Marcus Garcia de Almeida - Foto divulgação |
ENTREVISTA:
Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Marcus Garcia de Almeida: Na adolescência eu escrevia pequenos poemas, alguns contos e pensamentos. Coisa de jovem tímido naquela época. Aos 17 anos pisei pela primeira vez em uma sala de aula como professor. Naquela época, em 1983, recém ingresso na faculdade de tecnologia da informação, energia no corpo, sonhos na cabeça. Desde aquele momento, apesar das muitas dúvidas inerentes à pouca maturidade, uma certeza eu tinha: ser professor e estar na docência deveria ser uma de minhas atuações profissionais. Em 1988 coloquei na cabeça que precisava publicar algo, “um livro”, eu pensava. Internet não havia. Contato com editoras e editores só por correio (carta escrita, com envelope, selo e tudo mais) ou telefone. Foram dez anos de cartas e mais cartas (foram centenas) enviadas com os originais para editoras, buscando alguém que apostasse em meu projeto. Ah, nada era impresso ou editado em computador, mas datilografado e depois “xerocado”. As respostas que voltavam das editoras, além de demorarem meses, eram sempre muito parecidas: “...agradecemos seu interesse e confiança em nossa editora, mas...”. Se naquela época houvesse Control + C, Control + V eu certamente diria que as respostas eram assim redigidas, uma como cópia da outra. Em 1999 uma jovem Editora do Rio de Janeiro, a BRASPORT, confiou e aceitou minha proposta. Um professor, já não tão jovem, então com 33 anos, que queria publicar não apenas seu primeiro livro. Na verdade, seria uma série com seis livros, projeto de sucesso! De lá para cá, já lá se vão 22 anos de trabalho editorial. São vários livros publicados, mais de 20 só de minha autoria além das diversas obras que organizei, e agora tenho meu próprio selo editorial, a IDEÁRIO (www.idearios.com.br). Há duas certezas que tenho firme na cabeça. A primeira é que “conhecimento não ocupa espaço” e a segunda, que “tudo que aprendemos não nos pertence, mas sim, ao mundo, portanto deve ser compartilhado!”.
Conexão Literatura: Você é autor do livro “Acha que sou idiota? (Do You Think I’m Stupid: A Chronicle of the Corporate World)”. Poderia comentar?
Marcus Garcia de Almeida: A primeira vez que pensei em escrever algo assim, foi há cerca de dez anos. Sempre fui muito observador. Devido minha atuação em consultoria empresarial, tive (e tenho) a oportunidade de conviver em organizações empresariais de todos os tipos, portes, categorias, nacionais, multinacionais, transnacionais e com variados sistemas organizacionais. Em minhas andanças sempre percebi o comportamento das pessoas nas empresas oscilando entre o amor (em alguns casos chegando até a uma espécie de devoção), enquanto outras cultivam verdadeira ojeriza das empresas onde trabalham. Essa dicotomia entre amor e ódio merecia ter uma abordagem minimamente curiosa e sempre pensei que deveria tentar levar isso para meus leitores. Recentemente (ainda esse ano logo que começamos com a onda da pandêmica do Coronavírus, (COVID-19), ainda lá em março/2020 e estando praticamente recluso em meu home-office, comecei a perceber essa dicotomia de forma ainda mais forte. Principalmente durante as muitas reuniões em salas virtuais. Foi então que decidi começar a rascunhar o livro e assim nasceu “Acha que sou idiota? Uma crônica do mundo corporativo.”. Bom sou suspeito, mas ficou uma delícia de história, uma crônica de fato, sobre essa relação de amor e ódio das pessoas com as empresas onde trabalham e entre as próprias pessoas dentro dessas empresas é claro. É minha primeira obra lançada simultaneamente em português e inglês, na verdade também é a primeira obra em inglês. A adaptação requerida para a internacionalização da crônica, preocupando-se com as personagens e as situações corporativas, foi um episódio à parte. Adorei o resultado e estou muito empolgado com o lançamento mundial pela plataforma da Amazon agora em Dezembro. Ela está disponível em Kindle e formato convencional tanto em português quanto em inglês.
Conexão Literatura: Como é o seu processo de criação e qual é o seu principal público-alvo?
