Sexo e morte. Eros e Tanatos. Esses dois
conceitos são perfeitos para definir “O estranho que nós amamos”, filme de
2017, de Sofia Coppola.
Na história, um soldado nortista é ferido na
perna e encontra abrigo numa antiga mansão sulista que agora funciona como
escola feminina. Acolhido pelas mulheres, que em um primeiro momento pensam em
entregá-lo aos soldados sulitas, ele se acaba sendo cortejado pelas duas
professoras e por todas as alunas.
A casa é tomada pela tensão sexual, explificada
pela cena do jantar. Cada uma veste seu melhor vestido e até mesmo uma torta de
maçã acaba ganhando contornos de cortejo e os risinhos encobrem o forte desejo
sexual de todos os presentes.
Mas a história, como se tivesse um lado B, logo
se torna também uma história de suspense e violência em um plot twist
surpreendente, mas totalmente verossímel.
Sofia Coppola tem um olhar sensível, capaz de
captar detalhes e nuances que talvez escapassem de um cineasta menos
competente, e que ajudam a compor a história e os personagens e mostrar a trama
do ponto de vista das mulheres sem a necessidade de longos diálogos. Além
disso, a fotografia é dominada por aquilo que Roland Barthes chamava de
estetismo: a busca de aproximar a imagem de uma pintura. Dessa forma, a maioria
dos takes são verdadeiros quadros, inclusive em termos de enquadramento.
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