João Barone, autor e membro da banda Os Paralamas do Sucesso, é destaque da nova edição da Revista Conexão Literatura – Setembro/nº 111

  Querido(a) leitor(a)! Nossa nova edição está novamente megaespecial e destaca João Barone, baterista da banda Os Paralamas do Sucesso. Bar...

domingo, 19 de junho de 2016

Repórter da Agência Brasil lança livro de terror

Vitor Abdala
Vitor Abdala é jornalista, formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), com pós-graduação em Políticas de Justiça Criminal e Segurança Pública, pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Atua como repórter na agência pública de notícias brasileira, a Agência Brasil, desde 2004. Depois de mais de dez anos escrevendo sobre fatos reais em notícias jornalísticas, ele faz sua primeira incursão profissional na literatura de ficção com essa coletânea de nove contos.
Nasceu no Rio de Janeiro, em 1981. É casado com a administradora Deborah Abdala e orgulhoso pai do Eduardo.
Para entrar em contato diretamente com o autor, escreva para tanatoscontos@gmail.com.

ENTREVISTA:

Conexão Literatura: Poderia contar para os nossos leitores como foi o seu início no meio literário?

Vitor Abdala: Acho que a minha história é a de qualquer outro escritor. Eu sempre curti escrever. Quando criança, eu pegava umas folhas de papel ofício, dobrava ao meio e fazia um livro improvisado. Depois, escrevia uma história e passava para a minha família e amigos lerem. Quando adolescente, escrevi uma peça de teatro para a companhia de teatro da minha escola e, em seguida, publiquei um livro com uma pequena tiragem de 50 exemplares, que vendi para meus amigos e família. Por causa da minha ligação com a escrita, acabei cursando a faculdade de jornalismo e virei repórter. Desde então, meu sonho de ser escritor ficou adormecido. Pelo menos até o ano passado, quando resolvi escrever os contos de Tânatos.

Conexão Literatura: Você é autor do novo livro "Tânatos - Contos sobre a morte e o oculto" (Editora Giostri). Poderia comentar?

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Vitor Abdala: “Tânatos” nasceu um pouco por acaso. Desde que decidi ser jornalista, no final da década de 90, meio que desisti de perseguir meu sonho de ser escritor de ficção. Vez por outra, eu sentava no computador e escrevia alguma coisa. Em quase dez anos, só consegui concluir dois contos e escrevi algumas histórias que não passavam da página 10. Minha vontade de escrever ficção era meio sufocada pela correria do dia-a-dia de repórter. Eu passo o dia escrevendo reportagens na redação. Quando eu chegava à minha casa, a última coisa que eu queria fazer era escrever. No primeiro semestre de 2015, resolvi submeter um dos meus contos a uma antologia de terror da Editora Andross, chamado “Disco de Vinil”, sobre um LP amaldiçoado que vai parar nas mãos de um colecionador de discos e o força a assassinar seus vizinhos. Os editores entraram em contato comigo dizendo que o conto era muito grande para a antologia. Eles me perguntaram se eu queria reduzi-lo ou se queria enviar outra história para eles. Eu tentei reduzir o conto original, mas não o suficiente para se adequar aos padrões da antologia. Então resolvi escrever outro conto. Era uma história que havia tempo que martelava na minha cabeça, mas eu nunca tinha tido a disposição de sentar para escrevê-la. Daí nasceu “Combustão”, o conto de abertura do livro, que fala sobre um jornalista que passa algum tempo infiltrado no tráfico de drogas, mas acaba sendo descoberto pelos bandidos e condenado à morte por “microondas” (em que a vítima é colocada no meio de pneus e queimada). Só que, em meio ao fogo, e para desespero do jornalista, a morte não chega De início, eu não pensei em escrever outros contos. Até porque não tinha pensado em nenhuma outra história suficientemente boa para ser publicada. Mas depois de ter visto o conto pronto, me empolguei e ideias começaram a surgir na minha cabeça, sem muito esforço. No final de um mês, tinha mais oito contos prontos. Resolvi juntar esses nove contos e publicá-los na forma de um livro. A editora Giostri, uma pequena casa editorial de São Paulo, aceitou o original e sete meses depois, nasceu “Tânatos”. O curioso é que a antologia da Andross, que me fez voltar a escrever ficção depois de não sei quantos anos, acabou sendo deixada de lado, na medida em que, com o livro pronto, desisti de publicar “Combustão” na antologia.

Conexão Literatura: Poderia destacar um trecho do seu livro especialmente para os nossos leitores?

