João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Conan e a maldição da lua crescente


A maldição da lua crescente, publicada originalmente em The savage sword of conan 5,  é uma das melhores histórias de Conan de todos os tempos e uma das que melhor encarnam todas as características das histórias do cimério: mulheres bonitas, magia, monstros e Conan mais fodão do que nunca.

Na história, Taramis, rainha de Khauran tem uma irmã gêmea desconhecida, uma feiticeira maligna, que surge um dia e toma seu lugar, aprisionando a verdadeira rainha nas masmorras. Seu aliado é um mercenário que, com seu exército, toma a cidade. Os soldados da guarda ficam atônitos com as ordens da rainha de obedecer o mercenário até que Conan percebe que aquela não é Taramis, o que faz com que ele seja preso em uma cruz no deserto para ser comido pelos abutres.

Essa sequência do deserto é uma das melhores de toda a trajetória do cimério. São dez páginas em que Roy Thomas e John Buscema mostram porque são considerados mestres absolutos do gênero. Desenho e texto se unem perfeitamente em uma cena brutal, cujo melhor momento é quando um dos abutres tenta comer os olhos de Conan:
“Por fim, o sol mergulha como uma bola sinistra num ardente mar de sangue... ele próprio parece ser rubro como sangue... e as sombras do leste, negras feito ébano. Há outras sombras também... e o bater cada vez mais alto de asas em seus ouvidos... Conan sabe que seus gritos não vão afugentar os abutres. E o maior deles está voando cada vez mais baixo... subitamente, o pássaro investe com determinação, seu bico afiado cintila... e rasga a face de Conan, que vira sua cabeça... e, sem oferecer tempo para reação, fecha seus dentes poderosos... que se cravam como as mandíbulas de um lobo no pescoço da criatura! Imediatamente o abutre explode em guinchos de dor e histeria”.

Se sabe ser brutal, John Buscena sabe também ser delicado. As cenas que mostram as rainhas são verdadeiras obras de arte. Enquanto os homens são mostrados com uma arte-final pesada, as mulheres são desenhadas com poucas e sinuosas linhas. A primeria vez em que vemos Salomé, a rainha má, por completo, é uma obra-prima da beleza. Mas, ao mesmo tempo, o desenhista consegue imprimir a seu rosto um ar de maldade, que não existe na irmã boa.

Em tempo: no Brasil essa história foi publicada no volume 5 de A espada selvagem de Conan e no terceiro volume da coleção da Salvat.

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