Para retomar o projeto Cartas Negras, iniciado nos anos de 1990, depois perdido, Conceição Evaristo escreveu uma carta às antigas amigas escritoras do grupo e a autoras que surgiram depois dessa época. Ela convoca essas mulheres negras a romperem o silêncio e retomarem, ou se juntarem, a um novo momento da troca de missivas entre elas. A adesão foi imediata e massiva e, tanto a convocatória quanto as cartas-resposta podem ser vistas na publicação que acompanha a Ocupação em homenagem à escritora, e algumas na própria mostra.
Uma das grandes escritoras do país na atualidade e ativista do movimento negro, para o qual dá voz com a sua literatura e atuação, a também professora mineira Conceição Evaristo é a homenageada da 34ª Ocupação Itaú Cultural. Nascida em uma favela de Belo Horizonte, ela trabalhou como doméstica em sua cidade até seguir para o Rio de Janeiro, onde concluiu doutorado em literatura brasileira, ministrou aulas e se transformou em uma reconhecida autora de romances e contos. Além da exposição, com recursos de acessibilidade, a Ocupação tem programação especial, uma publicação e um hotsite.
Uma das grandes escritoras do país na atualidade e ativista do movimento negro, para o qual dá voz com a sua literatura e atuação, a também professora mineira Conceição Evaristo é a homenageada da 34ª Ocupação Itaú Cultural. Nascida em uma favela de Belo Horizonte, ela trabalhou como doméstica em sua cidade até seguir para o Rio de Janeiro, onde concluiu doutorado em literatura brasileira, ministrou aulas e se transformou em uma reconhecida autora de romances e contos. Além da exposição, com recursos de acessibilidade, a Ocupação tem programação especial, uma publicação e um hotsite.
Com visitação aberta ao público de 4 de maio a 18 de junho –, a vida, obra, influências e referências de Conceição Evaristo podem ser conferidas no Piso Paulista, o espaço expositivo do térreo no Itaú Cultural. A 34ª mostra da série Ocupação, realizada pelo instituto desde 2009, transpira as “escrevivências” da escritora, como ela mesma se refere ao seu trabalho – uma escrita que nasce das vivências, vivendo para narrar, narrando o que vive. São dela, obras reconhecidas como Ponciá Vicêncio, seu primeiro romance publicado, em 2003, Becos da Memória, de 2006, Poemas da Recordação e Outros Movimentos, lançado dois anos depois, e os livros de contos Insubmissas Lágrimas de Mulheres, de 2011, Olhos D´Água, de 2014, e Histórias de Leves Enganos e Parecenças, do ano passado. No dia da abertura da mostra, a própria Conceição faz a leitura de Olhos D’Agua.
Com curadoria da própria autora e dos Núcleos de Audiovisual e Literatura e de Educação e Relacionamento, e concepção artística de Aline Motta, a Ocupação Conceição Evaristo revela ao visitante a origem do domínio da escritora sobre as palavras, as ideias e sentimentos desencadeados, primorosamente, por ela e o percurso feito até se tornar escritora reconhecida na atualidade. Ela dá sequência à de Laura Cardoso, que abriu a série de ocupações, neste ano dedicada a mulheres – depois da atriz e da escritora, a próxima será a curadora de artes visuais Aracy Amaral, seguida da psiquiatra Nise da Silveira e da cantora Inezita Barroso.
Textos, fotografias, objetos pessoais, obras de referência, audiovisuais, manuscritos de poemas e contos, cartas de familiares e amigos conduzem o visitante por esse caminho iniciado em uma favela mineira, onde Conceição
cresceu cercada por palavras, graças à sua mãe, a lavadeira dona Joana. A velha senhora, mãe de 10 filhos, começou a escrever os seus próprios textos inspirada em Carolina Maria de Jesus (1914-1977), autora de Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada (1950), livro autobiográfico que narra a vida na periferia de São Paulo, traduzido para 13 idiomas. Sem dinheiro para comprar cadernos novinhos em folha, resgatava os que encontrava na rua, muitos em branco, e ali depositava os seus pensamentos sobre o dia a dia, as dificuldades da vida na favela, poemas e frases soltas. Formou, assim, uma obra nunca antes publicada, mas que, somada à cultura da oralidade colocada em prática dentro de casa, muito inspirou a filha, que viria a se tornar escritora.
