João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

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sábado, 23 de abril de 2022

Conto "Um Incêndio no Céu", por Roberto Fiori

Incêndio, formando uma linha incandescente sobre a terra, e focos de queimadas pelo solo seco.

Passadas largas pela calçada, nessa madrugada de Inverno, faziam-me lembrar de pinhas caindo maduras pelo solo de uma floresta temperada, algures ao Norte ou ao Sul. Pensava que aquilo no céu, a estranha formação de cristais em órbita da Terra, disposta no espaço por uma série de naves de transporte, cairia em algumas horas. Era impossível que se mantivesse coesa e unida por tempo indefinido.

Meus pés chutavam pedriscos pelo chão e sementinhas de árvores plantadas ao longo da alameda. O vento frio de antes da alvorada penetrava em minhas roupas grossas de lã e algodão, mas eu nem o sentia, divagando sobre como se chegara a tal ponto, uma ameaça que tinha origem na salvação da Humanidade e, agora, significava sua destruição.

Passei pela guarita de vigilância em uma delegacia de polícia e resolvi entrar. Levantei o rosto para que os identificadores faciais pudessem me reconhecer e eu tivesse permissão para adentrar o edifício. Parei na porta blindada e esperei. Em alguns segundos, ela se abriu e eu pude entrar no nicho. Sensores laser permitiram que eu entrasse na delegacia, liberando a porta interna. Pensei que a tecnologia era simples, na teoria, mas complexa, na medida em que se progredia e se alcançava os cumes das montanhas de conhecimento.

A última palavra em sabedoria surgira há cinco anos, quando se inventara o conceito de cristais monoclimais. Controlariam o clima, de uma altitude orbital de trinta mil quilômetros. No início, funcionaram, unidos e compactados em uma esfera de quinhentos metros de raio. Mas, há um ano, detectara-se anomalias na estrutura da formação. Os elementos cristalinos constituintes da esfera perderam sua estabilidade, começando a separar-se uns dos outros. Calculara-se que levariam de três a cinco horas para se desintegrar nas camadas que antecederiam a sua entrada na atmosfera e, quando isso ocorresse, gases existentes no interior dos cristais interagiriam com o vento solar. 

O apocalipse seria libertado.

O oxigênio seria separado do restante dos constituintes da atmosfera. Um cataclisma ocorreria, quando tal gás entrasse em combustão, devido ao contato do oxigênio com elementos que o incendiassem, existentes em refinarias e indústrias em que combustíveis eram utilizados na fabricação de insumos.

E eu, o responsável pela construção dos cristais que controlariam o aquecimento climático, era o único a conhecer este segredo.

Caminhei até a recepção e falei:

— Tragam-me um policial, um juiz, um carcereiro e um executor.

Tal foi feito e fui conduzido a uma sala, onde tudo o que aconteceria foi registrado por um gravador de pen-drive. Algemado, fui conduzido a uma cela destinada aos criminosos de altíssima periculosidade. Dispensei a presença de um advogado, na sessão extraordinária do tribunal, que se seguiu. O júri declarou-me culpado. 

— Tem algo a dizer em sua defesa, doutor Lottimer?

— Não. Mas não há necessidade de gastar dólares em injeções letais. Pelo meu relógio, faltam dez minutos para que a crosta terrestre se transforme em um Inferno de Dante.

— Sabe — perguntou-me Sua Excelência — de algum modo de evitarmos isso?

— Quem puder, se esconda em bunkers. Ou em túneis dos metrôs. 

— E... — começou a falar o juiz. Eu completei:

— ... quem não puder, meta uma bala na cabeça. Não será agradável respirar a atmosfera incandescente que tomará conta do planeta, no futuro próximo.

— Levem-no — disse o juiz aos policiais que faziam a segurança da sala do tribunal — e deixem-no sob escolta policial, no meio da rua. Se isso não for o sonho de um lunático, terá sua execução em dez minutos.

Ele bateu com o martelo de madeira no suporte de sua mesa e deu por encerrada a sessão.

A Terra se tornou um amálgama de pontos de luz, que se aglutinaram e formaram uma única mancha branca e brilhante, vista da Lua. Na superfície do satélite natural, cinco domos haviam sido construídos, abrigando vinte pessoas. Vinte astronautas que acompanharam por vídeo a desgraça que se abatera sobre o planeta natal.

