No início da década de 1980, a Marvel resolveu
trocar a equipe do título do Capitão América. Para desenhar chamaram uma
estrela em ascensão na editora, John Byrne. Para escrever, colocaram o próprio
editor do título Roger Stern, um estreante nos roteiros.
Essas histórias marcaram época e foram reunidas
no volume sete da coleção Os heróis mais poderosos da Marvel.
A dupla começa desfazendo uma cagada de
roteiristas anteriores, segundo os quais, na verdade o personagem era
descendente de aristocratas, e não um garoto pobre de Nova York na época da
recessão.
A primeira história é justamente o Capitão
achando seu diário na Shield e descobrindo que a história da família
aristocrata eram memórias falsas implantadas pelo governo norte-americano para
proteger sua verdadeira identidade caso ele fosse aprisionado. Enquanto isso,
Barão Strucker foge da prisão e invade a Shield com o objetivo de matar o
sentinela da liberdade.
Posteriormente o Capitão enfrenta o
Homem-dragão e Mecanus e depois impede que Mister Hyde destrua Nova York. Nesse
meio tempo ainda encontra tempo para abdicar de ser candidato à presidência.
John Byrne parecia à vontade desenhando o
Capitão, um personagem criado pelo seu ídolo, Jack Kirby (eu me pergunto porque
a Marvel não deu o personagem para o Byrne quando ele já estava famoso). Roger
Stern, no entanto, nem sempre se saía bem. Ele exagerava no texto, muitas vezes
deixando pouco espaço para os desenhos. Sua caracterização do personagem, no
entanto, era perfeita: justo, honrado, democrata, um verdadeiro exemplo a ser
seguido. Stern também introduz uma personagem nova, Bernie Rosenthal, uma das
primeiras personagens dos quadrinhos declaradamente judias – e que viria a ser
melhor desenvolvida por JM DeMatteis na fase seguinte.
Mas a história realmente engrena quando começa
a saga hoje conhecida como “Seu ódio se chama sangue”. Não por acaso, essas
histórias são co-roteirizadas por John Byrne, que aqui ganha espaço para
mostrar o ótimo narrador gráfico que iria se revelar.
Na trama, o Capitão viaja para a Inglaterra a
pedido de Union Jack, um velho amigo dos tempos do grupo Os invasores. Ali
estão acontecendo vários assassinatos e o velho herói acha que são obra de seu
irmão, o vampiro nazista Barão Sangue. A história é cheia de ação e
reviravoltas. E tem John Byrne em ótima forma. A capa que ele faz para o número
254 da revista, com o vampiro pulando sobre o Capitão enquanto o envelhecido
Union Jack tenta se levantar da cadeira de rodas é simplesmente memorável e
resumia muito bem todas as maiores qualidade da série.
Infelizmente, Roger Stern brigou com o chefão
da Marvel, Jim Shooter, e saiu da série. A razão é que Stern queria desenvolver
tramas mais complexas para o Capitão e Shotter queria que as sagas não se
alongassem muito. E, Byrne se concentrou nos X-men, que o tornariam a grande
estrela do mercado americano.
Entretanto, essa série é até hoje apontada como
um dos melhores momentos do personagem.
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