Junta-se à exposição uma programação especial com mesas, debates, masterclass da autora e outras atividades conduzidas pelo Núcleo de Educação e Relacionamento. Também é acompanhada de amplo conteúdo virtual, como entrevistas em vídeo
sobre a vida e a obra da escritora e informações biográficas no site da Ocupação (itaucultural.org.br/ocupacao) e na Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras (http://enciclopedia.itaucultural.org.br/).
Nesta Ocupação, a publicação que acompanha todas as mostras da série ganha um caráter inovador ao retomar o projeto Cartas Negras, criado por Conceição e amigas escritoras, como Esmeralda Ribeiro, Geni Guimarães e Miriam Alves, nos anos 1990. Elas trocavam missivas sobre suas vidas, em uma espécie de debate escrito, também sobre outros temas como a solidão, o machismo e o racismo.
Nesta nova versão, as antigas parceiras juntam a sua voz e pensamentos a novas escritoras, como Ana Cruz, Ana Maria Gonçalves, Cristiane Sobral, Débora Garcia, Elizandra Souza, Jenyffer Nascimento, Lívia Natália, Mel Adún e Raquel Almeida.
Com curadoria da própria autora e dos Núcleos de Audiovisual e Literatura e de Educação e Relacionamento, e concepção artística de Aline Motta, a Ocupação Conceição Evaristo revela ao visitante a origem do domínio da escritora sobre as palavras, as ideias e sentimentos desencadeados, primorosamente, por ela e o percurso feito até se tornar escritora reconhecida na atualidade. Ela dá sequência à de Laura Cardoso, que abriu a série de ocupações, neste ano dedicada a mulheres – depois da atriz e da escritora, a próxima será a curadora de artes visuais Aracy Amaral, seguida da psiquiatra Nise da Silveira e da cantora Inezita Barroso.
Textos, fotografias, objetos pessoais, obras de referência, audiovisuais, manuscritos de poemas e contos, cartas de familiares e amigos conduzem o visitante por esse caminho iniciado em uma favela mineira, onde Conceição
cresceu cercada por palavras, graças à sua mãe, a lavadeira dona Joana. A velha senhora, mãe de 10 filhos, começou a escrever os seus próprios textos inspirada em Carolina Maria de Jesus (1914-1977), autora de Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada (1950), livro autobiográfico que narra a vida na periferia de São Paulo, traduzido para 13 idiomas. Sem dinheiro para comprar cadernos novinhos em folha, resgatava os que encontrava na rua, muitos em branco, e ali depositava os seus pensamentos sobre o dia a dia, as dificuldades da vida na favela, poemas e frases soltas. Formou, assim, uma obra nunca antes publicada, mas que, somada à cultura da oralidade colocada em prática dentro de casa, muito inspirou a filha, que viria a se tornar escritora.
Junta-se à exposição uma programação especial com mesas, debates, masterclass da autora e outras atividades conduzidas pelo Núcleo de Educação e Relacionamento. Também é acompanhada de amplo conteúdo virtual, como entrevistas em vídeo
sobre a vida e a obra da escritora e informações biográficas no site da Ocupação (itaucultural.org.br/ocupacao) e na Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras (http://enciclopedia.itaucultural.org.br/).
Nesta Ocupação, a publicação que acompanha todas as mostras da série ganha um caráter inovador ao retomar o projeto Cartas Negras, criado por Conceição e amigas escritoras, como Esmeralda Ribeiro, Geni Guimarães e Miriam Alves, nos anos 1990. Elas trocavam missivas sobre suas vidas, em uma espécie de debate escrito, também sobre outros temas como a solidão, o machismo e o racismo.
Nesta nova versão, as antigas parceiras juntam a sua voz e pensamentos a novas escritoras, como Ana Cruz, Ana Maria Gonçalves, Cristiane Sobral, Débora Garcia, Elizandra Souza, Jenyffer Nascimento, Lívia Natália, Mel Adún e Raquel Almeida.
A EXPOSIÇÃO
Nesta reunião de vivências e escritos, entre a obra criada por Conceição, cercada de seus símbolos de afetividade, espiritualidade e ancestralidade, o espaço expositivo ganha ares líricos, poéticos e encarna a força da negritude. Ao entrar, o visitante acessa o universo original da autora, pisando em chão de tijolos e tecidos azuis pendentes do teto. Encontra, ainda, três colchas feitas artesanalmente, com tecido, terra ou crochê, pelas artistas Lidia Lisboa, Janaina Barros, Rita Damasceno. Os seus trabalhos se chamam, respectivamente, Meia Lágrima, Passado-presente-e-o-que-há-de-vir (Ou a herança de Ponciá) e Kohra, inspirados nos contos de Conceição Meia Lágrima, Ponciá Vicêncio e Olhos D'Água.
