Ari Heck - Foto divulgação |
Filho de pequenos agricultores (com 5 hectares de terra), nasceu em Boa Vista do Buricá no auge da repressão pós 64. Logo aos 14 meses de idade foi vítima, pela ineficiência do Estado, da paralisia infantil (poliomielite), doença que lhe deixou sequelas para o resto da vida. Em conseqüência da doença, passou a locomover-se com o uso de cadeira de rodas até os quinze anos de idade, e após passou a usar muletas.
Cursou do pré a quarta série numa escola rural unidocente. E da quinta série até a conclusão do segundo grau estudou na Escola Estadual Barão do Rio Branco de Boa Vista do Buricá.
Atuou no movimento estudantil na década de 70, tendo sido secretário do Grêmio Estudantil do colégio.
Atuou no movimento jovem, organizando o grupo na localidade onde residia. Grupo que presidiu por mais de meia década. Fundou e coordenou um movimento de jovens que criou o boletim informativo entre os grupos do município e organizou a publicação do livro "O que é ser jovem?". Além disso, o movimento fazia debates e palestras em todo o município sobre temas de interesse dos jovens.
Foi Secretário da Pastoral da Juventude (PJ) do município e membro da coordenação diocesana.
Em 1985 ingressou na Universidade de ljuí, onde cursou o curso de Ciências Exatas e Naturais no regime de férias. Em 1987 começou o curso de Direito que foi concluído em 1991.
Atuou no movimento estudantil universitário na década de 80, tendo sido eleito conselheiro fiscal da entidade.
Atuou no Sindicato dos Bancários, foi Delegado Sindical representando os funcionários do Banrisul e diretor do SINTRAJUFE (Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal do RS). Atualmente é Diretor de Base da entidade e tendo sido por duas vezes eleito delegado da FENAJUFE (Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e MPU).
Coordenador da Comissão Especial de Acompanhamento Funcional dos PPD's do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região a partir de 13/02/08.
PORTADORES DE DEFICIÊNCIA
A partir de 1988, dedica-se integralmente aos direitos das pessoas portadoras de deficiência. No mesmo ano auxiliou na fundação da Associação ljuiense de Deficientes, única da região na época. Realizou também o I Encontro Municipal dos Deficientes. Em 89, no II Encontro Municipal e I Encontro Regional de Deficientes (que reuniu as associações de ljuí, Santa Rosa, Carazinho e Frederico Westphalen), foi lançada a campanha de coleta de assinaturas para apresentar emendas à Assembléia Constituinte Estadual e Leis Orgânicas dos Municípios. No mesmo ano organizou o I Encontro Regional de Vereadores no município de Boa Vista do Buricá para discutir os direitos dos deficientes na Lei Orgânica, nesse encontro participaram vereadores de 30 municípios.
A associação de ljuí foi a primeira entidade do interior do estado a protocolar emenda popular na Constituição gaúcha, com mais de 3 mil assinaturas de toda região noroeste do Estado. Das emendas propostas, a grande maioria consta no texto constitucional.
As emendas elaboradas no encontro regional para a LOM, foram encaminhadas a todas as Câmaras do Rio Grande e em muitos Municípios passaram a fazer parte da Carta Municipal.
Em 1990, ingressou no Conselho Riograndense de Entidades de Deficientes Físicos (FREDEF), quando foi escolhido delegado das entidades do interior e membro da Organização Nacional de Entidades de Deficientes - ONEDEF.
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Ari Heck: Como eu nasci numa família germânica, meus primeiros anos de vida só falava alemão. Via meus irmãos mais velhos voltando da escola e fazer as tarefas da aula, achava aquilo curioso, principalmente os livros com desenhos e palavras que não entendia. Um certo dia, minha irmã vendo o meu interesse perguntou se gostaria de aprender o português, com muita alegria respondi que sim. Em poucas semanas comecei a ler o meu primeiro livrinho e com 5 anos fui para a aula sabendo ler e escrever um pouco em português, mas nunca deixei de falar o alemão com meus pais e parentes.
A partir daí a leitura começou a fazer parte da minha vida, criava os meus mundos mágicos, meus amigos imaginários, personagens e histórias. Talvez a leitura tenha sido meu melhor companheiro na infância, adolescência e juventude, muito em função da minha deficiência (sou cadeirante vitimado da paralisia infantil – Poliomielite desde os 14 meses de vida).
Conexão Literatura: Você é autor do livro “Arizinho – Um Jogador Muito Especial”. Poderia comentar?