Vitor Abdala: Acho que o grande diferencial de “Tânatos” em relação à maioria dos livros de terror que já li, mesmo da nova safra nacional, é o fato de conter histórias que buscam, acima de tudo a originalidade. É claro que ser original é muito difícil no meio literário. Tendo a acreditar que quase todas as boas histórias já foram escritas. Mas é sempre possível buscar algo original, algo diferente. Tem dois contos no livro que eu gosto muito, justamente porque, para mim, são diferentes de tudo que já li ou vi em filmes de terror. O primeiro deles é “Tem uma coisa dentro de mim”, sobre um homem que começa a sentir alguma coisa arranhando sua barriga e, depois, começa a vomitar coisas estranhas, como unhas, dentes e um pedaço de o    ‘relha. Mas ele não consegue descobrir o que é e o conto termina sem que você saiba o porquê disso. O outro é “Amanhã vai ser pior”, sobre uma situação bizarra: toda vez que o homem dorme, ele acorda com um ferimento em seu corpo. Tudo começa com um arranhão inofensivo. Mas, a cada dia, a coisa vai ficando pior. Outro ponto que gostaria de destacar no livro é que, algumas histórias, são levemente baseadas em histórias reais ou na minha experiência como repórter. Uma delas é “Soterrados”, uma história de fantasmas cujo pano de fundo é o desastre das chuvas na Região Serrana fluminense, ocorrido em 2011. Como repórter, fui designado a cobrir vários desastres envolvendo tempestades no estado do Rio, como as tragédias de Angra dos Reis, em 2010, da Região Serrana, a do Morro dos Prazeres e a do Morro do Bumba, em Niterói (todas essas em 2011). Essa experiência para mim foi terrível. O que vi e ouvi nesses lugares deixariam qualquer pessoa sem dormir por dias. Essas coberturas jornalísticas, para mim, foram os piores filmes de terror que já vi. Eram histórias de milhares de pessoas, entre elas velhos, crianças e bombeiros morrendo soterradas sob toneladas de terra. E os familiares sobreviventes tendo que conviver com essa tragédia. Foi horrível. Mas o pior de tudo foi que, no caso da Região Serrana, algumas semanas depois, ouvimos denúncias de que os políticos de alguns municípios afetados tinham usado a dispensa de licitação para casos de emergência para desviar dinheiro público. Era uma das coisas mais desprezíveis que um ser humano poderia fazer: aproveitar uma tragédia em que mais de mil pessoas morreram, para enriquecer. Em “Soterrados” resolvi imaginar como seria justo se um dos políticos ladrões tivesse o mesmo destino daquelas pessoas inocentes, que morreram soterradas. Já em “Vodu”, a história sobre um militar brasileiro da missão de paz no Haiti que é amaldiçoado por uma praticante de vodu depois de matar acidentalmente o marido dela, é completamente fictícia. Mas aproveitei os cenários e as experiências que vivi em 2010, durante uma viagem ao Haiti, para cobrir os preparativos das eleições presidenciais e epidemia de cólera que assolava aquele país, para criar o ambiente do conto.

Conexão Literatura: Se fosse escolher uma trilha sonora para o seu livro, qual seria?

Vitor Abdala: Acho que qualquer álbum do Black Sabbath cairia muito bem com a leitura. É uma das bandas mais sombrias que já ouvi. O álbum Dark Ride, da banda alemã, Helloween, também é bastante sombrio.

Conexão Literatura: No seu ponto de vista, ainda existe preconceito com os autores que escrevem terror?

Vitor Abdala: Acho que preconceito é fruto de desconhecimento. Como a literatura de terror é pouco conhecida e apreciada no Brasil, os leitores tendem a buscar pouco esse tipo de gênero literário. Mas acho que o terror ainda é muito incipiente no nosso país. Acho que bons autores brasileiros estão se aventurando nesse terreno (e,entre eles, cito Raphael Montes e Marcos De Brito). Quem sabe daqui a alguns anos podemos ter uma massa leitora ávida por boas histórias de terror.

Conexão Literatura
: Como os interessados deverão proceder para adquirir o seu livro e saber um pouco mais sobre você?

Vitor Abdala: “Tânatos” está sendo vendido em todas as grandes redes de livraria. Como a editora é pequena, a distribuição do livro nas livrarias físicas é muito precária. Então, a melhor forma de adquirir o livro é pela internet. Sugiro que, para evitar pagar o frete (que é muito caro), o leitor ligue para a livraria e encomende o título. Depois, é só ir buscá-lo na loja escolhida. O livro também está sendo vendido pelo Mercado Livre (Clqiue aqui). Por esse meio, o livro sai mais barato, o frete é grátis e ainda vem com dedicatória.

Conexão Literatura: Existem novos projetos em pauta?

Vitor Abdala: Já tenho uma história de terror na cabeça e já comecei a escrever alguma coisa. Mas não sei se quando vou concluir esse projeto ou se até mesmo vou conseguir concluir essa história.

Perguntas rápidas:

Um livro: Drácula, de Bram Stoker
Um (a) autor (a): Stephen King
Um ator ou atriz: Wagner Moura
Um filme: O Iluminado
Um dia especial: Quando meu filho nasceu

Visite o site oficial do autor: www.tanatoscontos.com.br

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