Na sequência, uma sala na penumbra exibe um audiovisual projetado em trechos em dois suportes e na água contida em uma grande bacia de alumínio. O filme traz imagens de Conceição nas mais diversas situações e recortes, enquanto o visitante a ouve, em áudio, lendo trechos de obras suas e falando sobre a sua vida.
Por fim, entra-se no mundo literário da escritora. Uma espécie de beco da memória, o lugar apresenta os livros publicados por ela - podendo ser manuseados pelo público, que tem uma mesa e cadeiras à disposição para isso - e outros que a inspiraram, pertencentes ao seu acervo pessoal e exibidos em vitrines. Fotos, manuscritos, escritos, rascunhos originais de Conceição forram uma das paredes desse espaço. Uma grande foto da autora, ocupa outra. Não falta, também, a imagem da escrava Anastácia, por quem ela tem devoção.
ACESSIBILIDADE
Ferramentas de acessibilidade são cada vez mais utilizadas pelo Itaú Cultural em todas as atividades que promove. Na Ocupação Conceição Evaristo não poderia ser diferente. A imagem de Anastácia tem superfície tátil, assim como o piso e o mapa da exposição. Nos trabalhos feitos manualmente por Lidia, Janaina e Rita foram colocados bolsos com os textos que as inspiraram escritos em braile.
O audiovisual sobre a escritora e toda a programação que acompanha a mostra contam com interpretação em Libras, a Língua Brasileira de Sinais. Na exposição, há também recursos de vídeoguia e audiodescrição.
PROGRAMAÇÃO
Durante todo período da Ocupação Conceição Evaristo, o Itaú Cultural promove atividades em sinergia com a exposição. Começa nos dias 6 e 7 de maio (sábado e domingo) com o espetáculo Minas de Conceição Evaristo, baseado em uma obra dela, com as atrizes gaúchas Vera Lopes e Glau Barros, que também é cantora,
e as atrizes, cantoras e compositoras baianas Alexandra Pessoa e Emillie Lapa. A direção é do diretor gaúcho Jessé Oliveira. Na quarta-feira, 10 de maio, a própria escritora faz a masterclass Sóis riscados no chão, lençóis aos ventos, Escrevivência e Ocupação, na qual fala sobre a sua vida e obra.
Outra mesa literária acontece no dia 24 de maio, uma quarta-feira: Vozes-mulheres: múltiplas escrevivências de autoria africana e afro-diaspórica, com Conceição Evaristo e a professora de literatura brasileira da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Constância Lima Duarte, a doutora em literatura comparada pela UFMG, Maria Nazareth Soares Fonseca, e a doutoranda em letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Rosangela A. Cardoso da Cruz.
Mais uma, é realizada na semana seguinte, no dia 31: Mulheres Negras: arte e militância com Conceição Evaristo, a doutora em Educação pela USP Sueli Carneiro, a ativista, fundadora da Criola e diretora executiva da Anistia Internacional Brasil Jurema Werneck e a cineasta Yasmin Thayná.
No sábado e domingo, 10 e 11 de junho, é apresentado o espetáculo Canto de Vida
e Obra, com a atriz Marilza Batista, a musicista Mariana Per, a dançarina Malú Avelar e os músicos Leo Carvalho, Ronaldo Gama e Renato Gama, que cantam e contam a vida e a obra de Conceição.
Os educadores do Itaú Cultural também prepararam programação especial em torno da Ocupação: No sábado, 27 de maio, realizam um Encontro com professores
Especial – Conceição Evaristo com o tema Discursos literários e inscrições de Afro-brasilidade. Sempre às 17h dos domingos, até o fim da exposição, ministra Mãos no barro: modelando histórias de Conceição, uma vivência com o público para entrar em contato com a obra da escritora criando figuras e objetos em argila. (Para obter mais informações sobre toda a programação, acesse: http://www.itaucultural.org.br/presskit/conceicao_evaristo/programacao.html).
