Best-seller do New York Times, o romance de estreia de Nic Stone é destaque da literatura jovem e revela uma potente crítica à desigualdade racial
Dois anos antes do assassinato do norte-americano George Floyd, Nic Stone lançava Cartas para Martin nos Estados Unidos. Em seu livro de estreia, aclamado pela crítica e pelo público, a autora aborda de forma cativante e realista as relações raciais no país. A história do adolescente negro Justyce McAllister é o retrato de uma sociedade ainda dividida pelo racismo.
Jus é um garoto de dezessete anos com um futuro brilhante pela frente. É um dos melhores alunos de uma prestigiada escola de Atlanta, tem uma mãe amorosa e um melhor amigo incrível. No entanto, um episódio de violência policial revela que a distância entre ele e seu futuro é quase um abismo.
Ao ser agredido e detido injustamente, o olhar de Justyce desperta para um novo mundo, um lugar solitário em uma sociedade que insiste em vê-lo como ameaça. O jovem se dá conta, então, de que não pode mais fingir que não tem nada errado e decide escrever cartas para Martin Luther King Jr., símbolo da luta contra a segregação racial nos Estados Unidos, morto em 1968.
Ao tentar aplicar os ensinamentos de Luther King em sua vida, Justyce começa a entender como deve reagir diante das injustiças e que tipo de pessoa ele quer ser. Em meio a questões familiares, desentendimentos com os amigos e complicações da vida amorosa, nas cartas ele expõe suas dúvidas, sua angústia, sua revolta e a percepção clara de que a sociedade não é tão igualitária quanto deveria.
O romance aborda diversos temas contemporâneos recorrentes na luta contra a desigualdade racial e social. Um deles é o tokenismo, representado na história pelos pais de Manny, melhor amigo de Jus. O casal de negros bem-sucedidos lida com o racismo velado em suas carreiras, evidenciando uma falsa ideia de inclusão social. A autora também retrata a meritocracia e o racismo reverso, tão presentes nas falas dos alunos brancos da escola de Justyce, assim como o colorismo, personificado pela ex-namorada do jovem—filha de uma norueguesa e um ex-jogador de futebol americano negro.
Como bem observa o escritor e ativista Ale Santos, que assina a orelha do livro, "Nic Stone nos faz mergulhar na história de Jus e apresenta ideias que nos ajudam a decifrar os desafios do cotidiano e a trilhar nosso caminho nessa incessante luta pela igualdade". Comovente e extremamente necessário, Cartas para Martin é um relato sobre ser um jovem negro e sobre o direito inalienável de existir. Um livro impossível de ignorar.
"Justyce é inteligente e profundo. Um protagonista que os leitores vão amar."
The New York Times
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