João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

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quarta-feira, 4 de novembro de 2020

José Manoel Bertolote comenta sobre a tradução do livro "A Vida Privada dos Doze Césares" (Editora Degustar)


Sobre o tradutor:

José Manoel Bertolote é Médico, Psiquiatra, Professor da Faculdade de Medicina de Botucatu-UNESP. Casado, um filho e uma filha. Trabalhou durante mais de vinte anos na sede da Organização Mundial da Saúde em Genebra, Suíça. Tem como hobby criação de carpas koi, jardinagem e culinária. Já publicou (no Brasil e no Exterior) 110 livros  (dos quais escreveu 19 inteiros e 26 capítulos em livros de outos organizadores). Tem 14 traduções já publicadas (do espanhol, francês, inglês e latim).   

Sobre o autor Hancarville:

Pierre Francois Hugues (1719-1805), mais conhecjdo como Barão d'Hancarville foi um historiador, crítico e colecionador de arte, especializado em arte romana, grega e etrusca. Publicou quatro obras sobre esses temas, hoje clássicas: Recherches Sur L'Origine, L'Esprit Et Les Progres Des Arts De La Grece; Sur Leur Connections Avec Les Arts Et La Religion Des Plus Anciens Peuples Connus (3 vols., Londres, 1785; Collection Of Etruscan, Greek And Roman Antiquities (4 vols., Nápoles, 1766), Monumens de la vie privée des XII Césars d’apres une suite de pierres et médailles gravées sous leur règne. Capri, 1780; e Monumens du culte secret des dames romaines. Rome, 1787.

Sobre o livro "A Vida Privada dos Doze Césares":

O livro descreve pormenores da vida amorosa e sexual dos doze imperadores romanos, de Júlio César a Domiciano, passando por Nero, Tibério e Calígula, e suas mulheres, de Cleópatra a Messalina. É ilustrado com reproduções feitas a partir de medalhas e entalhes de época, integrantes de coleções privadas. Vai muito além das descrições circunspectas de historiadores e cronistas como Petrônio, Suetônio e Tácito.   

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Para iniciarmos, gostaríamos de saber como foi o início do seu trabalho como tradutor de obras literárias.

José Manoel Bertolote:  Tenho traduzido três tipos de obras: textos acadêmico-científicos, obras relativa à gastronomia e clássicos da literatura erótica.

Os primeiros, traduzi a pedido de editoras universitárias e os segundos também a pedido de editoras comerciais do ramo da gastronomia.

Já os terceiros, entre os quais se enquadra "A Vida Privada dos Doze Césares", surgiram porque, morando no Exterior, tinha acesso a certos textos antigos, clássicos da literatura erótica mundial de alto nível, que nunca haviam sido traduzidos para o português. Comentei isso com amigos que moravam no Brasil e alguns pediram-me que traduzisse alguns trechos para eles. Com o tempo, tinha muito material traduzido; isso chegou ao conhecimento da Editora Degustar que resolveu publicar alguns deles.

Conexão Literatura: A Editora Degustar acabou de publicar no Brasil o excelente livro “A vida privada dos Doze Césares”. Poderia comentar sobre a tradução da obra e quanto tempo demorou para concluí-la? 

José Manoel Bertolote: Essa obra é um dos clássicos da literatura erótica de alto nível mencionados anteriormente . A obra foi publicado originalmente em francês, em 1780 e teve um percurso bastante tumultuado, sendo proibida e recolhida por autoridades governamentais em diversas ocasiões. A tradução foi feita a partir de cópia autorizada da edição princeps existente na Biblioteca Nacional da França e traduzida aos poucos, ao longo de quatro anos. Parte desse tempo foi gasto em cotejar as citações de clássicos latinos e gregos feitas por d'Hancarville. Várias dessas citações são de clássicos da literatura grega e latina, muitas delas parte de currículos acadêmicos; porém, muitas vezes as traduções existente são "pasteurizadas" e fora e contexto, o que as torna aborrecidas e maçantes.

Conexão Literatura: Por que a Editora Degustar decidiu publicar “A vida privada dos Doze Césares”?

José Manoel Bertolote: Creio que porque esse texto faz parte da política editorial da Editora Degustar de trazer ao público lusófono textos clássicos até então inexistentes em língua portuguesa.  

Conexão Literatura: O que o leitor brasileiro encontrará nessa obra de Hancarville?

José Manoel Bertolote: Uma descrição muito às claras do relacionamento amoroso e sexual de personagens  históricos, com profundas implicações políticas, que moldaram toda uma era, sem os véus de textos de História Antiga (por exemplo, Suetônio e Tácito) e sem edulcoração dos filmes de Hollywood.  

Conexão Literatura: Poderia comentar sobre a arte da capa?

José Manoel Bertolote: Trata-se da reprodução de um camafeu do escultor romano Arelium, atualmente numa coleção particular. Ela mostra o Imperador Marco Antônio e a famosa cortesã Citeris passando em carruagem diante das tropas nus, dedicados a carícias íntimas. Esse era um fato perfeitamente aceitável para um imperador romano.  

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do livro especialmente para os nossos leitores?

José Manoel Bertolote:  Ninguém ignora que Júlio César talvez tenha sido o maior homem que Roma produziu: grande general, intrépido guerreiro, ânimo vasto e empreendedor, escritor admirável, político sagaz, orador eloquente, reuniu em si todas as qualidades e todos os talentos. Era, ademais, muito bem apessoado, magnífico, liberal, muito galante, o ídolo de todas as damas romanas, cujos amantes e esposos temiam-no tanto quanto seus inimigos. Dizia-se comumente que era o marido de todas as mulheres e a mulher de todos os maridos. (p 19)

........

Falaremos aqui apenas de sua devassidão [de Calígula], à qual ele começou a entregar-se bem cedo, começando essa carreira com um incesto. Era ainda muito jovem e morava com suas irmãs em casa de Antônia, sua avó. Essa respeitável senhora, suspeitando, sem dúvida de algo, levantou-se um dia bem cedinho e foi, sem ruído, ao dormitório e surpreendeu Calígula deitado com Drusila, desfrutando de suas primícias.

"Sabe-se que ainda usava a toga infantil quando deflorou sua irmã, Drusila, e foi surpreendido ainda na cama com ela, por sua avó Antônia em cuja casa viviam". (Suetônio)

Veremos em seguida que tampouco poupou sua duas irmãs mais jovens, mas Drusila foi quem realmente conquistou seu coração e por quem cometeu mil loucuras. (p. 119-120

Conexão Literatura: Como o leitor interessado deverá proceder para adquirir um exemplar do livro e saber um pouco mais sobre a Editora Degustar? 

José Manoel Bertolote:  Indo para o site https://galeriadegustar.com.br ou solicitando pela Amazon ou ainda na Livraria Martins Fontes da Paulista.

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