Rogério Brasil Ferrari - Foto: Fernanda Chemale |
Fale-nos sobre você. Fale-nos sobre seu livro. O que o motivou a escrevê-lo?
Nascido em Porto Alegre, em agosto de 1962, sou jornalista, formado em comunicação social pela Famecos-PUCRS. Meu trabalho tem sido direcionado para a realização audiovisual, atuando como roteirista, diretor e montador cinematográfico. Sou diretor de três curtas-metragens de ficção em 35mm, intitulados Vicious (1988), Paulo e Ana Luiza em Porto Alegre (1998) e Snake (2001), e codiretor de dois longas-metragens documentais (Brizola, Tempos de Luta, em parceria com Tabajara Ruas, e Matheus Schmidt, um caso de amor pelo Brasil, com Márcia Schmidt), além de atuar em outros projetos audiovisuais, de diferentes naturezas e metragens. Sempre tive na escrita uma atividade primordial, tanto no aspecto profissional quanto pessoal, tanto para o cinema quanto para outros meios. Ao Sul da Fronteira surgiu originalmente como um argumento de longa-metragem, porém com o andar do tempo e dos tratamentos, veio trazendo à tona sua natureza literária, num processo de transcriação feito ao longo de alguns anos, o qual me deu muito trabalho e também grande satisfação. A motivação tem duas vertentes, uma interna, a qual diz respeito à necessidade de expressão, pela escrita, e a outra externa, na busca de um argumento que traga ao livro contemporaneidade e relevância no aspecto temático. Questões de identidade e desmemória são problemáticas de fundo neste início de milênio, enquanto os anos de chumbo ainda pesam nas costas dos povos latino-americanos, cada qual a seu modo e de acordo com sua perspectiva. Lidar com esses nós estruturais das personalidades de nosso tempo dentro de uma narrativa ágil, conduzida no dinamismo das tramas policiais de espionagem, é a meu ver o que faz a viagem de Ao Sul da Fronteira valer a pena, tanto para os personagens quanto para o leitor. O que começa no cotidiano de um casamento que se desfaz no dia a dia porto-alegrense para Helena, na intensidade dos seus trinta e poucos anos, avança por caminhos e desvios nos quais a fantasia transita em meio aos fantasmas que assombram os porões do continente, forjados no chumbo dos golpes e revoluções. Como diz a sinopse, ao sul da fronteira encontram-se os segredos que escondemos de nós mesmos.
Nascido em Porto Alegre, em agosto de 1962, sou jornalista, formado em comunicação social pela Famecos-PUCRS. Meu trabalho tem sido direcionado para a realização audiovisual, atuando como roteirista, diretor e montador cinematográfico. Sou diretor de três curtas-metragens de ficção em 35mm, intitulados Vicious (1988), Paulo e Ana Luiza em Porto Alegre (1998) e Snake (2001), e codiretor de dois longas-metragens documentais (Brizola, Tempos de Luta, em parceria com Tabajara Ruas, e Matheus Schmidt, um caso de amor pelo Brasil, com Márcia Schmidt), além de atuar em outros projetos audiovisuais, de diferentes naturezas e metragens. Sempre tive na escrita uma atividade primordial, tanto no aspecto profissional quanto pessoal, tanto para o cinema quanto para outros meios. Ao Sul da Fronteira surgiu originalmente como um argumento de longa-metragem, porém com o andar do tempo e dos tratamentos, veio trazendo à tona sua natureza literária, num processo de transcriação feito ao longo de alguns anos, o qual me deu muito trabalho e também grande satisfação. A motivação tem duas vertentes, uma interna, a qual diz respeito à necessidade de expressão, pela escrita, e a outra externa, na busca de um argumento que traga ao livro contemporaneidade e relevância no aspecto temático. Questões de identidade e desmemória são problemáticas de fundo neste início de milênio, enquanto os anos de chumbo ainda pesam nas costas dos povos latino-americanos, cada qual a seu modo e de acordo com sua perspectiva. Lidar com esses nós estruturais das personalidades de nosso tempo dentro de uma narrativa ágil, conduzida no dinamismo das tramas policiais de espionagem, é a meu ver o que faz a viagem de Ao Sul da Fronteira valer a pena, tanto para os personagens quanto para o leitor. O que começa no cotidiano de um casamento que se desfaz no dia a dia porto-alegrense para Helena, na intensidade dos seus trinta e poucos anos, avança por caminhos e desvios nos quais a fantasia transita em meio aos fantasmas que assombram os porões do continente, forjados no chumbo dos golpes e revoluções. Como diz a sinopse, ao sul da fronteira encontram-se os segredos que escondemos de nós mesmos.
Como analisa a questão da leitura no país?
