uma cultura em desaparecimento. A obra de Singer é marcada pelo humor filosófico próprio da tradição judaica, por um erotismo de forte carga mística e pelo talento narrativo. Singer foi, sobretudo, um grande contador de histórias: acreditava no poder que a literatura tem de alargar os horizontes da experiência humana, estabelecendo uma ponte entre passado, presente e futuro. Combinando sensibilidade psicológica sutil, profunda simpatia com as excentricidades do folclore judaico e uma infalível percepção do heroísmo da vida cotidiana, trouxe para o mundo da literatura o ambiente vibrante do judaísmo polonês antes do Holocausto e forneceu uma imagem dessa humanidade e de sua cultura, insuperada até hoje.
 

Ficha técnica

Adaptação e intérprete: Dinah Feldman
Direção Artística: Malú Bazán

Direção Musical: Lucas Coimbra

Músicos em cena: Jefferson Bueno e Lucas Coimbra

Cenário e figurino: Éder Lopes

Foto e vídeo: Rogério Alves

Interpretação em LIBRAS: Juliana Gonçalves

Oficina Papo de Menarca: Dinah Feldman

Oficina de Confecção de absorvente sustentável: Michele Carvalho, do Ateliê Pequenas Fofuras

Direção de Produção: Mariana Novais - Ventania Cultural

Idealização e Realização: Dinah Feldman e coletivo Culturas em Movimento

 

Serviço

"Yentl, a menina que queria estudar"

  • Dia 03 de julho, às 11h e às 17h
    Casa de Cultura do Butantã
    Av. Junta Mizumoto, 13 - Jardim Peri Peri, São Paulo - SP, 05537-070

     
  • Dias 04 e 08 de julho, às 19h
    Espaço Cultural CITA
    R. Aroldo de Azevedo, 20 - Jardim Bom Refugio, São Paulo - SP, 05788-230
  • Dia 09 de julho, às 17h
    Museu Judaico de São Paulo
    Rua Martinho Prado, 128 - Bela Vista, São Paulo - SP, 01306-040

     
  • Dia 10 de julho, às 17h
    Sede da CTI - Teatro Baile
    R. Oti, 212 - Vila Ré, São Paulo - SP, 03657-050

     
  • Dias 21 e 22 de julho, às 19h
    Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso
    Av. Dep. Emílio Carlos, 3641 - Vila dos Andrades, São Paulo - SP, 02721-200

     
  • Dia 29 de julho, às 15h
    Biblioteca Pública Hans Christian Andersen
    Av. Celso Garcia, 4142 - Tatuapé, São Paulo - SP, 03064-000

Oficina Papo de Menarca
Inscrições através do link: https://forms.gle/GE3t2m1UpMbZbCcg9

  • Dias 29, 30/06 e 01/07, das 15h às 17h
    Casa de Cultura do Butantã
    Av. Junta Mizumoto, 13 - Jardim Peri Peri, São Paulo - SP, 05537-070
  • Dias 04, 05 e 06 de julho, das 14h às 16h
    Espaço Cultural CITA
    R. Aroldo de Azevedo, 20 - Jardim Bom Refugio, São Paulo - SP, 05788-230

     
  • Dias 20, 21 e 22 de julho, das 14h às 16h
    Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso
    Av. Dep. Emílio Carlos, 3641 - Vila dos Andrades, São Paulo - SP, 02721-200

     
  • Dias 27, 28 e 29 de julho, das 10h às 12h
    Biblioteca Pública Hans Christian Andersen
    Av. Celso Garcia, 4142 - Tatuapé, São Paulo - SP, 03064-000

Oficina de confecção de absorvente sustentável
Inscrições através do link: https://forms.gle/eXZVAseVRZ8jHFAs5

  • Dias 28 e 29 de junho, das 10h às 12h
    Casa de Cultura do Butantã
    Av. Junta Mizumoto, 13 - Jardim Peri Peri, São Paulo - SP, 05537-070

     
  • Dias 30 de junho e 01 de julho, das 10h às 12h
    Sede da CTI - Teatro Baile
    R. Oti, 212 - Vila Ré, São Paulo - SP, 03657-050

     
  • Dias 07 e 08 de julho, das 13h às 15h
    Espaço Cultural CITA
    R. Aroldo de Azevedo, 20 - Jardim Bom Refugio, São Paulo - SP, 05788-230

     
  • Dias 19 e 20 de julho, das 11h às 13h
    Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso

    Av. Dep. Emílio Carlos, 3641 - Vila dos Andrades, São Paulo - SP, 02721-200
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