João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

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quarta-feira, 17 de julho de 2019

O mistério de Edwin Drood



Charles Dickens foi um dos mais importantes escritores do século XX, responsável por criar a imagem que temos atualmente do natal. Ele tinha uma relação interessante com Edgar Allan Poe. O autor inglês excursionou pelos Estados Unidos quando Poe iniciava sua carreira literária e influenciou-o diretamente. No final da vida, Dickens foi influenciado por Poe e colocou seu talento a serviço do gênero criado pelo autor do conto “Os crimes da rua Morgue”. O resultado disso é o livro O mistério de Edwin Drood.          
Dickens escreveu seu texto e publicou-o em fascículos ao longo do ano de 1970. Quando estava pouco mais da metade, morreu, sem deixar nenhuma anotação de como pretendia resolver o mistério do estudante que desaparece em uma noite de tempestade.   
O romance ficou inacabado e se tornou, ele mesmo, um mistério. Quem teria matado Edwin Drood? Teria ele realmente morrido?
Dois anos depois de morto, Dickens terminou o texto através do médium norte-americano Thomas P. James (algo que parece ter saído diretamente de uma das histórias do próprio Dickens).
A edição que li, do Clube do Livro, de 1978, publica o final sem aviso sobre o adendo mediúnico. Além disso, traz diversos erros de revisão (em determinado ponto “livres” é grafado como “livros”), mas o volume permite perceber como Dickens se saía no gênero policial. Dickens parece estar mais preocupado com os personagens (e há vários deles antológicos, como o garoto Delegado), ao contrário de Poe, em que a ênfase está na construção da trama.
O final mediúnico apresenta um assassino óbvio, embora traga uma preocupação em mostrar o detalhamento da investigação. Mas não parece Dickens. A motivação do assassino é resumida em uma frase e quem leu Um conto de duas cidades sabe que o autor inglês era capaz de grandes reviravoltas em suas tramas.
O ideal é ler o livro como uma obra aberta, imaginado como teria sido o final escrito por Dickens vivo.
Em tempo, a edição da Lachâtr, mais recente,  é mais honesta que a do Clube do Livro, pois avisa que o parte do livro é de origem mediúnica.  

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