ENTREVISTA:
Conexão Literatura:
Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?
Edvaldo Silva: Eu lancei meu primeiro livro em janeiro de 2022, pela Editora Atlântico, chamado “Da Válvula Ao Pixel – A Revolução do Streaming”. Foi também o primeiro livro nacional a falar sobre este tema e teve sua primeira edição esgotada aqui no Brasil e em Portugal. Além disso foi adotado por universidades importantes como a Belas Artes e pela Escola Superior de Propaganda e Marketing. Ele já está sendo citado em importantes obras como o livro “Brand Publishing e Transição Midiática” do escritor Paulo Henrique Ferreira que está sendo lançado no Brasil agora em 2023, pela Editora Robecca & Co.
Edvaldo Silva: Durante a finalização do meu primeiro livro, que era totalmente
voltado ao universo da comunicação e das mídias digitais, eu me empolguei
bastante com esse processo da escrita e pela possibilidade de contar histórias.
Meu primeiro livro fala sobre os novos modos de produzir e distribuir histórias
e conteúdos audiovisuais num mundo transmidiático. Falei tanto dos novos caminhos para contadores
e criadores, que resolvi também me tornar um deles. E este romance policial,
que se passa pouco antes da queda do muro de Berlim, veio de maneira bem
natural e foi criando forma até chegar no ponto final e ir para o prelo. Eu
realmente adorei o resultado e tenho certeza que os leitores também vão gostar
muito.
Como foram as suas
pesquisas e quanto tempo levou para concluir seu livro?
Edvaldo Silva: A ideia original do livro veio de um conto que eu tinha escrito há muito tempo, e estava ali guardado na gaveta. Ele se chamava “O Deus do Arco Irís”. Este texto é sobre um taxista baiano, que também é um músico na noite, que dá carona para uma imigrante angolana e seu filho. A moça conta para o taxista esta bela lenda africana, e eles se despedem. Para o escrever o romance policial eu mudei toda essa base. Mantive o taxista músico, mas transportei ele para a Berlim do fim dos anos 80. A passageira africana agora era uma brasileira misteriosa e contrabandista de objetos de arte. Adicionei a trama ex-nazistas que estavam ainda em atividade na Alemanha e na América Latina, a Mossad (Serviço Secreto de Israel) e muitos outros temas e personagens interessantes da época.
Na Berlim Ocidental, em 1987, o taxista Bruno Fischer é designado a conduzir a misteriosa passageira Ingrid Bergunson, uma brasileira tão bela quanto enigmática, do aeroporto até uma igreja situada no lado dominado pelos soviéticos. Contrabandista de itens do espólio nazista, Ingrid retorna ao Brasil para negociar a venda do quadro recém-adquirido, mas desaparece sem deixar vestígios. Amanda, sua filha, decide então refazer os últimos passos da mãe na tentativa de encontrá-la, o que a coloca diretamente no encalço do taxista.
Enquanto Bruno e Amanda procuram por rastros de Ingrid, envolvendo-se em uma trama internacional cada vez mais obscura, perigosas organizações secretas iniciam uma perseguição implacável pelo quadro roubado.
Num ritmo eletrizante, “Além da Fumaça” traz à tona os sofrimentos remanescentes da Segunda Guerra Mundial numa sociedade prestes a derrubar o último muro que dividia o mundo. Tive que fazer uma pesquisa intensa e bem detalhada para poder ambientar bem a história. Pesquisei nomes de ruas, políticos importantes da época, a música que estava tocando, tudo para deixar um ambiente perfeito para o desenrolar da trama.
Poderia destacar um trecho que você acha especial em seu livro?
Edvaldo Silva: Alguns trechos que acho que são bem especiais:
"Os sintetizadores da new wave, aliados ao novo movimento punk, davam os contornos de uma era que surgia, ao mesmo tempo em que parecia ser o réquiem de outra. Do outro lado da muralha, a cortina de ferro começava a se esvaecer, e na juventude havia um clamor quase palpável pela reunificação, a alegria e o desbunde."
.....
“Quando chegaram ao apartamento, Bruno viu que a casa
estava chorando. Lá fora chovia, e a janela ligeiramente aberta do quarto
deixara o chão todo molhado. Como se a noite fosse solidária com a casa que se
derramava em prantos. Talvez reclamando uma saudade tardia de Helga, a
ex-esposa de Bruno, que já não preenchia todos os seus espaços vazios. Depois
de fechar as janelas e enxugar as lágrimas da casa rapidamente, ele se voltou
para aquela estranha e atraente mulher dos trópicos e lhe deu um longo beijo.”
.....
“Sua família foi então separada, a irmã mais velha
morreu ainda na travessia, dentro de um vagão de carga; do irmão mais novo
passou décadas sem ter notícia, até descobrir que havia morrido em um campo na
França, pouco antes do fim da guerra. A mãe e o pai foram mortos em Treblinka,
depois de terem passado por vários outros campos de trabalho escravo.
Ele sobreviveu até ser resgatado por tropas americanas
em Dachau, no fim da guerra, e depois de viver alguns anos em Israel emigrou
com a família para o Brasil, fugindo da Guerra dos Seis Dias, no ano de 1967. Solomon
chorava, e Clóvis amparava a cabeça do pai na própria perna.
— Está acabado, pai. Vingamos nossa família.
— Ah, meu filho — gemeu o velho —, o sangue nem sempre seca, e algumas feridas abertas nunca deixam de doer.”
Como o leitor interessado
deve proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você e o
seu trabalho literário?
Edvaldo Silva: O leitor pode encomendar seu livro nas melhores livrarias de sua cidade ou comprar nas livrarias online como a Amazon neste link aqui: https://www.amazon.com.br/Al%C3%A9m-fuma%C3.../dp/6556252956
Existem novos projetos em
pauta?
Edvaldo Silva: Sim! Gostei tanto de escrever este romance policial histórico que já estou trabalhando no próximo. Desta vez iremos para Paris em maio de 1968. Uma brasileira, filha única de um diplomata brasileiro, foi com o pai logo cedo para Londres, onde cresceu e estudou piano clássico durante sua infância e adolescência. Na juventude na metade dos anos 60, ela se muda de Londres para Paris onde arruma um emprego de pianista em um piano bar de um hotel chique da cidade. Ela conhece e se apaixona por um jovem francês rebelde estudante de filosofia, da Universidade de Nanterre e se envolve com o movimento de maio de 68. Ela participa dos protestos e da efervescência social e cultural que se iniciou a partir dos movimentos estudantis e vê sua vida mudar completamente. Vamos ter no meio disso tudo ecos da ditadura brasileira e da Guerra Fria. Tenho certeza de que os leitores vão adorar este novo lançamento também.
Perguntas rápidas:
Um livro: Grande Sertão,
Veredas
Um (a) autor (a): Guimarães Rosa
Um ator ou atriz: Raul
Cortez.
Um filme: O Pagador de
Promessas
Um dia especial: o nascimento da minha filha Camila.
Deseja encerrar com mais algum comentário?
Edvaldo Silva: É uma honra poder falar para a Revista Conexão Literatura
e com seus leitores. Desde já agradeço imensamente este espaço. Temos que, cada
vez mais, prestigiar os autores e criadores brasileiros de todas as vertentes,
credos e cores. Por mais literatura nacional em destaque! Como diria Fernando
Pessoa: minha pátria é minha língua.
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