Nesta reunião de vivências e escritos, entre a obra criada por Conceição, cercada de seus símbolos de afetividade, espiritualidade e ancestralidade, o espaço expositivo ganha ares líricos, poéticos e encarna a força da negritude. Ao entrar, o visitante acessa o universo original da autora, pisando em chão de tijolos e tecidos azuis pendentes do teto. Encontra, ainda, três colchas feitas artesanalmente, com tecido, terra ou crochê, pelas artistas Lidia Lisboa, Janaina Barros, Rita Damasceno. Os seus trabalhos se chamam, respectivamente, Meia Lágrima, Passado-presente-e-o-que-há-de-vir (Ou a herança de Ponciá) e Kohra, inspirados nos contos de Conceição Meia Lágrima, Ponciá Vicêncio e Olhos D'Água.
Na sequência, uma sala na penumbra exibe um audiovisual projetado em trechos em dois suportes e na água contida em uma grande bacia de alumínio. O filme traz imagens de Conceição nas mais diversas situações e recortes, enquanto o visitante a ouve, em áudio, lendo trechos de obras suas e falando sobre a sua vida.
Por fim, entra-se no mundo literário da escritora. Uma espécie de beco da memória, o lugar apresenta os livros publicados por ela - podendo ser manuseados pelo público, que tem uma mesa e cadeiras à disposição para isso - e outros que a inspiraram, pertencentes ao seu acervo pessoal e exibidos em vitrines. Fotos, manuscritos, escritos, rascunhos originais de Conceição forram uma das paredes desse espaço. Uma grande foto da autora, ocupa outra. Não falta, também, a imagem da escrava Anastácia, por quem ela tem devoção.
ACESSIBILIDADE
Ferramentas de acessibilidade são cada vez mais utilizadas pelo Itaú Cultural em todas as atividades que promove. Na Ocupação Conceição Evaristo não poderia ser diferente. A imagem de Anastácia tem superfície tátil, assim como o piso e o mapa da exposição. Nos trabalhos feitos manualmente por Lidia, Janaina e Rita foram colocados bolsos com os textos que as inspiraram escritos em braile.
O audiovisual sobre a escritora e toda a programação que acompanha a mostra contam com interpretação em Libras, a Língua Brasileira de Sinais. Na exposição, há também recursos de vídeoguia e audiodescrição.
PROGRAMAÇÃO
Durante todo período da Ocupação Conceição Evaristo, o Itaú Cultural promove atividades em sinergia com a exposição. Começa nos dias 6 e 7 de maio (sábado e domingo) com o espetáculo Minas de Conceição Evaristo, baseado em uma obra dela, com as atrizes gaúchas Vera Lopes e Glau Barros, que também é cantora,
e as atrizes, cantoras e compositoras baianas Alexandra Pessoa e Emillie Lapa. A direção é do diretor gaúcho Jessé Oliveira. Na quarta-feira, 10 de maio, a própria escritora faz a masterclass Sóis riscados no chão, lençóis aos ventos, Escrevivência e Ocupação, na qual fala sobre a sua vida e obra.
Outra mesa literária acontece no dia 24 de maio, uma quarta-feira: Vozes-mulheres: múltiplas escrevivências de autoria africana e afro-diaspórica, com Conceição Evaristo e a professora de literatura brasileira da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Constância Lima Duarte, a doutora em literatura comparada pela UFMG, Maria Nazareth Soares Fonseca, e a doutoranda em letras pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Rosangela A. Cardoso da Cruz.
Mais uma, é realizada na semana seguinte, no dia 31: Mulheres Negras: arte e militância com Conceição Evaristo, a doutora em Educação pela USP Sueli Carneiro, a ativista, fundadora da Criola e diretora executiva da Anistia Internacional Brasil Jurema Werneck e a cineasta Yasmin Thayná.
No sábado e domingo, 10 e 11 de junho, é apresentado o espetáculo Canto de Vida
e Obra, com a atriz Marilza Batista, a musicista Mariana Per, a dançarina Malú Avelar e os músicos Leo Carvalho, Ronaldo Gama e Renato Gama, que cantam e contam a vida e a obra de Conceição.
Os educadores do Itaú Cultural também prepararam programação especial em torno da Ocupação: No sábado, 27 de maio, realizam um Encontro com professores
Especial – Conceição Evaristo com o tema Discursos literários e inscrições de Afro-brasilidade. Sempre às 17h dos domingos, até o fim da exposição, ministra Mãos no barro: modelando histórias de Conceição, uma vivência com o público para entrar em contato com a obra da escritora criando figuras e objetos em argila. (Para obter mais informações sobre toda a programação, acesse: http://www.itaucultural.org.br/presskit/conceicao_evaristo/programacao.html).
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