ENTREVISTA COM ESCRITOR: Julio Hidalgo e sua obra infantil, por Cida Simka e Sérgio Simka

Fale-nos sobre você.

Sou de São Paulo e me formei em Direito em 1990, mas encontrei minha verdadeira vocação em 1997 quando comecei a lecionar, ou seja, este ano completo 25 anos de docência ainda acreditando que a educação é o caminho para uma vida e um país melhor. No início lecionei para pessoas interessadas em prestar concurso público e depois para a graduação em Direito e pós-graduação. Hoje sou advogado, professor e escritor com vários livros publicados e posso dizer que sou uma pessoa profissionalmente realizada, mas que ainda quer fazer muito mais nas minhas profissões.

ENTREVISTA:

Fale-nos sobre seus livros. O que levou a escrevê-los?

Os primeiros livros que escrevi eram livros técnicos sobre Direito Constitucional e Administrativo, mas nos últimos anos venho me dedicando a escrever livros infantojuvenis de Direito. Já são três livros da coleção “Direito Kids”, a “Constituição Para Crianças em Quadrinhos”, o “Código de Defesa do Consumidor para Crianças” e o “Estatuto de Defesa do Consumidor Para Crianças”.

O que me levou a escrever livros de Direito para crianças e jovens foi acreditar na necessidade de formar as novas gerações mais conscientes de seus direitos e deveres. Acredito que Direito não é o que está escrito, Direito é o que você conhece e exige.

As crianças e jovens, como dizem, são o futuro deste país. Assim, se queremos um futuro com mais cidadania e respeito aos direitos uns dos outros, devemos começar ensinando isso às crianças e jovens, e esse é o intuito dos meus livros.

Como analisa a questão da leitura no país?

Infelizmente não só a leitura, a educação no nosso país não é a prioridade de nenhum Governo Estadual e tampouco do Governo Federal e só não me arrisco a incluir nisso os governos municipais porque, com mais de cinco mil municípios neste país, pode ser que tenhamos um ou dois que realmente tratem a educação como prioridade. Por conta, principalmente do baixo investimento em educação, a leitura, assim como a educação de modo geral, segue por caminhos sombrios neste país.

Estimular a leitura é um dever não só do Estado, mas também da família. A leitura é um meio de aprender, de conhecer ideias e de tornar o pensamento independente, aliás, talvez por este último motivo, não somente a leitura, mas a educação de um modo geral, não seja prioridade dos Governos, afinal, povo que pensa, vota melhor, fiscaliza e cobra seus representantes.

Você é professor universitário desde 1999. Como analisa o ensino, de maneira geral, em virtude da pandemia?

O ensino, de modo geral, foi muito prejudicado pela pandemia. A migração para o sistema telepresencial ou EAD foi muito repentino, sem nenhum tipo de preparação, nem por parte das instituições do ensino, nem por parte dos alunos e professores.

Acredito que os mais prejudicados foram os alunos do ensino infantil, que ficaram afastados do convício social proporcionado pela escola e os dos anos iniciais de alfabetização que, pela tenra idade, têm uma dificuldade natural de concentração em frente a uma tela, mas o prejuízo ocorreu em todas as faixas etárias, do ensino infantil ao superior.

Muitos estudantes e até professores sem acesso à internet e equipamentos de informática ou com acesso precário, muitos estudantes desmotivados com as aulas online que simplesmente acessavam, mas não acompanhavam as aulas, além disso, uma parte expressiva dos alunos simplesmente não se adaptou às aulas fora do ambiente das escolas e faculdades e teve um baixo aproveitamento. 

Infelizmente, com 25 anos de experiência como professor e mesmo sendo um entusiasta do ensino remoto, pela possibilidade de acesso à educação que ele traz, sobretudo às pessoas que vivem fora dos grandes centros populacionais, reconheço que, apesar do esforço da maior parte dos professores para continuar a levar aos seus alunos, ainda que de maneira remota, uma educação de qualidade, isso, por diversos fatores, não foi obtido na maioria dos casos e várias pesquisas apontam isso.

Link para os livros:  Os livros podem ser adquiridos somente no site: www.juliohidalgo.com.br. 

CIDA SIMKA

É licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Autora, dentre outros, dos livros O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019), O enigma da biblioteca (Editora Verlidelas, 2020), Horror na biblioteca (Editora Verlidelas, 2021) e O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019), Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019), Aquela casa (Editora Verlidelas, 2020), Um fantasma ronda o campus (Editora Verlidelas, 2020), O medo que nos envolve (Editora Verlidelas, 2021) e Queimem as bruxas: contos sobre intolerância (Editora Verlidelas, 2021). Colunista da revista Conexão Literatura.

SÉRGIO SIMKA

É professor universitário desde 1999. Autor de mais de seis dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela editora Uirapuru. Colunista da revista Conexão Literatura. Seu mais recente trabalho acadêmico se intitula Pedagogia do encantamento: por um ensino eficaz de escrita (Editora Mercado de Letras, 2020) e seu mais novo livro juvenil se denomina O quarto número 2 (Editora Uirapuru, 2021).