Fale-nos sobre você.
Exerço a função de agente cultural nas Fábricas de Cultura Setor A - polos culturais do Governo do Estado que propiciam diversas atividades (espetáculos musicais, de teatro e de dança, cursos diversos, sessões de cinema, espaços para ensaios e gravações musicais, entre outras) para os moradores das comunidades do entorno. Sobre minha trajetória acadêmica, fiz graduação em Letras pela Universidade Camilo Castelo Branco, Filosofia e Ciências Sociais pela Universidade Metropolitana de Santos, pós-graduação lato sensu em Língua Portuguesa pela Universidade Cidade de São Paulo, mestrado e doutorado em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atualmente sou pós-doutorando na USP, sob supervisão da Professora Doutora Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade, pesquisador dos grupos de pesquisa Discursos na Mídia Escrita (DiME), da PUC-SP, e Núcleo de Estudos em Análise Crítica do Discurso (NEAC), da USP.
ENTREVISTA:
Fale-nos sobre o livro.
O livro foi uma realização. Após defender a tese de doutorado, optei por transformar a pesquisa em livro. O caminho até a defesa foi bem difícil. Realizei gravações de conversas seguindo as normas do NURC-SP, fui a campo conversar com membros do grupo Funk, apliquei análises nas perspectivas da Sociolinguística Interacionista, da Linguística Cognitiva e da Análise da Conversação. O livro foi resultado de muito trabalho, de muita pesquisa e, claro, da riquíssima parceria orientando-orientador que tive com a Professora Doutora Ana Rosa Ferreira Dias, minha orientadora de doutorado. Ela inclusive fez o prefácio do livro, que está excelente. Devo esse resultado principalmente à Professora Ana Rosa. Além disso, com o livro, ao apresentar elementos específicos da linguagem do funk, foi possível dar visibilidade a esse gênero musical para além de um contexto de marginalização.Como analisa a questão da leitura no país?
Não é bem uma análise, mas um comentário. Vejo a leitura como algo deficitário em diversos aspectos. Temos um índice de leitura baixo, cerca de quatro livros por ano por habitante que lê. Em contrapartida, faz parte de nossa profissão incentivar a leitura. Continuemos o bom combate.
O que tem lido ultimamente?
Os últimos livros que li estão relacionados com a pesquisa que estou desenvolvendo para o estágio de pós-doutorado. Nesta pesquisa, pretendo demonstrar o empoderamento feminino nas letras de funk. Para isso, li alguns livros que tratam do conceito de Ethos. Para recapitular a problemática, li AMOSSY - Imagens de si no discurso: a construção do ethos (São Paulo: Contexto, 2005), Maingueneau - Análise de textos de comunicação (São Paulo: Cortez, 2013); Doze conceitos em análise do discurso (São Paulo: Parábola, 2010); Cenas da enunciação (São Paulo: Parábola, 2008); li também Van Dijk - Discurso e poder (São Paulo: Contexto: 2012), para trazer algumas explicações sobre poder e abuso de poder. Neste momento, estou lendo sobre Análise Crítica de Discurso, mais especificamente, a teoria de representação de atores sociais de Van Leeuwen.
Uma pergunta que não fizemos e que gostaria de responder.
Estudar as estratégias de interação no Funk foi algo muito produtivo, permitiu uma visão mais ampla sobre o grupo social, sobre as nuances contidas nos usos linguísticos, por exemplo, as gírias (algo que venho estudando desde o mestrado que foi sob orientação do Professor Dino Preti), as metáforas e os Marcadores Conversacionais. A linguagem em uso no Funk é repleta de fenômenos riquíssimos para análises linguísticas/discursivas. Em continuação aos estudos sobre Funk, vou me debruçar sobre a imagem da mulher nas letras, sobre violência contra mulher - algo que tratei brevemente no livro - representação dos atores sociais, sobre poder e empoderamento. Isso é algo que está em construção. Espero que resulte em uma ótima pesquisa, talvez um novo livro.
CIDA SIMKA
É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021) e O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020), Um fantasma ronda o campus (Editora Verlidelas, 2020), O medo que nos envolve (Editora Verlidelas, 2021) e Queimem as bruxas: contos sobre intolerância (Editora Verlidelas, 2021). Colunista da revista Conexão Literatura.
SÉRGIO SIMKA
É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e seu mais novo livro juvenil se denomina O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021) e seu mais novo livro juvenil se denomina O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021).
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