A leitura no Brasil sempre foi uma atividade um tanto restrita, até porque poucas vezes as deficiências de alfabetização, de origem socioeconômica, foram tratadas de maneira eficiente e apropriada. Mesmo assim, temos exemplos maravilhosos de pessoas que se dedicaram a esta tarefa primordial, sob diversas formas, entre as quais sem dúvida é fundamental destacar sempre o método de Paulo Freire. Educadores criativos, capacitados e dedicados temos em todos os recantos do país, fazendo brotar sementes que mantêm acesa esta chama da leitura. Por outro lado, os novos meios individuais de entretenimento eletrônico tornam a leitura uma entre muitas alternativas. Vídeos no celular, os jogos de computador, os fones de ouvido e as pequenas telas que se multiplicam nos bolsos e bolsas, principalmente da juventude, criam novas possibilidades, nas quais a escrita se apresenta na forma de códigos digitais e a leitura se dá através de interfaces gráficas, com animações, sons e imagens, criando novas formas de interatividade. Eu mesmo me criei ainda lendo sob o sol rebatido através das janelas na hora da sesta ou à luz de velas e lampiões nas noites na estância, Dumas, Lobato, Erico. Os gibis com a lanterna acesa em casa, escondido depois da hora de dormir. Mais tarde Hemingway, Amado, Fitzgerald, Josué Guimarães, Agatha Christie, Poe, Assis Brasil, John Fante, os policiais, Chandler, Chester Himes, Elmore Leonard, a ficção alucinada de K. Dick, Virginia Wolf, Brett Easton Ellis, Faulkner, tantos que depois irei me lembrando e querendo acrescentar aqui. Sempre busquei na literatura, confesso, o entretenimento como função primeira. Ler sempre foi um grande prazer. Todo o conhecimento que ela traz vem como uma complementação do processo, mas para mim o que deve nos unir a um livro é antes de tudo o prazer. Em relação às atuais e novas gerações, o desafio é superar tantos obstáculos e continuar oferecendo aos jovens, adultos e crianças narrativas que os encantem e permitam viajar pelas páginas do livro, envolto nos acontecimentos e vivenciando a experiência dos personagens.
Qual dica que poderia fornecer a um aspirante a escritor?
Quem sou eu para dar dicas, mas vamos lá... Que leia muito. E que viva bastante. A leitura traz o prazer e o manejo da língua, e a vida proporciona a experiência, os acontecimentos, as emoções e sensações, sem as quais não existe literatura. Para quem já está nessa jornada há algum tempo, deve estar sabendo que precisa também de muita dedicação e desprendimento. Já foi dito que escrever é reescrever. Entre outros, devo muito ao professor Marques Leonam, na cadeira de redação no jornalismo, por ter me ensinado como enfrentar sem medo a página em branco. Ao mestre Aníbal Damasceno, por me apresentar mecanismos de estruturar a narrativa, e pelas longas conversas sobre arte e cultura. E ao mestre Luís Antônio Assis Brasil por me incentivar a explorar as possibilidades criativas de forma plena, aberta e metódica. Claro que para isso é preciso um propósito e uma maneira de se comunicar. Para mim, esse é o ponto mais complexo. Definir o tema, o argumento que irá nortear o trabalho, a narrativa. Porque é isso que vai sustentar todo o trabalho, paciência e dedicação que vêm depois, ao longo do tempo.
O que tem lido ultimamente?
Estou lendo Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie. Recentemente, poderia citar duas trilogias: 1Q84, de Haruki Murakami, e a trilogia America, de John dos Passos. Também reli há pouco As Belas Imagens, de Simone de Beauvoir.
Quais os seus próximos projetos?
No momento, o principal projeto é o lançamento do livro Ao Sul da Fronteira, meu primeiro romance. Também está sendo lançado agora em outubro no circuito de cinema o longa-metragem Matheus Schmidt, um caso de amor pelo Brasil, documentário do qual sou codiretor, ao lado de Márcia Schmidt. Para quem faz e trabalha com arte e cultura no Brasil, o momento é de resistir contra o obscurantismo, a censura e a ignorância que se alastram a partir dos corredores do poder para as ruas e recantos das nossas cidades. E fazer isso no dia a dia das nossas atividades. Realizei recentemente uma série de videoclipes para a baterista Biba Meira, os quais fazem parte de seu disco solo Suave Coisa Nenhuma (Biba está começando a publicar os vídeos em seu canal no youtube), e tenho na internet um site com a websérie Urbanautas (urbanautas.net), com doze episódios de cinco minutos sobre arte urbana, apresentando um tatuador (Edu Tattoo), uma fotógrafa (Fernanda Chemale) e um grafiteiro (LF Trampo). Na literatura, espero que este livro quem sabe abra a possibilidade para novas histórias pela frente. Mas por enquanto, meu projeto principal é desejar boa leitura a todos que se aventurarem pelas páginas de Ao Sul da Fronteira. E esperar os amigos e novos leitores na sessão de autógrafos que irá acontecer na Feira do livro de Porto Alegre, em novembro.
Cida Simka é licenciada em Letras pelas Faculdades Integradas de Ribeirão Pires (FIRP). Coautora do livro Ética como substantivo concreto (Wak Editora, 2014) e autora dos livros O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática (Wak Editora, 2016), O enigma da velha casa (Editora Uirapuru, 2016), “Nóis sabe português” (Wak Editora, 2017) e Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019). Organizadora dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019). Integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
Sérgio Simka é professor universitário desde 1999. Autor de mais de cinco dezenas de livros publicados nas áreas de gramática, literatura, produção textual, literatura infantil e infantojuvenil. Idealizou, com Cida Simka, a série Mistério, publicada pela Editora Uirapuru. Organizador dos livros Uma noite no castelo (Editora Selo Jovem, 2019) e Contos para um mundo melhor (Editora Xeque-Matte, 2019). Autor, dentre outros, do livro Prática de escrita: atividades para pensar e escrever (Wak Editora, 2019). Membro do Conselho Editorial da Editora Pumpkin e integrante do Núcleo de Escritores do Grande ABC.
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