Philip K Dick é um
dos escritores de ficção científica mais adaptados para o cinema. Seus textos,
em especial os contos, tinham todas as características para se tornarem filmes
de sucesso. Ação na medida certa e história instigante, geralmente com um plot
Twist verossímil.
Realidades adaptadas
é um livro da Alephn que reúne os contos do autor que foram filmados. O título
destaca a principal questão por trás de todos os textos: o que é real e o que
não é em um mundo de simulacros.
O próprio autor
refletiu sobre isso, em nota publicadas no final do volume, a respeito do
conto Segunda variedade: “Neste conto meu tema principal – Quem é humano e o
que aparenta ser (simulacro) humano? – emerge de forma mais sublime. A menos
que consigamos, individual ou coletivamente, ter certeza da resposta a essa
pergunta, temos de encarar o que, em minha opinião, é o problema mais sério de
todos. Se não a respondermos adequadamente, não poderemos ter certeza sobre
nossa própria natureza (...) Para mim, nenhuma pergunta é mais importante. E a
resposta é difícil de ser encontrada”.
A obra é uma seleção
única, de extrema qualidade, de forma que é difícil destacar os melhores contos
– e mais difícil ainda resumi-los sem dar spoillers. Mas alguns merecem
destaque.
O famoso “Lembramos
para você a preço de atacado” deu origem ao filme O Vingador do futuro e tem
sido usado para discutir os problemas da memória: um homem pacato vai a uma
empresa que lhe incutiria memórias de uma falsa viagem a Marte na qualidade de
espião. Mas, ao fazer isso, ele descobre que realmente havia ido a Marte e que
era um espião. Ficção e realidade se misturam e se alternam de maneira genial.
Segunda variedade fala
de uma arma de guerra travada através de seres cibernéticos, esferas que
estraçalham o inimigo. Mas tudo parece sair do controle quando elas começam a
se consertar e a fabricar novos robôs – alguns perigosamente parecidos com
humanos. É um triller de suspense que envolve um grupo de sobreviventes e a
pergunta: quantos deles são realmente humanos?
O impostor é talvez
um dos menos conhecidos do volume, mas um dos mais intrigantes. Autoridades
descobrem que um cientista importante foi trocado por uma cópia cibernética que
é, na verdade uma bomba. Mas o cientista sabe que é humano e tem que provar sua
humanidade antes de ser morto. Dick brinca com as expectativas do leitor e com
a nossa noção de humano.
Um ponto negativo da
edição da Aleph são os textos introdutórios, muito curtos, a maioria dos quais
se limitando apenas a dar informações básicas sobre os filmes adaptados dos
contos, como diretor, roteiristas e atores.
Conheço alguns dos contos de K. Dick e são mesmo muito bons... estou conhecendo a revista agora, acredito que vou achar bem interessante.
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