Biografia da Autora:
Negar Emrani, nasceu em Mashhad, Irã, formou-se em Biotecnologia. Após anos de carreira na ciência, devido à crise econômica no Irã, ela encontrou a oportunidade de se especializar em Literatura e na Arte da poesia, que eram seus interesses pessoais há anos.
Algumas de suas obras na forma de poesia contemporânea foram publicadas em jornais não-iranianos, como "Asymptote Journal Tinge Magazine" "Tinderbox", "The Literati Quarterly".
Suas canções e letras também foram publicadas em coleções como "Khorasaneh" (o livro de letras da província de Khorasan), às vezes com música ou apenas por escrito.
Sinopse da Obra:
Usando uma mistura da linguagem direta com a linguagem emocional subentendida, Negar Emrani traz, em Algum Lugar Entre o Mundo e o Espelho, diversos aspectos que permeiam não apenas vivências pessoais, mas aquelas que, de certa forma, mesmo sendo privadas, são os revérberos de toda uma sociedade.
Neste conjunto de poemas veremos o destrinchar dos mais profundos e – às vezes – controversos sentimentos da consciência humana perante seu ambiente e suas contrariedades, que ora fazem com que o leitor se identifique, ora fazem com que se aprofunde numa cadeia de misteriosas conotações sobre a solidão, a luta, a guerra, a força feminina, a sombra familiar e os reflexos da mente e, principalmente, do coração. Afinal, seriam esses reflexos emocionais, muitas vezes invisíveis para uns, e até mesmo abstratos demais para serem transformados em palavras concretas, mas tratados de forma rica e singela pela autora, justamente o que há entre o mundo e o espelho?
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Poesia
A Profetisa
Eu sonhava com terrenos chuvosos,
De uma mulher que estava
Espalhando os cabelos à luz
Para que os pássaros pudessem colher grãos
Espalhados pelo chão.
Sonhei com dentes de leão
Que não tinham nada a dizer ao vento.
Sonhei com uma joaninha
De uma asa costurando o chão no céu
E as folhas secas vagando ao léu.
A seca estava sobre nós, e minha mãe
Estava se encolhendo em um canto da sala,
Juntando a chuva em seus olhos.
Alguma mulher
Sai do espelho todos os dias,
E ela está se aproximando
Enquanto o mundo
Aos poucos vai se acabando.
Um dia para o aniversário dela,
Outro dia para sua morte
Sem sorte.
Alguma mulher
Dentro do meu punho esquerdo,
Na crista dos meus seios,
Entre os meus cabelos
Algumas vezes molhados!
Ela sai, e tudo o que resta dela
São as pegadas dela
Marcadas em minha testa.
Alguma mulher,
Cujo cabelo é a própria pobreza,
Estica dentro
Dos meus braços para o amanhã.
Eu nunca soube
Qual dente podre
Me deu meu sorriso.
Eu tenho escondido
A tristeza entre os pistácios,
Ano a ano,
Pobre tentativa de fugir dos enganos.
A morte está próxima.
Sentada, estou assistindo o pôr do sol,
Antes de murchar o último girassol.
Um dia uma árvore crescerá
Como uma profetisa em meu corpo,
Uma profetisa sem milagres,
Tudo o que ele poderá fazer
É separar o vento em duas partes.
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