Ari Heck: Na verdade o Arizinho – Um jogador muito especial é o meu quinto livro. Vou falar um pouco dos outros para mostrar porque nasceu o “Arizinho”. Tudo começou na juventude, quando já sabia que o meu sonho era ser escritor. Trabalhava com jovens do meio rural e incentivava a leitura entre eles, daí surgiu a primeira obra: O que é ser jovem?. Uma coletânea modesta, mas de grande valia para mim e muitos jovens da época. Quando fui morar em uma cidade maior (Ijuí), comecei a perceber como a sociedade é preconceituosa para com os deficientes, daí aflorou a minha veia poética que resultou no segundo livro: Poemas sem Preconceito. Uma obra de profundo significa para mim e para milhões de pessoas que infelizmente ainda sofrem com a discriminação. A obra está em sua segunda edição. A terceira obra foi fruto de oito anos atuando em Ijuí como vereador. Prometi na campanha publicar meu trabalho ao final de dois mandatos com todos os projetos e resoluções apresentadas, aí surgiu Ari Heck – a trajetória de um lutador. O livro está esgotado e em breve será publicação na versão digital. Após o encerramento político, já trabalhando em outra cidade, nasceu a quarta obra: Pé na Estrada: uma aventura sem limites. O livro narra a aventura de um pai deficiente com seu filho não deficiente. E agora, nasceu o Arizinho – um jogador muito especial. Resultado da primeira aventura, o Arizinho veio para contar o cotidiano de uma criança deficiente, com sonhos, desejos, sentimentos mas que vive numa sociedade totalmente despreparada para ele. A história é real e narra a aventura desse menino que também queria jogar bola como seus irmãos e amigos. É emocionante ver o que os meninos que viviam na roça na década de 70 e 80, fazer para poder incluir uma criança deficiente nas suas atividades físicas. Novas aventuras do Arizinho virão em breve.
Mascote do livro “Arizinho – Um Jogador Muito Especial” |
Conexão Literatura: Como foram as suas pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro?
Ari Heck: Como a história é curta, dirigida para crianças e pré-adolescentes, foi rápido escrever a história. O que mais demorou foi escolher o título. O Arizinho sempre queria ser jogador do Grêmio, mas aqui no RS temos uma grande e saudável rivalidade no futebol, e o Arizinho não tem preconceito, ele é Gremista e também Colorado. Daí surgiu a ideia de consultar as redes sociais e ouvir a opinião dos seguidores. E para minha surpresa, centenas de seguidores votaram e por ampla maioria venceu o Arizinho – um jogador muito especial. As outras opções de título eram: um menino que sonhava em ser jogador e um menino especial que sonhava em ser jogador do Grêmio. A partir daí, nasceu a ideia sugerida por minha sobrinha Greici de criar o personagem, fazer mascotes que já estão disponíveis no site e manter ele nos próximos livros. Depois partimos para os desenhos, porque o livro também tem que ser atrativo visualmente. E o chargista Juska foi muito feliz ao dar vida ao Arizinho, tanto na versão Gremista como na versão Colorado. O livro está tendo uma aceitação importante, escolas que trabalham a inclusão, as diversidades, o combate ao preconceito tem utilizado a obra e quando possível, levado o autor deficiente para falar com os alunos. As mascotes também são interessantes, pois as pessoas levam o boneco cadeirante para dentro de suas casas, o que significa que naquele lar não há preconceito e nem discriminação.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho que você acha especial em seu livro?
Ari Heck: Considero todo ele especial, mas uma passagem onde o autor narra a aventura para seus filhos, considero especial. Quando ele fala da importância da vacinação, citando o exemplo do Arizinho que ficou deficiente porque não tinha vacina. Agora estamos vendo como é importante a vacinação. Vivemos numa pandemia e Arizinho foi vítima de uma Pandemia que assolou o Brasil nas décadas de 50, 60 e 70. O Arizinho é o exemplo de que temos que nos prevenir, de que temos que investir em saúde e educação. De que não podemos abandonar vidas.
Conexão Literatura: Com o sucesso do livro “Arizinho – Um Jogador Muito Especial”, onde o personagem narra suas aventuras de infância, o personagem Arizinho recebe seu mascote. Fale mais a respeito.
Ari Heck: O Arizinho nasceu no interior do pequeno município de Boa Vista do Buricá, no Noroeste do Rio Grande do Sul, há menos de 100km da fronteira com a Argentina e o estado de Santa Catarina. A aventura se passa na localidade de Esquina Palmeiras, onde nasceu, cresceu e ama retornar para visitar seu pai, irmãos, sobrinhos e amigos, e também para relembrar os lindos momentos que conviveu com sua mãe heroína.
Quanto à mascote, já comentei anteriormente e tenho certeza que será um sucesso, foi criado com muito carinho pela artista mineira Ana Paula Wanderley.
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir o seu livro, mascote e outros dos seus produtos?
Ari Heck: Todos os meus livros e as mascotes podem ser adquiridos pela loja virtual no site http://ariheck.com.br/?pid=0 ou pelo email escritorariheck@terra.com.br . Através do email também podem ser agendadas palestras motivacionais e participações em feiras de livros e escolas.
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Ari Heck: Sim, há três temas em análise para escrever a próxima aventura do Arizinho, a mais provável deve ser Arizinho e a inclusão social. Em breve, podem esperar.
Perguntas rápidas:
Um livro: Feliz Ano Velho de Marcelo Rubens Paiva
Um (a) autor (a): Charles Kiefer (um grande incentivador na minha juventude).
Um ator ou atriz:
Um filme: O Conde de Monte Cristo, versão original.
Um dia especial: do meu casamento com minha companheira inspiradora Rosalete.
Conexão Literatura: Deseja encerrar com mais algum comentário?
Ari Heck: O preconceito ainda é um desafio para as sociedades. Mas lutar contra o preconceito e a discriminação tem que ser a meta da sociedade.
Eu vou lutar constantemente contra toda e qualquer discriminação, por isso tenho uma frase que me faz seguir dia a dia:
“A maior deficiência é a falta de coragem para lutar!
VISITE O SITE OFICIAL DO AUTOR: http://www.ariheck.com.br
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