Ficaram intrigados, quando foi impossível contatar a Nasa, a Space X, a Europa, a China. Entregaram-se ao horror, ao perscrutarem, de seus telescópios montados sobre os domos, o fogo mortal que cobrira a atmosfera da Terra.

Levariam alguns dias, até constatarem que teriam de sobreviver sem o auxílio terrestre. Sabiam que isso era possível, mas jamais tentado.

Porém, como dizia o ditado: para tudo há uma primeira vez.



SOBRE  O AUTOR:
Roberto Fiori é um escritor de Literatura Fantástica. Natural de São Paulo, reside atualmente em Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo. Graduou-se na FATEC – SP e trabalhou por anos como free-lancer em Informática. Estudou pintura a óleo. Hoje, dedica-se somente à literatura, tendo como hobby sua guitarra elétrica. Estudou literatura com o escritor, poeta, cineasta e pintor André Carneiro, na Oficina da Palavra, em São Paulo. Mas Roberto não é somente aficionado por Ficção Científica, Fantasia e Horror. Admira toda forma de arte, arte que, segundo o escritor, quando realizada com bom gosto e técnica apurada, torna-se uma manifestação do espírito elevada e extremamente valiosa.

Roberto Fiori sempre foi uma pessoa que teve aptidão para escrever. Desde o ginásio, passando pelo antigo 2º Grau, suas notas na matéria de redação eram altas, muito acima da média. O que o motivava a escrever eram suas leituras, principalmente Ficção Científica e Fantasia. Descobriu cedo, pelo mestre da Fantasia Ray Bradbury, que era a Literatura Fantástica que admirava acima de qualquer outro gênero literário.

Em 1989, sob a indicação de uma grande amiga sua, Loreta, que o escritor conheceu a Oficina da Palavra, na Barra Funda, em São Paulo. E fez uma boa amizade com o maior professor de literatura que já tive, André Carneiro. Sem dúvida alguma, se não fosse pelo André, Roberto nos diz que jamais saberia o que sabe hoje, sobre a arte da escrita. Nos cursos que ele ministrava, o autor aprendeu na prática a escrever, as bases de como tornar uma mera história de ficção em uma obra que atraísse a atenção das pessoas.

“Futuro! – Contos fantásticos de outros lugares e outros tempos” é uma obra parte Fantasia, parte Ficção Científica, parte Horror, e que poderá vir a se tornar realidade, quer em outra época, no futuro, quer em outra dimensão paralela à nossa. Vivemos em um Cosmos que não é o único, nessa teia multidimensional chamada Multiverso. Ele existe, segundo as mais avançadas teorias da cosmologia. São Universos Paralelos, interligados por caminhos ou “wormholes” – buracos de minhoca. Um “wormhole” conecta dois buracos negros, ou singularidades, em que a gravidade é tão elevada que nada pode escapar de sua atração gravitacional, nem mesmo a luz. Em tais “wormholes”, o tempo e o espaço perdem suas características, tornam-se algo que somente pode-se especular e deduzir matematicamente.

“Futuro! – Contos fantásticos de outros lugares e outros tempos” é uma coletânea de treze contos e noveletas. Invasões alienígenas por seres implacáveis, ameaças vindas dos confins da Via Láctea por entidades invencíveis, a luta do Homem contra uma raça peculiar e destrutiva ao extremo, terrível e que odeia o ser humano sem motivo algum. Esses são exemplos de contos em que o leitor poderá não enxergar qualquer possibilidade de sobrevivência para o Homem. Mas, ao lado de relatos de pesadelo, surgem contos que nos falam de emoções. Uma máquina pode apresentar emoções? Ela poderia sentir, se emocionar? Nosso povo já esteve à beira da catástrofe nuclear, em 1962. Isso é realidade. Mas e se nossa sobrevivência tivesse sido conseguida com uma pequena ajuda de uma raça semelhante à nossa em tudo, na aparência, na língua, nos costumes? E que desejaria viver na Terra, ao lado de seus irmãos humanos? Há histórias neste livro que trazem ao leitor uma guerra milenar, que poderá bem ser interrompida por um casal, cada indivíduo situado em cada lado da contenda. E há histórias de terror, como uma presença, não mais que uma forma, que mata, destrói e não deixa rastros. 
Enfim, é uma obra de ficção, mas que poderá vir a se revelar algo palpável para o Homem, como na narrativa profética da destruição de um planeta inteiro.

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Um comentário:

  1. Bem atual, gosto muito dessa coisa futurista. Está bem descrito. Parabéns!

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