Marcus Garcia de Almeida: Como sou bastante observador e detalhista tenho a tendência a ser meticuloso, descritivo, minucioso mesmo. Adoro os detalhes. Nuances, texturas, emoções, sensações e percepções. Entendo que uma pessoa que decide dedicar algumas boas horas numa leitura, precisa sentir-se parte do que estou trazendo para ela. Quero levá-la comigo naquela jornada. Preciso sentir que consegui isso para eu ficar satisfeito com o resultado. Um bom texto precisa ter essência, alma verdadeira! Confesso que “Acho que sou idiota? Uma crônica do mundo corporativo” não é minha primeira incursão pela seara da crônica, mas é a primeira a ser publicada. Tenho alguns outros trabalhos que estão no estágio que chamo de amadurecimento. Volto neles sistematicamente e vou trabalhando, burilando, refinando... as ideias iniciais vão sendo reveladas. Num primeiro momento algumas se parecem com pedras brutas que precisam ser lapidadas para ganharem a beleza desejada. Claro que como toda matéria bruta, algumas tem um substrato que não se revela promissor para mostrar o seu melhor pelo autor. Considero parte do processo de criação. Não sou de desistir fácil de uma pedra bruta. Meus escritos da adolescência, por exemplo, estão lá, amadurecendo. Uma hora eles estarão prontos para ganhar a luz aos olhos de pessoas que adorem ler o inusitado.
Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?
Marcus Garcia de Almeida: Claro! Neste trecho a seguir uma das personagens está num dilema ético e precisa tomar uma decisão. Para isso traço aqui um paralelo metafórico bastante curioso.
“Há um momento quando algumas decisões são tomadas em nosso íntimo que nos geram um sentimento de poder ou de empoderamento, ou ambos. É como se você fosse entrar sozinho numa caverna escura e desconhecida numa floresta longe da civilização. Há um misto de medo, insegurança, frio na barriga, pavor... a adrenalina jorra pelas veias e te faz ficar alerta ao máximo e pronto para correr, ou atacar, ou se defender do que quer que possa aparecer... na escuridão. Passado o impacto inicial da transição da claridade para o escuro interior da caverna, logo que seus olhos se acostumam à escuridão; o som também muda. O barulho do vento que farfalhava as folhas das árvores cede espaço para o silêncio e o eco de gotas que descem das estalactites e pingam fazendo poças pelo caminho escuro, o crepitar de insetos e o barulho do seu próprio caminhar ao pisar na terra úmida, se somam a sensação de que há por ali muito mais do que seus sentidos revelam... e então, nesse momento, sua imaginação começa a preencher o vazio de informações com pensamentos de perigos que podem existir ou não, pois tudo está em sua mente. É nesse momento que você tem duas opções: dominar sua mente e sentir-se empoderado para avançar no desconhecido, ou sentir que há um poder além de você que não deve ser enfrentado naquele momento e então você recua.”
Conexão Literatura: Quais dicas daria para os autores em início de carreira?
Marcus Garcia de Almeida: Não vou repetir aqui o clichê do “seja persistente, não desista, persevere e blá, blá, blá...”, mas prefiro dizer o seguinte. Se o chamamento para compartilhar com as pessoas suas ideias, pensamentos, sentimentos e visões de mundo, e isso tudo for efetivamente muito forte e realmente autêntico, ou seja, não é algo artificial que você está buscando apenas por um “modismo” ou por que acha que terá fama e essas coisas, então faça o que é preciso: tenha disciplina e escreva, com seu coração, mas tendo sempre sua mente como guia.
Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o seu trabalho como escritor, palestrante, pedagogo e mentor?
Marcus Garcia de Almeida: Os lançamentos estão na Amazon e podem ser acessados pelo site da Editora IDEÁRIO em www.idearios.com.br. Tem também meu site onde meus outros trabalhos podem ser conhecidos em www.marcusgarcia.com.br. Especificamente para quem estiver buscando adquirir “Acha que sou idiota? Uma crônica do mundo corporativo” ou quem prefira a versão em inglês “Do You Think I’m Stupid: A Chronicle of the Corporate World)”, pode acessar no link: https://bit.ly/3mG32sv
Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?
Marcus Garcia de Almeida: Sim, alguns. A coleção #péroladodia, por exemplo, planejada em 5 volumes está com o primeiro deles, intitulado REFLEXÃO, disponível e pode ser encontrado pelo link https://bit.ly/3gGerFK. VIDA será o título do segundo volume da coleção e é esperado para o segundo semestre de 2021 e promete muitas emoções. Outro trabalho que está no forno é “Uma Velha História”, este é um título provisório. É o primeiro romance de base histórica da Editora IDEÁRIO. Um verdadeiro desfile pelos recônditos das ilicitudes da mente humana e cuja história caminha por milênios de segredos. Seu autor é o marroquino Abu l-Malika Kamal.
Perguntas rápidas:
Um livro: Spartacus
Um ator ou atriz: Kirk Douglas
Um filme: Matrix, a trilogia
Um hobby: Cultivar plantas ornamentais
Um dia especial: Sempre que um novo livro é publicado. Este é um dia especial.
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