“Uma dicotomia de amor e ódio”, é como Georgina Martins define sua nova obra, “Há muitas formas de se fazer macarrão – e outras brutalidades”, seu primeiro livro destinado ao público adulto e que traduz os bastidores de uma relação abusiva e paradoxal.
Autobiográfico, o livro traz em sua narrativa temas sensíveis à sociedade, tais como: dependência emocional, relacionamentos abusivos, abandono, racismo, alienação parental, vícios e drogas - expostos com muita sutileza pela escritora.
Além disso, a obra traz à tona – mesmo que subliminarmente – a necessidade de mudança de status social como uma condição de superação dos conflitos vividos pelo casal, acentuados, na maioria das vezes, pelas dificuldades e limitações da vida no subúrbio.
“Nunca pensei que um dia pudesse morar em um bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro, região em que as ruas são largas, iluminadas e sem fiação elétrica emaranhada por sobre as cabeças dos moradores, como nos bairros do subúrbio.”
“Sinto saudade da elegância quase cruel com que você cometeu tantas mudanças em minha vida, como morar na Zona Sul, quando não tínhamos um tostão para bancar os aluguéis.”
Georgina Martins está acostumada a transitar pelo universo da literatura infantil. Professora universitária e doutora em Literatura Brasileira, escreveu O menino que brincava de ser, Minha família é colorida, Uma maré de desejos, Em busca do mar, entre outros títulos que resultam de experiências pessoais.
Desta vez, em “Macarrão”, como é carinhosamente chamado, as memórias da vida conjugal entre Dionísio e Susana – nomes fictícios – ganham forma em um romance marcado por contradições, em que Susana exalta as paixões e os temores de uma história que se arrastou por quase 20 anos.
“Há muitos fantasmas que rondam esse livro. Mas achei que podia dialogar com outras mulheres. Foi muito difícil escrever e está sendo difícil lidar com ele escrito. Só consegui me ver em uma relação tóxica, abusiva, durante a escrita. Foi um processo terapêutico”, declara a autora.
“Há muitas formas de se fazer macarrão – e outras brutalidades”, que já esteve disponível no Kindle, segue agora na versão impressa e está disponível no site da editora Patuá. A ilustração da capa é de Camilo Martins e o prefácio de Martha Alkimin, professora Associada do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Faculdade de Letras da UFRJ.
Sobre
Georgina Martins é professora e escritora, e desde o início de sua carreira desenvolve projetos que visam a erradicação da lgbtqfobia e do racismo. Escreveu os livros infantis e juvenis: O Menino que Brincava de Ser, que conta a história de um menino que desejava ser menina; Tal Pai, Tal filho? e Todos os Amores. Esses três livros retratam histórias de meninos e meninas que enfrentam toda sorte de preconceitos por não corresponderem aos padrões impostos pela sociedade.
Contra o racismo, escreveu Minha família é Colorida, Meu Tataravô era Africano e Uma Maré de Desejos. Esse último ambientado na favela da Maré, no tempo em que Georgina atuou na Oficina da Palavra com crianças e adolescentes de oito escolas públicas.
Sua temática é a desigualdade social, a discriminação, e seus personagens são os invisibilizados pela sociedade capitalista: os pobres, os “diferentes”, os pretos. Temas que autora desenvolve com propriedade e sensibilidade, principalmente, por ter sofrido na pele a discriminação e o preconceito.
Nesse momento estreia na literatura para adultos com o romance autobiográfico Há Muitas Formas de se Fazer Macarrão e Outras Brutalidades, publicado pela editora Patuá, e com publicação em Portugal pela editora Humus. Um texto que fala de relação abusiva, de opressão, de casamento, de amor e de ódio.
Serviço
Instagram - @martins_georgina
Livro impresso: https://bit.ly/Patua_GM
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