Luana Laubeski - Foto divulgação |
Premiação tem mais de duas décadas e homenageia brasileiros que se destacam no exterior
A escritora brasileira Luana Laubeski foi agraciada com o Prêmio Focus Brasil Awards, na categoria Literatura. A premiação é uma das mais importantes para personalidades, entidades e iniciativas de brasileiros que vivem no exterior e já ocorre há mais de duas décadas. Por conta da pandemia, os homenageados receberam os troféus em casa antecipadamente e a cerimônia foi realizada no final de semana, com transmissão online nas redes oficiais da Fundação Focus no último final de semana.
A Focus está espalhada em sedes de 15 cidades pelo mundo, onde realiza vários eventos. A brasileira foi premiada em Los Angeles, nos Estados Unidos, onde desenvolve a sua arte. O prêmio tem 17 categorias, incluindo diversas áreas de fotografia, música, pintura, artes visuais, ação social, esportes, entre outros. Entre os premiados também está o cantor Seu Jorge, por sua última turnê em L.A.
Laubeski conta que ficou surpresa com a indicação e quando foi escolhida, passando por quatro fases, incluindo votação popular pela internet e avaliações de júri especializado. “Mesmo sendo um prêmio direcionado a mim, acredito que foi por conta do livro, em três idiomas, que lancei em novembro do ano passado. Los Angeles é uma cidade bastante bilíngue, sobretudo espanhol e inglês e tem uma comunidade brasileira extensa. Apesar disso fiquei surpresa porque foi pouco tempo, já que em março o mundo parou”, avalia.
O livro a que ela se refere é “Poesias de andança-Andanças de poesia”, pela editora brasileira Scortecci. A publicação é a terceira de sua carreira em português, sendo com tradução também para Inglês (Wandering poema-Poetic Wanderings) e; Espanhol (Poesias de Andanza-Andanzas de Poesia), lançado nos Estados Unidos em novembro do ano passado. A publicação traz, além desse gênero literário, algumas crônicas, resultado de 20 anos de sua vivência e viagens entre Europa e Estados Unidos.
Importância para a poesia- O Prêmio Focus Brasil Awards é o primeiro da carreira da escritora, que mora em Los Angeles pela segunda vez, ambas pelo período de quatro anos. Para ela, além da importância de ter uma premiação internacional pelo reconhecimento da atuação no exterior, o troféu é ainda mais significativo por se tratar de um trabalho de poesia. “Sou uma pessoa que escreve poesias e é uma coisa que praticamente não tem leitores, infelizmente, então é muito legal que tenha havido um reconhecimento para um trabalho feito de poesia, inclusive reconhecimento popular”, comemora.
Carreira- Brasileira nascida em São Paulo, Luana Laubeski tem 43 anos e, há mais de 20, vive fora de seu País de origem, tendo morado na Espanha, Inglaterra, e atualmente em Los Angeles, nos EUA. É mestra em direção teatral pela Mountview Academy of Theatre Arts/ East Anglia University. Fundadora da companhia de teatro educativo The Golden Hat Theatre. Foi a primeira atriz brasileira na TV Catalã/ Espanhola: série Infidels. Laubeski também é autora de “Depois da primeira mutação” (1997) e; “Quinze”(1994), lançados somente no Brasil, também pela editora Scortecci. Ambos tiveram a tiragem de mil exemplares todos vendidos.
A obra- “Poesias de andança-Andanças de poesia”, tem 192 páginas e pode ser apreciado tanto na forma física como eletrônica, estando disponível em todas as plataformas digitais. A saudade, os medos, as novas e velhas percepções, a coragem e um extenso processo de aculturação estão entre os temas que permeiam as reflexões da paulista, que atualmente mora em Los Angeles, mas já vive fora do Brasil desde a década de 90. “Eu nunca parei de escrever, faço isso porque preciso. Quando um seguidor postou algo em uma rede social mencionando alguns dos meus poemas isso me tocou. Comecei a olhar meus arquivos e achei mais de cem textos. Foi quando decidi selecionar alguns e criar o livro, selecionando cerca de sessenta e cinco”, revela Laubeski, que tem mestrado em direção teatral na Inglaterra. A escritora conta que o restante deve dar origem a outro livro em breve.
Os textos foram escritos pela autora nos três idiomas. Mas o projeto inicial era publicar apenas os que estão em português, para leitores brasileiros que vivem em Los Angeles e cidades vizinhas, mas a escritora achou que deveria falar também para quem conviveu com ela de alguma forma pelas cidades onde passou, incluindo a Espanha- que faz parte de suas origens-e onde passou a maior parte da vida adulta. “A maioria dos poemas foi escrita em português, mas também havia uma quantidade significativa em inglês e espanhol. Quis contemplar os Estados Unidos, onde toda minha família mora; meus sobrinhos; o Brasil, onde nasci e; a Espanha, que é o País do meu coração, junto como todos os meus amigos latino-americanos que falam espanhol”, conta Laubeski, que tem nacionalidade espanhola.
Tradução- Para a tradução e revisão, a escritora- que fala e escreve fluentemente os três idiomas- optou por montar uma equipe de tradutores e revisores, mas acompanhou todo o processo de perto. “Tradução para mim é uma coisa muito séria, então tinha que ser feita por profissionais, mesmo sob minha revisão. É um trabalho complexo, delicado, minucioso. Eu sempre gostei de ter profissionais acoplados ao meu trabalho para valorizar cada área”, justifica.
Produção- O processo de produção durou cerca de seis meses, iniciando em abril deste ano. Laubeski comenta as particularidades da transposição dos textos. “A tradução do português para o espanhol e vice-versa é muito mais bonita, simples, fluida. São duas línguas românticas, muito mais próximas. Já para o inglês é outra estrutura linguística, mas nesse caso optei por traduções ora literária, ora versão, muitas vezes tendo que abandonar as preocupações com métrica, rima e sonoridade”, adianta.
Público- Ao longo das poesias e crônicas o leitor passeia por temas que são motivo de inquietações da escritora e a sua forma de refletir sobre a vida. Por isso Luana Laubeski não direciona os textos a um público específico e, como todo artista, escreve para expressar a sua arte. “Acredito que a arte tem que ser simples na hora de expressar a complexidade da vida. Esse é o meu motor. Quando escrevo sempre penso que alguém vai se identificar com isso. E acredito quem saiu do ninho se identificará com o que esta no livro.”, ressalta.
Nas páginas, ela também relata um pouco do que é ser uma estrangeira morando fora do seu País. Há até reflexões confusas, como a vida, segundo a autora. Um retrato da realidade. “Nem sempre tudo é tão claro. Então, às vezes, eu escrevo assim, palavras jogadas. De uma forma geral, quando eu falo de amor eu falo para quem ama; quando eu falo de dor, falo para quem sente dor; quando falo de dúvida, falo para quem sente dúvida”, afirma.
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