Durante a maior parte da baixa Idade Média, os nórdicos invadiram e aterrorizaram grande parte da Europa. Em suas viagens chegaram até mesmo à América. É a história desse povo que é contanda na série Vikings, criada pelo produtor e roteirista Michael Hirst para o canal History.
A trama é
centrada em Ragnar Lothbrok, um agricultor que sonha encontrar novas terras e,
com a ajuda de seu amigo Floki, o construtor de barcos, chega à Inglaterra,
onde saqueiam um mosteiro e aprisonam um monge.
Esse fato
pequeno irá mudar toda a história do povo nórdico e do próprio Ragnar, que, em
decorrência disso acabará se tornando lorde e até mesmo rei. Em geral com a
ajuda de sua esposa Lagertha, a escudeira, irá ter tantas conquistas que se
tornará um herói mítico. Posteriormente a trama se foca nos filhos de Ragnar.
Ragnar de
fato existiu, ou pelo menos assim contam as lendas, assim como sua esposa
escudeira Lagertha, Bjorn e a maior parte dos personagens da série. Michael
Hirst consegue unir com perfeição realidade e ficção, modificando fatos quando
necessário ou completando quando as crônicas não são claras o bastante. Essas
mudanças são necessárias para o andamento da trama e o desenvolvimento do
roteiro e dos personagens.
Há
pequenos erros históricos e muita liberdade poética (em especialmente a partir
da quinta temporada), como uma igreja com características góticas em plena
baixa idade média. Mas no geral, Vikings é uma aula de história. Uma aula sobre
os vikings, sua cultura, modos e costumes, sua religião – nesse sentido é
interessante como Hirst sempre introduz algo da mitologia nórdica nas tramas. É
alguém que conta alguma lenda, é alguém que faz uma alusão aos deuses, é alguém
que faz uma comparação entre o que está acontecendo com o que já aconteceu com
um deus.
Mas é
também uma história do mundo na época, com uma trama que percorre locais tão
diferentes quanto a França, a Inglaterra e a Rússia e até mesmo a Sicília. E o
roteirista Michael Hirst é extremamente
hábil ao trabalhar com intrigas palacianas. De fato na Idade Média, os palácios
eram um local em que não se podia confiar em ninguém e quanto mais poder, maior
a chance de alguém ser morto ou matar para se manter no cargo.
Traições,
envenenamentos, emboscadas, tudo isso é muito bem explorado na série.
As cenas
de guerra também impressionam tanto pelo realismo visual quanto pelas
estratégias adotadas. O cerco de Paris, por exemplo, é um ótimo exemplo de como
defender uma cidade fortificada (e não aquela palhaçada de GOT).
O elenco é
igualmente brilhante, encabeçado por Travis Fimmel no papel de Ragnar. Pequenos
trejeitos, olhares, um jeito de piscar, tudo contribuiu para construir o
personagem com perfeição. Outro grande destaque é Gustaf Skarsgård no papel de
Floki. Sua atuação remete diretamente ao deus Loki – e fico imaginando como ele
poderia dado um outro ar, mais matreiro e risonho para o personagem da Marvel.
Esses são apenas dois de um elenco que merece elogios por completo.
Unida a
essas ótimas atuações, um roteiro que caracteriza muito bem cada um dos
personagens, em especial Ragnar, visto aqui como uma mistura de aventureiro,
estrategista e filósofo – características que serão herdadas individualmente
pelos filhos.
A série
tem seis temporadas e, claro, tem altos e baixos, mas no geral os altos são
muito mais frequentes e a última temporada está indo num crescendo em termos
dramáticos.
Vikings é
tudo aquilo que GOT prometia ser.
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