*Por Artur Salles Lisboa de Oliveira
A decadência da indústria pesqueira local desempenha um papel crucial na mobilidade social traduzida pela saída dos jovens de Dunnet Landing para outras regiões em decorrência da falta de oportunidades. O foco da escritora, entretanto, não é na construção de uma narrativa coesa, mas sim no desenvolvimento de um ambiente que permita aos leitores uma percepção aguçada das histórias de sofrimento e desilusões vividas pelos personagens.
Sarah Orne nos conta a história de Joanna Todd, uma prima há muito tempo falecida de Nathan Todd, que se mudou para uma remota e isolada ilha chamada Shell-Heap na qual a senhora viveu por muitos anos como uma verdadeira ermitã. A autora descreve a ilha como de difícil acesso devido às condições do mar e da presença de pedras por toda a praia. Assim, Orne inicia a sua reflexão sobre a tendência que nós temos de construir muros quando confrontados por situações de nostalgia e tristeza com as quais não conseguimos lidar.
A escritora desenvolve o conceito de “lugar de espera” (waiting-place), que consiste justamente nesse porto seguro cheio de muros altos que tendemos a construir à nossa volta quando não conseguimos lidar com as agruras que o envelhecimento nos traz. Vale ressaltar, entretanto, que Orne não descreve essa condição de estar “fechado” para o mundo como algo estritamente negativo. Na figura da senhora Joanna, Orne descreve uma mulher idosa que apresenta uma força espiritual ímpar. Logo, a autora sugere que a serenidade e conforto alcançados pela personagem parecem advir dos benefícios do isolamento.
Quando Sarah Orne retira a senhora Todd do seu isolamento e a coloca num encontro organizado pela família Bowden, que a proporciona reencontrar muitos de seus velhos amigos com os quais ela não tinha contato algum há vários anos, a autora nos faz refletir sobre a natureza dos relacionamentos. Inicialmente, Orne nos induz a concluir que quando nós compartilhamos um passado em comum com outros indivíduos, os laços de afeição criados dificilmente serão cortados pelo passar do tempo. A autora vai além.
Orne estrutura a sua narrativa (conto) com base em vinhetas dispersas (passagens não firmemente articuladas umas com as outras) de forma a alcançar um efeito de associações frouxas que criam uma sensação fantástica de isolamento emocional e físico dos personagens. Essa forma de estruturação textual combinada com o tema da nostalgia que abate os personagens do conto faz com que nos debrucemos sobre a seguinte ideia: a natureza dos relacionamentos e a sua força não advém necessariamente de uma proximidade física, mas especialmente de conexões e memórias compartilhadas.
Por fim, Sarah Orne alcança um segundo objetivo por meio de suas associações frouxas: ao levar ao leitor uma sensação de desorganização, de falta de coesão e unidade, Orne parece sugerir que quanto mais estruturada uma sociedade em um sentido de regras definidas a serem observados pelos cidadãos, menos íntimos e autênticos os relacionamentos entre os indivíduos se tornam. Portanto, a autora aponta o fator passagem do tempo como um agente de descaracterização de nossa espontaneidade.
Sarah Orne nos conta a história de Joanna Todd, uma prima há muito tempo falecida de Nathan Todd, que se mudou para uma remota e isolada ilha chamada Shell-Heap na qual a senhora viveu por muitos anos como uma verdadeira ermitã. A autora descreve a ilha como de difícil acesso devido às condições do mar e da presença de pedras por toda a praia. Assim, Orne inicia a sua reflexão sobre a tendência que nós temos de construir muros quando confrontados por situações de nostalgia e tristeza com as quais não conseguimos lidar.
A escritora desenvolve o conceito de “lugar de espera” (waiting-place), que consiste justamente nesse porto seguro cheio de muros altos que tendemos a construir à nossa volta quando não conseguimos lidar com as agruras que o envelhecimento nos traz. Vale ressaltar, entretanto, que Orne não descreve essa condição de estar “fechado” para o mundo como algo estritamente negativo. Na figura da senhora Joanna, Orne descreve uma mulher idosa que apresenta uma força espiritual ímpar. Logo, a autora sugere que a serenidade e conforto alcançados pela personagem parecem advir dos benefícios do isolamento.
Quando Sarah Orne retira a senhora Todd do seu isolamento e a coloca num encontro organizado pela família Bowden, que a proporciona reencontrar muitos de seus velhos amigos com os quais ela não tinha contato algum há vários anos, a autora nos faz refletir sobre a natureza dos relacionamentos. Inicialmente, Orne nos induz a concluir que quando nós compartilhamos um passado em comum com outros indivíduos, os laços de afeição criados dificilmente serão cortados pelo passar do tempo. A autora vai além.
Orne estrutura a sua narrativa (conto) com base em vinhetas dispersas (passagens não firmemente articuladas umas com as outras) de forma a alcançar um efeito de associações frouxas que criam uma sensação fantástica de isolamento emocional e físico dos personagens. Essa forma de estruturação textual combinada com o tema da nostalgia que abate os personagens do conto faz com que nos debrucemos sobre a seguinte ideia: a natureza dos relacionamentos e a sua força não advém necessariamente de uma proximidade física, mas especialmente de conexões e memórias compartilhadas.
Por fim, Sarah Orne alcança um segundo objetivo por meio de suas associações frouxas: ao levar ao leitor uma sensação de desorganização, de falta de coesão e unidade, Orne parece sugerir que quanto mais estruturada uma sociedade em um sentido de regras definidas a serem observados pelos cidadãos, menos íntimos e autênticos os relacionamentos entre os indivíduos se tornam. Portanto, a autora aponta o fator passagem do tempo como um agente de descaracterização de nossa espontaneidade.
Artur Salles Lisboa de Oliveira é autor das short stories “Palavras de Sobrevivência” e “Pequeno Mundo.” Saiba mais em www.artursalles.wordpress.com
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